Um Marido de Mentirinha
Um Marido de Mentirinha
Um Marido de Mentirinha
MELO
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Copyright© F. J. Melo
Inesperado.
Ela era aquela típica menina estranha, feliz demais e que fazia
amizade com todos com quem conversava, até mesmo os que não
lhe respondiam, o que era o meu caso com ela. Ela morava com a
avó e vivia se enfurnando nas minhas brincadeiras. Era tão atrevida
que se manteve em minha vida até os dias atuais.
momento. Mas eu nunca sabia como expressar isso para Taís, então
sempre a deixava fazer o que julgava ser o melhor.
e indefesa.
choro.
Aquela era uma data que eu não curtia muito desde os meus
— Ah, você já está acordada, que bom, achei que eu teria que
te acordar como fazia quando era minha bebê.
pela falta de uma mãe na minha vida. Até mesmo porque meu pai
cumpria muito bem o papel das duas partes.
meu pai era a melhor pessoa para fazer isso por mim.
— Manda um beijo para Vera, sei que você vai passar lá. E
um Feliz dia das Mães também.
Vera era viúva há uns dez anos, morava sozinha com Erica
desde então, tirando os dias que eu não ia dormir ali.
Passar o dia com aquelas duas mulheres, era como renovar minhas
energias.
volume.
Erica já era linda, mas com o pôr do sol batendo em sua pele
negra, ela parecia ainda mais do que já era naturalmente.
— Eu sei que sim, mas dela em questão. Você acha que ela
— Estou na cozinha.
— Muito obrigada.
— Claro que sim. Isso tudo não se pode jogar fora assim —
ele deu um giro em torno do próprio corpo.
Uau.
Aquilo sim, pegou-me de surpresa. Olhei para meu pai, ainda
com o cenho franzido, mas não repeti esta frase, apenas esperei que
o tal advogado continuasse falando.
Falecimento?
Não era para doer. Na verdade, não era considerado uma dor.
Eu não sentia nada por ela. Mas ainda assim um aperto no peito foi
inevitável. Saber que ela não estava mais no mesmo mundo que eu,
Era triste receber a notícia por telefone que sua mãe havia
falecido.
documentos.
solução.
proveito.
pode ser aqui em casa — ele sussurrou para mim, repassando suas
instruções.
recusa.
para casa de mãos vazias, de uma vida dupla de pai, dono de casa
adormecida.
continuar a busca.
— Sim... — incentivei.
que eu não gostava daquele assunto, era por isso que pensou antes
de falar. Mas aparentemente não havia pensado direito.
financeira, que sabe que ela pode conseguir. Sua mãe ainda não
conhece a Helena. Você não pode privá-la disso.
eu não lhe pedi opinião sobre esse assunto. — Eu não poderia ser
tão escroto com uma pessoa que vinha me ajudando muito. Apesar
Você sabe disso — ela falou com a voz fraca, parecendo realmente
arrependida.
— Ela não.
lentamente.
distribuir currículos.
— Claro que posso, estarei esperando por vocês.
vencê-lo.
Como se ela estivesse me entendendo, Helena deu uma
risadinha cúmplice, mas que eu sabia que não passava de reflexo
dos bebês. Mas ainda assim, me senti melhor com esse pequeno
Dei um sorriso de lado para ele. Eu sabia que ele não gostava
Minha intenção não era ser grossa, por isso falei com o
máximo de delicadeza estampada na voz, e ele logo começou o
assunto, o qual me levou ali.
meu lado.
história para o meu pai. No fim, decidi que de qualquer ponto ela
soaria louca, então eu contaria como viesse à minha mente.
ao meu lado.
— Não sinta. Eu não sentia nada por ela. Não consigo nem
— Mas ainda assim, Kat, ela era a sua mãe. Mas mudando de
assunto, o que mais o advogado queria com você?
— Ah, entendi. Mas seja o que for, você tem que aceitar.
— Não fala assim, minha filha. Apesar de tudo, ela era sua
mãe. — Quando ele viu que eu não caí neste papo, pensou
que será que ela teria de tão importante, que eu precisava ter uma
união com outra pessoa para receber?
delicadeza.
— Sinto muito, Gustavo. Mas não desista. Uma hora você vai
encontrar um emprego.
minha vida.
Eu faria tudo por ela, qualquer coisa para que ela ficasse bem,
com saúde e em segurança.
quase adormecida.
Não demorou muito para que ela caísse no sono, então a levei
até o quartinho dela, liguei a babá eletrônica, posicionando-a perto
do berço, e deixei-a descansar. Teria algumas horas até que ela
acordasse. A criança parecia ter um despertador na barriga, que a
acordava sempre nos mesmos horários.
Assim que a deixei sozinha, caminhei até a pequena varanda
do apartamento, onde mantinha uma cadeira lá.
Eu me sentia assim.
casada? Você sabe que não tem chances de receber essa herança
sem se casar em menos de um ano.
Parecia muita burrada, mas não era uma coisa simples de ser
— Eu não sei.
— E por que você resolveu que quer essa herança? Sabe que
não precisa de nada do que ela possa te dar.
Fiquei do seu lado lendo o anuncio que ela criava. Ter uma
Assim que escreveu essa linha, virou-se para mim com uma
cara canastrona.
MENTIRINHA.
— Claro.
palavra.
àquelas horas, e sem uma criança que exigia minha atenção vinte e
quatro horas por dia.
resolvi que era hora de sair, tomei um banho e coloquei uma camisa
social em um tom de cinza com uma calça jeans preta. Passei em
— Alô — falei assim que corri o dedo pela tela, sem nem
conferir o contato.
outro lado.
minha audição.
vez. Aquela frase fez mais efeito do que o grito inicial. — Como
assim um encontro? E hoje?
— Tivemos uma resposta no anúncio de ontem. Como
coloquei meu número, para servir como secretária intermediária – de
atônita com tudo aquilo. Não sabia se era o sono ou a notícia que
me pegou de surpresa.
mensagem.
poderia negar. Era alto, cabelos lisos e penteados, usava uma roupa
sua atenção.
resolvi não entrar em detalhes, até porque ele não precisava saber
segundas intenções.
diariamente.
que sim.
Imediatamente eu a puxei.
procurando alguém para se casar, e vai pagar por isso, não tem
frente.
CAPÍTULO OITO
minutos.
intrometer.
— Ah, não seja difícil. Se bem que... você vai fazer isso
quando estivermos casados? Eu adoraria ter que domar você.
perdeu todas.
qualquer coisa, apenas o puxei pelo ombro, fazendo com que virasse
de frente para mim. Com o susto do meu gesto, ele acabou soltando
a moça, que se afastou com um pulo para trás.
era, isso não aconteceu, e ele partiu para cima de mim, socando
também meu queixo.
defendendo a moça.
Era impossível ser comigo, mas por puro reflexo virei o rosto e
vi a mulher do restaurante me seguindo.
esganado.
mesmo. Não era assim, só porque uma pessoa fez uma coisa certa,
que todos deveriam agir como ela em tudo, mas resolvi não falar
nada.
sua altura, perto dos meus um e sessenta e três, deveria ter uns
vinte centímetros a mais com toda a certeza.
Meus olhos se fixaram nos dele por um bom tempo, até que
ele desistiu, pigarreou e desviou-os.
— Não tenho muito que contar sobre mim. Mas e você? Fiquei
curioso em saber o porquê você estava com aquele babaca.
ocupação.
Olhei para ele com olhos mais atentos, suas roupas sociais
— Sim.
na testa.
for bom. Mas não sei se ele vai ter querer vir — comecei a falar sem
muita pretensão. A intenção era não deixar o clima pesar com
vez a minha vida. Não que ela dependesse disso, mas eu gostava de
colocar um pouco mais de emoção nela.
CAPÍTULO DEZ
para ela.
— Sou viúvo.
— Ah, sinto muito.
que queria falar, o que era uma novidade para mim, pois pelo pouco
tempo que eu estava ali, percebia que aquela mulher não tinha muito
filtro para as coisas. Apenas esperei que ela falasse, fosse o que
fosse.
Pelo jeito que ela falava, parecia que me pediria para doar
algum órgão, ou até mesmo me propor em casamento, pela
ansiedade visível que estava.
Não olhei para trás, mas imaginei que ela estaria vindo ao
meu encontro.
Louca.
moral.
sorte.
lhe, sem saber ainda para onde iria com ela, mas sem parar de
caminhar.
Alguns curiosos na rua ficavam nos encarando, tentando
entender o que estava acontecendo, outros mais românticos ficavam
Não ficava muito longe, e dando uma rápida olhada no seu pé,
jeito sem alguém para ajudá-la. Ela não era obrigação minha, mas
mesmo assim, não queria deixá-la, sem ajuda.
conversar. Ela parecia não se cansar nunca. Eu, por minha vez,
foquei a atenção na estrada à frente. — Mas você parece ser uma
pessoa muito boa, de coração e tals, sabe?
Por alguns poucos minutos ela ficou calada, me indicando
apenas em qual rua entrar, e tive um leve pressentimento de que
isso se manteria, mas ela gostava realmente de conversar.
Olhei de canto para ela, e Katrina ria para mim, com os lábios
estampada no rosto.
pausa. — Sim, não se preocupe que estou indo para casa com um
amigo — ela usou uma pequena ênfase na ultima palavra.
Olhei para ela, buscando algo em seu rosto, mas daquela vez
Ele foi para o outro lado dela, passando seu braço pelo
ombro, ajudando-a a andar também.
— Caí no meio da calçada, pai, acredita? — seu tom de voz
confortável.
— Me desculpa a falta de delicadeza. Meu nome é Claudio, e
o seu?
— Entendi.
— Senha.
franzidas.
— Tudo bem.
Gustavo: Oi.
Katrina: Erro vai ser ignorar que não foi o destino que fez
com que nos conhecéssemos neste momento.
Quando meu pai estava pronto para dizer mais alguma coisa,
Erica se levantou, puxando-me pela mão e dando tchau ao meu pai,
dizendo que íamos para o quarto.
***
Gustavo: Como você sabe que sou o cara certo? Você nem
me conhece, sua doida.
Eu o provoquei.
as esperanças, não é?
CAPÍTULO TREZE
precisava de mim.
desconcertado.
Não que eu fosse aceitar, ou talvez sim, não sabia mais o que
pensar. Até porque tinha uma mulher me atormentando quase que
diariamente com perguntas se eu já havia pensado na questão.
E parecia que só em pensar no diabo, ele aparecia, no melhor
sentido, porque Katrina não tinha nada em relação ao capiroto, muito
pelo contrário. Ela parecia um anjo com um sorriso espontâneo no
— Olha, filha, quero que você corra atrás do que quer, como
essa mulher faz, viu? — falei para Helena, que estava deitada na
cama brincando com o pote de lenços umedecidos que ficou por
perto depois que a troquei.
— Alô — disse assim que deslizei o dedo pela tela. Meu tom
de voz já parecia vacilante.
Senti-me mal por falar com ela daquele jeito, era visível que
estava tão desesperada quanto eu.
— O senhor é Gustavo? Pai dessa guerreirinha aqui?
folha. Foi tudo tão rápido, quando vi, corri para ajudá-la.
desculpas.
— Eu sei, Taís, isso poderia acontecer com qualquer um.
minhas desculpas.
Era uma lágrima com sentido de alivio pela minha filha estar
bem, pelo medo que passei, o desespero. Era uma mistura de tudo.
— Eu sei, mas essa situação não pode ficar assim por muito
— Você pode parar de andar? Até parece que nunca saiu com
um homem antes.
— Eu sei, Cá. Mas eu quero. Agora é por mim que farei isso.
Quando olhei para frente, dei de cara com Gustavo. Ele usava
uma camisa em um tom entre azul e cinza-escuro, que continha o
escudo do capitão América na frente, uma calça jeans escura
também. A barba estava um pouco maior que na última e única vez
que tínhamos nos visto, mas muito bem aparada.
Sério, o homem que abria a porta para uma mulher nos dias
atuais estava praticamente extinto. O que me fez ponderar mais uma
Achei que ficaria sem resposta, até mesmo pelo motivo que
Gustavo olhava para a frente, como se não enxergasse nada. Mas
de contrato.
CAPÍTULO QUINZE
atuo na área.
— Você tem razão. Ainda bem que teremos mais tempo para
nos conhecermos, meu noivo — Katrina disse em tom de
brincadeira, dando um sorriso brilhante e contagiante.
Eu apenas fiquei observando-a voltar a comer, ainda sentindo
o som das suas palavras revirarem em algum lugar do meu corpo.
Meu noivo.
— Você quer uma batata? — Ela pegou uma batata frita com
sua mão, entregando-a à criança, que aceitou abrindo um sorriso.
A cena era linda, Katrina parecia irradiar uma luz, assim que a
criança foi para o seu colo, e eu me sentia hipnotizado com toda a
ação.
demais.
distraído.
sorriso no rosto.
revelei.
minha permissão.
— Por incrível que pareça, passou sim. Achei que seria mais
virar.
Eu não queria ter saído naquele dia, mas Erica poderia ser
muitopersuasiva quando se esforçava.
seria a primeira.
Fui uma mulher feliz. Tinha planos e ambições. Mas isso foi
intenção era tirar você antes que fosse tarde, mas seu pai ficou tão
feliz com a notícia que eu não poderia tirar isso dele.
não sentia nada por você. Era como se eu olhasse para você e visse
meu futuro indo embora. Esperei alguns anos para que a emoção de
já morri, mas não se sinta triste com isso, eu realmente vivi a vida
que queria.
chamei-a.
Quando ela estava bem próxima, com ódio visível nos olhos,
comecei a me encolher, com medo do que viria depois daquelas
palavras.
— Desculpe a demora.
Fui tirado das minhas lembranças pela voz que invadiu meus
ouvidos.
Passei a mão livre pelo rosto, depositando novamente a foto
de onde a tinha tirado. Quando em virei para a voz, deparei-me com
o pai da Katrina. Ele era um homem bonito e muito charmoso, difícil
de esquecer a fisionomia.
contrário, admirava ainda mais o pai que ele era para Katrina, e
reforçava a certeza que tinha comigo mesmo que queria ser daquele
frente, mas quando ele estava abrindo a boca para me dar uma
resposta, foi interrompido.
— Oi, Gustavo.
seu marido, mas eu queria que ela apenas fosse feliz, que sua vida
fosse boa. Sendo comigo ou não.
CAPÍTULO DEZOITO
com Helena, o que eu agradeci, já que não sabia até que horas
Katrina iria me prender ali.
— Muito prazer, Erica. Fico feliz que Katrina tenha uma amiga
tão fiel assim — falei sério.
— Vocês dois, parem de papo furado — Katrina nos
pouco mais de força contra mim, para que não fosse ao chão.
e queria sair com ela daqui. — Ela apontou para a menina que
esperava na outra ponta do balcão do bar.
momento.
Cheguei perto dela na pista, segurando seu braço, mas sem
— Não sei, o que você acha? — ela falou um pouco mais alto.
— Eu não posso ir para casa assim. Não quero que meu pai
me veja nesse estado. Ele vai exigir uma explicação. — Ela apontou
— Vem comigo.
Fiz que sim com a cabeça e esperei que ela falasse. Se ela
não quisesse se abrir comigo, eu respeitaria seu espaço.
sei o que é.
Uau. Ok, fazia sentido, por qual outro motivo ela precisaria se
casar, se não por uma obrigação desse tamanho.
voz. E para melhorar, acredita que ela me deixou uma carta? Sim...
— Ela confirmou junto com a cabeça, enfatizando o sim. — Uma
carta para a filha que não via há vinte anos. E acha que a carta era
dela.
— Vai passar. Essa dor, um dia você não vai sentir mais.
enorme.
Ela se afastou rapidamente, olhando-me assustada.
isso. É errado eu sofrer assim por uma mulher que nunca me amou.
meus braços.
prendendo-o a mim.
aproveitar o momento.
pergunta.
— Que sorriso?
— Bom, eu não bebi. Mas você parece ter feito alguma coisa
Uma das frases que mais me deixava nervosa “mas tem que
ser pessoalmente”. Agora sim, eu ficaria mais nervosa para aquele
encontro.
Olhei para ele por cima da torrava que estava em minha boca,
sem saber o que responder.
o que seria de mim depois dos seis meses? Quando teríamos que
nos separar?
Meu pai era um protetor nato, que queria o bem da sua única
com Gustavo, seria uma farsa, uma mentira. Mas também não
poderia deixá-lo preocupado ou até mesmo magoado e
Com toda certeza aquela era sua real intenção na minha casa.
Só que não.
— Você não vai pegá-la — falei antes que ela pudesse tirar
minha filha do cercado.
— Katrina, espera.
Fui atrás dela, saindo pela porta de casa, mas ela já havia
demonstrar carinho?
— Você tem sobrevivido com uma filha, achei que poderia ter
está aqui.
certeza ela havia caído na ladainha de que ela queria nos ver, que
havia mudado.
Apesar de tudo, ela era minha mãe. Eu não sentia o maior dos
amores por ela, como sabia que ela também não sentia por mim,
mas ainda a respeitava e queria o seu bem. Eu não seria como ela e
lhe viraria as costas, tinha que provar para mim mesmo que era
— Eu não tenho como provar. Minha palavra vai ter que ser o
suficiente.
que decidir. Mas não havia muita coisa, já que eu realmente não
tinha dinheiro ainda, começaria a receber após o casamento, o que
era o acordo.
impedindo-a.
— Não precisa disso.
para Helena.
— Ela é muito linda. Espero que se torne uma menina tão boa
— Katrina, sou eu. Não desliga — falei rápido assim que ela
atendeu.
— Eu não ia desligar.
Respirei aliviado.
— Eu gostaria de te explicar a cena... você não podia ter ido
embora daquele jeito.
pouco.
uma bebê na sua casa. — Ela fez uma pausa, respirando fundo. —
Sei que tem mil possibilidades de explicação. Mas você precisa
— Eu te falei que era viúvo. Só não havia contado que tinha uma
filha com minha falecida... namorada.
você.
reparar aquilo.
sentindo?
CAPÍTULO VINTE E DOIS
Beijo do Gustavo...
porta.
acordando.
tinha muito como ajudar meu pai. Ele ainda insistia que eu fizesse
algo na área para herdar seus negócios, mas minha vontade mesmo
era na área pedagógica, por isso estava esperando um pouco mais
para conseguir um emprego onde eu queria e montar um dos meus
maiores sonhos, que era dar aulas de apoio em comunidades
carentes.
— Quem é, Má?
O pouco que estava vendo, ele parecia ser tão atencioso com
aquela criança que meu coração chegava a derreter.
— Gustavo, eu... —
— Eu sei que errei não te falando da minha filha. Mas você tem que
levar em consideração que eu não te conhecia muito bem.
que estava dizendo. — Não sozinho, porque tenho uma amiga que
me ajuda muito. Mas desde que ela nasceu, estou desempregado,
lutando para manter as coisas no mínimo boas para nós dois. Tento
preservá-la ao máximo.
nisso.
— Sim... — incentivei.
Desviei meus olhos dele para a bebê, Helena seu nome, não
era?
Ela era tão linda. Estava com um laço enorme na cabeça, e
certa.
— Ela mesma.
— Oi, princesinha.
CAPÍTULO VINTE E TRÊS
estava fazendo.
Meu pai ainda não estava ciente sobre meu casamento ser de
fachada, para ele eu estava me casando rápido por estar
perdidamente apaixonada. Mas para a minha sorte, ele passara a
Era uma casa simples de dois andares, que meu pai mesmo
havia alugado. O diferencial dela era o jardim, que tinha um quintal
gramado e lindo, com algumas roseiras plantadas e uma árvore em
um canto, que eu não sabia ainda se era frutífera ou não.
da minha filha, e entendi muita coisa. Vera — ele se virou para ela
—, sei que passamos por muitas coisas, criamos duas filhas
Meu Deus.
esperava.
Assim que ele fez isso, uma salva de palmas foi tudo o que
ouvimos.
segurava as lágrimas para não chorar, sem nem saber o que seria.
— Como você casou, e com certeza vai querer viver sua vida ao lado
do seu marido, pensei que iam querer um cantinho só para vocês,
mentirinha.
— Vai nada, Helena, pode apostar que ele não vai nem
pensar em você essa noite — Taís falou baixinho em seu ouvido.
Olhei torto para ela, mas logo abri um sorriso para entender
que estava brincando.
Eu me sentia leve e esperançoso nos últimos dias, e não me
lembrava de me sentir assim há algum tempo.
amizade.
para os padrões dela, mas para mim, beirava a uma mansão. E ele
havia sido tão atencioso e montara até mesmo um quarto para
Helena. Eu tinha ficado muito emocionado com todo aquele carinho
que a família dela estava dando à minha filha, e até mesmo a mim.
Ela ofegou contra mim, mas não disse nada. Parei para
contemplá-la. Como as luzes estavam acesas, eu podia vê-la por
completo, em todos os detalhes.
Seus olhos brilhavam com luxúria, o que estava me deixando
mais louco ainda. Sua respiração estava entrecortada, ofegante, o
que deixava sua boca entreaberta, inchada pelo beijo. Cada detalhe
dela era um convite, chamando-me cada vez mais alto. E eu queria
muito colocar minha boca em cada parte do seu corpo. Sentir seu
gosto.
— Diga.
Antes que pudesse cair por cima dela, coloquei uma das mãos
querendo mais. Mas agora o propósito era deixá-la cada vez mais
molhada para que sua experiência fosse a menos dolorosa possível.
enquanto me encarava.
entre beijos.
— O quê?
contorcia de dor.
— Bom dia — ele falou com uma voz rouca de sono que eu
ouvia pela primeira vez.
— Bom dia. Está pronto para o seu primeiro dia como meu
marido?
maravilhas do mundo.
— Acho que preciso fazer isso. Até mesmo porque pode ser
algo sobre a herança, agora que estamos casados, talvez não
precisemos ficar por seis meses.
Vi quando Gustavo baixou a cabeça, mas não falou nada.
Querida filha,
Mas lamento muito por não ter estado com você neste
momento. Espero que tenha recebido as instruções necessárias para
que tudo corra bem.
Espero que tenha feito uma boa escolha , seu marido é muito
importante para essa missão. E espero também que você possa ser
feliz. Do fundo do meu coração.
Para o seu marido, espero que ele cuide muito bem de você,
como eu não pude fazer.
Olhei para Gustavo, e assim que levantei meus olhos para ele,
uma lágrima sorrateira que eu nem havia percebido escorreu dos
meus olhos.
Eu não queria chorar por ela, era uma coisa que Joana não
merecia vindo de mim.
Mas essa era uma carta tão diferente da primeira, ela havia
assinado até mesmo com amor.
Senti que no início ele estava meio sem jeito, sem saber
exatamente como fazer aquilo, mas assim que eu estava entre os
seus braços, ele me apertou ainda mais, deixando-me confortável
com a cabeça em seu peito.
— Estou falando que temos que fazer isso, não que seja bom.
— Demos uma risada juntos. — Mas depois que eu me tornei pai, eu
penso sempre nisso. Quero que Helena cresça expressando o que
ela realmente sente, não quero sentimentos, sejam eles quais forem,
guardados.
admirava mais.
perguntar:
faleceu quando eu ainda era muito novo, então não me lembro muito
dele.
— Não tenho muito que falar. Ela era uma alcoólatra desde
mim.
pudesse contar com alguém a qualquer momento. Eu sei que ela tem
a Taís, mas ainda assim... sei lá, ela poderia ter muito mais — ele
desabafou.
posso ser como uma mãe para Helena. Eu já adoro aquela menina.
E não estou falando por esses seis meses que vamos morar juntos,
quero ficar na vida dela. Sei que vou me apegar muito a ela.
beijando-me.
Era isso, eu tinha minha própria família a partir daquele
momento.
CAPÍTULO VINTE E SEIS
devaneios, pensei que pudesse dar tão certo como vinha dando.
Mas só dizia isso quem nunca viu Helena e Katrina acordando. Até
mesmo os cabelos desarrumados, jogados para todos os lados, eu
achava apaixonante.
E ele veio.
elas.
conduzi-la para o jardim nos fundos da casa — era para termos três
encontros, mas infelizmente pulamos um. E como isso era uma regra
melhor visão.
O jardim todo estava iluminado com luzes baixas, em um tom
amarelo, que estava proporcionando um clima mais agradável. Havia
se movimentou.
— O que você acha que vai ser da gente quando esse período
de seis meses acabar? — novamente uma pergunta inesperada.
— Não. Não temos prédios por perto que possa nos ver, e os
muros são altos — ele entendeu minha pergunta.
Tirei seu short com sua ajuda e ele ficou apenas de cueca.
Seu volume e ereção eram muito visíveis.
Mas não tive muito tempo para refletir sobre isso, já que
Gustavo levantou meu quadril, puxando minhas roupas de baixo e
sorriso no rosto.
— Eu te amo.
entrecortada, ofegante.
— Eu também te amo.
nome dela.
Ele estava certo. Eu tinha feito aquilo tudo para chegar até
aquele dia.
— Alô — insisti.
apontou a escola.
conversa seja lá dentro? É sobre uma herança que quer saber, não
é?
atrás de si.
insistiu.
nome da escola.
perguntar.
acreditar.
Aquilo sim, era uma surpresa para mim. Ela falava de mim
— Furacões do Futuro.
trata de uma segunda parte da sua herança. Sua mãe queria que
você tivesse um marido para conseguir a guarda da sua irmã.
CAPÍTULO TRINTA
Uma... irmã?
para ele que a escola era um projeto meu, que ela estava aqui
apenas oferecendo seus serviços.
recebido e... bom, queria para ele. — Thiago olhou para mim. — Sua
mãe só não te procurou por isso. Ele não a deixava ir atrás de você,
e ela tinha medo de entrar em contato com você escondida e as
duas sofrerem as consequências.
— Muito. Você era a pessoa que ela mais amava – até ter a
sua irmã, que ela dizia amar igualmente. Mas o marido a ameaçava,
chegava até mesmo a ameaçar você. Então ela resolveu que você
estaria muito melhor com o seu pai. Mas ela sempre me pedia para
com o diploma.
Eu havia perdido uma vida ao lado dela, e isso tudo por culpa
de um homem.
— Hoje ela está com nove meses. É uma menina tão linda e
esperta — Thiago falava com certo carinho na voz.
— E por que ela quer que adotemos a criança? O pai... —
Gustavo deixou a pergunta no ar, sem coragem de completar.
Mas durante esses seis meses, o que será que ela havia
passado?
Olhei para ele e sua mão, que estava estendida para mim e
passado.
— Claro, não podemos permitir que ela fique mais nem um dia
com aquele doido.
Estendi minha mão para ela, que entrelaçou seus dedos aos
meus, e seguimos o resto da viagem assim.
falar aquelas coisas. Ele achava mesmo que teria posse de alguma
coisa assim, fácil?
Eu, como pai solteiro, diria que não tinha um bebê naquele
nada.
— Como assim...?
em seguida.
— Ele me contou tudo, sobre seu casamento, como você era
controlador, e até mesmo os maus-tratos com Joana e a filha.
Ele era muito maior e mais forte que ela, o que poderia
amedrontá-la, mas a mulher que eu conhecia nunca permitiria isso
acontecer.
— Você não vai entrar na minha casa assim, desde que tenha
um mandado.
não gastar minhas forças físicas com ele. A mental já estava de bom
tamanho.
rosto de Raphael.
estava sozinha.
estavam escorrendo.
— Oi, irmã.
Assim que ela ouviu minha voz, agarrou meu dedo que ainda
por meu rosto. Era ainda mais doloroso olhar para ela e pensar no
quanto sofria com a falta de uma mãe e o amor de um pai. Apesar de
não ter Joana presente na minha vida, meu pai nunca me deixara
faltar nada, desde amor, carinho, estudo, a bens materiais.
pudesse levar.
poucos amigos.
— Tudo certo?
dirigir.
vida, assim como ela a mim. E eu não deixaria que nada de ruim
chegasse perto dela. Não enquanto eu pudesse evitar.
pensamentos.
Sim, ele tinha adotado as duas como netas, assim como Vera
Eu não tinha muito que fazer, a não ser obedecer. Ainda mais
com duas crianças sob minha proteção. Eu ainda não sabia quem
era aquele louco, mas a voz não me era muito estranha.
— Não levei dinheiro nenhum seu. Mas olha, fala para mim
quanto você quer, que eu te passo — tentei no desespero.
ele tirou uma fita adesiva enrolando meus dois braços, imobilizando-
me.
uma resposta, como não veio, ele continuou: — Fui eu que forjei.
Não precisei de muito, apenas pagar para uma mulher escrever.
— Você é um louco.
— Engraçado, sua mãe falava a mesma coisa. Pena que eu
rosto. Por todos esses anos eu mantive uma certeza comigo mesma
de que ela havia ido embora e me deixado por vontade própria, que
era de desejo dela nunca mais ver a filha. E pensar que eu só não
tive uma mãe presente na minha vida, por causa de um homem
retirar, e foi me enrolando cada vez mais. Então resolvi que com uma
filha, talvez ela liberasse. Aí... — Ele levantou um dedo em riste,
Mas Deus é tão bom, que logo ela descobriu uma doença, e em
seguida a gravidez. Ela ficou tão feliz com aquela segunda chance
de ser mãe, que não quis mais os tratamentos, e priorizou a vida que
crescia dentro dela. Meu plano estava indo muito melhor do que o
esperado.
mas ele disse que só podia ser para você. Então não tive escolhas a
não ser entrar em contato com você. Mas minha intenção era que
você odiasse tanto a sua mãe, que depois de pensar que, para ela,
deixou coisa melhor que dinheiro. Eu tenho uma escola, que ela
fundou. E o melhor de tudo, tenho uma irmã, que passei a amar mais
que tudo. E nada, nem dinheiro nenhum no mundo, paga por essa
herança.
passei por cada etapa de contratação. Estava feliz com uma mulher
linda que amava, e tinha duas filhas saudáveis.
— Acho que podemos parar por hoje — falei com Thiago que
ajudava na reforma junto com outros meninos que faziam parte da
escola, alguns eram até alunos.
mais dinheiro.
pergunta — E você?
— Posso ver com Katrina sobre isso. Tenho certeza que ela
poderia arrumar uma vaga. Mas não posso te garantir nada, quem
pode fazer isso, é somente ela.
logo se resolveria.
segurança necessária.
seguras.
— Agora, você fica quieto, né, seu desgraçado?
e já rendido, mas a raiva que percorria meu corpo era muito grande.
Fiquei um curto tempo com ele ali, jogado no chão sob a mira
da própria arma até que policiais chegaram invadindo a casa.
Ter duas filhas com vinte e quatro anos não estava nos meus
planos, mas a gente nunca sabe o que o futuro nos espera. E eu
gostava muito das surpresas que o meu havia reservado.
gargalhadas dela.
— Ah, mas só porque estou aqui com você, não seja por isso.
Você me tem todinho.
Mas antes que eu pudesse reagir, ele levou a mão por minha
cintura, puxando-me para si e colando nossas bocas. Poderia passar
o tempo que fosse, eu nunca me cansaria de ser beijada, tocada e
muitas outras coisas por Gustavo. Ele sempre conseguia me deixar
com as pernas bambas, como naquele momento.
Estava pronta para outro tapa, mas ele foi mais rápido, dando-
me um selinho e saindo correndo para se arrumar.
— E grande, né?
não víamos.
expressando emoção e felicidade por nós. Até mesmo meu pai, que
provavelmente estava abismado por saber do contrato somente
— Olha rapaz, para a sua sorte, minha filha está feliz com
porque não tenho mais a idade do bonitão ali. Mas, Vera, meu amor,
aceita construir uma nova história de amor comigo, e ser minha
esposa?
A comoção foi geral, e muito maior que com o meu pedido. E
claro que Vera aceitou, fazendo lágrimas rolarem por todos os rostos.
Em todos os sentidos.
vinha me dando orgulho. Com a ajuda do meu pai, cada vez mais
apareciam colaboradores e marcas famosas querendo fazer parte da
equipe. Apareciam muitas pessoas oferecendo trabalhos também.
mais sensível.
FIM.
DEDICATÓRIA