Concurso de Crimes E1647381297
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Concurso de Crimes
SISTEMA DE ENSINO
Livro Eletrônico
DIREITO PENAL
Concurso de Crimes
Douglas Vargas
Sumário
Concurso de Crimes.........................................................................................................................................................3
1. Concurso de Crimes.. ...................................................................................................................................................3
1.1. Espécies do Concurso de Crimes. . ....................................................................................................................4
1.2. Sistemas de Aplicação da Pena.......................................................................................................................5
1.3. Sistemas Adotados pelo CP...............................................................................................................................6
2. Concurso Material.. .....................................................................................................................................................6
2.1. Aplicação da Pena no Concurso Material ou Real.................................................................................7
3. Concurso Formal..........................................................................................................................................................8
3.1. Concurso Formal Próprio.....................................................................................................................................8
3.2. Concurso Material Benéfico.............................................................................................................................11
3.3. Concurso Formal Impróprio.............................................................................................................................12
4. Crime Continuado.. .....................................................................................................................................................13
4.1. Requisitos. . .................................................................................................................................................................14
4.2. Espécies do Crime Continuado.. .....................................................................................................................15
4.3. Sistema de Aplicação da Pena nos Crimes Continuados. ...............................................................16
5. Jurisprudência Aplicada.. .......................................................................................................................................17
Resumo.................................................................................................................................................................................19
Questões de Concurso.................................................................................................................................................21
Gabarito...............................................................................................................................................................................27
Gabarito Comentado.................................................................................................................................................... 28
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CONCURSO DE CRIMES
Olá, querido(a) aluno(a)!
Compreender a prática de uma única infração penal por um só autor já é algo que requer
um bom entendimento de nossa disciplina. No entanto, é hora de dar o próximo passo e aden-
trar as possibilidades de concurso no Direito Penal.
Especificamente na aula de hoje, nosso tema será único: concurso de crimes.
Iremos entender de forma detalhada que acontece na situação acima. Vamos aprender de
uma forma simples e direta como funcionam os institutos do concurso de crimes.
Ao final, como de praxe, faremos uma lista de exercícios mista, finalizando nossa prática
com questões complementares quando for necessário.
Espero que tenham um estudo proveitoso.
Lembrando que estou sempre às ordens dos senhores no fórum de dúvidas e também nas re-
des sociais (@teoriainterativa no Instagram). Contem comigo caso precisem de alguma orientação!
Bons estudos!
1. Concurso de Crimes
O concurso de crimes ocorre quando o autor, mediante UMA ou VÁRIAS ações ou omis-
sões, pratica DOIS ou mais crimes.
O conceito de concurso de crimes é simples: temos mais de um crime em uma determi-
nada situação, que foi praticado pelo mesmo autor, por meio de uma ou mais de uma ação
ou omissão.
Logo de início já podemos extrair uma informação importante desse conceito:
É possível que um determinado autor pratique mais de um crime com uma única ação ou omissão.
Mas não vamos nos precipitar. Antes de apresentar o tratamento específico de cada caso,
precisamos tratar de dois tópicos básicos: as espécies do concurso de crimes e os sistemas
de aplicação da pena. Comecemos pelo primeiro.
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Cada tipo de concurso de crimes irá resultar em uma consequência no cálculo da pena do
autor. Isso ocorre, pois, cada espécie adota um tipo de sistema de aplicação da pena.
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Agora sim. Já conhecemos o conceito do concurso de crimes, quais são suas espécies e
quais são os sistemas adotados pelo CP. Podemos finalmente adentrar cada uma das espé-
cies de forma pontual, e tratar de suas características. Vamos em frente!
2. Concurso Material
Como você já sabe, o concurso material ocorre quando o autor pratica mais de uma ação
ou omissão para praticar mais de um crime.
Também chamado de concurso REAL, o concurso material se divide nas seguintes espécies:
Um agente delitivo decide sequestrar a filha de um indivíduo muito rico para obter vantagem
financeira com o resgate (extorsão mediante sequestro – art. 159 CP).
Durante o tempo em que a vítima estava em cativeiro, o autor pratica um estupro contra ela
(Art. 213 CP).
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Nessa situação, mediante duas condutas diferentes, o autor praticou dois crimes distintos.
Configura-se o concurso material heterogêneo.
É possível que uma mesma conduta criminosa possua vários ATOS. Entretanto, nesses
casos, estará configurado um único crime, e não há que se falar em concurso de crimes.
Por exemplo:
Um agente delitivo pula o muro de uma residência, subtraindo oito pertences da vítima, que
estava dormindo.
Na situação acima, o agente delitivo perpetrou vários atos, mas a sua conduta foi apenas
uma: subtrair coisa alheia móvel (Art. 155 CP). Não há o concurso material de oito delitos de
furto. Apenas um único furto foi praticado, mediante diversos atos.
Concurso material
CP, art. 69 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido.
No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela.
Além disso, é recomendável realizar a leitura dos parágrafos do art. 69, a saber:
CP, art. 69, § 1º - Na hipótese deste artigo, quando ao agente tiver sido aplicada pena privativa de
liberdade, não suspensa, por um dos crimes, para os demais será incabível a substituição de que
trata o art. 44 deste Código.
§ 2º - Quando forem aplicadas penas restritivas de direitos, o condenado cumprirá simultaneamente
as que forem compatíveis entre si e sucessivamente as demais.
Dessa forma, note que em caso de concurso material, se for aplicada pena privativa de
liberdade não suspensa para um dos crimes praticados, não mais será cabível a substituição
da pena privativa de liberdade por restritiva de direitos para os demais crimes praticados no
concurso em análise.
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3. Concurso Formal
Também chamado de concurso ideal, o concurso formal consiste na prática de dois ou
mais crimes com apenas uma ação ou omissão.
Da mesma forma que o concurso material, também é classificado em homogêneo e hete-
rogêneo, do ponto de vista da natureza dos delitos praticados:
O concurso formal possui ainda uma outra classificação: concurso formal impróprio e
concurso formal próprio. Essa segunda classificação é ainda mais importante, pois influi no
tipo de sistema de cálculo de pena que será aplicada! Vejamos:
Concurso formal
CP, art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idên-
ticos ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas
aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
O concurso formal próprio ou perfeito, portanto, resulta na aplicação da pena mais grave au-
mentada de 1/6 a 1/2 ou, no caso de penas iguais, apenas uma das penas, aumentadas de 1/6 a 1/2.
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Essa é uma excelente pergunta. O critério para decidir se o aumento deve ser de 1/6 ou su-
perior, segundo a doutrina e posicionamento mais recente do STJ, é de que se deve quantificar
da seguinte forma:
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Uma vez que já sabemos como calcular a pena no caso de concurso formal próprio, preci-
samos conhecer em quais situações tal instituto será aplicável. São três:
Cabe observar que a questão dos crimes dolosos sem desígnios autônomos já foi objeto de
jurisprudência tanto do STF quando do STJ, que confirmaram que a prática do crime de roubo com
ofensa a diversas vítimas configura hipótese de concurso formal. Veja os julgados sobre o tema:
JURISPRUDÊNCIA
Praticado o crime de roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas no mesmo
contexto fático, resta configurado o concurso formal próprio, e não a hipótese de crime
único, visto que violados patrimônios distintos. (...)”
STJ. 6ª Turma. HC 197684/RJ, Rel. Min. Sebastião Reis Júnior, julgado em 18/06/2012.
STJ. 6ª Turma. AgRg no REsp 1189138/MG, Rel. Min. Maria Thereza de Assis Moura, jul-
gado em 11/06/2013.
STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2018.
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JURISPRUDÊNCIA
O sujeito entra no ônibus e, com arma em punho, subtrai apenas os bens que estavam
na posse do cobrador de ônibus: R$ 30,00 e um aparelho celular, pertencentes ao funcio-
nário, e R$ 70,00 que eram da empresa de transporte coletivo. Quantos crimes ele terá
praticado? Um único crime (art. 157, § 2º, I, do CP).
Segundo decidiu o STJ, em caso de roubo praticado no interior de ônibus, o fato de a con-
duta ter ocasionado violação de patrimônios distintos (o da empresa de transporte cole-
tivo e o do cobrador) não descaracteriza a ocorrência de crime único se todos os bens
subtraídos estavam na posse do cobrador.
STJ. 5ª Turma. AgRg no REsp 1.396.144-DF, Rel. Min. Walter de Almeida Guilherme
(Desembargador Convocado do TJ/SP), julgado em 23/10/2014 (Info 551).
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Roubo praticado no interior de ônibus atin-
gindo patrimônios distintoso. Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://
www.buscadordizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/84438b7aae55a0638073e-
f798e50b4ef>. Acesso em: 26/02/2022
O sistema da exasperação não se aplica à pena de MULTA. Pena de multa é sempre aplicada
de forma cumulativa.
Indivíduo praticou dois crimes, com uma única ação (concurso formal). A pena do primeiro delito
foi fixada em 20 anos de reclusão, enquanto a do segundo delito foi fixada em 1 ano de detenção.
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Nessa situação, a aplicação do regramento do concurso material seria benéfica para o au-
tor (reduzindo em mais de 2 anos o total da pena cominada a sua conduta).
Quando isso acontece, deve-se substituir o sistema da exasperação pelo sistema do cú-
mulo material, por expressa previsão no art. 70, parágrafo único do CP – que veda que a pena
aplicada ao concurso formal exceda a pena cabível para o caso de concurso material! Veja só:
CP, art. 70, Parágrafo único: Não poderá a pena (do concurso formal) exceder a que seria cabível
pela regra do art. 69 (concurso material) deste Código.
Art. 70, CP, Segunda parte: As penas aplicam-se, entretanto, cumulativamente, se a ação ou omis-
são é dolosa e os crimes concorrentes resultam de desígnios autônomos, consoante o disposto no
artigo anterior.
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Por exemplo:
Kyle, portanto, praticou uma única ação e dois crimes (duplo homicídio). No entanto, note
que ele tinha a intenção de levar ambas as vítimas a óbito. Por isso, incorreu no chamado con-
curso formal imperfeito ou impróprio.
Como você já sabe, adota-se o sistema do cúmulo material, do mesmo modo que no con-
curso material de crimes. Dessa forma, quando estamos diante de concurso formal impróprio
ou imperfeito, as penas dos delitos devem ser somadas (aplicadas cumulativamente).
4. Crime Continuado
A última categoria de concurso de crimes é a dos crimes continuados.
Crime Continuado
CP, art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
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O conceito de crime continuado é um pouco abstrato. Mas com um exemplo, fica fácil entender:
Na prática, portanto, Samwell praticou 20 delitos de furto. Entretanto, por expressa previ-
são do art. 71 do CP, será responsabilizado por apenas um furto, em continuidade delitiva. Note
que houve mera decisão do legislador em considerar tal situação como um único crime.
4.1. Requisitos
Não é sempre que se poderá aplicar o regramento da continuidade delitiva. A doutrina e a
jurisprudência determinam diversos requisitos para sua configuração. Vejamos quais são eles:
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JURISPRUDÊNCIA
De acordo com a Teoria Mista, adotada pelo Código Penal, mostra-se imprescindível, para
a aplicação da regra do crime continuado, o preenchimento de requisitos não apenas
de ordem objetiva — mesmas condições de tempo, lugar e forma de execução — como
também de ordem subjetiva — unidade de desígnios ou vínculo subjetivo entre os eventos.
STJ. 6ª Turma. HC 245156/ES, Rel. Min. Nefi Cordeiro, julgado em 15/10/2015.
Fonte: CAVALCANTE, Márcio André Lopes. Unidade de desígnio: teoria objetivo-subjetiva
(teoria mista). Buscador Dizer o Direito, Manaus. Disponível em: <https://www.buscador-
dizerodireito.com.br/jurisprudencia/detalhes/df0aab058ce179e4f7ab135ed4e641a9>.
Acesso em: 26/02/2022
A teoria mista, adotada para a caracterização dos crimes continuados, também é chamada,
por alguns, de teoria objetivo-subjetiva.
Crime continuado
CP, art. 71 - Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem
os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplica-se-lhe a pena de um só dos crimes,
se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços.
Parágrafo único. Nos crimes dolosos, contra vítimas diferentes, cometidos com violência ou grave
ameaça à pessoa, poderá o juiz, considerando a culpabilidade, os antecedentes, a conduta social e
a personalidade do agente, bem como os motivos e as circunstâncias, aumentar a pena de um só
dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, até o triplo, observadas as regras do parágrafo
único do art. 70 e do art. 75 deste Código.
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A divisão é a seguinte:
Existe decisão do STJ no sentido de que “em caso de estupro de vulnerável praticado contra
duas ou mais vítimas, mediante violência presumida, não há continuidade delitiva específica
(art. 71, parágrafo único, do CP).
Isso porque a violência de que trata a continuidade delitiva especial é a real, não abarcando a violên-
cia presumida.” (STJ. 5ª Turma. HC 232709/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 25/10/2016).
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Entretanto, essa é a regra aplicável ao art. 71, caput (crime continuado), de modo que o art.
71, parágrafo único (crime continuado específico) apresenta a própria regra, mais específica.
Comparando, temos o seguinte:
Pronto! Agora você já conhece as três hipóteses do concurso de crimes, e as nuances so-
bre a seleção do sistema de aplicação da pena.
5. Jurisprudência Aplicada
Tipificação do latrocínio quando um único patrimônio foi atingido, mas houve plurali-
dade de mortes.
STJ: concurso formal impróprio.
STJ. 5ª Turma. AgRg no HC 534.618/MS, Rel. Min. Jorge Mussi, julgado em 22/10/2019.
STF e doutrina majoritária: um único crime de latrocínio.
STF. 1ª Turma. RHC 133575/PR, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 21/2/2017 (Info 855).
Roubo e extorsão- Possibilidade de continuidade delitiva
Não há continuidade delitiva entre os crimes de roubo e extorsão, ainda que praticados
em conjunto. Isso porque, os referidos crimes, apesar de serem da mesma natureza, são
de espécies diversas.
STJ. 5ª Turma. HC 435.792/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 24/05/2018.
STF. 1ª Turma. HC 114667/SP, rel. org. Min. Marco Aurélio, red. p/ o ac. Min. Roberto Bar-
roso, julgado em 24/4/2018 (Info 899).
Fonte: Dizer o direito.
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RESUMO
Concurso de Crimes
• O concurso de crimes ocorre quando o autor, mediante UMA ou VÁRIAS ações ou omis-
sões, pratica DOIS ou mais crimes.
• É possível que um determinado autor pratique mais de um crime com uma única ação
ou omissão!
Espécies
• Concurso Material
− O agente realiza mais de uma ação ou omissão para praticar mais de um crime.
• Concurso Formal
− O agente realiza uma única ação ou omissão, para praticar mais de um crime.
• Crime Continuado
− O agente realiza mais de uma ação ou omissão para praticar mais de um crime. Po-
rém, pelas condições de tempo, lugar, modo de execução e outras características,
considera-se que os crimes subsequentes são continuação do primeiro delito.
Ato x Conduta
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Utiliza-se o chamado sistema do cúmulo material. As penas dos delitos praticados deverão
ser somadas!
Crime Continuado
• Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes
da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.
• Requisitos:
− Os crimes devem ser da mesma espécie;
− Pluralidade de condutas;
− O tempo entre um delito e outro não pode ser superior a 30 dias.
− O modus operandi (maneira de execução) deve ser parecido;
− Segundo STF e STJ, deve haver unidade de desígnios ligando as condutas praticadas
em continuidade delitiva.
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QUESTÕES DE CONCURSO
001. (FGV/2022/DPE-MS/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) De acordo com a orientação
dos Tribunais Superiores, quando o agente rouba a agência dos Correios e, durante a ação,
desarma um vigilante e se apropria de sua arma de fogo, deverá ser reconhecida a hipótese de:
a) concurso material;
b) concurso formal próprio;
c) concurso formal impróprio;
d) continuidade delitiva.
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d) princípio da consunção
e) crime continuado.
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c) igual à pena mais grave isoladamente aplicável por qualquer dos crimes.
d) além daquela mais grave e até a somatória aritmética das penas isoladamente aplicáveis
aos crimes.
e) além da somatória aritmética das penas isoladamente aplicáveis aos crimes.
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GABARITO
1. b
2. C
3. e
4. d
5. e
6. a
7. C
8. E
9. C
10. C
11. C
12. d
13. c
14. a
15. a
16. c
17. a
18. e
19. e
20. a
21. d
22. d
23. d
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GABARITO COMENTADO
001. (FGV/2022/DPE-MS/DEFENSOR PÚBLICO SUBSTITUTO) De acordo com a orientação
dos Tribunais Superiores, quando o agente rouba a agência dos Correios e, durante a ação,
desarma um vigilante e se apropria de sua arma de fogo, deverá ser reconhecida a hipótese de:
a) concurso material;
b) concurso formal próprio;
c) concurso formal impróprio;
d) continuidade delitiva.
Para o STJ, o roubo praticado contra vítimas distintas, em um mesmo contexto fático, caracte-
rizará o concurso formal próprio:
Praticado o crime de roubo mediante uma só ação contra vítimas distintas no mesmo
contexto fático, resta configurado o concurso formal próprio, e não a hipótese de crime
único, visto que violados patrimônios distintos. (...)
STJ. 5ª Turma. HC 455.975/SP, Rel. Min. Ribeiro Dantas, julgado em 02/08/2018.
Letra b.
Súmula 711-STF: A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime per-
manente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
Certo.
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A situação apresentada caracteriza apenas um crime de furto, tendo em visto que o patrimônio
atingido é um só. Vislumbram-se, na espécie, dois sujeitos passivos do delito, aos quais perten-
cia o bem, mas tão somente um objeto material, resultado na prática de um único delito de furto.
Letra e.
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Questão que extrapola o conteúdo programático da aula de hoje, mas que é importante para
contextualizar alguns conceitos.
Quando falamos em concurso de crimes, temos o reconhecimento da prática de mais de um
fato típico em um determinado contexto, e podemos, de acordo com o desígnio do autor, clas-
sificar o referido concurso em material ou formal.
No caso narrado na assertiva, no entanto, temos uma situação diferente, na qual há a absorção
de uma conduta menos gravosa por uma mais gravosa, e não um concurso de crimes nos mol-
des apresentados em nossa aula.
Apresentar a questão no contexto do presente PDF não tem como objetivo que você entenda
de forma aprofundada a consunção – mas apenas que seja capaz de identificar essa possível
estratégia utilizada pelo examinador para te confundir na hora da prova.
Letra e.
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Conforme estudamos, define-se a “mesma espécie” por meio do tipo penal (mesmo artigo).
Assim sendo, enquadram-se na definição de como delitos de mesma espécie o homicídio qua-
lificado e o homicídio culposo.
Letra a.
O examinador falou difícil para te confundir, mas a afirmação está correta. No concurso formal
impróprio temos a intenção do agente de praticar mais de um delito, com uma única ação ou omis-
são. No concurso formal próprio, por sua vez, é aquele em que o agente pratica mais de um crime
mediante uma única ação uma omissão, mas sem o desígnio autônomo de praticar vários delitos!
Certo.
Nada disso. Nesse caso, temos uma ação e vários crimes: Trata-se de concurso formal, e não material!
Errado.
A chave desta questão está no termo PODERÁ. Oras, a pessoa poderá sim responder por con-
curso formal próprio ou impróprio, a depender de sua intenção!
Se a intenção era matar duas pessoas com um único tiro, responderá por concurso formal im-
próprio. Do contrário, deverá ser utilizado o sistema do concurso formal próprio para calcular
a pena a ser cominada!
Certo.
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É isso mesmo! Esses são os sistemas adotados pelo Código Penal, exatamente como estu-
damos. São selecionados de acordo com o tipo de concurso de crimes que for praticado no
caso concreto!
Certo.
Juca tinha a intenção de praticar vários delitos (vários homicídios e lesões) com um único ato
(o arremesso de uma única bomba incendiária), de modo que deve ser responsabilizado com
base em concurso formal imperfeito ou impróprio.
Certo.
O examinador quis complicar um assunto simples utilizando uma maneira obscura de descre-
ver as limitações do cálculo da pena no concurso formal de crimes.
A pena, no concurso formal, será maior do que a pena do crime mais grave (ou seja, irá além daquela
mais grave) pois deve ser aumentada de 1/6 até a metade, mas não deverá ser maior do que a soma-
tória das penas (não pode ultrapassar o cúmulo material, por força do concurso material benéfico).
É só isso!
Letra d.
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Conforme estudamos, tanto o STJ quanto o STF têm sedimentado o entendimento de que o
roubo praticado contra diversas pessoas em um mesmo contexto fático é hipótese de concur-
so formal de crimes.
Letra c.
Uma ação e vários crimes é hipótese de concurso formal. Não tem segredo.
Letra a.
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e) quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes,
idênticos ou não, aplica-se a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas,
mas aumentada, em qualquer caso, de um sexto até metade
Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênti-
cos ou não, estamos diante de concurso material de crimes. Nessa situação, as penas dos deli-
tos devem ser somadas (aplicadas cumulativamente), exatamente como assevera a assertiva A.
Letra a.
Outra questão muito fácil (cobrando apenas trecho da literalidade do art. 70 do CP), sobre o
conceito de concurso formal.
Concurso formal
Art. 70 - Quando o agente, mediante uma só ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos
ou não, aplica-se-lhe a mais grave das penas cabíveis ou, se iguais, somente uma delas, mas aumen-
tada, em qualquer caso, de um sexto até metade.
Letra c.
Essa questão é simples, porém muito importante para esclarecer os chamados delitos de ação
múltipla ou conteúdo variado.
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Em tipos penais como o de tráfico de drogas (Art. 33 da lei 11.343/06), o legislador lista diversos
verbos (fabricar, adquirir, utilizar, transportar, oferecer, vender...) para configurar o núcleo da conduta.
Como apresentado pelo examinador, é possível que um mesmo indivíduo pratique mais de um
verbo previsto no tipo penal. Entretanto, quando isso acontece, não se pode falar em concurso
de crimes, devendo o autor ser punido por um único delito!
Vejamos o que diz o Código Penal:
Art. 59: A pluralidade de núcleos no mesmo contexto fático não desnatura a unidade do crime, ser-
vindo de critério para a fixação da pena-base.
Dessa forma, nada de concurso de crimes nesses casos. O autor responderá por apenas um
delito, e a multiplicidade de verbos praticados irá influir apenas na fixação de sua pena.
Letra a.
Depois que você domina a diferença entre o concurso material e o concurso formal, esse tipo
de questão fica até sem graça.
Conforme estudamos, quando se aplica a regra do concurso material, as penas deverão ser
somadas (sistema do cumulo material). Não precisa nem analisar a situação hipotética para
responder à questão.
Letra e.
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Mais uma vez: nossa missão é assinalar a assertiva incorreta. E conforme preconiza o art. 72
do CP, quanto às penas de MULTA, sempre deve ocorrer a aplicação de forma distinta e integral,
de modo que seu regramento é distinto das regras aplicáveis às penas privativas de liberdade.
Letra e.
O concurso material benéfico (Art. 70, parágrafo único) ocorrerá quando o sistema de exaspe-
ração for mais gravoso do que o sistema do cúmulo material.
Dessa forma, só será aplicável nos casos em que o CP utiliza o sistema de exasperação da
pena, quais sejam: o concurso formal próprio e o crime continuado.
Letra a.
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O examinador quis complicar um assunto simples utilizando uma maneira obscura de descrever
as limitações do cálculo da pena no concurso formal de crimes. A pena, no concurso formal, será
maior do que a pena do crime mais grave (ou seja, irá além daquela mais grave) pois deve ser
aumentada de 1/6 até a metade, mas não deverá ser maior do que a somatória das penas (não
pode ultrapassar o cúmulo material, por força do concurso material benéfico). É só isso.
Letra d.
Questão fácil e que, acredite, tem 30% de erros em bancos de dados de questões online.
Quando o indivíduo pratica mais de um crime com uma única ação, mas com desígnios au-
tônomos (ou seja, queria praticar mais de um crime), estaremos diante de concurso formal
impróprio ou imperfeito.
Lembre-se do exemplo do atirador que quer matar dois desafetos com um único tiro: respon-
derá em concurso formal, mas com a aplicação do sistema de cúmulo material (somando-se
as penas privativas de liberdade cominadas para cada delito).
Letra d.
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c) concurso material.
d) crime continuado.
e) crime culposo.
Para encerrar, uma questão tranquila, cobrando o conceito de crime continuado, que ocorre
quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da
mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhan-
tes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro.
Foi exatamente o que João fez, subtraindo os valores em pequenas quantidades para não
levantar suspeitas. Na prática, praticou vinte delitos de furto, mas o legislador opta por consi-
derar como um único crime, de execução continuada.
Letra d.
Douglas Vargas
Agente da Polícia Civil do Distrito Federal, aprovado em 6º lugar no concurso realizado em 2013. Aprovado
em vários concursos, como Polícia Federal (Escrivão), PCDF (Escrivão e Agente), PRF (Agente), Ministério
da Integração, Ministério da Justiça, BRB e PMDF (Soldado – 2012 e Oficial – 2017).
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