Estelionato STF Representacao
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É o relatório. Decido.
Documento assinado digitalmente conforme MP n° 2.200-2/2001 de 24/08/2001. O documento pode ser acessado pelo endereço
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RHC 224844 / SP
trânsito em julgado, do disposto no art. 171, § 5º, do CP, com a alteração
introduzida pela Lei n. 13.964/2019.
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RHC 224844 / SP
LEI 13.964/2019. ART. 171, § 5º, CP. NOVA HIPÓTESE DE
EXTINÇÃO DE PUNIBILIDADE. NORMA DE CONTEÚDO
MISTO. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS
BENÉFICA. ART. 5º, XL, CF. REPRESENTAÇÃO. DISPENSA
DE MAIOR FORMALIDADE. FALTA DE CONDIÇÃO DE
PROCEDIBILIDADE. RENÚNCIA TÁCITA. AGRAVO
REGIMENTAL DESPROVIDO. ORDEM CONCEDIDA DE
OFÍCIO.
1. A rejeição da denúncia é providência excepcional,
viável somente quando estiverem comprovadas, de plano, a
atipicidade da conduta, a extinção da punibilidade ou a
evidente ausência de justa causa para ação penal, aspectos não
compreendidos no caso sob análise. Precedentes.
2. A expressão “lei penal” contida no art. 5º, inciso XL, da
Constituição Federal é de ser interpretada como gênero, de
maneira a abranger tanto leis penais em sentido estrito quanto
leis penais processuais que disciplinam o exercício da pretensão
punitiva do Estado ou que interferem diretamente no status
libertatis do indivíduo.
3. O § 5º do art. 171 do Código Penal, acrescido pela Lei
13.964/2019, ao alterar a natureza da ação penal do crime de
estelionato de pública incondicionada para pública
condicionada à representação como regra, é norma de conteúdo
processual-penal ou híbrido, porque, ao mesmo tempo em que
cria condição de procedibilidade para ação penal, modifica o
exercício do direito de punir do Estado ao introduzir hipótese
de extinção de punibilidade, a saber, a decadência (art. 107,
inciso IV, do CP).
4. Essa inovação legislativa, ao obstar a aplicação da
sanção penal, é norma penal de caráter mais favorável ao réu e,
nos termos do art. 5º, inciso XL, da Constituição Federal, deve
ser aplicada de forma retroativa a atingir tanto investigações
criminais quanto ações penais em curso até o trânsito em
julgado. Precedentes do STF.
5. A incidência do art. 5º, inciso XL, da Constituição
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Federal, como norma constitucional de eficácia plena e
aplicabilidade imediata, não está condicionada à atuação do
legislador ordinário.
6. A jurisprudência deste Supremo Tribunal Federal é
firme no sentido de que a representação da vítima, em crimes
de ação penal pública condicionada, dispensa maiores
formalidades. Contudo, quando não houver inequívoca
manifestação de vontade da vítima no sentido do interesse na
persecução criminal, cumpre intimar a pessoa ofendida para
oferecer representação, nos moldes do previsto no art. 91 da Lei
9.099/95, aplicado por analogia ao procedimento comum
ordinário consoante o art. 3º do Código de Processo Penal.
7. No caso concreto, o paciente e a vítima celebraram
termo de quitação no qual consta que o ofendido “dá ampla,
geral e irrestrita quitação” ao paciente e que aquele obriga-se a
aditar a ocorrência policial para informar esse fato à autoridade
policial. Essa circunstância traduz renúncia tácita ao direito de
representação por se tratar de ato incompatível com a vontade
de exercê-lo.
8. Agravo regimental desprovido. Ordem concedida de
ofício para determinar o trancamento da ação penal por falta de
condição de procedibilidade.” (HC 180.421-AgR, de minha
relatoria, Segunda Turma, DJe 6.12.2021)
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intimadas a comparecer na fase inquisitorial ou processual sob pena de
sofrer sanções processuais (arts. 201, § 1º e 224, do CPP). Assim, desses
atos processuais, isoladamente, não se pode extrair de maneira
inequívoca o interesse da vítima em ver o acusado processado
criminalmente.
Ante o exposto, com amparo nos arts. 192 e 312, ambos do RISTF,
dou parcial provimento ao recurso para converter o feito em diligência
e determinar ao Juízo de origem a intimação da vítima para, por meio
de seu representante legal, manifestar eventual interesse em
representar contra os acusados no prazo de 30 dias, sob pena de
decadência, nos moldes do previsto no art. 91 da Lei 9.099/95 c/c o art. 3º
do Código de Processo Penal.
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