Celebrações, Exéquias e Bênçãos: Manual para Ministros
Celebrações, Exéquias e Bênçãos: Manual para Ministros
Celebrações, Exéquias e Bênçãos: Manual para Ministros
Celebrações,
exéquias
e bênçãos
Manual para ministros
CELEBRAÇÃO DA PALAVRA
I
O Concílio Vaticano II convoca todos os cristãos
para tornar efetiva a obra de salvação de Cristo, que
está presente pela sua Palavra, pois é
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alimento para quem come, assim também acontece
com a minha palavra: Ela sai da minha boca e para mim
não volta sem produzir seu resultado, sem fazer aqui-
lo que planejei, sem cumprir com sucesso a sua missão
(Is 55,10-11).
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1. PREPARANDO A CELEBRAÇÃO
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parar os comentários, as preces, o ato penitencial, a
fim de chegar ao mistério celebrado.
Usando da criatividade própria do nosso povo,
cada comunidade poderá preparar o seu esquema. O
importante é que na reunião preparatória a equipe
se fortaleça espiritualmente e “vista a camisa” da im-
portante missão para a qual foi chamada: anunciar a
Boa-Nova do Reino de Deus em situações concretas
da vida do povo. O esquema a seguir auxiliará a dar os
passos necessários:
ROTEIRO DE CELEBRAÇÃO1
1
Cf. CNBB. Animação da vida litúrgica no Brasil. São Paulo, Pau-
linas, 1989, n. 213-227. (Documentos da CNBB, n. 43.)
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3o Passo: O missal oferece quatro opções de ato peni-
exercer a criatividade tencial: aspersão – contrição – dialogal – litâ-
– como celebraremos. nica. Esse pedido de perdão pode ser feito na
língua materna, para ser mais intenso e ho-
nesto: Kirye – grego/português/guarani etc.
Colher ideias dos participantes quanto aos
símbolos, músicas...
Roteiros de celebrações
Para auxiliar as celebrações que serão conduzidas
pelos ministros, relacionamos alguns subsídios e pre-
paramos comentários, mas que são apenas exemplos.
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Estes não querem ser uma espécie de camisa de força ou
motivo de acomodação para os ministros e as comunida-
des, que devem fazer uso da criatividade. São somente
algumas formas de facilitar o preparo da celebração.
Recomendamos, vivamente, a leitura do documen-
to n. 52 da CNBB: Orientações para a celebração da Pa-
lavra de Deus.2 Trata-se de um excelente subsídio para
fundamentar teologicamente e orientar a prática litúr-
gica dos ministros.
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CICLO DO NATAL
Tempo do Advento
Compõe-se de quatro semanas.
Início: quarto domingo antes do Natal.
Término: 24 de dezembro.
Trata-se de um tempo de espera, de purificação da
vida pela justiça e pela verdade, preparando os caminhos
do Senhor. Também não é tempo de festa, mas de espe-
rança e alegria moderada, pois arrumamos a casa para re-
ceber a mais nobre visita, anunciada pelos profetas.
Espiritualidade: esperança e purificação da vida.
Ensinamento: anúncio da vinda do Messias.
Cor: azul, rosa ou roxa.
Tempo do Natal
Início: véspera de 25 de dezembro – Natal, e se prolon-
ga por três domingos.
Término: na festa do Batismo de Jesus...
Espiritualidade: fé, alegria e acolhimento...
Ensinamento: o Filho de Deus se fez homem. Celebra-
-se, com grande alegria, o nascimento de Jesus. Nossa
atitude é de gratidão e de glorificação de Deus no mais
alto céu. Nesse tempo celebram-se também as festas
da Sagrada Família, de Santa Maria Mãe de Deus, da
Epifania e do Batismo de Jesus.
Cor: branca.
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CICLO PASCAL
Tempo da Quaresma
Início: quarta-feira de Cinzas.
Término: até a missa na Ceia do Senhor exclusive
(cinco semanas).
Espiritualidade: é tempo forte de penitência e conver-
são de jejum e oração. Precisamos renunciar ao mal
e aderir a Jesus, que carrega sua cruz. É tempo de
preparar a Páscoa. Na Quaresma não se diz o Aleluia,
nem se colocam flores na igreja. Os instrumentos mu-
sicais devem ser moderados.
Ensinamento: a misericórdia de Deus.
Cor: roxa.
Tríduo pascal
Início: missa vespertina na Ceia do Senhor, na Quinta-
-feira Santa; possui o seu centro na vigília pascal.
Término: vésperas do domingo da Ressurreição.
Tempo da Páscoa
O período pascal é de 50 dias.
Início: domingo da Ressurreição.
Término: no Pentecostes, que é a vinda do Espírito Santo.
Espiritualidade: alegria em Cristo ressuscitado.
Ensinamento: Ressurreição e vida eterna.
Cor: branca, símbolo da alegria.
Na segunda-feira após o Pentecostes, recomeça a
segunda parte do Tempo Comum.
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TEMPO COMUM
Início: segunda-feira após o Batismo de Jesus.
Término: véspera da quarta-feira de Cinzas; depois re-
começa na segunda-feira após o Pentecostes e vai até
o sábado, antes do primeiro domingo do Advento.
Espiritualidade: vivência do Reino de Deus, missão e
escuta da Palavra...
Ensinamento: anúncio do Reino de Deus...
Cor: verde.
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Homilia não pode ser confundida com sermão, dis-
curso temático ou pregação com caráter moralizante.
Não é estudo bíblico ou catequético nem reflexão sim-
plesmente e, muito menos, deve ser substituída por
desabafos pessoais de quem a faz.
Não basta simplesmente explicar os textos bíblicos.
É preciso interpretá-los a partir da realidade, atuali-
zando-os na vida concreta da comunidade celebrante,
tendo como referência o mistério de Cristo que pri-
meiro morreu e ressuscitou. Por isso fez arder os cora-
ções dos discípulos de Emaús, abrindo-os à conversão,
à transformação pessoal, comunitária e social.
Cremos que é o próprio Cristo que fala, quando na
liturgia são lidas e explicadas as Escrituras. E a homi-
lia é ação do seu Espírito. Ele abre a comunidade para
compreender, saborear e aceitar a Palavra proclama-
da, perceber o sentido dos acontecimentos à luz da
Páscoa, renovar em ação de graças sua fé, retomar os
motivos de sua esperança e se comprometer com a
fraternidade, a justiça e o mandamento do amor.
Essa ação não se dá automaticamente. É trabalho
conjunto do Espírito Santo que inspira a Igreja nesse
momento de oração.
Além de fazer a ligação entre os textos bíblicos e a
vida, é função da homilia abrir e conduzir a assembleia
para dentro do mistério da salvação que está aconte-
cendo no momento celebrativo. A dimensão mistagó-
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gica se dá evocando as ações libertadoras que Deus
realizou e realiza por nós em Jesus Cristo, o grande
motivo da ação de graças da comunidade. E, depois,
despertando na assembleia a atitude de oferenda e
comunhão com Cristo ao Pai. O ministro faz uma ho-
milia e poderá envolver outras pessoas e até toda a as-
sembleia na partilha da Palavra. É uma tarefa sagrada.
Daí decorre sua responsabilidade de preparar-se bem
para esse dia com a leitura orante da Bíblia, segundo a
espiritualidade inaciana. Esse método consta de cinco
momentos ou passos:
a) Dispor-se para a oração: defino o tempo da
oração e busco um lugar tranquilo que auxilie a me
concentrar; procuro uma posição corporal adequada.
Faço a leitura aprofundada e cuidadosa dos textos bí-
blicos da liturgia diária ou, pelo menos, do Evangelho;
b) Preparar-se interiormente: faço silêncio in-
terior, respiro lentamente; tomo consciência de que
estou na presença de Deus. Faço com devoção o sinal
da cruz. Medito, fazendo a ligação dos textos bíblicos
com a nossa vida, com a realidade que nos cerca;
c) Situar-se: peço a Deus, nosso Senhor, que todos
os meus desejos, pensamentos e sentimentos estejam
voltados unicamente para o seu louvor e serviço. Peço
a graça que desejo receber na oração.
d1) Meditar: leio o texto devagar, saboreando as
palavras que mais me tocam. Reflito por que motivo
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essa frase, palavra, ideia me chama a atenção. A ora-
ção brota desta meditação: “O que esta Palavra me
leva a dizer a Deus e a fazer?”.
d2) Contemplar: momento de entrar em comu-
nhão íntima, deixando-me conduzir pela ação amoro-
sa do Senhor. Converso com Deus como se falasse a
um amigo: falo, escuto, peço, louvo, pergunto, silen-
cio, seguindo os sentimentos que vou experimentan-
do na oração.
e) Revisar: recordo o meu encontro com Deus;
anoto o que foi mais importante na oração (palavras,
frases e imagens), os pensamentos predominantes, os
questionamentos, os sentimentos de consolação ou
desolação, se houve apelos e como vou realizá-los.
Para manter a dimensão orante, dialogal, profética
e mistagógica desse momento, algumas perguntas po-
derão orientar e facilitar a participação da assembleia
nessa conversa familiar, que é a homilia nas exéquias:
O que aconteceu? Como acolher e aceitar essa notícia
de Deus para nós hoje? Quais os apelos que Deus nos
faz diante da partida do nosso irmão (da nossa irmã)?
Que respostas daremos a essa Palavra de Deus para
continuar a nossa vida na terra?
Se o ambiente é de silêncio, torna-se indispensá-
vel não insistir na resposta falada, pois a homilia tem
como apelo maior a reflexão. Assim, a resposta à Pa-
lavra, a ser dada pela família e amigos, na celebração
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da vida da pessoa que partiu, ganhará cada vez mais
intensidade, realizada primeiro, no íntimo de cada
pessoa, pela ação do Espírito Santo. Esse momento
poderá ser seguido de um refrão cantado, inspirado
na Palavra.
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