5 Luciano 2010
5 Luciano 2010
5 Luciano 2010
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
por
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
SALVADOR/BAHIA
Agosto de 2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS
por
SALVADOR/BAHIA
Agosto de 2010
“Mapeamento Geológico do Embasamento Granulítico da Extremidade
Norte da Bacia do Rio Pardo, Bahia, Brasil.”
RESUMO
A área de estudo está localizada na região sul do Estado da Bahia, abrangendo parte dos municípios
de Arataca, Camacan e Santa Luzia que encontram-se próximo ao limite entre o Cráton do São Francisco
(CSF) e o Orógeno Araçuaí (OA). Nessa área observa-se a porção norte da Bacia do Rio Pardo (BRP) e seu
embasamento granulítitico inserido no OISC. Sobre esses dois domínios estão depositados sedimentos
recentes, depósitos fluviais clásticos e litofácies do Grupo Barreiras, contudo são pouca expressivos. As
rochas que constituem o embasamento da BRP na área de pesquisa são: (i) Gabronoritos granulitizados
pertencentes ao Complexo Ibicaraí; (ii) Quartzo-grabros e tonalitos granulitizados representantes do
Complexo Buerarema e; (iii) Álcali-feldspato sienito integrante do Corpo Anurí. Intrudido nesses litotipos
ocorrem diques máficos de composição basáltica e andesítica. A BRP é representada pelas rochas
metassedimentares que compõem as formações Panelinha, Camaçã e Salobro. Com relação as características
químicas das rochas que constituem o embasamento granulítico da BRP, os gabronoritos e os quartzo-
grabros apresentam uma tendência toleítica, enquanto que os tonalitos são predominantemente cálcio-
alcalinos. Os álcali-feldspato sienitos são alcalinos. Quanto aos diques máficos, tanto os de composição
basáltica quanto os de composição andesítica apresentam caráter toleítico. Quanto as características
estruturais, nos granulitos do embasamento da BRP, identifica-se duas fases dúcteis desenvolvidas no
paleoproterozóico durante metamorfismo de fácies granulito (M1). A primeira (Dn) gerou foliação plano axial
de dobras assimétricas (Sn) que foi redobrada isoclinalmente e transposta (Sn+1) na segunda fase (Dn+1). Uma
terceira fase dúctil (Dn+2) associada a foliação milonítica (Sn+2) é formada no neoproterozóico. Nos
metassedimentos da BRP, a superfície S0 é dobrada suavemente na fase D1 formando uma superfície axial S1
em dobras abertas. Zonas cisalhamento (ZC) dúcteis-rúpteis são encontradas tanto na BRP quanto em seu
embasamento granulítico. A foliação S1 e as ZC tem orientação coincidentes com a superfície Sn+2,
encontrada no embasamento granulítico, sendo ambas paralelas à Zona de Cisalhamento de Potiraguá, de
idade neoproterozoica. As deformações neoproterozóicas na BRP e em seu embasamento granulítico estão
associados ao metamorfismo de fácies anfibolito baixo/xisto-verde (M2).
ABSTRACT
The study area is located in southern Bahia State, having enclosed part of the municipalities of
Arataca, Camacan and Santa Luzia that meet next to the limit between São Francisco Craton (CSF) and
Araçuaí Orogen (OA). In this area observed it the northern portion of the Rio Pardo Basin (BRP) and its
basement, that inserted in the south portion of granulite basement in the OISC. On these two domain are
deposited recent sediments, clastic fluvial deposits and lithofacies of the Barreiras Group, however they are
little expressive. The rocks forming the basement of the BRP in the research area are: (i) Gabbronorites
reequilibrated in the granulite metamorphic facies, pertaining to the Ibicaraí Complex; (ii) Quartz-gabbros
and tonalites reequilibrated in the granulite metamorphic facies, representatives of the Buerarema Complex
e; (iii) Alkali-feldspar syenite integrant of the Anurí Body. Intruded in these lithotypes occurs mafic dikes of
basaltic and andesitic composition. The BRP is represented by the the rocks metasedimentary that compose
the formations Panelinha, Camaçã and Salobro. With relation the chemical characteristics of the rocks that
constitute the basement granulite BRP, the gabbronorites and quartz-grabros show a tholeiitic trend, whereas
the tonalities are predominantly calc-alkaline. The alkali-feldspar syenites are alkaline. How much to the
mafic dikes, as of basaltic composition as of andesitic composition show tholeiitic character. How much the
structural characteristics, the studies had shown that, in the granulites of the basement of the BRP, it
identifies two ductile phases developed during the Paleoproterozoic during granulite facies metamorphism
(M1). The first (Dn) generated axial plane foliation of asymmetrical folds (Sn) that it was redoubled and
transposed isoclinal (Sn+1) in the second phase (Dn+1). A third phase ductile (Dn+2) associated with the
mylonitic foliation (Sn+2) is formed in the Neoproterozoic. In the metassedimentos of the BRP, the S0 surface
is softly folded in phase D1 forming an axial surface S1 in open folds. Shear zones (ZC) ductile-brittle are
found as in the BRP as in its basement granulite. The S1 foliation and the ZC have orientation coincident
with the surface Sn+2, found in the basement granulite, being both parallel to the Shear Zone Potiraguá, of
Neoproterozoic age. Neoproterozoic deformation in the BRP and its basement granulite are associates to the
metamorfismo of lower amphibolite facies metamorphism / shale-green (M2).
AGRADECIMENTOS
Agradeço, em primeiro lugar, a Deus por ter me dado a oportunidade de estar aqui neste momento
concluindo esta etapa da minha vida.
Aos meus pais e irmãos pelo apoio e paciência durante toda a minha trajetória nesta instituição.
Aos meus mestres, importantes colaboradores no meu crescimento acadêmico, em especial ao professor
e orientador Johildo Salomão Figueiredo Barbosa pela oportunidade, apoio e paciência empregados no
decorrer do trabalho e à amiga Jailma Santos de Souza, pelo auxílio no manuseio de alguns dos softwares
utilizados na produção desta monografia, além do companheirismo e paciência.
À todos os meus colegas do Curso de Graduação em Geologia da UFBA que de alguma forma
contribuíram nesta minha jornada.
i
ÍNDICE
RESUMO
ABSTRACT
AGRADECIMENTOS...................................................................................................................................i
ÍNDICE.........................................................................................................................................................ii
ÍNDICE DAS FIGURAS ............................................................................................................................iv
ÍNDICE DAS TABELAS ...........................................................................................................................vii
ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS................................................................................................................viii
ÍNDICE DAS FOTOMICROGRAFIAS .....................................................................................................x
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................11
1.1 Localização e Acessos .........................................................................................................11
1.2 Justificativas........................................................................................................................12
1.3 Objetivos..............................................................................................................................13
1.4 Materiais e Métodos ...........................................................................................................13
1.4.1 Revisão Bibliográfica .......................................................................................................13
1.4.2 Sensoriamento Remoto .....................................................................................................14
1.4.3 Trabalhos de Campo ........................................................................................................14
1.4.4 Trabalhos de Laboratório ................................................................................................16
3 GEOLOGIA REGIONAL ...............................................................................................................18
3.1 Arqueno-Paleoproterozoico ...............................................................................................20
3.2 Mesoproterozoicos ..............................................................................................................23
3.3 Neoproterozoico ..................................................................................................................23
3.4 Cenozoico.............................................................................................................................26
3 GEOLOGIA LOCAL E PETROGRAFIA.....................................................................................27
3.1 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, embasamento da BRP...........................................27
3.1.1 Gabronoritos granulitizados ............................................................................................27
3.1.2 Quartzo-gabros granulitizados ........................................................................................30
3.1.3 Tonalitos granulitizados...................................................................................................32
3.1.4 Álcali-feldspato sienitos ...................................................................................................34
3.2 Diques Máficos ....................................................................................................................36
3.3 Bacia do Rio Pardo .............................................................................................................38
3.3.1 Formação Panelinha........................................................................................................39
3.3.2 Formação Camacã ...........................................................................................................39
3.3.3 Formação Salobro............................................................................................................40
3.4 Depósitos Sedimentares Recentes......................................................................................40
4 LITOGEOQUÍMICA.......................................................................................................................42
4.1 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, embasamento da BRP...........................................42
4.1.1 Gabronoritos granulitizados ............................................................................................42
4.1.2 Quartzo-gabros granulitizados ........................................................................................44
4.1.3 Tonalitos granulitizados...................................................................................................46
4.1.4 Álcali-feldspato sienitos ...................................................................................................47
4.2 Diques Máficos ....................................................................................................................49
ii
5 GEOLOGIA ESTRUTURAL..........................................................................................................52
5.1 Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, embasamento da BRP ..........................................52
5.1.1 Deformação dúctil............................................................................................................52
5.1.2 Deformação dúctil-rúptil..................................................................................................56
5.2 Bacia do Rio Pardo .............................................................................................................61
5.2.1 Acamadamento .................................................................................................................61
5.2.2 Deformação dúctil............................................................................................................61
5.2.3 Deformação dúctil-rúptil..................................................................................................64
6 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES ...................................................................................................68
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................71
APÊNDICES .....................................................................................................................................76
I Fichas petrográficas............................................................................................................77
II Mapa geológico..................................................................................................................118
iii
ÍNDICE DAS FIGURAS
Figura 1.1. Mapas de localização e de situação da área de pesquisa (Modificado: Folha Camacã, SD.24-Y-
D-III).................................................................................................................................................................12
Figura 1.2. Mapa de pontos de afloramentos visitados em campo..................................................................15
Figura 2.1. Mapa esquemático mostrando os limites e as maiores unidades estruturais do Cráton do São
Francisco: 1) Embasamento Arqueano/Paleoproterozóico com sequências Greenstone Belts (em preto); 2)
Coberturas Paleo e Mesoproterozóicas do Supergrupo Espinhaço; 3) Coberturas Neoproterozóicas do
Supergrupo São Franscisco; 4) Coberturas Fanerozóicas; 5) Limites do Cráton (Almeida 1971, Cruz &
Alkmim 2006); 6) Lineamentos correspondentes aos cinturões de dobramentos Brasilianos. Nesta figura está
localizada a área pesquisada. Adaptado de Alkmim et al. (1993)....................................................................19
Figura 2.2. Mapa geológico esquemático destacando os principais domínios geológicos e tectônicos: (CSF)
Cráton do São Francisco; (BRP) Bacia do Rio Pardo; (OA) Orógeno Araçuaí; (PASEBA) Província Alcalina
do Sul do Estado da Bahia. Modificado de Moraes Filho & Lima (2007).......................................................21
Figura 3.1. Mapa Geológico simplificado da área de estudo..........................................................................28
Figura 3.2. Os gabronoritos no diagrama triangular QAP de Streckeisen (1976)...........................................30
Figura 3.3. Os quartzo-gabros no diagrama QAP de Streckeisen (1976)........................................................32
Figura 3.4. Os tonalitos no diagrama QAP de Streckeisen (1976)..................................................................34
Figura 3.5. Os álcali-feldspato sienitos no diagrama QAP de Streckeisen (1976)..........................................36
Figura 4.1. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os gabronoritos................................44
Figura 4.2. Padrões de Elementos Terras Raras dos gabronoritos...................................................................44
Figura 4.3. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os quartzo-gabros............................45
Figura 4.4. Padrões de Elementos Terras Raras dos quartzo-gabros. a) Quartzo-grabro do tipo QG1 e b)
Quartzo-grabro do tipo QG2.............................................................................................................................46
Figura 4.5. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os tonalitos.......................................47
Figura 4.6. Padrões de Elementos Terras Raras dos tonalitos. a) Tonalitos do tipo T1 e b) tonalitos do tipo
T2......................................................................................................................................................................47
Figura 4.7. Diagrama binário (Na2O + K2O)/SiO2 (Invine & Baragar 1971) para o álcalifeldspato sienito.48
Figura 4.8. Padrões de Elementos Terras Raras do álcali-feldspato sienito. a) Dados analítico obtido nesse
trabalho para o álcali-feldspato sienito e b) dados analítico tratados por Oliveira (1995) para os sienitos
máficos e os sienitos gnáissicos pertencentes ao Corpo Anurí.........................................................................48
Figura 4.9. Diagrama de classificação química de rochas ígneas TAS (Cox et al. 1979) para os diques
máficos..............................................................................................................................................................49
Figura 4.10. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os diques máficos..........................50
Figura 4.11. Padrões de Elementos Terras Raras dos diques máficos.............................................................51
iv
Figura 5.1. Diagrama estereográfico representando os planos de foliação Sn, cujo trend é N064º e
respectivas linhas de estiramento mineral. Hemisfério inferior, 6 medidas Sn e 2 medidas Lxn......................53
Figura 5.2. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções de foliações Sn, Sn+1 e Sn+2, e suas respectivas
linhas de estiramento mineral, além de lineamentos estruturais obtidos por tratamento de imagem de modelo
de relevo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission)....................................................................................54
Figura 5.3. (a) Diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar dos planos de foliação Sn+1, cujo
plano máximo é N010º/89ºSE e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar de direção das
linhas de estiramento mineral, cujo trend é 21º p/ N190º. Hemisfério inferior, 51 medidas Sn+1 e 16 medidas
Lxn+1..................................................................................................................................................................55
Figura 5.4. Diagrama estereográfico representando os planos de foliação Sn+2 cujo trend é N141º e
respectivas linhas de estiramento mineral. Hemisfério inferior, 8 medidas Sn+2 e 2 medidas Lxn+2.................56
Figura 5.5. (a) Diagrama estereográfico mostrando os planos de cisalhamento e (b) diagrama estereográfico
das linhas de estiramento mineral nessas zonas. Hemisfério inferior, 10 medidas ZC e 6 medidas LxZC........57
Figura 5.6. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções de zonas de cisalhamento miloníticas (ZC)
com suas respectivas linhas de estiramento mineral e falhas/fraturas, além de direções de diques máficos
medidos em campo e obtidos na bibliografia. Consta também, falhas/fraturas obtidas por fotointerpretação e
tratamento de imagem de modelo de relevo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) (INPE 2010)........58
Figura 5.7. Diagramas das falhas e fraturas e estrias de falha medidas nos granulitos. (a) Rosetas de direção
dos planos de falhas e fraturas, (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar dos planos de
falha e fratura, (c) rosetas de direção das estrias de falha e (d) diagrama de curvas de isodensidade de
freqüência polar de direção das estrias de falha. Hemisfério inferior, 921 medidas de falhas e fraturas e 457
medidas de estrias de falha................................................................................................................................59
Figura 5.8. (a) Roseta de direção dos planos de colocação diques máficos e (b) diagrama de curvas de
isodensidade de freqüência polar dos planos de colocação dos diques máficos. Hemisfério inferior, 42
medidas.............................................................................................................................................................60
Figura 5.9. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções dos planos de acamadamento S0 e dos planos
de foliação S1 nos metassedimentos da Bacia...................................................................................................62
Figura 5.10. Diagrama estereográfico representando os planos de acamadamento S0. Hemisfério inferior, 12
medidas.............................................................................................................................................................63
Figura 5.11. Diagrama estereográfico representando os planos de foliação S1 com respectiva linha de
estiramento mineral. Hemisfério inferior, 6 medidas S1 e 1 medida Lx1..........................................................63
Figura 5.12. Diagrama estereográfico representando os planos de zona de cisalhamento. Hemisfério inferior,
5 medidas..........................................................................................................................................................64
Figura 5.13. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções de zonas de cisalhamento com suas
respectivas linhas de estiramento mineral e falhas/fraturas, além de direções de veios de quartzo e calcita
medidos em campo. Consta também, falhas/fraturas obtidas por fotointerpretação e tratamento de imagem de
modelo de relevo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) (INPE 2010)..................................................65
v
Figura 5.14. Diagramas das falhas e fraturas e estrias de falha medidas na BRP. (a) Rosetas de direção dos
planos de falhas e fraturas, (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar dos planos de falha e
fratura. Hemisfério inferior, 197 medidas.........................................................................................................66
Figura 5.15. Diagrama estereográfico representando os planos de colocação dos veios de quartzo ou calcita.
Hemisfério inferior, 5 medidas.........................................................................................................................67
vi
ÍNDICE DAS TABELAS
Tabela 3.1. Composição mineralógica média das rochas granulíticas e do álcali-feldspato sienito................29
Tabela 3.2. Composição mineralógica dos diques máficos intrudidos nos granulitos.....................................37
Tabela 4.1. Análises químicas dos litotipos do embasamento granulítico à norte da Bacia do Rio Pardo......43
Tabela 4.2. Análises químicas dos diques máficos intrudidos nas rochas do embasamento norte da Bacia do
Rio Pardo...........................................................................................................................................................50
vii
ÍNDICE DAS FOTOGRAFIAS
Foto 3.1. Registro fotográfico do gabronorito onde é possível observar foliação deformacional (ponto
R22)...................................................................................................................................................................29
Foto 3.2. Registro fotográfico do quartzo-gabro onde é possível observar foliação deformacional (ponto
R06)...................................................................................................................................................................31
Foto 3.3. Registro fotográfico do tonalito em que é possível observar veios quartzo-feldspáticos deformados
(ponto R21).......................................................................................................................................................33
Foto 3.4. Registro fotográfico do álcali-feldspato sienito onde é possível observar pórfiros de feldspato
alcalino orientados (ponto R15)........................................................................................................................35
Foto 3.5. Registro fotográfico de dique máfico onde é possível observar a sua forma retilínea e angulosa,
além da direção aproximadamente E-W (ponto R28).......................................................................................37
Figura 3.6. Registro fotográfico do meta-ortoconglomerado polimíctico da Formação Panelinha em corte de
estrada (ponto R20)...........................................................................................................................................39
Foto 3.7. Registro fotográfico de lente de calcarenito da Formação Camacã onde é possível observar
estratificação cruzada tabular e cristais euedrais de pirita, setas vermelhas indicando as piritas (ponto
R12)...................................................................................................................................................................40
Foto 3.8. Registro fotográfico da Formação Salobro. Paredão em pedreira abandonada onde se observa
arenito carbonático com dobras covoluta, estrutura de carga e estratificação cruzada acanalada (ponto
R18)...................................................................................................................................................................40
Foto 3.9. Registro fotográfico da Formação Salobro. Paredão em pedreira abandonada mostrando
paraconglomerado onde se observa fragmentos de rochas do embasamento e da própria BRP com tamanhos
variados (ponto R19).........................................................................................................................................41
Foto 5.1. Registro fotográfico da foliação Sn, cuja orientação medida do plano é N065º/18ºSE (ponto
R28)...................................................................................................................................................................53
Foto 5.2. Registro fotográfico: a) foliação Sn//Sn+1 cuja direção preferencial é N010º/89ºSE (ponto R06); b)
linha de estiramento mineral (Lxn+1) marcada por quartzo e plagioclásio cuja direção neste ponto é 24º p/
N185º (ponto R32)............................................................................................................................................55
Foto 5.3. Registro fotográfico do plano da foliação milonítica Sn+2, cuja orientação neste ponto é
N130º/30ºSW (ponto R23)................................................................................................................................56
Foto 5.4. Registro fotográfico de zona de cisalhamento milonítico, cuja orientação medida da linha de
estiramento mineral 30º p/ N195º (ponto R45).................................................................................................57
Foto 5.5. Registro fotográfico de par de fraturas (ponto R21). Bússola apontando para o norte.....................59
Foto 5.6. Registro fotográfico de dique máfico intrudido nos granulitos, aproveitando sistema de
fraturamento de direção N095º e N020º (ponto R28).......................................................................................60
viii
Foto 5.7. Registro fotográfico de paredão, em pedreira desativada, de arenito carbonático onde pode ser
observado variadas estruturas sedimentares tais como estruturas de carga e estratificação cruzada acanalada
(ponto R18).......................................................................................................................................................61
Foto 5.8. Registro fotográfico de metassiltito carbonático Formação Camacã onde pode ser observada
xistosidade (ponto R19)....................................................................................................................................63
Foto 5.9. Registro fotográfico de falha cortando fratura e indicando movimento sinistral em arenito da
Formação Salobro (ponto R10).........................................................................................................................64
Foto 5.10. Registro fotográfico de veio de quartzo com crescimento dos cristais de quartzo perpendiculares
as paredes da fratura, sugerindo, portanto, tratar-se de fratura do tipo T. Conglomerado fino da Formação
Salobro. (ponto R17).........................................................................................................................................66
ix
ÍNDICE DAS FOTOMICROGRAFIAS
x
11
1 INTRODUÇÃO
Na área selecionada para estudo pode-se observar diversos litotipos, os quais são agrupados em dois
domínios geotectônicos: (i) o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC), que corresponde a um conjunto de
rochas granulíticas de idade arqueana-paleoproterozoica deformadas e metamorfisadas no paleoproterozóico
(Barbosa & Sabaté 2002, 2004), cortadas por diques máficos de idade entre 1.1 e 1.0 Ga (Renné et al. 1990)
e (ii) a Bacia do Rio Pardo (BRP), considerada como parte integrante do Orógeno Araçuaí e representada por
rochas metassedimentares de idade neoproterozoica, cujo ambiente de sedimentação variou entre continental
e marinho raso (Karmann 1987).
Ampla complexidade estrutural é observada na área de pesquisa, que parece estar relacionada à
proximidade com o limite entre as duas unidades geotectônicas: o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC)
e o Orógeno Araçuaí (OA), que interagiram durante o Ciclo Brasiliano (Almeida 1971). Dados gravimétricos
indicam que o limite entre estas duas unidades tectônicas, na área de estudo (Falha Rio Pardo-Água Preta),
encontra-se encoberto pelos litotipos da BRP (Pedreira 1999).
A área de estudo, cujos vértices possuem coordenadas geográficas 15º14’24’’ e 15º30’00’’ de latitude
sul e 39º14’24’’ e 39º30’36’’ de longitude oeste, localiza-se no sul do Estado da Bahia, nas regiões de
Arataca, Camacã e Santa Luzia, e abrange uma área de aproximadamente 833.326km² (Figura 1.1). O
principal acesso a área de estudo é pela rodovia federal BR-101 e a partir dela o acesso se faz pelas estradas
estaduais
12
BA-676, BA-976, ambas sem pavimentação, e pela estrada estadual BA-270, pavimentada, além de estradas
vicinais não pavimentadas.
Figura 1.1. Mapas de localização e de situação da área de pesquisa (Modificado: Folha Camacã, SD.24-Y-D-III).
1.2 Justificativas
A área de pesquisa merece ser estudada visto que, com a metodologia aplicada (mapeamento geológico,
estudos petrográficos, litogeoquímicos e do arcabouço estrutural) pode-se avaliar a influência dos processos
geológicos neoproterozóicos, presentes na Bacia do Rio Pardo, integrante do Orógeno Araçuaí (Karmann
1987, Karmann et al. 1989, Pedreira 1999), sobre os processos geológicos paleoproterozóicos, presentes nas
rochas metamórficas de alto grau do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, pertencente ao Cráton do São
Francico (Barbosa & Sabaté 2002, 2004).
Mapeamento geológico na escala 1:100.000 é inexistente na área de pesquisa, embora tenha sido
realizada cartografia geológica nessa escala nas regiões de Itabuna e Ibicaraí, situadas à norte (Arcanjo 1997
e Martins & Santos 1997) e na região de Porto Seguro-Santa Cruz de Cabrália, situada à sudeste (Rocha &
Ramos 2000). Na área proposta foram iniciados anteriormente trabalhos de pesquisa na escala 1:100.000,
13
entretanto eles foram paralizados e os dados petrográficos e litogeoquímicos, desses trabalhos, somados com
aqueles obtidos nessa pesquisa constam, na integra, nessa dissertação.
A ausência de um mapa geológico, na escala proposta por esse trabalho, que faça a conexão entre as
regiões mapeadas à norte e à sudeste, bem como a proximidade do limite entre Cráton do São Francisco e o
Orógeno Araçuaí motivaram a realização desse trabalho.
1.3 Objetivos
Como não existe mapeamento geológico em escala adequada na área e diante das justificativas
anteriormente descritas, essa pesquisa tem como objetivo geral contribuir com o conhecimento do
embasamento da Bacia do Rio Pardo, enfatizando a zona de interação entre o Orógeno Itabuna-Salvador-
Curaçá com o Orógeno Araçuaí. Como objetivo específico, pretende-se: (i) detalhar os litotipos do ponto de
vista petrográfico, litogeoquímico e estrutural do embasamento granulítico da Bacia do Rio Pardo; (ii)
identificar os registros petrológicos e estruturais relacionados com a interação tectônica entre o Orógeno
Itabuna-Salvador-Curaçá e o Orógeno Araçuaí e; (iii) elaborar um mapa geológico na escala 1:100.000, que
complementará ou fará a ligação entre a geologia das folhas topográficas de Itabuna e Ibicaraí com aquelas
situadas mais ao sul do Estado.
Entre os trabalhos realizados na região que envolve a área e que foram consultados e analizados podem-
se citar os de Conceição et al. (2007), Moraes Filho & Lima (2007), Barbosa & Sabaté (2004, 2002), Corrêa
Gomes & Oliveira (2002), Rosa et al. (2002), Pedrosa Soares et al. (2001, 1998, 1992), Rocha & Ramos
(2000), Pedreira (1999, 1979, 1976), Corrêa Gomes et al. (1998), Arcanjo (1997), Martins & Santos (1997),
Alves da Silva (1996), Conceição & Otero (1996), Oliveira (1995), Rosa (1994), Alkmin et al. (1993),
Corrêa Gomes et al. (1993), Egydio-Silva et al. (1993), Ussani (1993), Arcanjo et al. (1992), Renné et al.
(1990), Karmann et al. (1989), Karmann (1987), Barbosa (1986), Almeida (1977), Costa Pinto (1977), Silva
Filho et al. (1974), Fujimori (1967).
14
Os trabalhos mencionados acima, na maioria foram realizados em áreas restritas e com objetivos
específicos, enfatizando estudos petrográficos, petroquímicos, estruturais e metamórficos. Somam-se as
datações geocronológicas realizadas por diferentes métodos, que permitiram aos autores realizarem
interpretações sobre a evolução geológica-geotectônica da região.
Após a fotointerpretação e confecção da base geológica integrada a Folha de Camacã, foram realizadas
campanhas de campo, direcionadas sobretudo para partes da área menos estudadas. Os afloramentos foram
localizados com o aparelho de recepção via satélite, do Sistema de Posicionamento Global (GPS) (Figura
1.2). Nas campanhas de campo descreveu-se os afloramentos, coletou-se amostras para estudos petrográficos
e petroquímicos e realisou-se o levantamento de dados estruturais, além de compatibilizar os elementos
colhidos no campo com os dados dos trabalhos anteriores.
15
No total foram visitados e descritos sessenta e cinco afloramentos, tendo sido confeccionadas quarenta
lâminas delgadas. Das amostras de mão coletadas, vinte e duas foram destinadas para análises químicas de
rocha total.
Nos estudos petrográficos foram utilizados microscópio binocular de luz transmitida modelo Olympus
BX-60 onde se fez as fotomicrografias que ilustram, tanto o Capítulo 4, descritos adiante, quanto as fichas
petrográficas.
As análises químicas foram executadas nas rochas granulíticas do embasamento da Bacia do Rio Pardo
nos laboratórios da GEOSOL - Lake Field Ltda e AcmeLabs - Acme Analytical Laboratories (Vancouver)
Ltd., por meio de fluorescência de raios X, absorção atômica, titulometria e ICP–AES. Por fluorescência de
raios X determinou-se os teores de SiO2, Al2O3, Fe2O3, MgO, CaO, TiO2, P2O5, MnO, Na2O e K2O, e os
elementos traços Ba, Ga, Nb, Rb, Sr, V, Y, Zr, F, Cl e S, com uma precisão próxima de 100% nos primeiros
e de até 1 ppm nos últimos. Os Elementos Terras Rasas foram determinados por ICP–AES. Pelo método de
espectrometria de absorção atômica calculou-se os teores de Na2O e K2O para amostras com valores abaixo
de 1%. Quanto ao FeO, o método utilizado foi o de Titulometria.
17
Os dados estruturais foram obtidos a partir do levantamento clássico de determinação espacial dos
elementos tectônicos coletados em afloramentos utilizando a regra da mão direita.
Na organização dos dados estruturais foi utilizado o geosoftware Stereonet (Allmendinger 2002) em
ambiente Windows. Utilizando-se esse aplicativo foram confeccionados diagramas estatísticos constantes no
Capítulo 6 dessa Dissertação.
18
2 GEOLOGIA REGIONAL
As unidades geológicas abrangidas pela área de estudo estão inseridas na porção sudeste do Cráton do
São Francisco (Almeida 1967, 1977), próximas ao limite com o Orógeno Araçuaí, na região sul-sudeste do
Estado da Bahia (Figura 2.1).
O Cráton do São Francisco (CSF) representa uma unidade geotectônica estabilizada no final do
Paleoproterozóico (Mascarenhas & Garcia 1989). Seus limites foram estabelecidos a partir da delimitação
das faixas orogênicas neoproterozóicas associadas ao Ciclo Geotectônico Brasiliano (Almeida 1971, Brito
Neves & Cordani 1973, Almeida 1977).
O CSF é bordejado pelos orógenos formados durante o Ciclo Brasiliano (Almeida 1971): (i) Riacho do
Pontal e Sergipano (Brito Neves et al. 2000) que limitam o Cráton a norte e a nordeste, respectivamente; (ii)
Araçuaí (Almeida 1977), uma possível extensão norte do Cinturão Ribeira, situado a sul; (iii) Brasília
(Almeida 1969) situado na margem oeste e (iv) Formosa do Rio Preto (Inda & Barbosa 1978, Brito Neves et
al. 2000), uma pequena faixa de rochas dobradas localizada mais ao norte do Cráton. O Orógeno Araçuaí
(OA) limita o Cráton mais a sul (Figura 2.1).
Figura 2.1. Mapa esquemático mostrando os limites e as maiores unidades estruturais do Cráton do São Francisco: 1)
Embasamento Arqueano/Paleoproterozóico com sequências Greenstone Belts (em preto); 2) Coberturas Paleo e
Mesoproterozóicas do Supergrupo Espinhaço; 3) Coberturas Neoproterozóicas do Supergrupo São Franscisco; 4)
Coberturas Fanerozóicas; 5) Limites do Cráton (Almeida 1971, Cruz & Alkmim 2006); 6) Lineamentos
correspondentes aos cinturões de dobramentos Brasilianos. Nesta figura está localizada a área pesquisada. Adaptado de
Alkmim et al. (1993).
Esses diques foram colocados quando os granulitos encontravam-se em nível crustal mais superficial,
correspondendo a ambiente do fácies anfibolito.
20
No neoproterozóico houve a formação da Bacia do Rio Pardo (BRP) (Pedreira 1979, Karmann 1987,
Pedreira 1999). Além dessa Bacia, ocorreu também nesse período a colocação de vários plutões
anorogênicos da Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia (PASEBA) (Fujimori 1967, Silva Filho et al.
1974, Lima et al. 1981, Rosa et al. 2003).
O limite entre o Cráton do São Francisco (CSF) e Orógeno Aracuaí (OA) é marcado pela Falha Rio
Pardo-Água Preta (Karmann et al. 1989) que tem direção aproximada NW-SE e divide o embasamento da
BRP em dois segmentos distintos: ao sul dessa falha estaria o domínio de deformação endodérmica,
enquanto a norte estaria o domínio de deformação epidérmica (Figura 2.2).
O Orógeno Araçuaí (OA) está relacionado à processos de subducção, com a formação de ofiolitos,
ambos de idade neoproterozóica (Pedrosa-Soares et al. 1992, 1998, 2001 e Pedrosa-Soares & Wiedemann-
Leonardos 2000). Nesse orógeno há um volume anomalamente alto de rochas graníticas, geradas durante a
sua edificação, especialmente derivadas de fusão crustal durante o estágio colisional (Pedrosa-Soares &
Wiedemann-Leonardos 2000, Noce et al. 2000).
Ampla variedade litotípica é observada na região onde insere-se a área de pesquisa. Essa última envolve
a parte sul do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá, diques máficos e a parte norte da Bacia do Rio Pardo
(Figura 2.2).
2.1 Arqueano-Paleoproterozoico
Na região onde está inserida a área de trabalho o Cráton do São Francisco (CSF) é constituído pelos
Complexos Almadina, Ibicaraí, Ibicuí-Ipiaú, Itapetinga e Buerarema, pela suíte intrusiva Pau Brasil (Moraes
Filho & Lima 2007) e pelo corpo de Anurí (Oliveira 1995). Esses domínios litológicos compõem o Orógeno
Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC) na sua porção sul. Dentre os litotipos presentes encontram-se diversas
suítes ígneas do tipotoleítica, cálcio-alcalina e shoshonítica deformadas e metamorfisadas no fácies granulito
(Barbosa 1990).
Segundo Moraes Filho & Lima (2007) o Complexo Almadina é constituído por supracrustais de
composição variada (quartzitos, formações ferríferas, gnaisses kinzigíticos, além de rochas calssilicátiticas)
metamorfisadas no fácies granulito. Seus contatos são tectônicos com os litotipos do Complexo Ibicaraí,
também descrita resumidamente a seguir.
Figura 2.2. Mapa geológico esquemático destacando os principais domínios geológicos e tectônicos: (CSF) Cráton do São Francisco; (BRP) Bacia do Rio Pardo; (OA) Orógeno
Araçuaí; (PASEBA) Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia. Modificado de Moraes Filho & Lima (2007).
22
subordinadamente, norítica (Moraes Filho & Lima 2007). Suas rochas apresentam contato tectônico com as
rochas do Complexo Buerarema, assim como com os metassedimentos da Bacia do Rio Pardo.
Em contato tectônico com os Complexos Ibicarí e Itapetinga encontra-se o Complexo Ibicuí-Ipiaú. Esse
é representado por ortognaisses de composição variada metamorfisados no fácies anfibolito e, raramente,
granulito. Ocorrem ainda, granulitos básicos de composição gabronorítica (Moraes Filho & Lima 2007).
O Complexo Itapetinga é constituído por um conjunto de gnaisses, por vezes granadíferos (Moraes
Filho & Lima 2007). Os ortognaisses possuem predominantemente composição sienogranítica e
monzogranítica, embora os biotita-ortognaisses apresentem composição predominantemente tonalítica. Os
paragmaisses são constituídos por níveis félsicos, quartzo-feldspáticos, alternados com níveis máficos,
biotíticos, e com níveis granadíferos com nódulos de silimanita. Rochas quartzíticas quase sempre ocorrem
associadas à essas rochas supracrustais granulitizadas.
O Corpo Sienítico de Anuri (Moraes Filho & Lima 2007) está em contato tectônico com as rochas
granulitícas dos Complexos Ibicaraí e Buerarema. Ele se cristalizou na interface epizona-mesozona
(Conceição 1990, Rosa 1994, Conceição & Otero 1996). Tal corpo, de idade 2.094 ± 4 Ma (Conceição et al.
2007), é composto por sienito, alcalifeldspato sienito e hiperstênio-quartzo sienito (Moraes Filho & Lima
2007). Nele ocorre, ocasionalmente, nas áreas próximas aos contatos, xenólitos angulares de rochas
granulíticas, bem como foliação de fluxo magmático subvertical que gerou estrutura gnáissica do corpo, cuja
orientação é condicionada à sua geometria (Conceição et al. 2007).
23
A fase rúptil de deformação é marcada por falhas verticais e orientam-se nas direções N30ºE e N90ºE.
Nelas é comum a presença de “pó-de-falha” (gouge) e microbrechas. As estrias de falha posicionam-se em
alto rake na direção NNE e o baixo rake nos planos de direção E-W (Moraes Filho & Lima 2007).
Observa-se ainda sistemas de juntas e falhas espaçadas, associadas ao evento essencialmente rúptil
ligada à Zona de Cisalhamento Itabuna-itaju do Colônia, orientada na direção NE-SW, e que apresenta um
movimento essencialmente transtensivo dextral, do Ciclo Brasiliano (Corrêa Gomes et al. 1998). Nas
proximidades desta zona de cisalhamento ocorrem gnaisses granulíticos com foliação milonítica, cujas
direções são, preferencialmente, N-S com mergulhos fortes a moderados para leste (Moraes Filho & Lima
2007).
2.2 Mesoproterozoico
Os diques de composição toleítica com idade entre 1.1 a 1.0 Ga (Renné et al. 1990) e de direções
preferenciais N090° e N120º (Corrêa-Gomes et al. 1993, Corrêa Gomes et al. 1998, Corrêa Gomes &
Oliveira 2002) encontram-se dispersos e cortando o embasamento granulítico da BRP. Tais diques são
representados por diabásios e gabros, apresentam formas retilíneas, angulosas, e exibem, as vezes, bordas de
resfriamento, que atestam o caráter raso de suas colocações (Corrêa-Gomes et al. 1993).
2.3 Neoproterozoico
Segundo Pedrosa Soares et al. (2007) definuiu-se de Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental (Araçuaí-West-
Congo Orogen) o conjunto orogênico neoproterozóico-cambriano contido na grande reentrância delineada
pelos crátons do São Francisco e Congo, cujo limite meridional no Brasil seria balizado pela extremidade sul
do Cráton do São Francisco na altura do paralelo 21º S (Pedrosa-Soares & Noce 1998, Pedrosa-Soares &
Wiedemann-Leonardos 2000, Pedrosa-Soares et al. 2001). Esse orógeno é identificado por um conjunto de
componentes geotectônicos que caracterizam um orógeno colisional sucessor de um orógeno acrescionário
24
de margem continental ativa, tais como depósitos de margem passiva, lascas ofiolíticas, zona de sutura, arco
magmático, granitos sin-colisionais e plutonismo pós-colisional.
Em decorrência da abertura do Atlântico Sul, no Cretáceo, a contraparte Araçuaí herdou dois terços do
Orógeno Araçuaí-Congo Ocidental, ficando com unidades do rifte continental, a margem passiva ocidental
com restos ofiolíticos, a zona de sutura, o arco magmático e bacias relacionadas, e todo o conjunto
magmático sin- a pós-colisional (Pedrosa- Soares et al. 2007, 2008).
O Orógeno Araçuaí, na região pesquisada, é representado pelos Grupos Rio Pardo e Macaúbas e pelo
Complexo Jequitinhonha. A Província Alcalina do Sul do Estado da Bahia (PASEBA), deve ter se formado
na fase precursora desse orógeno.
A PASEBA reúne diversos maciços alcalinos cujas intrusões mais antigas, a sul, apresentam idades em
torno de 730 Ma e as mais jovens, a norte, exibem idades de aproximadamente 690 Ma (Corrêa-Gomes &
Oliveira 2002, Rosa et al. 2002, 2003). As maiores são denominadas de: (i) Batólito Sienítico Itabuna; (ii)
Complexo Alcalino Floresta Azul; (iii) Batólito Sienítico Serra das Araras e; (iv) Batólito Nefelina-Sienítico
Itarantim. Além dessas mais importantes, vários stocks nefelina-sieníticos estão presentes, a exemplo
daquelas de Potiraguá, Itaju do Colônia e Serra da Gruta. Também é grande o número de diques alcalinos
félsicos e máficos (Rosa et al. 2003, Corrêa-Gomes & Oliveira 2002). Esses corpos alcalinos têm,
geralmente, seus contatos com as rochas encaixantes controlados por falhas, com foliação magmática no seu
interior marcada pelo alinhamento de prismas de feldspatos e dos minerais máficos (Rosa et al. 2003).
O Grupo Rio Pardo engloba sedimentos depositados em ambiente que evoluiu de continental para
marinho (Costa Pinto 1977), sendo posteriormente metamorfisados. Estes sedimentos foram agrupados, da
base para o topo, nas seguintes formações (Karmann 1987, Pedreira 1999): (i) Formação Panelinha,
composta por metaconglomerados polimictícos, metagrauvacas e metarcóseos; (ii) Formação Camacã,
constituída por metassiltito, metargilito, metarenito, metacálcario dolomítico e lentes de metacalcário; (iii)
Formação Água Preta, representada por filitos; (iv) Formação Santa Maria Eterna, formada de arenitos e
conglomerados; (v) Formação Serra do Paraíso, constituída por calcários e dolomitos e; (vi) Formação
Salobro, composta por conglomerados polimícticos, arcóseos e grauvacas.
Os sedimentos que deram origem as rochas do Grupo Rio Pardo teriam sido depositados entre 1.100 e
500 Ma (Karmann 1987). A idade mínima de deposição dos sedimentes foi obtida a partir da idade mínima
de intrusão dos diques de diabásio que encontram-se no embasamento da bacia (Karmann 1987). Para a
idade máxima não há consenso, contudo dados obtidos por Karmann (1987) e Mascarenhas & Garcia (1989)
indicam que a fase final de deposição dos sedimentos se processou seguramente durante o evento
compressivo do Brasiliano, datado em torno de 600 (Delgado et al. 1994).
25
Segundo Karmann (1987), os sedimentos da BRP sofreram três fases de deformação dúctil-rúptil. A
primeira deformação é marcada por transporte tectônico de sudoeste para nordeste resultando em dobras com
clivagem ardosiana, nas rochas de granulação fina, e clivagem espaçada, nas de granulação grossa. A
segunda refere-se a falhas contracionais, inclusive de baixo ângulo, com transporte tectônico para norte-
nordeste, associadas a dobras assimétricas fechadas. Segundo Karmann et al. (1989) a Falha Rio Pardo-Água
Preta é resultante dessa deformação. Próximo a ela, os seixos dos conglomerados do topo da Formação
Salobro estão estirados (25º p/ N280°). Na porção oeste da BRP falhas compressivas com vergência para
leste-nordeste relaciona-se a terceira fase de dobramento da bacia, sendo essa menos expressiva que as duas
primeiras.
O Grupo Macaúbas (Moraes & Guimarães, 1930) é representado por uma unidade litoestratigráfica
glacial, Formação Chapada Acauã, depositada no estágio transicional rifte-margem passiva da bacia Araçuaí
(Pedrosa-Soares & Wiedemann-Leonardos 2000, Pedrosa-Soares et al. 2001), e outra pós-glacial, Formação
Ribeirão da Folha, depositada em ambiente marinho profundo. A Formação Chapada Acauã é composta por
metadiamictitos, que a caracteriza em termos de ambiente de formação, apesar de serem menos abundantes,
metarenitos arcosianos, formações ferríferas bandadas (alternância de níveis quartzosas e granadíferas) e
granada-moscovita-biotita-xistos com intercalações subordinadas de xisto grafitoso e moscovita-quartzito.
Na Formação Ribeirão da Folha predominam micaxistos bandados com intercalações de lentes quartzíticas e
de xistos grafitosos (Sampaio et al. 2004).
2.4 Cenozoico
Os depósitos sedimentares recentes, na área de estudo, podem ser agrupados em: (i) Grupo Barreiras
constituído por litofácies areno-cascalhosas depositadas por fluxos de detritos, caracterizando uma deposição
em um sistema fluvial proximal na base, e por sedimentos areno-cascalhosos que incluem depositos
subaquosos e de fluxos de detritos no topo (Vilas Bôas et al. 2001) e; (ii) depósitos aluviais constituídos por
sedimentos arenosos, areno-argilosos e cascalhos. Esses depósitos encontram-se em contato discordante
sobre os litotipos anteriormente citados.
27
Ampla variedade litotípica é observada na área de estudo (Figura 3.1). Tais litotipos encontram-se
agrupados, constituindo: (i) o Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC); (ii) os diques máficos e; (iii) a
Bacia do Rio Pardo (BRP), além dos depósitos sedimentares recentes.
Os trabalhos de campo associados com a análise petrográfica permitiu distinguir quatro litotipos
diferentes para o OISC (Figura 3.1): (i) gabronorito granultizados associado ao Complexo Ibicaraí; (ii)
quartzo-gabro granulitizados relacionado ao Complexo Buerarema; (iii) tonalito granulitizado também
associado ao Complexo Buerarema e; (iv) álcali-feldspato siento representante do Corpo de Anurí. Os três
primeiros litotipos encontram-se reequilibrado no fácies granulito, enquanto o último apresenta-se
reequilibrado no fácies anfibolito. Esses litotipos foram posteriormente intrudidos por diques máficos de
composição toleítica.
Quanto as suas características petrográficas, observa-se que esse litotipo apresenta em média 57,7% de
plagioclásio, 17,5% de clinopiroxênio, 8,6% de opacos, 6,5% de anfibólio, 4,9% de biotita, 2,1% de
28
ortopiroxênio, 1,6% de apatita, 0,7% de epidoto, 0,2% de quartzo e 0,1% de feldspato alcalino (Tabela 3.1,
Figura 3.2).
Foto 3.1. Registro fotográfico do gabronorito onde é possível observar foliação deformacional (ponto R22).
Tabela 3.1. Composição mineralógica média das rochas granulíticas e do álcali-feldspato sienito.
LITOTIPOS % Qtz Pl Afs Cpx Opx Am Bt Ap Ep Chl Zr Op
Mínimo 0,0 37,9 0,0 5,1 0,0 1,3 0,0 0,0 0,0 - - 4,4
GABRONORITO
(5 amostras) Médio 0,2 57,7 0,1 17,5 2,1 6,5 4,9 1,6 0,7 - - 8,6
Máximo 1,1 69,0 0,6 44,2 7,2 11,3 9,7 7,6 2,8 - - 13,5
Mínimo 4,0 50,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,8 0,0 0,0 0,0 - 3,6
QUARTZO GABRO
(11 amostras) Médio 7,4 67,3 0,2 4,7 3,7 1,0 5,1 0,5 0,1 1,5 - 8,5
Máximo 14,4 85,2 1,1 12,0 11,0 5,6 14,6 2,2 0,5 16,7 - 15,0
Mínimo 14,6 31,3 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 0,0 - 0,0 0,0
TONALITO
(13 amostras) Médio 27,6 44,4 0,9 5,3 0,8 4,3 5,5 0,8 0,2 - 0,2 8,4
Máximo 51,9 58,4 3,9 27,1 4,3 20,8 11,9 2,8 2,0 - 1,9 27,0
bordas, sugerindo ser produto retrometamórfico. A biotita é sub-idioblástica a xenoblástica com contatos
curvos a irregulares aparecendo associada aos minerais máficos, geralmente com o anfibólio, ou em zonas
cataclásticas. O ortopiroxênio é anédrico com contatos irregulares, bastante fraturado, identificando-se por
vezes intensa recristalização nas bordas ou em fraturas. A apatita é sub-euédrica ou euédrica com contatos
curvos ou retos, levemente prismática, por vezes fraturada. O epidoto é xenoblástico com contatos
irregulares, aparecendo em pequenas fraturas que, ocasionalmente, são perpendiculares as microzonas
cataclásticas. O quartzo, quando ocorre, é anédrico com contatos irregulares e alongado. O feldspato alcalino
é raro sendo sub-euédrico com contatos retos a curvos e com geminação do tipo Carlsbad (Fotomicrografia
3.1).
Quanto às suas características petrográficas, esse litotipo apresenta em média: 67,3% de plagioclásio;
8,5% de opacos; 7,4% de quartzo; 5,1% de biotita; 4,7% de clinopiroxênio; 3,7% de ortopiroxênio; 1,5% de
31
clorita; 1,0% de anfibólio; 0,5% de apatita; 0,2% de feldspato alcalino e; 0,05% de epidoto (Tabela 3.1,
Figura 3.3).
a) b)
Fotomicrografia 3.1. Fotomicrografia representando a associação mineralógica dos gabronoritos: a) luz plana e b)
nícois cruzados. Foi utilizada a abreviação mineralógica adotada por Kretz 1983, Spear 1993 e Fettes & Desmons &
Desmons 2007.
Foto 3.2. Registro fotográfico do quartzo-gabro onde é possível observar foliação deformacional (ponto R06).
alongado e, por vezes, bastante alterado. O ortopiroxênio, sub-euédrico a anédrico, mostra-se com contatos
curvos a irregulares, fraturado, alongado e por vezes alterado, onde raramente são observados simplectitos
preenchendo fraturas. A clorita, quando ocorre, é xenoblástica com contatos irregulares e bordejando o
anfibólio. O anfibólio, possivelmente hornblenda, é sub-idioblástico a xenoblástico com contatos curvos a
irregulares, ocorrendo nas bordas dos clinopiroxênios, sugerindo ser produto retrometamórfico do mesmo. A
apatita, quando ocorre, é euédrica a sub-euédrica com contatos curvos ou retos, prismática, por vezes
fraturada. O feldspato alcalino é raro, anédrico com contatos irregulares, geminação do tipo albita-periclina e
por vezes ocorre como lamelas em alguns plagioclásios configurando mesopertita. O epidoto é xenoblásticos
com contatos irregulares, aparecendo sob a forma de vênulas preenchendo pequenas fraturas
(Fotomicrografia 3.2).
a) b)
Fotomicrografia 3.2. Fotomicrografia representando a associação mineralógica dos quartzo-gabros: a) luz plana e b)
nícois cruzados. Foi utilizada a abreviação mineralógica adotada por Kretz 1983, Spear 1993 e Fettes & Desmons &
Desmons 2007.
Foto 3.3. Registro fotográfico do tonalito em que é possível observar veios quartzo-feldspáticos deformados (ponto
R21).
Petrograficamente exibe em média 44,4% de plagioclásio, 27,6% de quartzo, 8,4% de opacos, 5,5% de
biotita, 5,3% de clinopiroxênio, 4,3% de anfibólio, 0,9% de feldspato alcalino, 0,8% de ortopiroxênio, 0,8%
de apatita, 0,2% de epidoto e 0,2% de zircão (Tabela 3.1, Figura 3.4).
com contatos curvos a irregulares, ocorrendo associado principalmente ao clinopiroxênio, onde nota-se que
ele aparece nas bordas ou envolvendo-o, sugerindo ter sua origem a partir do mesmo. O feldspato alcalino é
sub-euédrico a anédrico com contatos curvos a irregulares, extinção ondulante e geminação do tipo albita-
periclina, raramente associado a mimerquita e, mais raramente, mesopertita. O ortopiroxênio é sub-euédrico
a anédrico, com contatos curvos a irregulares, apresentando grãos fraturados com raros minerais opacos
preenchendo essas fraturas. A apatita, quando ocorre, é euédrica a sub-euédrica com contatos curvos ou
retos, por vezes fraturada e tendendo a se concentrar próximo ao anfibólio. O epidoto é raro, xenoblásticos,
com contatos irregulares e aparecendo sob a forma de minusculas vênulas preenchendo pequenas fraturas. O
zircão é sub-euédrico com contatos curvos (Fotomicrografia 3.3).
Os álcali-feldspato sienitos foram estudados em maior detalhe por Conceição (1990), Rosa (1994),
Oliveira (1995), Conceição & Otero. (1996) e Conceição et al . (2007). Nessa dissertação foi feita apenas
uma descrição sumarizada, a partir das observações de campo e da análise microscópica de três amostras,
coletadas com o propósito de contemplar o estudo petrográfico dos litotipos observados na área de pesquisa.
35
a) b)
Fotomicrografia 3.3. Fotomicrografia mostrando a associação mineralógica dos tonalitos: a) luz plana e b) nícois
cruzados. É utilizada a abreviação mineralógica adotada por Kretz 1983, Spear 1993 e Fettes & Desmons & Desmons
2007.
Foto 3.4. Registro fotográfico do álcali-feldspato sienito onde é possível observar pórfiros de feldspato alcalino
orientados (ponto R15).
No estudo petrográfico foi possível notar que esse litotipo apresenta em média 63,0% de
feldspatoalcalino, 8,0% de opacos, 7,4% de apatita, 7,3% de diopsídio, 7,0% de albita, 3,9% de hornblenda e
3,3% de biotita (Tabela 3.1, Figura 3.5).
O feldspato alcalino é anédrico com contatos irregulares, extinção ondulante, rara geminação do tipo
carlsbad e algumas mesopertitas. Os minerais opacos são anédricos com contatos irregulares, por vezes
36
alongados e suavemente orientados, aparecendo associados aos minerais máficos, por vezes no interior do
clinopiroxênio. A apatita é sub-euédrica ou euédrica com contatos curvos ou retos, por vezes fraturada. O
clinopiroxênio, provavelmente diopsídio, é anédrico com contatos irregulares, alongado, levemente orientado
e geralmente associado aos minerais opacos e ao anfibólio. A albita ocorre dentro dos feldspato alcalino
mesopertíticos às mesopertita, sendo raramente observados sob a forma de diminutos grãos com geminação
do tipo albita. O anfibólio, possivelmente hornblenda, é anédrica com contatos curvos ou irregulares, sendo
possível observa-los no centro dos grãos de clinopiroxênios, embora possa observa-los também ao lado. A
biotita é sub-euédrica ou anédrica com contatos irregulares, aparecendo geralmente nas bordas do anfibólio
(Fotommicrografia 3.4).
Diques de composição toleítica com idade entre 1.1 a 1.0 Ga (Renné et al. 1990) e direções
preferenciais E-W encontram-se dispersos por todo o embasamento da BRP (Corrêa-Gomes et al. 1993,
Corrêa Gomes et al. 1998, Corrêa Gomes & Oliveira 2002) (Figura 3.1 e Apêndice II). Esses diques
apresentam granulometria entre fina e média, coloração cinza escuro, espessuras variadas e formas retilíneas
e angulosas (Tabela 3.2, Foto 3.5).
37
a) b)
Fotomicrografia 3.4. Fotomicrografia exibindo a associação mineralógica dos álcali-feldspato sienito: a) luz plana e b)
nícois cruzados. Utilizou-se a abreviação mineralógica adotada por Kretz 1983, Spear 1993 e Fettes & Desmons &
Desmons 2007.
Tabela 3.2. Composição mineralógica dos diques máficos intrudidos nos granulitos.
Mínimo 0,0 25,2 0,0 6,7 0,0 4,9 1,6 0,0 0,0 7,5
DIQUE MÁFICO (8
amostras) Médio 1,7 37,8 2,3 17,1 3,5 10,3 9,3 4,5 0,3 13,2
Máximo 11,7 50,5 6,5 26,3 12,9 17,2 23,8 17,1 2,3 20,7
Abreviação mineralógica adotada por Kretz 1983, Spear 1993 e Fettes & Desmons 2007.
Foto 3.5. Registro fotográfico de dique máfico onde é possível observar a sua forma retilínea e angulosa, além da
direção aproximadamente E-W (ponto R28).
38
O plagioclásio é euédrico a sub-euédrico com contatos retos a irregulares com alguns poucos grãos
apresentando extinção ondulante, geminação do tipo albita e albita-carlsbad. Em geral encontra-se
saussuritizados e nas bordas dos piroxênios. O clinoproxênio é sub-euédrico a anédrico com contatos curvos
a irregulares, fraturados, alongados, raramente apresentando borda de reação, constituída por anfibólio. Os
minerais opacos são sub-euédricos a anédricos com contatos curvos ou irregulares e com forma arredondada
ou alongada. Ocorrem geralmente associados aos minerais máficos, principalmente aos clinopiroxênios. O
anfibólio, provavelmente actinolita e hornblenda, é sub-idioblástico a xenoblástico com contatos curvos a
irregulares, aparecendo nas bordas ou envolvendo o clinopiroxênio, sugerindo ser produto do mesmo. A
biotita é sub-idioblástica a xenoblástica com contatos curvos a irregulares, aparecendo associada aos
minerais máficos, geralmente anfibólio e, aos minerais opacos. A apatita, quando ocorre, é euédrica a sub-
euédrica com contatos curvos ou retos e por vezes fraturada, tendendo a se concentrar próximo ao anfibólio.
O ortopiroxênio é sub-euédrico a anédrico, com contatos curvos a irregulares, fraturado, alongado e costuma
ocorrer em contato com o clinopiroxênio. O feldspato alcalino é raro, sub-euédrico a anédrico com contatos
curvos a irregulares, apresentando extinção ondulante e geminação do tipo carlsbad e albita-periclina, sendo
possível observar essas características mesmo quando saussiritizado. O quartzo é raro, anédrico com contatos
irregulares, alongado e levemente orientado, apresentando extinção ondulante e podendo ser mimerquítico. O
epidoto, quando ocorre, é xenoblásticos com contatos irregulares, aparecendo sob a forma de pequenas
vênulas preenchendo pequenas fraturas (Fotomicrografia 3. 5).
a) b)
Fotomicrografia 3.5. Fotomicrografia mostrando a associação mineralógica dos diques máficos: a) luz plana e b) nícois
cruzados. É utilizada a abreviação mineralógica adotada por Kretz 1983, Spear 1993 e Fettes & Desmons & Desmons
2007.
Como representantes da BRP na área estudada (Figura 3.1) encontra-se, da base para o topo as
Formações Panelinha, Camacã e Salobro (Karmann 1987, Karmann et al. 1989, Pedreira 1976, 1979 e 1999).
O estudo petrográfico dos litotipos que constituem a BRP na área de pesquisa não foi realizado, contudo
segundo Karmann (1987) o fácies metamórfico das rochas inseridas na bacia é o xisto verde, marcado pela
39
presença de actinolita, albita, espinélio e clorita. Os litotipos que compõem a BRP encontram-se dispostos
discordantemente sobre as rochas que compõem o embasamento granulítico arqueano-paleoproterozoico
descrito anteriormente.
A Formação Panelinha ocorre como lentes nas proximidades do limite entre BRP e o embasamento
granulítico, na porção centro-oeste do mapa (Figura 3.1, Apêndice II). Os litotipos que compõem essa
Formação são meta-ortoconglomerados polimícticos constituídos essencialmente por fragmentos de rochas
do embasamento (Foto 3.6).
Figura 3.6. Registro fotográfico do meta-ortoconglomerado polimíctico da Formação Panelinha em corte de estrada
(ponto R20).
A Formação Camacã estende-se de oeste à leste, compondo a parte norte da BRP. Exibe a sul contato
discordantes com as rochas da Formação Salobro e a norte com os litotipos do OISC. Metassiltito, ardósias e
calcarenitos são os litotipos que compõem essa formação na área de estudo. Os metassiltitos e ardósias são
predominantes, apresentando-se com coloração variando de cinza a bege e avermelhada quando a ação do
imtemperismo é mais intensa. Essas rochas preservam estruturas sedimentares como estratificação cruzada
tabulares e estruturas de carga, encontrando-se por vezes crenuladas. Os calcarenitos possuem coloração
cinza esverdeado e apresentam estratificações cruzadas tabulares, além de cristais de pirita euedral dispersos
(Foto 3.7).
40
Foto 3.7. Registro fotográfico de lente de calcarenito da Formação Camacã onde é possível observar estratificação
cruzada tabular e cristais euedrais de pirita, setas vermelhas indicando as piritas (ponto R12).
Foto 3.8. Registro fotográfico da Formação Salobro. Paredão em pedreira abandonada onde se observa arenito
carbonático com dobras covoluta, estrutura de carga e estratificação cruzada acanalada (ponto R18).
Os depósitos sedimentares, na área de estudo, podem ser agrupados em (Figura 3.1, Apêndice II): (i)
Grupo Barreiras que ocorre à oeste, entre as rochas da BRP e seu embasameno, sendo constituído por areias
grossas a conglomeráticas, com matriz caulínica e estruturas de estratificação cruzada planar na base, areias
grossas quartzosas com matriz areno-argilosa e argilas arroxeadas levemente arenosas no meio e um nível de
41
argilas de cores vermelha e branca no topo (Vilas Bôas et al. 2001); (ii) Depósitos Aluviais localizados nas
margens dos rios São Pedro e Panelinha e do córrego Preto, onde verifica-se sedimentos arenosos e areno-
argilosos. Esses depósitos sedimentares encontram-se em contato discordante sobre os litotipos
anteriormente citados.
Foto 3.9. Registro fotográfico da Formação Salobro. Paredão em pedreira abandonada mostrando paraconglomerado
onde se observa fragmentos de rochas do embasamento e da própria BRP com tamanhos variados (ponto R19).
42
4 LITOGEOQUÍMICA
A litogeoquímica foi realizada nesse trabalho com o objetivo não somente de confirmar os litotipos
identificados na petrografia, mas sobretudo indicar os tipos de magmas que formaram os protólitos das
rochas granulíticas do embasamento norte da BRP e dos diques máficos que as cortam.
Para o estudo litogeoquímico, realizado somente para as litologias do embasamento norte da BRP foram
retiradas amostras dos gabronoritos, quartzo-gabros, tonalitos, todos os três granulitizados, e de álcali-
feldspato sienitos. Incluiu-se também nesse estudo, resultados dos diques máficos.
Para caracterização geoquímica dos gabronoritos granulitizados foram utilizadas três amostras que
tiveram estimadas as quantidades dos elementos maiores, traços e terras raras (Tabela 4.1).
Os gabronoritos granulitizados são rochas básicas à intermediarias que apresentam teores de SiO2
variando de 49,60 a 56,50% (média de 52,18%). São caracterizados por teores de FeO entre 2,15 e 9,80%
(média de 5,29%), MgO entre 4,10 e 7,15% (média de 6,09%), CaO entre 7,00 e 11,20% (média de 8,88%),
Na2O entre 3,22 e 4,50% (média de 3,63%) e K2O que encontra-se desde abaixo do limite de detecção do
método até 0,96% (média de 0,57%). Observam-se ainda teores de Al2O3 situados entre 13,60 e 17,30%
(média de 16,15%) e TiO2 entre 0,80 e 1,00% (média de 0,88%). Com relação aos elementos traços, estas
rochas apresentam valores de V variando entre 139 e 265 ppm (média de 201,00 ppm), Ba entre 203 e 406
ppm (média de 324,50 ppm), Sr entre 223 e 317 ppm (média de 286,25 ppm), Zr entre 59 e 117 ppm (média
de 91,50 ppm) e F entre 283 e 1680 ppm (média de 745,40 ppm) (Tabela 4.1).
43
Tabela 4.1. Análises químicas dos litotipos do embasamento granulítico à norte da Bacia do Rio Pardo.
Alcali-
Gabronorito granulitizado Quartzo gabro granulitizado Tonalito granulitizado feldspato
sienito
GN QG1 QG2 T1 T2 AFS
Amostra R32 CC-16 B CC-10 R05 R06 CC-02 CC-03 R28 R07 R43 R21 CC-20 CC-13 R34 R35 R13
SiO2 51,20 51,40 56,50 56,80 58,50 58,60 63,00 64,10 67,30 59,58 66,88 68,60 70,40 67,80 68,50 61,80
TiO2 0,80 0,90 1,00 0,95 0,68 0,65 0,62 0,34 0,51 0,89 0,29 0,36 0,29 0,28 0,19 0,53
Al2O3 16,60 17,10 17,30 14,00 14,30 16,40 17,10 16,40 15,00 17,31 15,46 15,50 15,70 15,70 14,90 16,50
Fe2O3 10,40 2,60 1,80 10,60 10,20 1,90 1,80 4,39 5,63 7,32 3,19 2,10 0,29 4,62 3,79 4,16
FeO 2,62 9,80 6,60 3,16 4,36 5,90 4,00 2,35 2,37 5,22 1,88 2,10 2,30 3,00 2,34 2,73
FeOt 11,98 12,14 8,22 12,70 13,54 7,61 5,62 6,30 7,44 11,81 4,75 3,99 2,56 7,16 5,75 6,47
Fe2O3t 13,31 13,49 9,13 14,11 15,04 8,45 6,24 7,00 8,26 13,12 5,28 4,43 2,85 7,95 6,39 7,19
MnO 0,16 0,16 0,13 0,20 0,12 0,11 0,07 0,07 0,08 0,08 0,06 0,06 0,04 0,06 0,05 0,05
MgO 6,39 6,60 4,20 4,76 3,16 4,70 2,40 1,81 1,93 1,88 1,55 2,00 1,10 1,11 1,14 1,51
CaO 9,53 7,00 7,80 6,63 7,06 6,50 6,50 4,95 4,16 4,72 3,59 4,60 2,40 3,94 3,62 1,82
Na2O 3,22 3,40 4,50 3,98 3,75 3,60 4,80 4,29 4,12 3,86 4,70 4,40 3,40 3,35 4,26 4,17
K2O 0,39 0,92 0,91 1,39 1,30 0,98 2,37 1,54 2,32 2,55 1,80 5,00 3,19 1,39 8,57
P2O5 0,19 0,10 0,29 0,26 0,15 0,26 0,17 0,09 0,11 0,63 0,15 0,11 0,21 0,12 0,13 0,29
Total 101,50 99,06 101,04 102,25 103,67 99,92 101,44 101,16 102,75 103,81 100,30 101,63 101,13 103,17 100,31 102,13
V 154,00 246,00 139,00 202,00 205,00 133,00 82,00 63,00 74,00 161,00 54,00 73,00 19,00 45,00 53,00 40,00
Rb 20,00 17,00 26,00 59,00 42,00 38,90 68,40 63,00 71,00 46,00 211,00
Ba 203,00 406,00 376,00 425,00 759,00 1005,00 575,00 947,00 799,00 1034,00 980,00 1580,00 1142,00 1906,00 546,00 3930,00
Sr 317,00 223,00 305,00 248,00 417,00 578,00 397,00 528,00 597,00 750,30 925,70 615,00 403,00 722,00 657,00 1968,00
Y 18,00 23,00 22,00 34,00 11,00 22,00 9,00 20,00 8,00 20,80 10,70 19,00 8,00 4,00
Nb 20,00 5,00 10,00 17,00 13,00 5,00 6,00 12,60 5,50 5,00 5,00 17,00 22,00 6,00
Zr 99,00 91,00 117,00 79,00 95,00 140,00 138,00 130,00 155,00 291,80 104,60 66,00 114,00 156,00 127,00 347,00
Ga 18,00 32,00 38,00 20,00 18,00 31,00 34,00 20,00 21,00 21,70 17,10 34,00 35,00 19,00 22,00 23,00
F 589,00 1680,00 430,00 585,00 270,00 700,00 140,00 75,00 159,00 650,00 180,00 154,00 60,00 396,00
Cl 1009,00 82,00 91,00 299,00 127,00 61,00 76,00 41,00 72,00 139,00
S 334,00 198,00 243,00 829,00 1061,00 605,00 435,00 286,00 399,00 429,00 383,00 261,00 293,00 73,00
La 20,90 10,86 12,56 27,80 28,30 18,32 17,71 33,80 22,90 109,30 24,80 33,99 17,26 16,40 15,90 53,10
Ce 36,50 19,34 26,15 40,90 45,80 37,14 31,13 48,50 30,30 238,70 56,00 58,35 29,79 22,20 21,30 89,50
Pr 5,27 5,77 6,11 6,23 3,72 26,23 6,85 2,81 2,53 12,08
Nd 21,30 8,69 12,02 23,30 23,00 17,60 10,15 22,10 13,30 96,60 27,70 20,97 10,47 9,90 8,20 47,00
Sm 3,90 2,23 2,61 4,90 4,40 3,73 1,67 3,70 2,20 15,61 4,86 4,86 2,49 1,60 1,10 7,60
Eu 1,24 0,67 0,72 1,14 1,13 0,64 0,48 1,35 1,04 2,60 1,25 1,01 0,71 1,45 1,01 3,35
Gd 3,96 2,54 2,52 5,62 4,06 2,81 1,47 3,40 1,74 10,22 3,36 2,87 1,64 1,25 1,28 5,96
Tb 0,70 0,91 0,59 0,49 0,33 1,20 0,43 0,20 0,21 0,73
Dy 3,29 1,78 1,46 4,88 2,86 1,37 0,86 2,49 1,40 4,50 1,96 1,06 0,65 0,60 0,77 3,02
Ho 0,66 0,37 0,32 0,93 0,50 0,27 0,17 0,44 0,26 0,72 0,34 0,22 0,13 0,15 0,16 0,46
Er 1,64 1,05 0,98 2,54 1,29 0,70 0,42 1,01 0,51 1,57 0,95 0,61 0,32 0,18 0,28 0,87
Tm 0,31 0,43 0,24 0,22 0,16 0,23 0,15 0,11 0,10 0,18
Yb 1,60 1,02 0,97 2,20 1,20 0,58 0,39 1,00 0,60 1,52 1,04 0,61 0,39 0,20 0,30 0,70
Lu 0,27 0,17 0,18 0,35 0,18 0,10 0,11 0,16 0,12 0,20 0,15 0,14 0,12 0,09 0,14
(Ce/Yb)N 6,34 5,27 7,46 5,16 10,60 17,91 22,11 13,47 14,03 43,62 14,96 26,75 21,22 30,83 19,72 35,52
44
No diagrama ternário AFM de Invine & Baragar (1971), contendo o limite entre o campo toleítico e
cálcio-alcalino, os pontos representativos das analises químicas dos grabronoritos granulitizados situam-
sepróximo ao limite entre os dois campos, embora tendendo mais para o campo dos toleítos (Figura 4.1).
Figura 4.1. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os gabronoritos.
Os espectros dos Elementos Terras Raras dessas rochas granulitizadas encontram-se na figura 4.2,
normalizados segundo os dados para condrito de Sun & McDonough (1989). De acordo com seus padrões
eles mostram pouca diferença entre os elementos leves e pesados, ambos pouco fracionados, como verificado
na razão (Ce/Yb)N com valores entre 5,27 e 7,46. Eles mostram uma tendência toleítica o que concorda com
o diagrama AFM de Invine & Baragar (1971).
Seis amostras com análise dos seus elementos maiores, traços e terras raras foram utilizadas para
caracterização geoquímica dos quartzo-grabros granulitizados (Tabela 4.1).
45
Tratam-se de rochas intermediárias que apresentam teores de SiO2 variando de 58,50 a 67,30% (média
de 61,38%). São caracterizados por teores de FeO entre 2,35 e 5,90% (média de 3,69%), MgO entre 1,81 e
4,76% (média de 3,13%), CaO entre 4,16 e 7,06% (média de 5,97%), Na2O entre 3,60 e 4,80% (média de
4,09%) e K2O entre 0,91 e 2,37% (média de 1,41%). Observam-se também teores de Al2O3 situados entre
14,00 e 17,10% (média de 15,53%) e TiO2 entre 0,35 e 0,95% (média de 0,63%). Quanto aos elementos
traços, este litotipo apresenta valores de V variando entre 63 e 205 ppm (média de 126,50 ppm), Ba entre
575 e 1005 ppm (média de 751,67 ppm), Sr entre 248 e 578 ppm (média de 460,83 ppm), Zr entre 79 e 155
ppm (média de 122,83 ppm) e F entre 75 e 585 ppm (média de 321,50 ppm) (Tabela 4.1).
No diagrama ternário AFM de Invine & Baragar (1971), as amostras dessa litologia se mostram
dispersas, distribuindo-se no limite entre os campos toleíticos à cálcio-alcalino (Figura 4.3).
Figura 4.3. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os quartzo-gabros.
Os espectros dos ETR dessas rochas granulíticas encontram-se na figura 4.4, normalizados segundo os
dados para condrito de Sun & McDonough (1989). Através dos padrões de Elementos Terras Raras esse
litotipo pode ser subdividido em dois tipos, os QG1 e os QG2. Os quartzo-gabros do tipo QG1 apresentam
ETRL com significativo fracionamento e enriquecimento enquanto os ETRP mostram-se pouco à
moderadamente fracionado e moderadamente enriquecido. O padrão de fracionamento desse litotipo é
condizente com a razão (Ce/Yb)N entre 5,16 e 22,11. Observa-se ainda, fraca anomalia negativa de Eu. No
quartzo-gabro do tipo QG2 observa-se o significativo fracionamento dos ETRL e dos ETRP e
enriquecimento dos ETRL, como mostra a razão (Ce/Yb)N cujo valores são 13,47 e 14,06. Registra-se
também, fraca anomalia positiva de Eu para esse litotipo.
46
a) b)
Figura 4.4. Padrões de Elementos Terras Raras dos quartzo-gabros. a) Quartzo-grabro do tipo QG1 e b) Quartzo-grabro
do tipo QG2.
Para caracterizar geoquimicamente essas rochas foram utilizadas seis amostras com os dados analíticos
dos elementos maiores, traços e Terras Raras (Tabela 4.1).
Os tonalitos granulitizados são rochas intermediárias à ácidas que apresentam teores de SiO2 variando
de 59,58 a 70,40% (média de 66,96%). São caracterizados por teores de FeO entre 1,88 e 5,22% (média de
2,81%), MgO entre 1,10 e 2,00% (média de 1,47%), CaO entre 2,40 e 4,72% (média de 3,81%), Na2O entre
3,35 e 4,70% (média de 4,00%) e K2O entre 1,39 e 5,00% (média de 2,71%). Observam-se também teores de
Al2O3 situados entre 14,90 e 17,31% (média de 15,76%) e TiO2 entre 0,19 e 0,89% (média de 0,38%).
Quanto aos elementos traços, este litotipo apresenta valores de V variando entre 19 e 161 ppm (média de
67,50 ppm), Ba entre 546 e 1506 ppm (média de 1198,00 ppm), Sr entre 403 e 925,7 ppm (média de 678,83
ppm), Zr entre 66 e 291,8 ppm (média de 143,23 ppm) e F apresenta valores abaixo do limite de detecção do
método até 650 ppm (média de 174,00 ppm) (Tabela 4.1).
No diagrama ternário AFM de Invine & Baragar (1971), as amostras do tipo T1 situam-se tanto no
campo toleítico, termos mais enriquecidos em ETRL, quanto no campo cálcio-alcalino, termos menos
enriquecidos em ETRL, com tendência mais cálcio-alcalina. As amostras do tipo T2 localizam-se próximo
ao limite dos campo toleítico e cálcio-alcalino (Figura 4.5).
Os espectros dos ETR dos tonalitos granulitizados encontram-se na figura 4.6, normalizados segundo os
dados para condrito de Sun & McDonough (1989). Utilizando os padrões de Elementos Terras Raras pode-se
subdividido esse litotipo em dois tipos, T1 e T2. Os tonalitos do tipo T1 apresentam ETRL com expressivo
fracionamento e enriquecimento enquanto os ETRP mostram-se pouco fracionado e moderadamente
enriquecido, condizente com as razões (Ce/Yb)N situadas entre 14,96 e 43,62. Verifica-se ainda, fraca
anomalia negativa de Eu e anomalia positiva de Lu nos termos menos enriquecido. Nos tonalitos do tipo T2
47
observa-se significativo fracionamento e enriquecimento dos ETRL com forte anomalia positiva de eu, além
de ETRP fracionado com forte anomalia positiva de Tm e Lu. Para esse litotipo as razões (Ce/Yb)N são 19,72
e 30,83. Nos dois tipos a tendência cálcio-alcalina é confirmada pelos padrões de ETR.
Figura 4.5. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os tonalitos.
a) b)
Figura 4.6. Padrões de Elementos Terras Raras dos tonalitos. a) Tonalitos do tipo T1 e b) tonalitos do tipo T2.
Dos álcali-feldspato sienitos uma (1) amostra com dados analítico de elementos maiores, traços e Terras
Raras (Tabela 4.1) foi utilizada na caracterização geoquímica. Esta amostra teve o padrão de ETR comparada
com o padrão de ETR de amostras do Corpo Anurí obtidas por Oliveira (1995).
A amostra coletada nesse trabalho para esse litotipo corresponde a rocha máfica com teor de SiO2 de
46,80%. É caracterizada por teor de FeO de 9,60%, MgO de 5,40%, CaO de 8,80%, Na2O de 3,40% e K2O
de 0,87%. Observam-se também teores de Al2O3 de 13,30% e TiO2 de 3,50%. Quanto aos elementos traços,
48
essa rocha apresenta valores de V de 417,00 ppm, Ba de 317,00 ppm, Sr de 242,00 ppm, Zr de 221,00 ppm e
F de 600,00 ppm (Tabela 4.1).
No diagrama binário (Na2O + K2O)/SiO2 de Invine & Baragar (1971), onde constam os campos alcalino
e subalcalino, a amostra do álcali-feldspato sienito situa-se no campo alcalino (Figura 4.7).
Figura 4.7. Diagrama binário (Na2O + K2O)/SiO2 (Invine & Baragar 1971) para o álcalifeldspato sienito.
Os espectros dos ETR do álcali-feldspato sienito (AFS) encontram-se na figura 4.8, normalizados
segundo os dados para condrito de Sun & McDonough (1989). Essa rocha apresenta ETRL e ETRP com
significativo fracionamento e enriquecimento, confirmando o carater alcalino observado no diagrama (Na2O
+ K2O)/SiO2. A razão (Ce/Yb)N de 35,52 reflete o padrão ETR observado. Verifica-se também, uma fraca
anomalia positiva de Eu e Tm. A análise comparativa do padrão ETR para essa amostra é coincidente com
aqueles obtido por Oliveira (1995) para esse mesmo litotipo.
a) b)
Figura 4.8. Padrões de Elementos Terras Raras do álcali-feldspato sienito. a) Dados analítico obtido nesse trabalho para
o álcali-feldspato sienito e b) dados analítico tratados por Oliveira (1995) para os sienitos máficos e os sienitos
gnáissicos pertencentes ao Corpo Anurí.
49
Os diques máficos, na área de estudo, abrange rochas de composição basáltica e andesítica (Figura 4.9)
intrudidas no embasamento norte da BRP. Seis amostras com análise dos seus elementos maiores, traços e
terras raras foram utilizadas para caracterização geoquímica dessas rochas (Tabela 4.2).
Figura 4.9. Diagrama de classificação química de rochas ígneas TAS (Cox et al. 1979) para os diques máficos.
Os diques máficos apresentam teores de SiO2 variando de 46,80 a 57,50% (média de 49,40%). São
caracterizados por teores de FeO entre 7,60 e 11,80% (média de 8,87%), MgO entre 2,70 e 6,40% (média de
4,95%), CaO entre 5,60 e 9,70% (média de 8,46%), Na2O entre 2,83 e 3,70% (média de 3,17%) e K2O entre
0,78 e 1,20% (média de 0,92%). Observam-se também teores de Al2O3 situados entre 12,80 e 14,70% (média
de 13,52%) e TiO2 entre 1,70 e 3,80% (média de 3,01%). Quanto aos elementos traços, estes litotipos
apresentam valores de V variando entre 173 e 456 ppm (média de 363,50 ppm), Ba entre 275 e 755 ppm
(média de 479,67 ppm), Sr entre 202 e 244 ppm (média de 228,33 ppm), Zr entre 168 e 560 ppm (média de
228,33 ppm) e F entre 303 e 1120 ppm (média de 642,17 ppm) (Tabela 4.2).
No diagrama ternário AFM de Invine & Baragar (1971), todas as amostras dos diques máficos situam-se
no campo dos magmas toleítico (Figura 4.10).
50
Tabela 4.2. Análises químicas dos diques máficos intrudidos nas rochas do embasamento norte da Bacia do Rio Pardo.
Diques máficos
Basalto Andesito
Amostra CC-11 CC-14 R31 CC-18 CC-17 CC-15
SiO2 46,80 48,60 48,10 48,60 46,80 57,50
TiO2 3,80 2,40 2,98 3,70 3,50 1,70
Al2O3 12,80 14,40 13,00 12,90 13,30 14,70
Fe2O3 4,70 5,30 18,20 10,00 7,20 2,50
FeO 11,80 8,50 7,72 7,60 9,60 8,00
FeOt 16,03 13,27 24,10 16,60 16,08 10,25
Fe2O3t 17,81 14,74 26,78 18,44 17,87 11,39
MnO 0,28 0,22 0,26 0,28 0,28 0,20
MgO 5,90 6,40 4,29 5,00 5,40 2,70
CaO 9,40 9,70 8,97 8,30 8,80 5,60
Na2O 2,90 3,20 2,83 3,00 3,40 3,70
K2O 0,78 0,99 0,79 0,90 0,87 1,20
P2O5 0,65 0,44 0,49 0,67 0,69 0,62
Total 99,81 100,15 107,63 100,95 99,84 98,42
V 456,00 336,00 426,00 373,00 417,00 173,00
Rb 15,00
Ba 461,00 389,00 275,00 681,00 317,00 755,00
Sr 223,00 236,00 223,00 202,00 242,00 244,00
Y 39,00 36,00 46,00 52,00 43,00 68,00
Nb 17,00 21,00 32,00 25,00 20,00 18,00
Zr 180,00 185,00 168,00 205,00 221,00 560,00
Ga 32,00 30,00 18,00 33,00 26,00 41,00
F 710,00 560,00 303,00 560,00 600,00 1120,00
Cl 38,00 688,00 219,00 152,00 269,00
S 1421,00 816,00 834,00 1490,00 1316,00 334,00
La 21,29 12,15 21,60 18,94 13,18 28,63
Ce 33,29 25,65 40,10 42,71 27,49 51,63
Pr 6,13
Nd 13,74 13,82 28,00 24,29 16,15 25,60
Sm 3,18 3,46 7,00 6,68 4,21 6,09
Eu 0,99 1,08 2,49 2,12 1,52 2,03
Gd 3,83 4,11 8,39 8,56 5,37 7,43
Tb 1,38
Dy 2,08 2,50 7,82 6,07 3,29 3,89
Ho 0,40 0,54 1,52 0,94 0,69 0,81
Er 1,03 1,68 4,04 3,36 2,04 2,35
Tm 0,63
Yb 1,40 1,54 3,80 2,96 1,70 2,00
Lu 0,32 0,29 0,53 0,46 0,30 0,47
(Ce/Yb)N 6,61 4,63 2,93 4,00 4,50 7,16
Figura 4.10. Diagrama triangular A-F-M (Invine & Baragar 1971) para os diques máficos.
51
Os padrões dos ETR para os diques máficos encontram-se na figura 4.11, normalizados segundo os
dados para condrito de Sun & McDonough (1989). Utilizando o diagrama. Essas rochas apresentam ETRL e
ETRP pouco fracionados e moderadamente enriquecidos. Nota-se ainda, uma fraca anomalia negativa de Eu.
O caráter toleítico observado no diagrama AFM, confirmada pelo padrão ETR é condizente com as razões
(Ce/Yb)N que apresenta valores entre 2,93 e 7,16.
5 GEOLOGIA ESTRUTURAL
Neste capítulo serão apresentadas as características das estruturas dúcteis e dúcteis-rúpteis presentes na
área de pesquisa. Essas estruturas serão analisadas separadamente para o embasamento granulítico e para a
Bacia do Rio Pardo (BRP). As representações em mapa dessas deformações estão destacadas nas áreas em
branco, assinaladas nas figuras 5.2, 5.6, 5.9 e 5.13.
Dentre as estruturas planares observadas no embasamento da BRP tem-se foliações Sn, Sn+1 e Sn+2 cuja
deformação (Dn, Dn+1 e Dn+2) processou-se no campo da ductibilidade. Representando as estruturas dúcteis-
rúpteis são encontradas zonas de cisalhamento que são produto da deformação chamada aqui de dúctil-rúptil.
Falhas e fraturas, por vezes, preenchidas por diques máficos representam a deformação rúptil.
Na área de estudo a deformação dúctil é marcada por três fases deformacionais, Dn, Dn+1 e Dn+2. As duas
primeiras fases estão associadas à foliações de plano axial, desenvolvidas no paleoproterozóico, e a fase Dn+2
está relacionada a uma foliação milonítica, considerada nesse trabalho como desenvolvida no
neoproterozóico.
A primeira fase deformacional, Dn, gerou a foliação, Sn, representada por uma foliação plano axial
transposta de dobras assimétricas, com mergulho variando desde baixo à alto ângulo. Essa superfície foi
gerada durante o processo de edificação do Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (OISC) (Capítulo 2 nessa
Dissertação), em ambiente do fácies granulito (Barbosa 1990), a partir do dobramento assimétrico de
bandamento gnáissico já existente. Essas dobras foram transpostas e foliação plano axial (Sn) associada a
transposição dessas dobras assimétricas foi formada (Foto 5.1). A foliação Sn é identificada nas áreas
53
Sn
Foto 5.1. Registro fotográfico da foliação Sn, cuja orientação medida do plano é N065º/18ºSE (ponto R28).
N=6
Figura 5.1. Diagrama estereográfico representando os planos de foliação Sn, cujo trend é N064º e respectivas linhas de
estiramento mineral. Hemisfério inferior, 6 medidas Sn e 2 medidas Lxn.
A foliação Sn+1 é produto da fase deformacional Dn+1, que redobrou a foliação Sn, formando dobras
isoclinais com planos axiais sub-verticalizados (Barbosa 1990). Entretanto na área de pesquisa, apesar de
predominar a foliação Sn+1, são encontrados afloramentos com dobras fechadas e com a foliação Sn
apresentando mergulhos de baixo a alto ângulo (Foto 5.2 e Figura 5.2). A foliação Sn+1 é portanto
representada por uma foliação gnáissica que resulta de uma superfície anterior (Sn) que foi dobrada
isoclinalmente, por vezes, transposta. Essa foliação encontra-se alinhada na direção preferencial
54
N010º/89ºSE (51 medidas) (Figura 5.2) e apresenta linhas de estiramento mineral (Lxn+1) de baixo rake
marcadas por quartzo e plagioclásio (16 medidas) com trend geral é 21º p/ N190º, registrando uma tectônica
transpressiva predominante sinistral (Figura 5.3).
Figura 5.2. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções de foliações Sn, Sn+1 e Sn+2, e suas respectivas linhas de
estiramento mineral, além de lineamentos estruturais obtidos por tratamento de imagem de modelo de relevo SRTM
(Shuttle Radar Topography Mission).
55
Lxn+1
Sn//Sn+1
a) b)
Foto 5.2. Registro fotográfico: a) foliação Sn//Sn+1 cuja direção preferencial é N010º/89ºSE (ponto R06); b) linha de
estiramento mineral (Lxn+1) marcada por quartzo e plagioclásio cuja direção neste ponto é 24º p/ N185º (ponto R32).
Máximo N = 16
N010º/89ºSE
N = 51
4%
8%
12 %
16 %
20 %
24 %
a) b)
Figura 5.3. (a) Diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar dos planos de foliação Sn+1, cujo plano máximo
é N010º/89ºSE e (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar de direção das linhas de estiramento
mineral, cujo trend é 21º p/ N190º. Hemisfério inferior, 51 medidas Sn+1 e 16 medidas Lxn+1.
A terceira fase de deformação, Dn+2, gerou a foliação, Sn+2, (Foto 5.3). Essa foliação localiza-se
preferencialmente nas proximidades do contato entre os litotipos que compõem o (OISC) e os litotipos que
compõem a BRP (Figura 5.2). A foliação Sn+2 (8 medidas) consiste numa foliação milonítica associado a
zonas de cisalhamento dúcteis onde são observadas biotita e epidoto. Essa foliação apresenta trend geral
N141º com mergulho de baixo à alto ângulo para sudoeste (Figura 5.4). Observa-se ainda, associadas a
foliação Sn+2, linhas de estiramento mineral (Lxn+2) marcadas por quartzo e plagioclásio, tendo sido efetuada
apenas 2 medidas posicionadas em 14º p/ N151º e 29º p/ N230º.
56
Sn+2
Foto 5.3. Registro fotográfico do plano da foliação milonítica Sn+2, cuja orientação neste ponto é N130º/30ºSW (ponto
R23).
N=8
Figura 5.4. Diagrama estereográfico representando os planos de foliação Sn+2 cujo trend é N141º e respectivas linhas de
estiramento mineral. Hemisfério inferior, 8 medidas Sn+2 e 2 medidas Lxn+2.
Foto 5.4. Registro fotográfico de zona de cisalhamento milonítico, cuja orientação medida da linha de estiramento
mineral 30º p/ N195º (ponto R45).
N=6
N=6
a) b)
Figura 5.5. (a) Diagrama estereográfico mostrando os planos de cisalhamento e (b) diagrama estereográfico das linhas
de estiramento mineral nessas zonas. Hemisfério inferior, 10 medidas ZC e 6 medidas LxZC.
A deformação rúptil no embasamento da BRP é representada por falhas e fraturas (Foto 5.5), por vezes,
preenchidas por diques máficos. Dentre as varias famílias de falhas/fraturas observadas (921 medidas)
(Figura 5.6), predomina o conjunto orientado preferencialmente à N130º/67ºNE. Direções de fraturas
secundárias como N090º, N015º e N000º são também bem marcados (Fig 5.7). A hierarquia das falhas e
fraturas não foram estabelecidas neste trabalho, devido a grande intensidade de quebramento e superposição
dos mesmos. Contudo, em alguns destes planos foi possível observar processo de reativação tectônica
registrando mais de um movimento. Estes registros são observados nos planos de falha através de estrias e
degraus de falha (slikensides). Alguns planos de falha exibe lineações de baixo e/ou de alto rake marcadas
por estrias (457 medidas) orientadas preferencialmente à N026º/64º (Figura 5.7).
58
Figura 5.6. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções de zonas de cisalhamento miloníticas (ZC) com suas
respectivas linhas de estiramento mineral e falhas/fraturas, além de direções de diques máficos medidos em campo e
obtidos na bibliografia. Consta também, falhas/fraturas obtidas por fotointerpretação e tratamento de imagem de modelo
de relevo SRTM (Shuttle Radar Topography Mission) (INPE 2010).
59
Foto 5.5. Registro fotográfico de par de fraturas (ponto R21). Bússola apontando para o norte.
Máximo
N = 921 N310º/67ºNE
N = 921
1%
2%
3%
4%
5%
6%
7%
8%
9%
a) b)
N = 457 Máximo
64º p/ N026º
N=457
2%
4%
6%
8%
10 %
12 %
14 %
16 %
c) d)
Figura 5.7. Diagramas das falhas e fraturas e estrias de falha medidas nos granulitos. (a) Rosetas de direção dos planos
de falhas e fraturas, (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar dos planos de falha e fratura, (c) rosetas
de direção das estrias de falha e (d) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar de direção das estrias de
falha. Hemisfério inferior, 921 medidas de falhas e fraturas e 457 medidas de estrias de falha.
60
Quanto aos diversos diques máficos não deformados observados na área de estudo (42 medidos) (Foto
5.6), é possível observar que sua colocação ocorre na direção preferencial N081º/89ºSE aproveitando,
portanto, o conjunto de falhas e fraturas orientado aproximadamente na direção N090º (Figura 5.8).
Entretanto, notou-se que outros conjuntos de fraturas e falhas foram também utilizados para a colocação dos
diques, visto que eles ocorrem nas mais variadas direções (Figura 5.6).
Foto 5.6. Registro fotográfico de dique máfico intrudido nos granulitos, aproveitando sistema de fraturamento de
direção N095º e N020º (ponto R28).
Máximo
N = 42 N261º/89ºNW.
N = 42
2%
4%
6%
8%
10 %
12 %
14 %
16 %
18 %
a) b)
Figura 5.8. (a) Roseta de direção dos planos de colocação diques máficos e (b) diagrama de curvas de isodensidade de
freqüência polar dos planos de colocação dos diques máficos. Hemisfério inferior, 42 medidas.
61
Dentre as estruturas observadas nos litotipos que compõem a BRP na área de pesquisa, constam
acamadamento (S0), foliação (S1//S0) cuja deformação (D1) se processou no campo de ductibilidade. Por sua
vez, zonas de cisalhamento que ocorrem na Bacia foram produzidas pela deformação (D2), dúctil-rúptil.
Falhas e fraturas, por vezes, preenchidas por veios de quartzo ou calcita também são observadas. Essas
últimas representam a deformação rúptil.
5.2.1 Acamadamento
Os litotipos que compõem a BRP na área estudada apresentam planos de acamadamento (S0) de baixo
ângulo (12 medidas) (Figura 5.9) com trend predominante de N141º (Foto 5.7). Verifica-se associado a essa
superfície estruturas sedimentares tais como leques entrelaçados, estruturas de carga, chama em bola, dobras
convolutas, estratificações cruzadas, dentre outras, todas indicando topo normal (Figura 5.10). Essa
superfície encontra-se suavemente dobrada, como explicado no item seguinte.
Foto 5.7. Registro fotográfico de paredão, em pedreira desativada, de arenito carbonático onde pode ser observado
variadas estruturas sedimentares tais como estruturas de carga e estratificação cruzada acanalada (ponto R18).
Na área de pesquisa, a deformação dúctil é marcada pela fase deformacional, D1, que gerou a foliação S1
(Figura 5.9) correspondente a planos axiais de dobras abertas sobre a superfície S0 (Foto 5.8). Essa foliação
plano axial apresenta-se com trend geral N135º com mergulho variando desde baixo a alto ângulo para
sudoeste (6 medidos) (Figura 5.11). São observados ainda, planos de xistosidade e planos de crenulação com
mesma orientação da S1 diferindo apenas nos mergulhos. Observa-se ainda, associada a essa foliação linha
de estiramento mineral Lx1 de alto rake cuja orientação 37º p/ N190º.
62
Figura 5.9. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções dos planos de acamadamento S0 e dos planos de
foliação S1 nos metassedimentos da Bacia.
63
N = 12
Figura 5.10. Diagrama estereográfico representando os planos de acamadamento S0. Hemisfério inferior, 12 medidas.
Foto 5.8. Registro fotográfico de metassiltito carbonático Formação Camacã onde pode ser observada xistosidade
(ponto R19).
N=6
Figura 5.11. Diagrama estereográfico representando os planos de foliação S1 com respectiva linha de estiramento
mineral. Hemisfério inferior, 6 medidas S1 e 1 medida Lx1.
64
Na área da Bacia observa-se uma fase de deformação dúctil-rúptil associada a zonas de cisalhamento
(Figura 5.13). Nota-se que suas orientações, cuja trend é N157º com mergulho de baixo ângulo para sudoeste
(5 medidas) (Figura 5.12), são semelhantes com a foliação milonítica (Sn+2) observada nos litotipos do
embasamento proximal.
N=5
Figura 5.12. Diagrama estereográfico representando os planos de zona de cisalhamento. Hemisfério inferior, 5
medidas.
Com relação à deformação rúptil na BRP várias famílias de fraturas foram observadas (197 medidas)
(Figura 5.13 e Foto 5.9), por vezes, preenchidas por veios de quartzo ou calcita. A direção preferencial desse
conjunto de fraturas é N036º/40ºNE (Figura 5.14). E, como no embasamento, a hierarquia das falhas e
fraturas presentes na BRP não foram estabelecidas, devido a grande intensidade de quebramento existentes.
Foto 5.9. Registro fotográfico de falha cortando fratura e indicando movimento sinistral em arenito da Formação
Salobro (ponto R10).
65
Figura 5.13. Mapa estrutural ilustrando a distribuição e direções de zonas de cisalhamento com suas respectivas linhas
de estiramento mineral e falhas/fraturas, além de direções de veios de quartzo e calcita medidos em campo. Consta
também, falhas/fraturas obtidas por fotointerpretação e tratamento de imagem de modelo de relevo SRTM (Shuttle
Radar Topography Mission) (INPE 2010).
66
N = 197 Máximo
N036º/40ºNE
N = 197
2%
4%
6%
8%
10 %
12 %
14 %
16 %
18 %
20 %
22 %
24 %
a) b)
Figura 5.14. Diagramas das falhas e fraturas e estrias de falha medidas na BRP. (a) Rosetas de direção dos planos de
falhas e fraturas, (b) diagrama de curvas de isodensidade de freqüência polar dos planos de falha e fratura. Hemisfério
inferior, 197 medidas.
Quanto aos diversos veios de quartzo ou calcita observados na Bacia (5 medidas) (Figura 5.13)
encontram-se orientados à N000º/90º, N050º/80ºNW, N140º/90º e N150º/20ºSW (Figura 5.155). Aqueles
que ocorrem na direção N000º e que seus cristais crescem perpendiculares as paredes da fratura, sugerem
preencher fraturas do tipo T indicando possível direção de σ3 em N090º, para a formação desse conjunto
(Foto 5.10).
Foto 5.10. Registro fotográfico de veio de quartzo com crescimento dos cristais de quartzo perpendiculares as paredes
da fratura, sugerindo, portanto, tratar-se de fratura do tipo T. Conglomerado fino da Formação Salobro. (ponto R17).
67
N=5
Figura 5.15. Diagrama estereográfico representando os planos de colocação dos veios de quartzo ou calcita. Hemisfério
inferior, 5 medidas.
68
6 DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
Durante a pesquisa observou-se que as rochas que compõem o embasamento norte da BRP encontram-
se dispostas preferencialmentena direção N-S, concordando com a orientação geral dos litotipos que
constituem a parte sul do OISC. Verificou-se ainda, que essas rochas são encobertas à sul pelas rochas que
compõem a BRP, orientadas preferencialmente na direção NW-SE, conforme trabalhos realizados por
Karmann (1987) e Pedreira (1999) para esta região.
Através da litogeoquímica foi possível obter informações sobre os tipos de magmas que deram origem
as rochas do embasamento granulítico e aos diques máficos, além de confirmar os litotipos observados na
petrografia. Foi possível assim, visualizar suas características geoquímicas, tais como: (i) grabronoritos
granulitizados com composição de magma transicional toleítico/cálcio-alcalino com ETR muito pouco
fracionados, refletindo a ausência de biotita e alto percentual de clinopiroxênios (44,2%) em sua paragênese
(Fonseca 2010); (ii) quartzo-gabros granulitizados tipos QG1 e QG2. O primeiro tipo apresenta composição
de magma transicional toleítico/cálcio-alcalino, exibindo ERTL mais diferenciados e ERTP menos
enriquecidos. O segundo tipo tem também composição de magma transicional toleítico/cálcio-alcalino e ETR
muito diferenciados registrando fraca anomalia positiva de Eu; (iii) tonalitos granulitizados tipo T1 e T2. No
tipo T1, aqueles com ETRL mais enriquecidos apresentam caráter toleítico, enquanto aqueles com ETRL
69
menos enriquecidos são cálcio-alcalino, além disso os ETRL são muito fracionados. Os do Tipo T2 exibem
composição de magma transicional toleítico/cálcio alcalino e ETR bastante diferenciados, com ERTL
enriquecidos e ETRP pouco enriquecidos, apresentando anomalias positivas de Eu e; (iv) álcali-feldspato
sienitos de composição alcalina com ETR muito fracionado e enriquecido exibindo fraca anomalia positiva
de Eu que coincide com os dados apresentados por Oliveira (1995). O QG1 e o T1 apresentam padrões de
ETR com características semelhantes, assim como o QG2 e o T2. Os diques máficos que intrudiram as
rochas do embasamento são principalmente basaltos e subordinadamente andesito de composição
predominantemente toleítica, com seus padrões de ETR pouco fracionados e moderadamente enriquecidos.
} }
Fácies granullito
Metamorfismo
Progressivo Dn e Dn+1
Opx + Mesopertita
Metamorfismo
Retrógrado } Fácies Anfibolito
Opx Æ Cpx +
± Am
variando desde baixo á alto ângulo para sudoeste. Esse evento deformacional, de idade neoproterozoica
(Karmann 1987), estaria associadoa um metamorfismo (M2) do fácies anfibolito baixo/xisto-verde,
representado no OISC pela paragênese biotita, epidoto e clorita e na BRP pela paragênese actinolita, albita,
espinélio e clorita. Relacionado a este evento deformacional neoproterozóico, observa-se no embasamento,
em áreas localizadas, foliação milonítica (Sn+2) correspondente à zona de cisalhamento presente na BRP,
cujos planos estão orientados preferencialmente na direção N141º e N157º, com mergulhos variando desde
baixo à alto ângulo. Vale ressaltar que, a foliação milonítica (Sn+2) registrada no embasamento e as zonas de
cisalhamento presentes na Bacia apresentam orientação próxima àquela observada na zona de cisalhamento
de Potiraguá, em torno de N135º.
OISC
} Fácies Anfibolito Baixo/Xisto verde
Cpx ± Am Æ Bt ± Ep ± Chl
BRP
} Fácies Xisto verde
Quanto as deformações rúpteis são notadas no embasamento granulítico, três conjuntos bem distintos de
falha e fratura: N130º, N090º e N015º, em ordem decrescente de predominância. Os diques máficos de idade
entre 1.1 e 1.0 Ga (Renné et al. 1990), que ocorrem por todo o embasamento da BRP, aproveitaram
principalmente as de fraturas de direção N090º para sua colocação. Na BRP verificou-se também, três
conjuntos bem distintas de fraturamento N036º, N250º e N151º, em ordem decrescente de predominância.
Em algumas delas verifica-se veios de quartzo ou calcita.
71
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALKMIM F.F., BRITO NEVES B.B., ALVES J.A.C. 1993. Arcabouço tectônico do Cráton do São
Francisco: uma revisão. In: A. Misi & J.M.L. Dominguez (eds.), O Cráton do São Francisco,
Salvador, SBG, 45-62.
ALLMENDINGER R. W. 2002. Stereonet for Windows. Cornell University, Ithaca, New York. In site:
<http://www.geo.cornell.edu/geology/faculty/RWA/RWA.html>.
ALMEIDA F.F.M. 1967. Origem e evolução da plataforma brasileira. Rio de Janeiro, DNPM-DGM,
Boletim, 241, 36p.
ALMEIDA F.F.M. 1969. Diferenciação tectônica da plataforma brasileira. In: SBG, Congr. Bras. Geol.,
23, Salvador, Anais: 29-46.
ALMEIDA F.F.M. 1977. O Cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geoc., 7:349-364.
ALVES DA SILVA F.C., BARBOSA J.S.F., DAMASCENO, J.A. 1996. Estilo deformacional das rochas
de alto grau metamórfico da região de Ipiaú, SE da Bahia. In: SBG, Cong. Bras. Geol., 39, Salvador,
1996. Bol. Res. Expan., 6:262-266.
ARCANJO J.B.A., BARBOSA J.S.F., OLIVEIRA J.E. 1992. Carcterização petrográfica e metamórfica dos
granulitos do arqueano/proterozóico inferior da região de Itabuna – Bahia. Rev. Bras. Geoc. 22(1):
47–55.
BARBOSA J.S.F. 1990. The granulites of the Jequié Complex and Atlantic Mobile Belt, Southern Bahia,
Brazil - An expression of Archean Paleoproterozoic Plate Convergence. In: D Vielzeuf , PH Vidal
(eds.), Granulites and Crustal Evolution. Springer-Verlag, Clermont Ferrand, France, pp. 195-221.
72
BARBOSA J.S.F. & SABATÉ P. 2002. Geological features and the Paleoproterozoic collision of four
Archean crustal segments of the São Francisco Craton, Bahia, Brazil. A synthesis. Anais Acad.
Bras.Cienc., 74:343-359.
BARBOSA J.S.F. &SABATÉ P. 2004. Archean and Paleoproterozoic crust of the São Francisco Cráton,
Bahia, Brazil: eodynamic features. Prec.Res., 133:1-27.
BRITO NEVES, B.B. & CORDANI, U.G. 1973. Problemas geocronológicos do geosinclinal sergipano e
do seu embasamento. In: CONG. BRAS. GEOL. 27, Aracaju, Anais... Aracaju, SBG. 2: 37-76.
BRITO NEVES B.B., SANTOS E.J., VAN SCHMUS W. R. 2000. Tectonic history of the Borborema
province. In: U.G.Cordani, E.J. Milani, A Thomaz Filho, D.A. Campos (eds.) Tectonic Evolution of
the South America. 31st International Geological Congress, 2000, Rio de Janeiro, Brasil, pp. 151-182.
CONCEIÇÃO, H. & OTERO, O.M.F. 1996. Magmatismo granítico e alcalino no estado da Bahia. Uma
epítome do tema. Convénio SICM/SGM/PPPG/UFBA, 133p.
CONCEIÇÃO H., ROSA L.S.R., OBERLI F., RIOS D.C. 2007. Idade U-Pb do dique sienítico Anurí, sul da
Bahia: magmatismo alcalino-potássico paleoproterozóico e sua implicação para a orogenia
transamazônica no Cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geoc., 37(4 - suplemento):61-69.
CORREIA GOMES L.C. & OLIVEIRA E.P. 2002. Dados Sm-Nd, Ar-Ar e Pb-Pb de corpos plutônicos no
sudoeste da Bahia, Brasil: implicações para o entendimento da evolução tectônica no limite
Orogenia Araçuaí – Cráton do São Francisco. Rev. Bras. Geoc., 32:185-196.
CORRÊA GOMES, L.C., ARAÚJO, C.B., TANNER DE OLIVEIRA, M.A.F., CRUZ, M.J.M. 1993.
Mecanismo de intrusão do enxame de diques máficos alcalinos de Itapé. Faixa Atlântica do Craton
do São Francisco, Bahia, Brasil. II Simp. sobre o Cráton do São Francisco, Salvador, Bahia., 115-
118.
CORRÊA-GOMES L.C., OLIVEIRA E.P., BARBOSA J.S.F., SILVA P.C.F. 1998. Tectônica associada à
colocação de diques alcalinos félsicos e máficos neoproterozóicos na Zona de Cisalhamento de
Itabuna-Itajú do Colônia, Bahia, Brasil. Rev. Bras.Geoc., 28:497-508.
COX K.G., BELL J.D., PANKHURST R.J. 1979. The interpretation of igneous rocks. George, Allen and
Unwin, London, 450p.
CRUZ S. C. P. & ALKMIM, F. F. 2006. The tectonic interaction between the paramirim aulacogen and
the araçuaí belt, são francisco craton region, eastern brazil. Anais da Academia Brasileira de
Ciências, Brasil, v. 78, n. 1. p. 151-174.
DELGADO, I.M., PEDREIRA, A.J., THORMAN, C.H. 1994. Geology and Mineral Resources of Brazil: A
Review. International Geology Review, 36:503-544.
EGYDIO-SILVA, M., TROMPETTE, R., KARMANN, I., UHLEIN, A. 1993. A tectônica do Grupo Rio
Pardo no contexto cinemático do Cráton do São Francisco. In: SBG, II Simpósio do Cráton do São
Francisco. Salvador, SBG/SGM, Anais. p. 249-251.
73
FETTES D. & DESMONS J. 2007. Metamorphic Rocks: A Classification and Glossary of Terms.
Cambridge University Press. 256p.
FONASECA A.C. 2010. Geoquímica dos elementos terras raras (ETR). Site: <www.geobrasil.net>. Acesso
em janeiro de 2010.
FUJIMORI, S. 1967. Rochas alcalinas do sul do Estado da Bahia. Notas preliminares e estudos da Divisão
de Geologia e Mineralogia, Rio de Janeiro, 141:3-11.
INDA H.A.V. & BARBOSA J.S.F. 1978. Geologia da Bahia. Texto explicativo para o mapa geológico ao
milionésimo. SICM/SGM, Salvador, 137p.
IRVINE, T. N. & BARAGAR, W. R. A. 1971. A guide to the chemical classification of the volcanic rocks.
Canadian Journal of Earth Sciences. 8: 523-548.
KARMANN, I. 1987. O Grupo Rio Pardo (Proterozóico Médio a Superior): Uma Cobertura Para-
PIataformal da Margem Sudeste do Craton do São Francisco. Instituto de Geociências,
Universidade de São Paulo, São Paulo, Dissertação de Mestrado, 129p.
KRETZ, R. 1983. Symbols for rock-forming minerals. Amer. Mineral., 68, 277-279.
LIMA M.I.C., FONSECA E.G., OLIVEIRA E.P., GHIGNONE J.I., ROCHA R.M., CARMO U.F., SILVA
J.M.R., SIGA JR O. 1981. Folha Salvador (SD.24). Geologia. Texto explicativo. Levantamentos de
Recursos Naturais, Projeto Radambrasil, MME, Brasília, 24:27-192.
LITWINSKI N. 1985. Evolução tectonotermalda região nordeste de Minas Gerais e sul da Bahia. Tese
(Doutorado) – Instituto de Geociências, Universidade de São Paulo, São Paulo. 207p. In: MORAES
FILHO J.C.R. & LIMA E.S. 2007. Região de Itapetinga, sul da Bahia (borda SE do Cráton do São
Francisco): geologia e recursos minerais. CBPM – Companhia baiana de pesquisa mineral. Série
Arquivos Abertos 27. Salvador, Bahia. 60p. (mapa escala 1:250.000 em anexo).
MASCARENHAS, J.F. & GARCIA, T.W. 1989. Mapa Geocronológico do Estado da Bahia-Texto
Explicativo. Salvador, SOM, 189 p. (anexo mapa na escala 1:1.000.000).
MORAES L.J. & GUIMARÃES D. 1930. Geologia da região diamantífera do Norte de Minas Gerais. An.
Acad. Bras. Cienc., 2:153-186.
MORAES FILHO J.C.R. & LIMA E.S. 2007. Região de Itapetinga, sul da Bahia (borda SE do Cráton do
São Francisco): geologia e recursos minerais. CBPM – Companhia baiana de pesquisa mineral. Série
Arquivos Abertos 27. Salvador, Bahia. 60p. (mapa escala 1:250.000 em anexo).
NOCE, C.M., TEIXEIRA, W., QUÉMÉNEUR, J.J.G., MARTINS, V.T.S. & BOLZACHINI, E., 2000.
Isotopic signatures of paleoproterozoic granitoids from the southern São Francisco Craton and
74
implications for the evolution of the Transamazonian Orogeny. Journal of South American Earth
Sciences, Oxford, 13(2):225-239.
PEDREIRA, A.J. 1976. Estrutura da Bacia Metassedimentar do Rio Pardo, Bahia Brasil. In: SBG,
Congresso Brasileiro de Geologia, 29, Ouro Preto, Anais. 2:157-168.
PEDREIRA, A.J. 1979. Possible evidence of a precambrian continental collision in the Rio Pardo Basin of
Eastern Brazil. Geology, 7:445-448.
PEDREIRA A.J. 1999. Evolução sedimentar e tectônica da Bacia do Rio Pardo. Rev. Bras. Geoc., 29:339-
344.
PEDROSA-SOARES, A.C. & NOCE, C.M. 1998. Where is the suture zone of the Neoproterozoic Araçuaí-
West-Congo orogen? In: Conference on Basement Tectonics, 14, Ouro Preto. UFOP, Extended
Abstracts, p. 35-37.
PEDROSA-SOARES A.C. & WIEDEMANN-LEONARDOS C.M. 2000. Evolution of the Araçuaí Belt
and its connection to the Ribeira Belt, Eastern Brazil. In: U.G. Cordani, E.J. Milani, A. Thomaz-
Filho, D.A. Campos (eds.), Tectonic Evolution of South America. Rio de janeiro, IGC Brazil 2000,
265-285.
PEDROSA SOARES A. C., NOCE C. M., VIDAL, PH., MONTEIRO R. B. P. 1992. Toward a new tectonic
model for the Late Proterozoic Araçuaí: (SE Brazil)- West Congolian (SW Africa) Belt. Journal of
South America Earth Science, 6:33-47.
PEDROSA-SOARES A.C., VIDAL F., LEONARDOS O.H., BRITO-NEVES B.B. 1998. Neoproterozoic
oceanic remnants in eastern Brazil: further evidence and refutation of an exclusively ensialic
evolution for the Araçuaí-West Congo orogen. Geology, 26:519-522.
PEDROSA-SOARES A.C., NOCE C.M., WIEDMANN C.M., PINTO C.P. 2001. The Araçuaí-West-Congo
Orogen in Brazil: an overview of a confined orogen formed during Gondowanaland assembly.
Precamb. Resear., 110:307-323.
PEDROSA-SOARES A.C., NOCE C.M., ALKMIM F.F., SILVA L.C., BABINSKI M., CORDANI U.,
CASTAÑEDA C. 2007. Orógeno Araçuaí: síntese do conhecimento 30 anos após Almeida 1977.
GEONOMOS 15(1): 1 – 16.
PEDROSA-SOARES, A.C., ALKMIM, F.F., TACK, L., NOCE, C.M., BABINSKI, M., SILVA, L.C.,
MARTINS-NETO, M.A. 2008. Similarities and differences between the Brazilian and African
counterparts of the Neoproterozoic Araçuaí-West-Congo orogen. Geological Society, London,
Special Publications, 294.
RENNÉ P.R., ONSTOTT T.C., D’AGRELLA-FILHO M.S., PACCA I.G., TEIXEIRA W. 1990. 40Ar/39Ar
dating of 1.0-1.1 Ga magnetizations from the São Francisco and Kalahari Cratons: Tectonic
implications for Pan-African and Brasiliano mobile belts. Ear. Planet. Sci. Let., 101:349-366.
ROCHA A. J. D. & RAMOS M. A. B. 2000. Programa de informação para gestão territorial. Projeto
Porto Seguro-Santa Cruz Cabrália. Geologia. Escala 1:100.000. Ministério de Minas e Energia.
Governo do Estado da Bahia. CPRM – Serviço geológico do Brasil, CBPM – Companhia Baiana de
Pesquisa Mineral e DDF – Diretoria de Desenvolvimento Florestal. 44p.
75
ROSA M.L.S. 1994. Magmatismo shoshonítico e ultrapotássico no sul do cinturão móvel Salvador-
Curaça, maciço de São Félix: geologia, mineralogia e geoquímica. Instituto de Geociências,
Universidade Federal da Bahia, Salvador, Dissertação de Mestrado, 241p.
ROSA M.L.S., CONCEIÇÃO H., MARINHO M.M., MACAMBIRA M.J.B., MARQUES L.S. 2002.
Geochronology of the South Bahia Alkaline Province (NE Brazil). Geoch. Cosmoch. Acta, 66:
A648.
ROSA M.L.S., CONCEIÇÃO H., MACAMBIRA M.J.B., MARINHO M.M., MARQUES L.S. 2003. Idade
(Pb-Pb) e aspectos petrográficos e litogeoquímicos do Complexo Floresta Azul, Sul do Estado da
Bahia. Rev. Bras. Geoc., 33(1):13-20.
RICHARD L.R. 1995. Mineralogical and petrological data processing system for Windows, version 2.02.
Minpet Geological Software – Logiciel Géologique Minpet, Quebec.
SAMPAIO A.R., MARTINS A.M., LOUREIRO H.C., ARCANJO J.B., MORAES FILHO J.C., SOUZA
J.D., PEREIRA L.H., COUTO P.A., SANTOS R.A., MELO R.C., BENTO R.V., BORGES V.P. 2004.
Projeto extremo sul da Bahia: geologia e recursos minerais. CBPM – Companhia baiana de pesquisa
mineral. Série Arquivos Abertos 19. Salvador, Bahia. 54p. (mapa escala 1:250.000 em anexo).
SILVA FILHO M.A., MORAES FILHO O., GIL C.A.A., SANTOS R.A. 1974. Projeto sul da Bahia:
relatório final, geologia da folha SD.24-Y-D. Salvador. CPRM, Convênio DNPM-CPRM, il. color. v.
1. 72p.
SPEAR, F.S. 1993. Metamorphic Phase Equilibria and Pressure-Temperature-Time Paths. Mineralogical
Society of America Monograph. 2nd. Print. 1995. Printed Book Crafters Inc. Chelsea,Mich.,USA.
STRECKEISEN, A. 1976. To each plutonic rock its proper name. Earth Sci. Rev. 12: 1-33.
SUN S. S & MCDONOUGH W.F. 1989. Chemical and isotopic systematics of oceanic basalts:
implications for mantle composition and processes. In: MAGMATISM IN THE OCEAN BASINS.
Geological Society, Colorado, USA, Special publication. (42): 313-345.
VILAS BÔAS G.S., SAMPAIO S.J., PEREIRA A.M.S. 2001. The Barreiras Group in the Northeastern
coast of the State of Bahia, Brazil: depositional mechanisms and processes. Anais Acad. Bras.
Cienc. 73(3):417-427.
USSAMI N. 1993. Estudos geofísicos no Cráton do São Francisco: estágio atual e perspectivas. In: J.M.L
Dominguez & A. Misi (eds.). In: SBG, Simp. Cráton do São Francisco, 2, Salvador, Bahia, Brasil.
SBG/SGM/CNPq, Spec. Psubl., 35-62.
76
APÊNDICES
APÊNDICE I.
FICHAS
PETROGRÁFICAS.
78
Fotografia / Fotomicrografia
Pl Pl Pl Pl
Qz Qz
Cpx Cpx
Pl Opx Pl
Opx
Opx Qz Cpx Opx Qz
Opx Opx Cpx
Bt Pl Op Op
Bt Pl
Fotografia / Fotomicrografia
Fotografia / Fotomicrografia
Fotografia / Fotomicrografia
Fotografia / Fotomicrografia
Fotografia / Fotomicrografia
Fotografia / Fotomicrografia
Fotografia / Fotomicrografia
APÊNDICE II.
MAPA
GEOLÓGICO
450.762 470.762
119
23 6
B A- 6 7
62
Mapa Geológico
ç a 87
lia n
uA
R
io 40 GEOLOGIA
Una o
17
Depósitos Sedimentares Recentes (Cenozoico)
8.312.144
8.312.144
63 30 Depósitos Aluviais: Sedimentos arenosos, areno-argilosos e cascalhos
87
na base.
12 15 Grupo Barreiras: Sedimentos areno-cascalhosas depositados por
Arataca m
fluxos de detritos em ambiente seco a subaquoso.
li
14
ge
An
Bacia Metassedimentar do Rio Pardo (Neoproterozoico)
b.
Ri
Formação Salobro: Conglomerados polimíticos, arcóseos e grauvacas.
Formação Camacã: Metassiltito, metargilito, metarenito, metacálcario
dolomítico e lentes de metacálcario.
Formação Panelinha: Metaconglomerados polimitícos, metagrauvacas
35 e metarcóseos.
Diques Máficos (Mesoproterozoico)
do M eio
87 Diques máficos de granulometria entre fina e grossa, coloração cinza
escuro e levemente esverdeado, espessuras variadando de centimé-
tricas a métricas e formas retilíneas.
R ib .
Orógeno Itabuna-Salvador-Curaçá (Arqueano-Paleoproterozoico)
80 Alcali-feldspato sienito de coloração cinza rosada, granulometria média à
grossa, por vezes porfirítica, fraturado e foliado.
i Tonalito granulitizado com coloração cinza esverdeada, granulometria
an média a grossa, encontra-se fraturado, gnaissificado.
a
r
ne linh
G ua
Quartzo-gabro granulitizado de coloração cinza esverdeada, granulometria
75 b.
Ri fina a média, encontra-se fraturado, foliado.
o Pa
b. Á
gua Fri a
70 Direção mergulho de zona de cisalhamento.
Có
30 r.M
80 Direção e mergulho de foliação.
BR-1
r
29 40
BA
oq
uim
-9
72
76
01
R o
io Sã imagem SRTM.
P 49 oP
ne ed
a
71 ro TOPONÍMIA
Có r r
l
inh
S Estradas e rodovias
.
68
a
çara
er
ro
37 34 Drenagem
te
Ju
Área urbana
rr.
33
Có
28
50
45°0'0"W 40°0'0"W 35°0'0"W
50 BA-
27 0 PERNAMBUCO
PIAUÍ
5 75 MARANHÃO
10°0'0"S
10°0'0"S
ALAGOAS
Camacã 20
E
IP
Co
TOCANTINS
r r. d o Our
RG
Ri o
SE
oP
a n elã
8.292.144
8.292.144
Santa Luzia
O
co
o
IC
BAHIA
BR-101
NT
is
LÂ
r a nc
65 Salvador
GOIAIS
AT
Có
rr. P
o F
ÁREA DE
NO
reto
15°0'0"S
15°0'0"S
Córr. da A TRABALHO
EA
Sã
re i
OC
a
Ri
o
MINAS GERAIS
0 150 km
Rib.
Sa ES
lo
b ro
45°0'0"W 40°0'0"W 35°0'0"W
Ri
.C
b
o
r aç
ão
Có
rr.
12
do
15
km
Pe
Coord. UTM 0 1 2 4
ix o
Zona 24 L Sul
to
450.762 470.762