Técnicas de Limpeza de Vazamentos de Petróleo em Alto Mar: Resumo
Técnicas de Limpeza de Vazamentos de Petróleo em Alto Mar: Resumo
Técnicas de Limpeza de Vazamentos de Petróleo em Alto Mar: Resumo
Alexandre Patrick de Leão Craig1 | Emerson Sena1 | Lucas Magalhães1 | Mauricio Canielas Krause1 |
Paulo Roberto Neves1 | Michelle de Jesus Silva2
Engenharia de Petróleo
RESUmo
pAlAVRAS-chAVE
Cadernos de Graduação - Ciências Exatas e Tecnológicas | Sergipe | v. 1 | n.15 | p. 75-86 | out. 2012
76 | ABSTRACT
The paper aims to show all the techniques involved in cleaning oil spill at sea, from the
exploration, transportation, distribution and storage, showing the effectiveness and useful-
ness of each specific method. The pollution of marine and coastal environments due to
petroleum products has worried environmentalists around the world, and many debates
started since then. The oil spill interferes in human activities such as fishing and the rec-
reational use of the environment, causing economic damage. The risk of accident occur-
rence is never null and it is, therefore, of great importance to understand the processes that
surround these activities.
Keywords
1 INTRODUÇÃO
O meio ambiente é hoje considerado uma das principais preocupações do setor in-
dustrial e da sociedade em geral. No caso particular da indústria petroleira, pelo fato de ser
de alto risco para o ambiente, esta preocupação é ainda maior. Uma das maiores catástro-
fes ambientais que podem acontecer são os grandes derrames de petróleo, principalmente
quando estes ocorrem em regiões costeiras (PALADINO, 2000).
A poluição dos mares e das zonas costeiras originadas por acidentes com o transpor-
te marítimo de mercadorias, em particular o petróleo bruto, contribui, anualmente, em 10%
para a poluição global dos oceanos. Todos os anos, 600.000 toneladas de petróleo bruto
são derramadas em acidentes ou descargas ilegais, com graves consequências econômicas
e ambientais (AMBIENTE BRASIL).
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Figura 1: Número de grandes derramamentos (maiores de 700 toneladas) desde 1970 até 2010 | 77
A maior parte do óleo que chega aos oceanos é proveniente de eventos menos agu-
dos, como descargas rotineiras de navios, poluição atmosférica e óleo lubrificante descar-
tado em águas pluviais. Contudo, por ter grande visibilidade, a poluição provocada por du-
tos e petroleiros e as consequências trágicas que a poluição aguda pode provocar sobre os
ecossistemas atingidos resulta em uma maior comoção pública e na concepção de novas
legislações (CERQUEIRA, 2010).
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Os impactos, que esse tipo de acidente pode causar, são dos mais diversos e abrangem
desde danos econômicos, por problemas causados na indústria pesqueira, ou qualquer
indústria que utilize recursos marinhos como matéria prima, até a inutilização de regiões
turísticas (PALADINO, 2000).
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78 | Os impactos que esse tipo de acidente pode causar são dos mais diversos e abran-
gem desde danos econômicos, por problemas causados na indústria pesqueira, ou qual-
quer indústria que utilize recursos marinhos como matéria prima, até a inutilização de
regiões turísticas (PALADINO, 2000).
Época do ano
Grau de hidrodinamismo
Esse grau é determinado pela intensidade, quantidade e força das ondas e correntes
que atuam no ambiente. Os locais que apresentam alto grau de hidrodinamismo tendem a
dispersar o óleo com maior facilidade e eficácia. Nesses locais o tempo de permanência do
óleo é rápido (poucos dias), já em locais que não apresentam um grau de hidrodinamismo
relevante, o óleo pode ficar aprisionado por muito tempo, impedindo que a população bio-
lógica se recupere (SZEWCZYK, 2006).
Características do óleo
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Tabela 1: Classificação dos tipos de óleo | 79
Grupo Densidade API Composição Meia Vida Persistência
I < 0,8 >45 Leve ~ 24 h 1 – 2 dias
II 0,80 à 0,85 35 à 45 Leve ~ 24 h 3 - 4 dias
III 0,85 à 0,95 17,5 à 35 Pesado ~ 72 h 5 – 7 dias
IV >0,95 < 17,5 Pesado ~ 168 h >7 dias
Fonte: ITOPF – Disponível em http://www.itopf.com
3 Técnicas de Limpeza
Hoje em dia existem várias técnicas e equipamentos para combater, conter e recu-
perar um derramamento de óleo no mar, incluindo em geral métodos físicos e químicos.
Materiais absorventes somente são usados para limpeza no estágio final. Se o óleo chegar
à costa, a limpeza no local também será necessário.
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80 | Na maioria das vezes a contenção é trabalhada juntamente com a remoção da man-
cha, utilizando uma série de equipamentos como “skimmers”, barcaças recolhedoras, cor-
das oleofílicas, caminhões vácuo, absorventes granulados, entre outros. A aplicabilidade
está associada ao tipo de óleo, extensão do derrame, locais atingidos, acessos e condições
meteorológicas e oceonográficas.
O uso de barreiras para conter e concentrar o óleo pode ser prejudicada pela tendên-
cia natural que o óleo possui de se espalhar conforme a influencia das marés e ventos. Em
águas agitadas, um derramamento do óleo com pouca viscosidade pode se espalhar com
grande facilidade e o sistema de contenção se move lentamente enquanto recuperam o
óleo derramado. Desta forma, mesmo sendo totalmente operacional não será possível re-
colher mais do que pequena parte do óleo derramado (SZEWCZYK, 2006).
As limitações de tempo devem ser sempre muito bem avaliadas para não colocar o
pessoal envolvido em risco. A ação de ventos, ondas e correntes reduz drasticamente a
aptidão das barreiras de conter e dos “skimmers” de recolher o óleo. Na prática, a recupera-
ção mais eficiente do óleo derramado é feita sob boas condições meteorológicas. Algumas
barreiras são de tipos especiais como barreiras absorventes, barreiras antifogo, barreiras de
bolha e barreiras de praia que têm utilização em locais mais específicos.
Apesar das diferentes aplicações dos vários tipos de barreira, os elementos constituti-
vos normalmente são os mesmos:
• elemento de tensão longitudinal para prover força para resistir às ações de vento,
onda e corrente, através de lastro, mantendo a barreira na posição vertical na água;
• borda livre: prevenir ou reduzir a fuga de óleo por cima da barreira (ERNESTO, 2010).
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A aplicação de dispersantes depende essencialmente de quatro fatores: tipo de óleo, | 81
condições do tempo, dimensão e localização da mancha e tipo de embarcações e aero-
naves disponíveis para a aplicação de dispersantes os dispersantes são pouco eficazes em
óleos pesados pouco viscosos e flutuantes, uma vez que os dispersantes acabam por passar
do óleo para a água antes da penetração do solvente. Da mesma forma, após a formação
de emulsões viscosas óleo-na-água, a eficácia dos dispersantes torna-se muito reduzida,
sendo por isso a sua aplicação inadequada para óleos envelhecidos. A existência de agita-
ção marítima também facilita a eficácia dos dispersantes. Os tipos de dispersantes são:
Para uma adequada dispersão do óleo na água, em situações de mar calmo, deve-
-se promover a agitação mecânica após a aplicação dos dispersantes. Estes podem ser
aplicados através de aeronaves e de embarcações. Aviões pequenos e helicópteros, re-
bocadores são adequados para o lançamento destes agentes químicos em ocorrências
de pequeno porte, em função das suas limitações de velocidade e capacidade de transpor-
te, principalmente. Nos eventos maiores, aviões de maior porte são mais vantajosos.
Possuem eficiência limitada, quando aplicados sobre óleos com ponto de fluidez pró-
ximo ou superior à temperatura ambiente. Entretanto, se por um lado as altas temperaturas
reduzem a viscosidade do óleo derramado, por outro alguns componentes dos dispersan-
tes tornam-se menos solúveis na água e, portanto, têm maior probabilidade de permane-
cerem agregados ao óleo.
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82 | 4 Queima in-situ
Existem vários problemas que limitam o uso desta técnica, incluindo o perigo da fonte
de ignição, a formação de resíduos densos que podem afundar e questões de segurança. Este
método ainda não foi regulamentado no Brasil, porém é utilizado há mais de 30 anos em
países como Suécia, EUA, Canadá e Inglaterra. Alguns critérios devem ser levados em con-
sideração antes de se iniciar a queima, como por exemplo, o tipo de barreira que está sendo
utilizada (deve ser do tipo antifogo), a distância da mancha para embarcação avariada e se
existe alguma população próxima do local, a toxicidade da fumaça que será gerada, o tipo de
óleo derramado e os resíduos que poderão ser gerados, condições de tempo e mar.
Qualquer método de limpeza deve ser aplicado após o óleo ter sido, pelo menos em
grande parte, retirado das águas próximas aos locais atingidos. As opções mais frequente-
mente utilizadas na limpeza dos ambientes costeiros são: limpeza natural, remoção ma-
nual, uso de materiais absorventes, bombeamento a vácuo, “skimmers” (equipamento de-
senvolvido para remover o óleo da superfície da água, utilizando discos giratórios e cordas
absorventes), jateamento com água a diferentes pressões, jateamento com areia, corte de
vegetação, queima in situ, trincheiras, remoção de sedimentos, biorremediação e produtos
dispersantes (CANTAGALLO, 2007).
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5.1 Absorventes | 83
Os absorventes sintéticos de óleo não absorvem água, flutuam, podem ser torcidos e
reaproveitados. Diversos produtos estão disponíveis no mercado, sendo que a escolha do
melhor absorvente deve ser feita criteriosamente, levando-se em conta as características
do óleo, do ambiente e do próprio absorvente.
7 Biodegradação/Biorremediação
Mecanismo natural de limpeza e remoção do óleo com eficiência variável, vai depen-
der das características físicas do próprio óleo e também do ambiente (como a temperatura,
níveis de micróbios, nutrientes e oxigênio presentes no local). Este procedimento é normal-
mente priorizado em muitos casos já que não causa danos adicionais à comunidade. No
entanto, é comum conjugar este procedimento a outros métodos de limpeza.
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84 | Três técnicas básicas de biorremediação são geralmente usadas: a estimulação da
atividade de microrganismos indígenas, pela adição de nutrientes, regulação das condições
redox, entre outros; a inoculação de sítios contaminados com microrganismos específicos
em transformar determinados poluentes; e a aplicação de enzimas imobilizadas.
Em grandes acidentes, mesmo com a aplicação adequada das técnicas mecânicas hoje
existentes, ainda resta uma fração de óleo oxidado pela luz solar. Essa fração fica disponível
para a biota e precisa ser degradada para que o ecossistema não fique impactado. A biorre-
mediação, portanto, multiplica a capacidade de depuração do ambiente, além de permitir o
restabelecimento da vida animal e vegetal e o mapeamento de áreas de risco (COSTA, 2008).
7 CONCLUSÕES
Em vista do que foi citado no decorrer do trabalho, pode-se notar que as sociedades
humanas e suas diferentes formas de vida têm mostrado exercer um considerável papel
na dinâmica dos ecossistemas, não se pode ter certeza se devido a falta de conhecimento,
ou a pouca importância dada aos danos ao ambiente, em específico aos mares e toda sua
biodiversidade provocados pelo derrame de óleos.
A toxicidade, a longo prazo, afeta a vida marinha, que não é imediatamente morta
pelo derrame, podendo o óleo ser incorporado à carne dos animais, tornando-a inade-
quada ao consumo humano. Mesmo em baixas concentrações, o óleo pode interferir nos
processos vitais à reprodução. Com alteração no ciclo reprodutivo, toda a cadeia alimentar
é afetada, o que, consequentemente, acarretará danos irreparáveis ao ecossistema.
O petróleo, sem dúvida, é a principal fonte de energia utilizada pela sociedade mo-
derna, apesar de ser um recurso natural não renovável. Como consequência disso faz-se
necessária a estruturação, a preparação e o planejamento como respostas a esses inciden-
tes com o objetivo de reduzi-los tendo na consciência a importância da manutenção da
qualidade da água do mar e ambientes costeiros.
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REFERÊNCIAS | 85
COSTA, D. C., Identificação dos pontos críticos de contaminação e das técnicas de re-
mediações utilizadas no caso do derramamento de óleo combustível a2, no município
de hidrolândia/goiás. Universidade Católica de Goiás, 2008.
ERNESTO, M. F S., Poluição por petróleo nos ambientes marinho e costeiro. Universidade
Norte do Paraná. 2010.
Limpeza de ambientes costeiros contaminados por petróleo. Disponível em: < http://
www.blogecooil.com/2010/10/limpeza-de-ambientes-costeiros.html. Acesso em: 27 nov 2011.
OCEAN ORBIT. The newsletter of the international tanker owners pollution federation
limited. Setembro, 2011. www.itopf.com.
Cadernos de Graduação - Ciências Exatas e Tecnológicas | Sergipe | v. 1 | n.15 | p. 75-86 | out. 2012
86 | Saiba mais sobre como é feito a remoção do petróleo. Disponível em: http://www.blogeco-
oil.com/2010/10/saiba-mais-sobre-como-e-feito-remocao.html. Acesso em: 27 nov 2011.
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