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SOCIEDADE
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CONTEXTUALIZANDO
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sexualidade, linguísticos, físicos, cognitivos e culturais (Enriconi, 2017).
Esse é o principal uso da palavra “minoria” em nossos estudos;
• Minorias físico-cognitivas: são as pessoas ou grupos de pessoas com
características físicas e cognitivas fora da “média-padrão”, como pessoas
com características genéticas e fenotípicas diferentes da maioria da
população, pessoas com deficiência física ou cognitiva, idosos, crianças,
doentes etc.;
• Grupo cultural: conjunto de pessoas que produzem e/ou consomem
manifestações culturais com características semelhantes;
• Grupo social: conjunto de indivíduos que compartilham muitas ou
algumas características sociais semelhantes, como normas de
comportamento, valores e expectativas;
• Grupo econômico: conjunto de pessoas com características econômicas
(renda, poder de compra, hábitos de consumo1) semelhantes;
• Classe social: classificação hierárquica (alta, média, baixa) de pessoas
com características econômicas e sociais associadas.
1Hábitos de consumo: quando, por que, como e onde a pessoa decide ou não comprar e/ou
consumir um produto.
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1. Sujeito do iluminismo: a identidade é o núcleo central da personalidade,
que nasce com o indivíduo e se desenvolve com base em características
cognitivas, emocionais e socioculturais pouco mutáveis;
2. Sujeito sociológico: a identidade do indivíduo é o resultado das
interações sociais com o núcleo central da personalidade. Nesse
pensamento, sujeito e coletividade se conectam, formando uma
identidade comum;
3. Sujeito pós-industrial: o indivíduo tem sua identidade em constante
transformação, com sua personalidade fortemente influenciada pelas
interações sociais, independentemente da sua herança sociocultural.
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pessoal/coletiva das semelhanças e diferenças culturais incorporadas à sua
vida.
Nas sociedades passadas, um indivíduo que nascesse numa determinada
cultura, ou a escolhesse na vida adulta, era obrigado (por normas ou para evitar
preconceito e exclusão social) a se manifestar culturalmente2 em “quase todos”
os traços do contexto cultural (como já vimos). Nas sociedades pós-industriais,
principalmente as ocidentais, essa “obrigação” deixa de existir (claro, ainda há
exceções), e o indivíduo pode se manifestar culturalmente sem sofrer opressão,
ou seja, com liberdade cultural. Ele pode, se assim desejar, produzir e consumir
elementos culturais de várias culturas e, dessa forma, respeitar e valorizar a
diversidade cultural (termo que indica a variedade de culturas numa sociedade).
Identidade, liberdade e diversidade cultural são, hoje, elementos
importantes para o design, pois configuram novas necessidades e hábitos de
consumo no usuário/público-alvo, e influenciam as funções simbólicas, de uso e
técnicas dos produtos do design.
Com exceção dos produtos do design de edição única (exclusivo ou
personalizado3), todos os outros ofertados no mercado são desenvolvidos para
atender determinado público-alvo (grupos de pessoas com características
específicas em comum). Normalmente, os principais critérios para delimitar o
perfil do público-alvo são fatores socioeconômicos, localização geográfica,
características físico-cognitivas e identidade cultural.
Os critérios socioeconômicos, a localização geográfica (onde o público-
alvo mora, trabalha, estuda ou se diverte) e a identidade cultural são informações
importantes, que indicam hábitos de consumo do público-alvo e ajudam, em
grande parte, a determinar as funções simbólicas dos produtos. As
características físicas (como sexo, peso, altura, idade e habilidades motoras e
sensoriais4) e cognitivas (como percepção5, memória, inteligência) do público-
2 O indivíduo se manifesta culturalmente quando gosta, usa, defende e divulga traços culturais.
3 Produto exclusivo: só um exemplar foi fabricado, e só uma pessoa o possui. Produto
personalizado: foi produzido conforme as necessidades da pessoa.
4 Habilidades motoras: condições de sentar, engatinhar, andar, correr, saltar, destreza manual
grossa e fina. Habilidades sensoriais: possibilidade de sentir pelo tato, olfato, visão, audição e
paladar.
5 Percepção: capacidade de traduzir as sensações em informações. Por exemplo: sensação é
quando ouvimos o som de um animal, percepção é quando traduzimos esse som na informação:
“um cão está latindo”.
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alvo contribuem para configurar as funções de uso dos produtos, e a integração
das funções simbólicas e de uso forma as funções técnicas.
A relação histórica do design com a produção industrial geralmente faz o
designer:
6Habilidade motor fina: capacidade de usar mãos e dedos para alcançar, agarrar e manipular
objetos. Essas habilidades incluem precisão, força, coordenação olho-mão, destreza,
coordenação motora bilateral e uso de ferramentas (Franco, 2013).
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Para nossos estudos, vamos dividir herança cultural em:
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a informação original e “cria” elementos e configurações com a mesma
linguagem estética.
Como fonte de inspiração, temos manifestações culturais históricas:
os diversos produtos culturais chegaram imutáveis até nós, congelados no
tempo, como construções arquitetônicas, comunicação visual gráfica, objetos,
peças de vestuário e outros. Elementos que fazem parte da história são
identificados e aceitos com mais facilidade (principalmente se a história for
motivo de admiração social).
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reação de volta, quando a cultura local influencia e modifica a cultura externa,
em interações de mão dupla.
Chamamos de transculturação as interações de mão dupla e a integração
da cultura externa mediante alterações locais. Ela não acontece apenas entre
nações, mas também entre grupos socioculturais dentro do mesmo Estado-
nação, principalmente em países multiculturais, como o Brasil.
Pela transculturação, o designer pode incentivar a diversidade cultural
com base na abordagem reativa e ativa:
A reportagem “13 marcas gringas que tiveram que adaptar seus produtos
ao Brasil” (Noronha, 2018) traz uma boa seleção de casos de produtos que
precisaram ser adaptados à cultura brasileira ou à nossa condição climática.
Gostaríamos de fazer alguns comentários a respeito:
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• O caso do absorvente também é design reativo. Várias consumidoras
adaptaram sozinhas seus produtos para atender a necessidade
destacada na reportagem;
• O caso do protetor/bronzeador solar é um exemplo de transculturação de
mão dupla;
• O caso da loja de café é um exemplo de design ativo, pois as mudanças
no produto para atender a cultura brasileira foram feitas antes do
lançamento.
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Na década seguinte, o arquiteto norte-americano Ronald Mace empregou
o termo “universal design” (“design” ou “desenho universal”) para designar a
abordagem do design centrado em “critérios universais”, normatizados e
garantidos por lei, para criar ambientes e produtos. Uma das principais
contribuições de Mace foi a relação de que os sete princípios do design universal
podem ser aplicados em ambientes e produtos (físicos e digitais), sendo
descritos como:
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• Argumento em relação à sustentabilidade ambiental: ambientes
físicos inclusivos promovem a plena ocupação do espaço urbano,
preferencialmente próximo ao local de moradia. Dessa forma não há
abandono nem regiões desabitadas propensas a vandalismo, comércio
local inexpressivo ou inexistente, ou ainda deslocamento para outras
regiões;
• Argumento legal: legislação, obrigatoriedade e inspeção no cumprimento
de condições mínimas de acessibilidade e inclusão estão presentes na
sociedade atual.
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• Historicamente, foram poucas as comunidades e sociedades que não
passaram por processos de migração e de guerra, invadindo ou sendo
invadidas por outras culturas;
• A criação de vários Estados-nação contemporâneos (formados após
1789) também foi marcada pela invasão de territórios e subjugação ou
incorporação de minorias culturais, tornando-os multiculturalistas. Vale
lembrar que alguns desses Estados-nação eram formados à força, sem
ética nem apoio popular, e foram “desmanchados” nos últimos 50 anos;
• As manifestações culturais dentro da mesma cultura são processos
dinâmicos e evoluem com o tempo.
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estética (forma, uso) os chinelos japoneses zori (de palha ou lasca de madeira);
o nome indica que é do “Havaí”, pois na época era o principal destino de férias
de norte-americanos, com Sol e praia, o que fazia parte do imaginário popular
devido aos filmes do Elvis Presley, um ícone pop (Medeiros; Queiroz, 2008).
Agora pense: a sandália Havaianas representa a cultura brasileira ou é uma
imagem “nacional” construída?
TROCANDO IDEIAS
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
13 MARCAS gringas que tiveram que adaptar seus produtos ao Brasil. Super
Interessante, São Paulo, 11 jul. 2018. Disponível em:
<https://super.abril.com.br/mundo-estranho/13-marcas-gringas-que-tiveram-
que-adaptar-seus-produtos-ao-brasil/>. Acesso em: 19 set. 2020.
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MACHADO, E.; BEZERRA, J. Raça e etnia. Diferença, [S.l.], 2019. Disponível
em: <https://www.diferenca.com/raca-e-etnia/>. Acesso em: 19 set. 2020.
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