Ficha de Leitura 1.1

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FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS NATURAIS


REPARTIÇÃO DE FÍSICA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE FÍSICA
Módulo de Eletricidade e Magnetismo Ensino a Distância (Ead)

FICHA DE LEITURA Nº1.1


ALGUNS ELEMENTOS DA HISTÓRIA DO ELECTROMAGNETISMO
_________________________________________

OBJECTIVOS

No final desta lição o aluno deve ser capaz de:


Identificar pessoas, seus atos e suas ideias, bem como lugares e objetos que
contribuíram para o surgimento e desenvolvimento da teoria electromagnética;
Identificar o objecto de estudo da disciplina de electricidade e magnetismo;
Identificar “ideias, temas, problemas, argumentos, exemplos e aparelhos hoje esquecidos”
(OLIVEIRA, 2014: p.40) que no entanto contribuíram para o desenvolvimento da ciência
em geral e da teoria electromagnética em particular;
Definir a electrostática enquanto capítulo da teoria electromagnética;
Argumentar, questionar, criticar e relacionar os conhecimentos elaborados com a sua
realidade

INTRODUÇÃO

Nesta primeira lição pretendemos fazer uma abordagem histórica da teoria


eletromagnética (TE) durante a qual você entrará em contacto com pessoas, ideias, lugares e
objetos que particparam de uma ou de outra forma na construção das fundações da teoria
electromagnética que hoje conhecemos.
Ao introduzir uma breve revisão histórica da teoria electromagnética (TE) logo na
primeira aula não queremos que essa atividade se reduza apenas, a uma mera coleção de
datas, fatos ocorridos no tempo passado, ou biografias daquele grupo selecto de autores,
cujas leis e teorias (por eles) criadas são aceites na atualidade. Queremos que essa aula se
configure num espaço de reflexão crítica sobre as condições reais em que a ciência de
eletricidade e magnetismo (teorias, hipóteses, experimentos etc.,) foi sendo desenvolvida no
tempo e no espaço. Noutras palavras, sendo a História da Ciência em geral e da Teoria
Eletromagnética em particular, um produto sociocultural construído por homens e mulheres
situados num tempo e espaço determinados, deve destacar sempre que possível, as angústias,
preocupações, dificuldades, e incertezas típicas do tempo e do espaço em que viveram,
que por sua vez, terão influenciado decisivamente as leituras que fazem sobre os fatos
históricos que se propuseram a contar. Deve igualmente focar nas controvérsias científicas
e inquietações filosóficas dos construtores dessa ciência sem olvidar as interfaces entre o
electromagnetismo e outras produções culturais (GUERRA; REIS; BRAGA, 2004).
Decorrente disso e, para evitar uma abordagem enviesada do Eletromagnetismo, a vigilância
epistemológica (CASTIANO, 2010) e atitude crítica por parte do aluno (leitor da história)
são algumas das ferramentas indispensáveis para entendimento dos obstáculos e das
vicissitudes pelos quais passa o processo de construção da Ciência em gera e do
Electromagnetismo em particular.
O QUE VAMOS APRENDER NESTA LIÇÃO (CONTEÚDOS)?
Alguns elementos da história do electromagnetismo (ou da teoria electromagnética)
COMO VAMOS APRENDER (METODOLOGIA)
Leitura: artigos científicos/Textos diversos/Livros
Elaboração de resenhas das leituras feitas
Elaboração de texto escrito.

1.1 VISÃO GERAL DOS CONTEÚDOS

1.1.1 UM POUCO DA HISTÓRIA DO ELETROMAGNETISMO

A história da teoria electromagnética (TE) é longa, vasta e multifacetada. É feita de


acções de várias pessoas, homens e mulheres, situados em diversos pontos do globo, que no
seu tempo, procuraram com base nos conhecimentos e instrumentos ora disponíveis,
entender e explicar o nexo de várias ocorrências que intrigavam a mente humana na época.
Numa abordagem tipica e tradicionalmente eurocêntrica, a maioria dos textos que
dissertam sobre a história do Electromagnetismo (FRISH; TIMOREVA, 1981;
HALLIDAY; RESNICK; WALKER, 2005; PURCELL, 1972; REITZ; MILFORD;
CHRISTY, 1982) só para citar alguns, quase que invariavelmente falam de Thales de Mileto,
matemático e filósofo nascido na Cidade de Mileto (sec.VII a.C.) na Grécia antiga, como
pioneiro no estudo das interações elétricas. De acordo com as fontes retromencionadas,
Thales interessou-se pelo comportamento exibido por pedaços de âmbar quando friccionado
com lã que havia sido observado e registado anteriormente pelos tecelões. Ao estudar esse
comportamento Thales chegou a conclusão de que um pedaço de âmbar friccionado com
um pano de lã adquiria a capacidade de atrair corpos leves, tais como pedacinhos de papel,
de palhas, etc.
Depois desta descoberta passaram cerca de dois mil anos até que William Gilbert
(1544-1603), físico e médico inglês de Elizabeth I e James I, veio a observar que o
comportamento observado pelo filósofo grego não era exclusivo do âmbar, pois, o mesmo
podia ser observado em corpos de vidro, plástico, entre outros materiais, quando atritados
com seda ou lã.
Estudos posteriores mais elaborados e com maior diversidade de materiais levaram
ao William Gilbert a concluir que o âmbar, vidro, plástico e outros materiais, quando
atritados com seda ou lã ganham a propriedade de atrair ou repelir outros corpos. O cientista
inglês explicou esse comportamento aparentemente extranho afirmando que estes corpos se
comportavam daquela maneira porque ficaram “ambarizados” (FRISH; TIMOREVA, 1981)
ou ganharam uma certa carga “ambárica”. Na língua grega, âmbar1 diz-se “elektron”, por
conseguinte, os corpos que depois de friccionados ou atritados com seda ou lã adquirem um
comportamento semelhante ao âmbar (elektron), dizem se electrizados ou seja, ganharam
uma carga eléctrica. Dai o surgimento dos vocábulos, eléctrico, eletrizado e electricidade.
Depois de Gilbert outros cientistas participaram de forma ativa na construção da
teoria eletromagnética. Luigi Galvani (1737-1798), Hans Christian Ørsted (1777-1851)
Michael Faraday (1791-1867), James Clerk Maxwell (1831-1879), entre outros, são alguns
desses homens que com o seu saber e empenho contribuíram decisivamente para a
construção da teoria electromagnética que conhecemos actualmente, cuja aplicação prática
permite o conforto, rapidez e praticidade na realização de diversas atividades da vida
quotidiana. Esperamos que no fim desta lição o nosso aluno seja capaz de identificar no
tempo e no espaço a contribuição que cada uma das figuras supramencionadas.
Sublinhe-se entretanto que após as descobertas iniciais, os estudos das propriedades
dos corpos electrizados não só evoluíam muito lentamente como também estavam isolados
de outros estudos de fenómenos da natureza e, mais do que isso, tais estudos estavam

1
O âmbar é uma resina fóssil originada de vegetais superiores, tanto gimnospermas quanto
angiospermas, muito usada para a manufactura de objectos ornamentais (PEREIRA et al., 2007)
sobretudo limitados à interacção entre corpos electrizados por fricção com foco na ação
mútua entre eles, dando origem a uma parte da teoria electromagnética chamada
electrostática (FRISH; TIMOREVA, 1981). A Electrostática é uma parte da teoria
electromagnética que estuda as propriedades e o comportamento dos campos eléctricos
gerados por cargas eléctricas fixas ou estacionárias (em repouso) relativamente a um
referencial inercial dado.

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRITO, M. O. DE; MACHADO, V. Conhecimento científico e tecnológico dos povos


africanos: estratégia de resistência à tradição seletiva no ensino de ciências. cadernoscenpec,
v. 7, n. 1, p. 105–132, 2017.
CASTIANO, J. P. Referenciais da Filosofia Africana: Em busca da subjectivação.
Maputo: Sociedade Editorial Ndjira, 2010.
FRISH, S.; TIMOREVA, A. Curso de Fisica General. 4a Edição ed. Moscovo: Editorial
Mir, 1981.
GUERRA, A.; REIS, J. C.; BRAGA, M. Uma Abordagem Histórico-Filosófica Para O
Eletromagnetismo No Ensino Médio. Cadernos Brasileiros de Ensino da Física, v. 21,
p. 224–248, 2004.
HALLIDAY, D.; RESNICK, R.; WALKER, J. Fundamentals of Physics. USA: [s.n.].
OLIVEIRA, M. R. DE. UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM DA RELAÇÃO
ENTRE OS FENÔMENOS ELÉTRICOS E MAGNÉTICOS E SUA
CONTROVÉRSIA EM SALA DE AULA. [s.l.] Universidade Estadual de Maringá, 2014.
PEREIRA, R. et al. Novas ocorrências de âmbar provenientes da bacia do Araripe
(Formação Santana, Membro Crato). Anuario do Instituto de Geociencias, v. 30, n. 1, p.
245–245, 2007.
PURCELL, E. M. Eletricidade eMagnetismo. São Paulo ed. [s.l.] Edgard Bluecher, 1972.
REITZ, J. R.; MILFORD, F. J.; CHRISTY, R. W. Fundamentos da Teoria
Eletromagnética. Elsivier ed. Rio de Janeiro: [s.n.].

BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR

1. Graça, Cláudio de Oliveira. Electromagnetismo. Imprensa Universitária da


UFSM, Santa Maria, Brasil, 2012.
2. Pilatti, Sílvio Marcos; Fontes, Adriano da Siva e Ramos, Fernanda Peres.
Introdução Ilustrada à Electrostática. Electrostática em Quadrinhos, UTFPR, Paraná,
Brasil, s/d.
3. Electricidade e Magnetismo, Óptica. Volume. 2. Tipler, Paul A. e Mosca,
Gene. LTC;
4. Victorino, Alfiado. Elementos da Teoria Electromagnética. Parte 1.
Electrostática (Texto de Apoio); Beira, Moçambique, 2012 (Não publicado).
5. História e epistemologia da Física/Electromagnetismo.
https://pt.wikibooks.org/wiki/Hist%C3%B3ria_e_epistemologia_da_F%C3%ADsica/Ele
tromagnetismo; 09/04/020.

© Alfiado Victorino; Beira, Sofala, Moçambique, 2020

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