Concurso de Crimes e Concurso de Pessoas
Concurso de Crimes e Concurso de Pessoas
Concurso de Crimes e Concurso de Pessoas
Volta Redonda
Julho/2021
Concurso de Pessoas e Concurso de Crimes
Volta Redonda
Julho/2021
I. Introdução.
Tendo em vista o entendimento de que cabe ao Direito Penal tutelar
as ofensas mais graves aos valores máximos da existência social, os
bens jurídicos, destaca-se o esforço do autor em arquitetar,
observando a letra fria da lei e ao conjunto argumentativo doutrinário
nacional, um documento íntegro e autêntico acerca do tema:
concurso de pessoas e concurso de crimes. Para fazê-lo, no entanto,
faz-se necessário que se construa, inicialmente, um estudo prévio
sobre os conceitos basilares dos institutos em questão. São eles:
conceito de
autoria, autor, coautoria e participação.
Por fim, não poderíamos deixar de alertar o leitor acerca dos casos
em que a designação de autoria mediata não vale, isto é, quando o
intermediário é consciente - e por isso, é inteiramente responsável
pelas consequências de seus atos -, assim como, nos casos de
delitos especiais de mão própria em que, por sua vez, só pode haver
participação – falso testemunho ou falsa perícia, art. 342, CP.
I. Concurso de Pessoas.
Em uma análise de nada simplória, desenvolveremos a problemática
em questão de modo muito além do estudo oriundo da interpretação
objetiva dos arts. 29 a 31 do Código Penal Brasileiro. Vabe ressaltar,
contudo, que a hermenêutica penal será, notadamente, o ponto de
partida de nossa reflexão.
TÍTULO IV
DO CONCURSO DE PESSOAS
Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas
penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena
pode ser diminuída de um sexto a um terço. (Redação dada pela Lei
nº 7.209, de 11.7.1984)
§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime
menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será
aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado
mais grave. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Circunstâncias incomunicáveis
Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições
de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime. (Redação
dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Casos de impunibilidade
Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio,
salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime
não chega, pelo menos, a ser tentado.
i. Conceito.
Em linhas genéricas e objetivas, entende-se como concurso
de pessoas a colaboração empreendida por duas ou mais
pessoas para a realização de uma ação típica, antijurídica e
culpável. Ao buscarmos um olhar mais apurado, recorremos a
Bitencourt:
v. Circunstâncias Incomunicáveis.
Ao nos limitarmos a leitura do Código Penal - art. 30 - Não se
comunicam as circunstâncias e as condições de caráter
pessoal, salvo quando elementares do crime -, extraímos a
seguinte definição acerca de nosso tópico atual: são as
circunstâncias que não alcançam os coautores ou partícipes
do delito, pois incidem exclusivamente sobre o autor ou
executor do verbo da infração penal. Contudo, a partir da
mesma orientação de análise, nos deparamos com a sentença
“salvo quando elementares do crime”. Para distinguirmos os
termos, recorreremos a Masson:
iv. Limite das penas: conforme previsto no art. 75, caput, exige-
se que o tempo de consagração das penas privativas de
liberdade não extrapole o limite de quarenta anos. Outra
importante questão a ser avaliada, seria o caso de cúmulo
material benéfico, em que, tendo em vista a sua consonância
com o artigo citado, impossibilita que a regra de concurso
formal perfeito material – o mesmo se observa no crime
continuado - ultrapasse o quantum de pena que seria obtido
pela regra do concurso material. Logo, se um indivíduo se
dispõe a praticar 10 latrocínios, cuja punição seria de 300
anos, em virtude das regras do concurso material, será
tutelado pelo art. 75 do CP e contrairá pena de 40 anos. No
entanto, alerta-se que seus benefícios de progresso
(progressão, livramento etc.) estarão atrelados a partir de sua
condenação inicial, ou seja, ele terá que cumprir 1/6 de 300
para pleitear a progressão, mas necessariamente será liberto
após 40 anos.