Cartilha Shiitake
Cartilha Shiitake
Cartilha Shiitake
COGUMELO SHIITAKE
PRODUÇÃO E COLHEITA
JAIR KACZINSKI
Gerente Técnico
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL
ADMINISTRAÇÃO REGIONAL DO ESTADO DE SÃO PAULO
COGUMELO SHIITAKE
PRODUÇÃO E COLHEITA
SENAR-AR/SP
FEDERAÇÃO DA AGRICULTURA E PECUÁRIA DO ESTADO DE SÃO PAULO
São Paulo - 2021
IDEALIZAÇÃO
Fábio de Salles Meirelles
Presidente do Sistema FAESP-SENAR-AR/SP
SUPERVISÃO GERAL
Teodoro Miranda Neto
Chefe da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP
RESPONSÁVEL TÉCNICO
Elton Hidemitsu Koroiva
Técnico da Divisão de Formação Profissional Rural do SENAR-AR/SP
AUTORES
Giani Miwa Nibu
Suzana Lopes de Araújo
Waldir Vieira
COLABORADOR
Sítio Recanto das Flores
REVISÃO GRAMATICAL
André Pomorski Lorente
DIAGRAMAÇÃO
Thais Junqueira Franco
Diagramadora do SENAR-AR/SP
Direitos Autorais: é proibida a reprodução total ou parcial desta cartilha, e por qualquer processo, sem a
expressa e prévia autorização do SENAR-AR/SP.
APRESENTAÇÃO............................................................................................................................................ 7
BIBLIOGRAFIA............................................................................................................................................133
O
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL - SENAR-AR/SP, criado em 23
de dezembro de 1991, pela Lei n° 8.315, e regulamentado em 10 de junho de 1992,
como Entidade de personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, teve
a Administração Regional do Estado de São Paulo criada em 21 de maio de 1993.
Acreditamos que esta cartilha, além de ser um recurso de fundamental importância para os
trabalhadores e produtores, será também, sem sombra de dúvida, um importante instrumento
para o sucesso da aprendizagem a que se propõe esta Instituição.
1. HISTÓRICO GERAL
Os cogumelos são conhecidos pela humanidade desde os primórdios da sua história, seja
por sua toxidez ou pelas suas propriedades nutricionais e medicinais.
Na grande maioria das civilizações, os cogumelos têm sua maior utilização no consumo
alimentar; no entanto, ao longo do tempo, muitas lendas foram criadas sobre eles, sendo
que algumas civilizações os tinham até como uma entidade divina.
No Brasil, a fungicultura teve início por volta de 1950 na região de Mogi das Cruzes – SP, em
decorrência das imigrações japonesa, italiana e chinesa, que trouxeram o hábito do consumo
de cogumelos na alimentação, levando, consequentemente, ao início da sua produção para
atendimento dessa nova demanda no país.
O nome Shiitake é de origem japonesa, em que “Shii” significa uma árvore semelhante ao
carvalho e “take” significa cogumelo.
A produção do cogumelo Shiitake teve início na China durante a dinastia Sung (960 - 1127),
mais precisamente no ano 1000. Na China o Shiitake é chamado de Shiiang-gu e conhecido
como cogumelo de aroma agradável.
Entre o período de 1500 e 1600 d.C., agricultores chineses levaram para o Japão técnicas
O Shiitake começou a ser produzido em escala comercial no Brasil a partir da década de 1990.
Antes da década de 1990 a tecnologia de cultivo de Shiitake era restrita à comunidade oriental
residente no país, possuindo uma baixa oferta do cogumelo no mercado. A partir de 1992,
através de iniciativa da APAN (Associação de produtores de agricultura natural), ocorreu
em São Paulo o primeiro curso sobre cultivo de Shiitake no país. Neste curso foi abordado
o método rústico e natural de produção de Shiitake em toras de eucalipto.
Por apresentar características como simplicidade e baixo custo, esta técnica de produção
favoreceu a rápida expansão da produção de Shiitake no país, o que elevou a oferta do
produto no mercado.
No Brasil, o maior centro consumidor é o estado de São Paulo, mas pode-se observar uma
expansão de consumo por todo o país.
Outro fator relevante refere-se ao consumo per capita de cogumelos no Brasil, o qual pode
ser considerado muito baixo quando comparado a outros países, conforme o gráfico abaixo.
Para o Brasil esta expectativa é ainda maior, uma vez que o país produz internamente
o suficiente para atender apenas 51% do consumo, sendo o restante proveniente de
importações de outros países, principalmente a China.
Os cogumelos são organismos do reino Fungi, isto é, não pertencem ao reino vegetal (Flora)
nem ao reino animal (Fauna), pois apresentam características de ambos os reinos, além de
suas próprias.
Os cogumelos são seres heterótrofos, ou seja, são organismos que necessitam ingerir ou
absorver moléculas orgânicas, minerais de outros seres vivos para obtenção de energia
e síntese das biomoléculas de que necessitam para o seu desenvolvimento. São também
saprófitas, pois absorvem moléculas orgânicas de organismos em decomposição. Estes são
os principais organismos recicladores de nutrientes do ecossistema global.
Atualmente, existem cerca de 45.000 espécies catalogadas; destas, 2.000 são consideradas
comestíveis e 4.500 venenosas, sendo 30 letais aos seres humanos e apenas 10 espécies
são cultivadas comercialmente no mundo.
Chapéu
Lamela
Hifas
Basídios
Estipe
Esporos
Micélio vegetativo
• Lamelas ou himênio - estão localizadas na parte inferior do píleo e é onde ficam abrigados
os esporos;
• Hifas - parte filamentosa simples ou ramificada, semelhante a raízes das plantas. São a
estrutura reprodutiva assexuada dos fungos.
Do ponto de vista morfológico, as três espécies mais produzidas no país (Pleurotus sp,
Lentinula sp e Agaricus sp) são da ordem Agaricales e apresentam algumas variações,
a saber:
1.1. Pleurotus sp
Nesse gênero encontram-se os cogumelos das espécies ostreatus, sajor caju, ostreatus
roseus, citrinopileatus e eryngii.
De maneira geral, os cogumelos desse gênero apresentam uma estipe curta, de formato
cilíndrico, e crescem em conjunto, geralmente no formato de cachos grandes. Além disso,
Tipos de Pleurotus sp
1.2. Lentinula sp
1.3. Agaricus sp
Como característica dos cogumelos desse gênero verifica-se um estipe central com formato
cilíndrico, além do chapéu carnoso, convexo, lisa e a cor da superfície variando entre branca,
parda ou marrom claro.
Espécies de Agaricus sp
2. CICLO DE VIDA
A forma de propagação dos cogumelos é composta por duas etapas, vegetativa e reprodutiva.
Na etapa reprodutiva, o cogumelo adulto produz e libera os esporos, os quais vão germinar
em ambiente apropriado e formar estruturas denominadas hifas. Por sua vez, as hifas vão
se fundir entre si formando o micélio, estrutura semelhante a raízes das plantas.
A figura 2 abaixo representa o ciclo de vida dos cogumelos na natureza, em que ocorrem
as etapas vegetativas e reprodutivas.
Ciclo de vida do
Os esporos criam
Cogumelo redes: Hifas
E se transformam
em uma complexa
rede: O Micélio
Elas se fundem em
um e assim podem
continuar a crescer e
As Hifas se desenvolvem.... procriar
3. HABITAT
O habitat dos cogumelos é bastante diversificado, pois de fato cada cogumelo apresenta
condições diferentes, que estão relacionadas com o seu modo de nutrição e com
características ambientais do local. Desta forma, podemos encontrar um maior número de
espécies em ambientes que possuem condições mais favoráveis, como florestas e outras
que só aparecem em locais mais restritos como pântanos.
Outros ambientes em que podemos observar seu crescimento são: pastos, prados, dunas de
areia, regiões glaciais, alpinas, margens de estradas, parques e jardins. Abaixo é possível
observar alguns exemplos de habitat com o crescimento de cogumelos.
A nutrição dos cogumelos se dá através dos micélios e das hifas. Os micélios, durante o
seu desenvolvimento, liberam enzimas no meio fazendo a degradação da matéria orgânica.
Já as hifas são responsáveis pela absorção dos nutrientes através da sua parede celular.
No que diz respeito aos minerais, em condições de cultivo do Shiitake, a presença de níveis
adequados de cálcio, fósforo e potássio favorecem a produção de cogumelos.
5. LINHAGEM
Dentro de uma grande variabilidade genética existente na espécie, a linhagem acaba por
concentrar determinadas características que podem ser favoráveis ou não para o seu
desenvolvimento. Estas características podem ser cor, forma, tamanho e espessura do
chapéu, tamanho do estipe, características de pós-colheita, faixas de temperatura ótima de
frutificação, tipos de materiais que colonizam, produtividade, entre outras características.
Geralmente, as informações sobre as linhagens utilizadas para a produção devem ser obtidas
junto ao laboratório em que as mesmas serão adquiridas.
Essa verificação é importante para que se possa identificar as prováveis causas de problemas
na produção de cogumelos.
Com o crescimento da população mundial se faz cada vez mais necessária a produção de
alimentos no mundo. Os seres humanos necessitam basicamente de 4 grupos nutricionais,
sendo eles: proteína, carboidratos, vitaminas e minerais, para buscar um desenvolvimento
equilibrado.
Os cogumelos da ordem Agaricales apresentam altos teores de proteínas, que podem variar
de 3 a 4% no cogumelo fresco e de 20 a 30% no cogumelo seco.
Esta concentração é muitas vezes maior quando comparada aos vegetais e, se comparados
às frutas, os cogumelos podem apresentar concentração de proteínas até 12 vezes maior.
Já na carne bovina encontramos valores médios de 14,8% na matéria seca, portanto abaixo
dos valores encontrados para os cogumelos analisados da tabela abaixo.
Outro fator importante referente às proteínas está relacionado à sua qualidade. Dos 21
aminoácidos existentes, 9 são essenciais, isto é, não são produzidos pelo corpo humano
e, portanto, necessitam ser ingeridos de alguma fonte. Os cogumelos da ordem Agaricales
apresentam todos os nove aminoácidos em valores significativos.
A importância dos cogumelos na alimentação humana não é devida somente pela presença
de proteínas em alta quantidade, mas especialmente pela sua qualidade, bem como pela
existência de fibras, vitaminas e minerais, conforme também podemos observar na tabela
abaixo.
Deve-se observar que a análise do valor nutricional de um alimento envolve mais que a
simples estimativa de percentagem de cada nutriente presente. Um fator importante a ser
analisado é a digestibilidade do alimento. Os cogumelos apresentam uma melhor digestão
quando comparados a outros alimentos como, por exemplo, a carne bovina.
A produção comercial do cogumelo Shiitake pode ser realizada utilizando duas metodologias
distintas.
Ambos os métodos apresentam diferenças nos processos produtivos até a fase de frutificação,
sendo que a partir da colheita os processos são semelhantes.
ESCOLHA DA MADEIRA
FURAÇÃO DA MADEIRA
INOCULAÇÃO
INCUBAÇÃO
FRUTIFICAÇÃO
COLHEITA
EMBALAGEM
Variações dessas características podem ocorrer entre espécies e também dentro da mesma
espécie de madeira, sendo decorrentes de variações genéticas, de idade, condições de
clima e de solo.
a) Cerne
Cerne é a parte da madeira que contém maior concentração de lignina, sendo considerada
basicamente a estrutura de suporte da madeira. O cerne apresenta substâncias que inibem
o desenvolvimento do Shiitake; portanto, quanto maior o cerne, menor será a produtividade.
Cabe salientar que árvores mais velhas, dentro da mesma espécie, apresentam cerne maior
e árvores mais jovens apresentam cerne menor.
b) Lenho ou Borne
Lenho, também conhecido como borne ou alburno, é a parte da madeira que apresenta maior
quantidade de açúcares, utilizados inicialmente como alimento pelo micélio. Visualmente é
identificada como a parte mais clara entre a casca e o cerne da madeira.
Desta forma, para a produção de cogumelo Shiitake, deve ser selecionada madeira que
apresente uma maior quantidade de lenho.
A casca fornece proteção à parte interna da madeira (lenho e cerne) contra pragas e doenças,
evita o ressecamento da madeira e mantém sua parte interna praticamente estéril até seu
corte.
A casca grossa é mais resistente a danos físicos e à perda de umidade, mas por outro
lado, por reter mais umidade, apresenta maior probabilidade no aparecimento de pragas e
doenças causado por fungos.
Madeiras com cascas finas têm uma maior possibilidade de danos físicos e apresentam
uma maior perda de umidade.
Independente do tipo de casca, é importante ressaltar que toras sem casca não produzem
cogumelos.
d) Umidade
Quanto mais tempo as toras ficarem em repouso após o corte, maior será a possibilidade de
ressecamento, inviabilizando o desenvolvimento do Shiitake. Portanto, o procedimento mais
adequado para a produção de cogumelo Shiitake em tora é utilizar a madeira imediatamente
após o seu corte.
Para verificar se a umidade da tora está dentro da faixa adequada para a inoculação, é
possível a realização de teste para verificação da umidade conforme a metodologia:
• Colocar o pedaço da tora pesado em processo de desidratação; este processo pode ser
realizado em estufa de laboratório ou em um forno comum de cozinha. A temperatura
deve ficar em torno de 65ºC;
• Monitorar o peso até ser verificado que não há mais a alteração do mesmo. Neste momento
é obtido o peso final (Pf);
EXEMPLO:
Portanto:
UR% = (120 - 45) x 100
120
UR% = 62,5 %
e) Disponibilidade da madeira
No Brasil a madeira que apresenta maior disponibilidade e que pode ser utilizada para o
cultivo do cogumelo Shiitake é o Eucalipto sp. Dentre as existentes, as espécies de eucalipto
Eucalipto saligna, Eucalipto grandis e Eucalipto urofila são as mais utilizadas.
Não se deve utilizar o Eucalipto citriodora, pois essa espécie apresenta um cerne bem
desenvolvido, alta densidade e casca mais fina favorecendo ao ressecamento da tora e,
portanto, não apresenta bons resultados na produção de Shiitake.
Eucalipto sp
A seleção das toras consiste na escolha das toras a serem inoculadas através da verificação
de características que favorecem o melhor desenvolvimento do cogumelo Shiitake, bem
como na realização da furação da tora para a inoculação das sementes inóculo.
A verificação das toras é realizada visualmente logo após o seu corte ou no momento de
recepção das toras, sendo observadas as seguintes condições:
• Casca
A casca deve estar intacta, sem rachaduras ou falhas para evitar sua contaminação e
ressecamento.
• Diâmetro e comprimento
• Recebimento
As toras devem ser empilhadas deitadas em local protegido do sol para reduzir a perda de
umidade das toras.
No momento do recebimento e empilhamento das toras, devem ser tomados cuidados para
evitar danos na casca.
É muito importante o recebimento da tora logo após o corte, pois a mesma estará em
condições de umidade ideais para a inoculação.
1.2. Furação
As toras a serem furadas devem ser apoiadas em uma estrutura como uma mesa ou um
cavalete em X, de forma que o processo de furação seja feito com as toras fixas, promovendo
maior segurança na execução do procedimento.
0m
0,90m
0,8
0m
0,8
0,70m
A furação deve ser realizada com uma furadeira elétrica industrial e de alta rotação, utilizando
para isso brocas de aço rápido com limitador para uma melhor eficiência do procedimento
de furação das toras.
Será realizado um padrão de furação com o objetivo de que a colonização do Shiitake na tora
ocorra com maior rapidez, evitando a possibilidade de que fungos competidores a colonizem.
5cm 15cm
1,00m
O número de furos realizados é baseado no diâmetro da tora, isto é, multiplica-se o diâmetro
da tora por 4.
A semente a ser inoculada no meio de cultivo tem a sua produção inicial em laboratório,
onde o micélio é cultivado em meio de cultura e, posteriormente, inoculado em materiais
denominados de semente inóculo.
Após realizar a furação, o ambiente interno da tora antes protegido pela casca está agora
suscetível à contaminação por fungos competidores; portanto, deve-se realizar imediatamente
a inoculação da semente inóculo (cavilha) na mesma.
A inoculação da semente inóculo em cavilha deve ser realizada utilizando uma cavilha
para cada furo. O procedimento é realizado manualmente, com o auxílio de um martelo de
borracha para introduzir a cavilha no furo.
São utilizados dois tipos de equipamentos para a inoculação de semente inóculo em material
lignocelulósico, sendo: inoculador semiautomático e inoculador manual.
A incubação das toras é a fase em que ocorre a colonização do micélio do cogumelo Shiitake
na tora. O objetivo da incubação é promover condições que favoreçam o desenvolvimento
do Shiitake na tora.
• Temperatura
A temperatura ideal para a corrida micelial é de 25°C, sendo assim, em temperaturas abaixo
ou acima dessa, o desenvolvimento será mais lento ou até mesmo não irá ocorrer.
• Umidade
Para o melhor desenvolvimento do micélio a umidade da tora deve estar entre 45 e 65%. Para
que a tora tenha sua umidade dentro dessa faixa, a umidade do ambiente deve ser mantida
entre 60 e 75%. Para tanto, podem ser adotadas técnicas e procedimentos de irrigação,
automáticos ou não, para o controle da umidade no ambiente. Como exemplo pode-se citar
os sistemas de microaspersão ou climatização, além de sistemas mais simples como a
irrigação do ambiente e das toras com uma mangueira.
Termo-higrômetro
Na ocorrência de uma queda de umidade do ambiente abaixo do nível ideal, pode ocorrer
a rachadura da casca na tora e, portanto, deve ser providenciada a elevação da umidade
no ambiente.
No ambiente de incubação as toras precisam estar empilhadas para manter sua umidade
mais uniforme, possibilitar um melhor controle do desenvolvimento micelial e do controle de
pragas, além de manter sua integridade física.
Usualmente são utilizadas duas formas para o empilhamento das toras, sendo elas: pilhas
do tipo “fogueira de são-joão” e do tipo “dominó”.
• “Fogueira de são-joão”
Para montar a “fogueira de São João” é necessário dispor as toras sobre uma base de 10 cm
de altura do solo e manter um espaço entre as toras de 5 a 10 centímetros para favorecer
a aeração.
As toras mais grossas devem ficar nas laterais e as mais finas no centro da pilha, uma vez
que as toras mais grossas são menos susceptíveis ao ressecamento. Esse procedimento
protege as toras mais finas, de forma a não ocorrer perda excessiva de umidade.
As pilhas devem ter a altura máxima de 1,5 metro para melhor monitoramento do
desenvolvimento micelial e da ocorrência de pragas, além de facilitar o manejo.
• “Dominó”
No empilhamento em formato “dominó” as toras são apoiadas em uma estrutura que possibilite
sua inclinação em relação ao solo. A base das toras estará em contato direto com o solo.
O ambiente de mata em que as toras serão incubadas precisa ser de fácil acesso, ter
disponibilidade de água, apresentar uma densa cobertura vegetal (sombreamento de no
mínimo 80%) e estar próxima ao ambiente de frutificação para facilitar a transferência das
toras no momento da frutificação, diminuindo a mão de obra.
Esse tipo de ambiente apresenta vantagem pelo baixo custo de implantação e, especialmente,
por não exigir a construção de qualquer tipo de estrutura.
Para esse tipo de ambiente o empilhamento poderá ser realizado de 2 formas, formato
fogueira são joão e formato dominó.
As vantagens do empilhamento dominó em relação à fogueira são João, para área de mata,
são a fácil adaptação das pilhas na área escolhida e a possibilidade de ser realizada em
terrenos levemente inclinados. Por outro lado, a desvantagem diz respeito à dificuldade
para o monitoramento do desenvolvimento micelial e do controle de pragas, devido às toras
estarem em contato direto com o solo.
Outro ambiente para realizar a incubação é o telado feito com tela de sombreamento de
80%, para redução dos raios solares, a fim de não ressecar as toras excessivamente. Este
telamento tem que estar na estrutura superior (como telhado) e nas laterais (como paredes).
O local de instalação dessa estrutura precisa ser de fácil acesso, ter disponibilidade de água
para irrigação e estar próximo ao ambiente de frutificação para facilitar o manejo das toras.
Essa estrutura precisa ter altura mínima de 3 metros para auxiliar na estabilidade da
temperatura e umidade do ambiente, além de piso de pedrisco para uma melhor drenagem.
A desvantagem ocorre por não apresentar uma cobertura na estrutura que impeça, em
momentos de chuvas prolongados, uma excessiva umidade, o que favorece o surgimento
de fungos competidores.
Por não apresentar controle adequado das condições ambientais, esse sistema contribuirá
para que ocorra o aumento no tempo de incubação.
O local para construção dessa estrutura deve respeitar as leis ambientais para construções,
a fim de não incorrer em infrações como, por exemplo, construir em APP (área de proteção
permanente) ou em área de mata ciliar.
A forma de empilhamento das toras nessa estrutura necessita que seja em formato de
“fogueira São João”, a fim de otimizar o espaço e facilitar o manejo.
A utilização dessa estrutura apresenta vantagens como o maior controle das condições
ambientais, apresentando uma maior eficiência no processo de incubação, além de
proporcionar melhores condições de trabalho para a mão de obra, o que resulta em uma
melhor produtividade.
A sua desvantagem é que apresenta um custo inicial maior para a sua implantação.
A construção do ambiente protegido (estufa) deve atender alguns critérios conforme segue:
• Pé direito de 4 m;
Para reduzir e filtrar a intensidade de luz sobre as toras, fazendo com que elas tenham uma
menor taxa de aquecimento e ressecamento.
• Cobertura e Cortinas com lona dupla face (lona branca do lado de fora e preta do lado
de dentro) nas faces da estufa em que há incidência de luz solar;
Para refletir os raios solares e reduzir a entrada de vento dentro da estufa, mantendo o
ambiente mais estável no que diz respeito à umidade e temperatura.
• Termo-higrômetro;
Este tipo de piso irá permitir uma melhor drenagem e limpeza do ambiente de cultivo. Deve
ser plano ou com pequeno declive de 3% no máximo para não ter acumulo de água dentro
da estufa.
Durante o processo de incubação irão ocorrer algumas alterações nas toras, o que indicará
que a colonização do Shiitake está ocorrendo de modo adequado.
O primeiro indicador ocorrerá no entorno dos furos inoculados, sendo que será observado
um clareamento (amarelado) nos primeiros 30 dias, indicando que está ocorrendo o
desenvolvimento micelial.
Neste mesmo período, na extremidade da tora será observada uma mancha branca (micélio),
bem na direção da linha de furação. Esta mancha com o passar dos dias se transformará em
marrom. Esta mudança de cor indica que o micélio está se protegendo contra ressecamento
e fungos invasores.
A indução é o processo que deve ser realizado para dar início à frutificação, que consiste em
provocar um estresse nas condições de desenvolvimento do cogumelo Shiitake, induzindo-o
a colocar toda a energia e nutrientes acumulados para a produção de cogumelos. Com esta
indução se dará inicio ao aparecimento dos primórdios.
a) Choque Mecânico
Este choque é necessário, pois na natureza isso ocorre naturalmente com trovões e quedas
de árvores que vibram o solo, transmitindo esta vibração para as toras que estão colonizadas
pelo micélio do Shiitake, fazendo com que ocorra a indução para a frutificação.
Após o término da indução mecânica, as toras são colocadas em um tanque com água para
o choque hídrico.
b) Choque Hídrico
Na natureza este processo ocorre naturalmente no período das chuvas, aumentando o teor
de água dentro das toras e promovendo a indução para a frutificação.
• A água deve ser de boa qualidade como água de poço ou de nascente; na ausência
destas, utilizar águas do sistema de tratamento urbano.
Cabe salientar que não é necessária a redução da temperatura da água para a indução.
A frutificação deve ocorrer em um ambiente protegido, logo não poderá ser realizado na
mata nem no ambiente telado, para que não haja a possibilidade desses cogumelos serem
molhados involuntariamente como, por exemplo, pela chuva.
Com relação à concentração de CO2, esta deve ser mantida abaixo de 0,3%. A alta
concentração de CO2 na frutificação pode ocasionar algumas alterações nos cogumelos
como, por exemplo, o alongamento do estipe, a má formação do chapéu e, em alguns casos,
o impedimento da frutificação.
Para a realização da colheita devemos observar o ponto de colheita. O ponto ideal para a
colheita é quando o cogumelo está com 80% do seu chapéu aberto. Isto fará com que o
cogumelo se mantenha em melhores condições para a sua comercialização.
Essa técnica de produção do cogumelo Shiitake tem início com o preparo do substrato,
sendo seguido das etapas de tratamento térmico, inoculação do micélio, incubação, indução,
frutificação, colheita, embalagem e descarte do meio de cultivo exaurido.
PREPARO DO SUBSTRATO
INOCULAÇÃO
INCUBAÇÃO
INDUÇÃO
FRUTIFICAÇÃO
COLHEITA
EMBALAGEM
Material lignocelulósico são materiais ricos em fibras de origem vegetal. Tais materiais são
resíduos oriundos do processo de produção agrícola e da agroindústria.
Um fator importante a ser observado está relacionado ao tamanho das partículas dos
materiais lignocelulósicos a serem utilizados, os quais não devem ser inferiores a 1,5mm,
pois dificultariam o desenvolvimento da colonização do micélio no substrato. Além disso,
outras características importantes da madeira a ser utilizada é possuir menor densidade e
não apresentar resina.
Uma madeira resinosa que ocorre em abundância no país é o pinus (Pinus elliotti), o qual
não serve para a produção de cogumelo. Outra característica é a concentração de nitrogênio
da madeira que pode variar de 0,03% a 0,9%.
Na tabela 1, está relacionada a composição química dos principais tipos de madeiras para
a utilização da produção de cogumelo Shiitake (lentinula edodes)
De maneira geral, não há uma fórmula utilizada para o cálculo exato da quantidade de
suplemento mineral a ser adicionado no substrato. Na prática, utiliza-se 2% de suplementação
mineral, ou seja, para cada 1 kg do substrato adiciona-se 20g de suplemento mineral.
EXERCÍCIO 1
Dados:
• Considerando que a linhagem e espécie do cogumelo a ser produzida têm o seu melhor
desempenho em substrato com concentração de Nitrogênio (N%) de 0,6%.
• Será utilizado 1 tipo de material lignocelulósico: Serragem de Eucalipto II (Y) com %N=
0,19%
Equação I = (Y + K) – 2%
Sendo assim:
Aplicar a fórmula:
Ou seja:
Portanto,
Após a identificação das 3 equações é possível determinar o valor de K. Para tanto é realizada
a soma da Equação II com a Equação III conforme demonstrado no cálculo abaixo:
K =0,20 ou 20%.
Y + K = 0.98
Y + 0,20 = 0,98
Y = 0,78 ou 78%
Existem diversas técnicas para identificação da umidade no meio de cultivo, sendo a mais
utilizada a técnica de desidratação até peso constante, que consiste basicamente em:
• Pesar uma amostra do meio de cultivo, determinando-o como peso inicial (Pi);
Este processo pode ser realizado em estufa de laboratório ou em um forno comum de cozinha
com temperatura em torno de 65ºC.
• Monitorar o peso até ser verificado o momento em que não ocorre mais a sua alteração.
Neste momento é obtido o peso final (Pf);
EXERCÍCIO 2
EXERCÍCIO 3
Para que o mesmo substrato do Exercício 1 tenha 60% de umidade relativa é necessário
acrescentar água, sendo a quantidade calculada da seguinte forma:
Para que esse substrato atinja 60% de umidade é necessário o acréscimo de água, sendo
a quantidade calculada da seguinte forma:
Peso de matéria seca
Quantidade de água = - (Peso da matéria seca)
Umidade desejada (60% ou 0,60)
Quantidade de água = 85 Kg - 85 Kg
0,6
No entanto, considerando que o substrato na sua forma original já possui 15% de umidade,
para que esse substrato tenha 60% de umidade é necessário fazer a seguinte conta:
Quantidade de água a ser acrescida na matéria seca para 60% de umidade – Quantidade
de água já presente no substrato
56,66 Kg – 15 Kg = 41,66 Kg
Resultado:
A quantidade de água a ser acrescentada nesse substrato para que o mesmo tenha 60%
de umidade é de 41,66 Kg de água para cada 100 Kg de substrato. Cabe salientar que esta
quantidade de água é a mínima que deve ser aplicada, pois dependendo da granulometria
do substrato o mesmo poderá absorver uma quantidade maior de água.
Após realizar a mistura é necessário envasar o substrato para criar um ambiente favorável
ao desenvolvimento do micélio. O envasamento deve ser realizado logo em seguida e no
mesmo dia em que foi feita a correção da umidade para evitar um aumento no potencial de
contaminação e perdas de nutrientes.
Na produção de substrato o envase ocorre antes do tratamento térmico. Por esse motivo,
recomenda-se que sejam utilizados sacos de polipropileno ou polietileno de alta densidade,
pois esse tipo de material suporta temperaturas elevadas (de 100 a 135º C).
• Esterilização
É um método com um custo mais elevado, pois envolve a utilização de um equipamento de
alto custo semelhante a uma panela de pressão conhecido como autoclave.
Autoclave
A utilização desse método elimina todo tipo de microrganismos presente no meio de cultivo.
Por se tratar de um método que exige maior investimento, é recomendado para produções
em alta escala.
• Pasteurização
É um método de tratamento térmico em que não há a eliminação de todos os microrganismos
do material. Esse método consiste em elevar a temperatura durante um determinado tempo
com o propósito de reduzir a carga microbiana e eliminar os principais microrganismos
competidores do meio de cultivo.
Esta técnica de pasteurização pode ser utilizada tanto para a produção de substrato como
para a produção de composto.
O pasteurizador pode ser de várias formas, desde uma sala de pasteurização (semelhante
a uma sauna) com um sistema de ventilação e exaustão, até um simples tambor metálico
com estrutura interna para suporte dos sacos.
Sala de pasteurização
Tambor de pasteurização
Esse método é mais utilizado para a produção de substrato em pequena e média escalas
por tratar-se de uma tecnologia mais acessível e com uma boa relação de custo-benefício.
A inoculação representa a fase mais importante dentro de todo o cultivo do cogumelo Shiitake,
uma vez que nesta etapa ocorre a transferência da semente para o substrato já estéril, o
qual é altamente suscetível à contaminação. Desta forma, é extremamente importante a
rigorosa aplicação de procedimentos de limpeza e higiene no ambiente em que a inoculação
é realizada.
A semente a ser inoculada no meio de cultivo tem a sua produção inicial em laboratório,
onde o micélio é cultivado em meio de cultura e, posteriormente, inoculado em materiais
lignocelulósicos, os quais são denominados de semente inóculo.
A forma da semente inóculo que será utilizada vai determinar como será realizado o processo
de inoculação, sendo que o processo utilizado para a inoculação de semente inóculo em
cavilhas apresenta um menor risco de contaminação do substrato devido a sua menor
exposição.
O local de inoculação não necessita apresentar uma estrutura sofisticada, desde que
possibilite um ambiente mais protegido contra fungos contaminantes que se deslocam através
do ar e que possa ser devidamente higienizado no momento da inoculação. Nesse sentido,
podem ser utilizadas estruturas mais simples como, por exemplo, de madeira e plástico.
Além do ambiente apropriado, outro fator importante a ser considerado é a utilização de EPI
– Equipamentos de proteção individual - para reduzir a possibilidade de contaminação do
meio de cultivo. Após a inoculação os sacos devem ser transferidos para o ambiente onde
se realizará o processo de incubação.
Durante esse período, o meio de cultivo inoculado deve ser armazenado em prateleiras em
ambiente com condições favoráveis ao desenvolvimento dos cogumelos, conforme ilustrado
na foto abaixo.
Para manter a temperatura e umidade dentro dos índices adequados devem ser utilizados
técnicas ou equipamentos de climatização do ambiente.
A técnica mais simples é molhar o ambiente, piso e paredes, com uma mangueira. A técnica
é eficiente e age do seguinte modo: quando molhamos o ambiente a água irá reduzir a
temperatura e parte desta água ira evaporar, aumentando a umidade. Esta situação será
mantida enquanto o ambiente estiver molhado. Quando toda a água do ambiente evaporar
a temperatura tende a subir e a umidade diminuir, sendo necessário que o ambiente seja
molhado novamente.
Além dessa técnica mais simples, existem alternativas para climatização do ambiente que
envolvem a utilização de equipamentos como os sistemas de irrigação com microaspersores.
Nesse caso, quando for verificada a necessidade de regular a temperatura e a umidade
do ambiente, aciona-se manualmente o sistema que irá molhar o ambiente. Este mesmo
sistema pode ser automático, em que são instalados sensores no ambiente que acionarão
o sistema de irrigação sempre que necessário.
A simples verificação de que o substrato está totalmente colonizado não significa que o
Shiitake estará pronto para frutificar. É necessário continuar a observar o desenvolvimento do
micélio do substrato, sendo que a evolução para a frutificação dos cogumelos é caracterizada
com a verificação de 3 fases:
• 3ª fase: poderá ser observada a mudança de cor do micélio de branco para marrom.
Esta fase também é conhecida como Browing, ou escurecimento e, em sacos de 2 kg
de substrato, essa fase vai ocorrer em um período entre 60 a 75 dias após a inoculação,
devendo-se ressaltar que o tempo varia conforme a quantidade de substrato.
Após a 3ª fase o substrato estará semelhante a um bloco compacto, sendo nesse momento
iniciado o processo de indução para a frutificação.
Na natureza ocorrem fenômenos que induzem a frutificação natural dos cogumelos como,
por exemplo, trovões e chuvas. A indução é a aplicação de procedimentos com o objetivo de
simular esses fenômenos naturais para induzir a frutificação dos cogumelos em produção
comercial.
No choque mecânico o saco com o substrato colonizado deve ser virado de ponta cabeça,
sem ser aberto, fazendo com que todo o líquido que possa existir dentro dele escorra para
a ponta do saco, conforme demonstrado na foto abaixo.
O saco com o substrato será mantido nessa posição e após 24 horas a ponta do saco deve
ser cortada para diminuir a concentração de CO2 do substrato. Nos próximos 3 dias ocorrerá
a formação de uma película marrom escura, indicando que o micélio está se protegendo
contra fungos invasores e a desidratação do substrato.
Após esse procedimento o bloco compacto deve ser retirado do saco e colocado diretamente
na prateleira para a frutificação.
O choque hídrico, assim como o choque mecânico, tem por objetivo induzir a frutificação.
A diferença é que deve ser aplicado após o 1º ciclo de produção do bloco, pois é fundamental
ao suprimento de água no bloco para o desenvolvimento dos cogumelos. Após a 1ª colheita,
o bloco está mais poroso e pode ser danificado com a aplicação de novo choque mecânico,
por esse motivo o choque mecânico é aplicado somente no primeiro ciclo de produção do
bloco.
O local onde ocorrerá a frutificação dos cogumelos deve ser construído de forma que permita
a limpeza e higienização de todo o ambiente, além de criar as condições ideais para o
desenvolvimento do Shiitake. Para tanto, é necessário que a construção atenda a alguns
requisitos e características mínimas como:
a) Temperatura
A umidade relativa do ar no ambiente deve estar entre 80 e 90%. Isto é necessário para um
pleno desenvolvimento do cogumelo, uma vez que a água representa 90% da sua estrutura.
Quando a umidade do ambiente não é adequada, são observados “abortos” ou estruturas
que interromperam o seu desenvolvimento.
É importante salientar que a água necessária para o melhor desenvolvimento dos cogumelos
deve ser absorvida da umidade existente no ambiente e não deve ser aplicada diretamente
ao cogumelo, pois isto acarretará a sua rápida deterioração.
c) Concentração de CO2
A refrigeração tem o objetivo de reduzir o metabolismo do cogumelo e elevar a sua vida útil
do no ponto de venda. O tempo de refrigeração deve ser em torno de 3h, tempo suficiente
para redução do metabolismo sem perda expressiva de umidade e, consequentemente,
peso do cogumelo.
• Data de colheita
• Validade
A própria legislação determina que o consumo do cogumelo Shiitake deve ocorrer em, no
máximo, 10 dias após a embalagem.
• Tabela nutricional
INFORMAÇÕES NUTRICIONAIS
• Deve conter os dados do produtor como CNPJ, IE, Nome da propriedade, Endereço e
SAC.
O meio de cultivo exaurido é aquele que já teve sua carga nutricional esgotada e, portanto,
não apresenta mais produção comercial. Geralmente este momento ocorre após a terceira
colheita, tanto para toras como para substrato.
Devido a sua composição, o meio de cultivo exaurido pode ser descartado utilizando-o para
produção de composto ou para ser utilizado na adubação de hortaliças, jardins e pomares.
Por sua vez, os sacos em que se encontrava o material exaurido devem ser dispostos em
local adequado e destinados à reciclagem.
Existem ações para mitigar a ocorrência de pragas e doenças do cultivo de cogumelo Shiitake,
sendo a prevenção a mais eficiente.
É importante ter um caderno de manejo em que sejam anotados todos os registros de pragas
que ocorreram no ambiente de cultivo, com data, tipo de ocorrência, fator desencadeador
da ocorrência e medidas adotadas para solucionar o problema.
No que diz respeito ao controle de pragas e doenças são adotadas medidas diferentes para
fungos, insetos e outras pragas.
O controle dos fungos, competidores ou causadores de doença pode ser realizado de modo
convencional (tratamento químico) ou natural. Na produção do cogumelo Shiitake, recomenda-
se a adoção de métodos naturais, uma vez que os cogumelos são consumidos “in natura”.
São fungos que ocasionam um distúrbio na saúde do cogumelo levando a uma doença e,
consequentemente, a uma deficiência no desenvolvimento do Shiitake.
Existem diversas pragas e doenças que podem ocorrer no cogumelo Shiitake; no entanto, são
extremamente raras e não há qualquer registro de sua ocorrência no Brasil até o momento.
No quadro abaixo estão relacionadas as pragas causadoras e doenças que podem ocorrer
na produção de cogumelo Shiitake:
b) Fungos competidores
Existem diversos fungos competidores que podem ocorrer na produção do cogumelo Shiitake,
sendo os principais apresentados na tabela abaixo.
c) Outras pragas
• Insetos
Após a eclosão dos ovos, as larvas passam a se alimentar do próprio cogumelo formando
galerias no estipe e no chapéu, o que inviabiliza a sua comercialização.
Dentre todos os insetos existentes, aqueles que podem ser considerados como pragas na
produção do cogumelo Shiitake estão dentro da Família Dípteros (moscas), sendo que as
mais relevantes são a Brasydia matogrossensis (mosca dos fungos) e a Sciaridae sp.
Formas de prevenção
Além do bom manejo em todo o processo de produção, pode-se adotar outro procedimento
como forma de prevenção à ocorrência de insetos, como a utilização de repelentes naturais
no entorno das estruturas de produção.
Existem diversas plantas que atuam como repelentes naturais de insetos, sendo as mais
indicadas: a hortelã (Mentha piperita), o manjericão (Ocimum basilicum), o cravo-de-defunto
(Tagetes patula), a citronela (Cymbopogon winterianus), o capim-limão (Cymbopogo
citratu), a arruda (Ruta graveolens), a erva-de-santa-maria (Chenopodium ambrosioides)
e o jasmim (Jasmin umofficinale).
Formas de controle
As principais formas de controle natural dos insetos são: as armadilhas e o controle biológico.
Armadilhas
Como exemplo de armadilhas para insetos pode-se mencionar as fitas com cola entomológica
e outra, mais artesanal, feita com garrafas Pet (500ml) com pequenos furos na parte superior
e cerca de 50ml de vinagre no seu interior.
• Bacillus thuringieneis - é uma bactéria que causa doença nas larvas dos insetos,
levando-as à morte.
• Hipoapis miles - é um ácaro carnívoro inofensivo para o cogumelo e para o ser humano.
É utilizado no controle de praga na produção de Shiitake, pois ele se alimenta das larvas
dos insetos.
• Molusco
As lesmas também podem ser consideradas como praga no cultivo de cogumelos, pois elas
atacam diretamente o cogumelo comendo partes dele. Assim como os insetos, elas são
atraídas pelo cheiro exalado pelos cogumelos.
1. PREPARE O SUBSTRATO
Forma Forno
Pá de pedreiro Peneira
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Deixe a tampa do forno entreaberta para que a temperatura no interior do forno não
fique elevada demais.
A amostra do substrato deve ser retirada do forno após aproximadamente 1h para a primeira
pesagem.
ATENÇÃO!!!
Os passos 1.9.1 a 1.9.6 devem ser repetidos até que não ocorra variação do peso
comparado à pesagem anterior. Quando não for verificada alteração de peso na
amostra é identificado o peso final da amostra sem umidade.
Para determinar a umidade relativa inicial da mistura, lance os valores dos pesos inicial e
final da amostra seguinte na fórmula:
Balde Barbante
Tesoura Trena
ATENÇÃO!!!
O substrato deve ser compactado no interior do saco para que caiba a maior
quantidade possível de substrato.
O saco deve ser preenchido de forma que sobre apenas a quantidade de plástico
suficiente para fazer a “boca” do saco.
Cortar o cano de PVC em anéis de 2 cm, tamanho suficiente para passar o saco e
tampar com o algodão.
2.7. Passe a boca do saco com substrato pelo interior do anel de PVC
ATENÇÃO!!!
Passar o saco pelo cano o suficiente para ser dobrado e cobrir todo o anel de PVC
de forma que seja possível a amarra.
ATENÇÃO!!!
A quantidade de algodão deve ser suficiente para tampar toda a “boca” do saco e
para que o algodão fique bem justo no anel de PVC.
Deixe cerca de 1 cm do tufo de algodão para fora do anel a fim de evitar que todo o
tufo entre acidentalmente no saco e deixe a “boca” aberta.
ATENÇÃO!!!
Corte o papel kraft com uma tesoura em tamanho suficiente para cobrir toda a
“boca” do saco.
2.10. Coloque o pedaço de papel kraft sobre a boca do saco com substrato
2.11. Corte um pedaço do barbante e amarre o papel kraft na boca do saco com
substrato
Caneta Cronômetro
Suporte de metal interno do tambor Tambor de 200 litros com tampa e cinta
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
O suporte de metal deve ter altura suficiente para que os sacos de substrato não
tenham contato com a água, além de ter o seu diâmetro pelo menos 2 cm menor
que o diâmetro interno do tambor para facilitar a sua retirada.
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
O furo deve ser de no mínimo 10mm de tamanho (3/8 polegada) para permitir a
saída do vapor do tambor.
ATENÇÃO!!!
O tambor neste momento estará todo quente. Utilize luva térmica para realizar
qualquer atividade no tambor.
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Durante o tratamento térmico, que dura em torno de 7h, a temperatura deve ser
mantida em 100°C. Se a temperatura ultrapassar 100°C, reduza a intensidade do
fogo.
O tambor neste momento estará todo quente. Utilize luva térmica para realizar
qualquer atividade no tambor.
4. FAÇA A INOCULAÇÃO
4.3. Passe o álcool 70% no saco de cultivo e tire o excesso com papel toalha
ATENÇÃO!!!
Deixe os sacos esfriarem até a temperatura ambiente para não danificar a semente.
Os furos devem ser feitos na parte superior do saco para que a colonização do substrato
tenha início próximo à “boca” do saco. Desta forma, caso ocorra uma remoção acidental do
algodão da “boca”, o substrato na região superior do saco já estará colonizado e vai reduzir
o risco de contaminação.
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Não introduza a cavilha toda no furo, deixando cerca de 0,5 cm para fora do saco, o
que irá servir como vedação do furo.
ATENÇÃO!!!
5. FAÇA A INCUBAÇÃO
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Nessa fase deve ser observado o aparecimento de uma camada fina de micélio
sobre a superfície de todo o substrato.
ATENÇÃO!!!
Nessa fase deve ser observada a mudança de cor do substrato de branco para
marrom.
Esse procedimento deve ser feito 24 horas após o saco ter sido virado de ponta-
cabeça, tempo suficiente para que todo o líquido do substrato escorra para a
“boca” do saco.
O choque mecânico deve ser aplicado cerca de 48h após a retirada do algodão, pois é
necessário um tempo para a oxigenação do substrato e surgimento dos primórdios.
ATENÇÃO!!!
ALERTA ECOLÓGICO!!!
ATENÇÃO!!!
6. FAÇA A FRUTIFICAÇÃO
ATENÇÃO!!!
7. FAÇA A COLHEITA
Balde Caderno
Caneta Cronômetro
Mangueira Máscara
ATENÇÃO!!!
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ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Deve ser anotado o ciclo de produção, a quantidade produzida pelo lote e a data da
colheita.
ATENÇÃO!!!
A indução do substrato no 2º ciclo de produção deve ser realizada após o período de repouso
feito em seguida da 1ª colheita.
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7.11.2. Prenda os blocos na caixa d’água
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Devem ser repetidos os passos 6.4 a 7.12 até a realização da 3ª colheita, após isso o
bloco de substrato deve ser descartado porque já não haverá nutrientes suficientes
para uma nova frutificação.
ALERTA ECOLÓGICO!!!
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8. FAÇA A EMBALAGEM
Máscara Rótulo
Seladora Touca
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ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
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VII. FAZER A PRODUÇÃO DE COGUMELO
SHIITAKE EM TORAS
1. SELECIONE AS TORAS
Luva de raspa
Devem ser selecionadas toras que possuam casca íntegra, sem falhas, rachaduras
ou batidas para uma melhor produção, e toras com diâmetro médio entre 8 cm e 13
cm, com 1,0 metro de comprimento para facilitar o manejo.
ATENÇÃO!!!
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Broca de aço rápido ½ polegada com limitador Carrinho de mão
ATENÇÃO!!!
Certifique-se de que a tora está bem fixa na mesa ou cavalete de inoculação para
maior segurança.
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2.4. Coloque a broca na furadeira
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Deve ser observado o padrão de furação diamante, sendo que o espaço entre
uma linha de furos e outra deverá ser de 5 cm e o espaço entre um furo e outro
na mesma linha deve ser de aproximadamente 15 cm para que as cavilhas sejam
distribuídas de forma eficiente na tora sem desperdício de sementes.
ATENÇÃO!!!
A cavilha deve possuir o mesmo diâmetro do furo para que entre e fique bem
prensada no furo de forma que não caia.
ATENÇÃO!!!
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3. FAÇA A INCUBAÇÃO DAS TORAS
ATENÇÃO!!!
O empilhamento das toras deve ser nivelado, colocando toras mais grossas em
baixo e nas laterais para um melhor equilíbrio da pilha.
ATENÇÃO!!!
A temperatura ideal do ambiente para a incubação deve estar entre 21º e 27ºC e
umidade do ar mantida entre 60% e 70%.
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3.6. Identifique o lote
ATENÇÃO!!!
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Carrinho de mão Cronômetro
Esse procedimento deve ocorrer sobre uma superfície rígida para que o choque
mecânico realmente ocorra na tora.
ATENÇÃO!!!
O comprimento da caixa deve ser suficiente para que as toras fiquem bem
acomodadas em seu interior. As toras estão com as casca mole e, portanto, devem
ser manipuladas com cuidado para não danificar a estrutura da tora.
ATENÇÃO!!!
As toras devem ser presas na caixa para que fiquem imersas na água
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4.4.3. Prenda as toras na caixa
ATENÇÃO!!!
A água tem que ficar no mínimo 5 cm acima das toras, pois estas absorvem água
muito rápido no início do choque hídrico.
Não esvazie a caixa para retirar as toras. Tire a estrutura que está prendendo as
toras e deixe flutuar. Com isso o esforço para retirar as toras da caixa será menor.
As toras estão com a casca mole e, portanto, devem ser manipuladas com cuidado
para não danificar a estrutura da tora.
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5.2. Coloque o EPI
ATENÇÃO!!!
Deve ser mantida uma distância de 10 cm entre as toras para que os cogumelos
possam se desenvolver adequadamente.
ATENÇÃO!!!
Os primórdios devem começar a surgir em média 3 dias após a indução das toras.
ATENÇÃO!!!
Balde Caderno
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Faca Luva de procedimento Máscara
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
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ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
ATENÇÃO!!!
Deve ser anotado o ciclo de produção, a quantidade produzida pelo lote e a data da
colheita.
Máscara Rótulo
Seladora Touca
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7.2. Coloque o EPI
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7.8. Coloque a etiqueta na embalagem
ATENÇÃO!!!
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