Aula 1 Penal Pratica Direcionada 16-08-2021 Complementar 3
Aula 1 Penal Pratica Direcionada 16-08-2021 Complementar 3
Aula 1 Penal Pratica Direcionada 16-08-2021 Complementar 3
ACÓRDÃO
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 2 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Brasília (DF), 07 de maio de 2019(Data do Julgamento)
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 3 de 4
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 472.380 - TO (2018/0259247-5)
RELATOR : MINISTRO REYNALDO SOARES DA FONSECA
IMPETRANTE : EDUARDO BRUNO MENDES DE SOUSA
ADVOGADOS : ANDRÉ LUIZ FIGUEIRA CARDOSO - DF029310
EDUARDO BRUNO MENDES DE SOUSA - TO008541
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS
PACIENTE : JOSILTON ALVES DA SILVA (PRESO)
RELATÓRIO
Consta dos autos que o paciente, preso em flagrante no dia 4/3/2018, está
sendo processado pela prática, em tese, do delito tipificado no art. 121, § 2º, incisos III e IV,
do Código Penal, figurando como réu na Ação Penal de competência do Tribunal do Júri, que
tramita na 1ª Vara Criminal da Comarca de Araguaína/TO.
Aduz que a prisão preventiva do paciente é ilegal, uma vez que o decreto
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 6 de 4
Superior Tribunal de Justiça
prisional carece de elementos concretos, JOSILTON é primário, de bons antecedentes, não
tentou fugir do distrito da culpa, é bem quisto na comunidade e leva uma vida honesta e lícita.
É o relatório.
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 7 de 4
Superior Tribunal de Justiça
HABEAS CORPUS Nº 472.380 - TO (2018/0259247-5)
VOTO
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 8 de 4
Superior Tribunal de Justiça
por homicídio doloso qualificado, nas iras do art. 121, §2º, incisos III e IV, do Código Penal,
em concurso com o art. 306, §1º, inciso II, do Código de Trânsito Brasileiro (e-STJ fls.
45/48).
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 10 de 4
Superior Tribunal de Justiça
tendo em vista o alegado excesso de linguagem da sentença de pronúncia, assevero que, para
se reconhecer a culpa consciente ou o dolo, ainda que eventual, é necessária uma análise
minuciosa da conduta do acusado, até porque a distinção entre os mencionados elementos
enseja grandes debates doutrinários, devendo ser feita de acordo com as provas colacionadas
aos autos.
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 11 de 4
Superior Tribunal de Justiça
HOMICÍDIO SIMPLES CONSUMADO E TENTADO. PRONÚNCIA.
DOLO EVENTUAL. DESCLASSIFICAÇÃO PARA HOMICÍDIO
CULPOSO NA DIREÇÃO DE VEÍCULO AUTOMOTOR. EXAME DE
ELEMENTO SUBJETIVO DO TIPO. NECESSIDADE DE ANÁLISE
APROFUNDADA DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO.
IMPOSSIBILIDADE. COMPETÊNCIA DO CONSELHO DE
SENTENÇA. COAÇÃO ILEGAL NÃO CARACTERIZADA.
1. Consoante o artigo 413 do Código de Processo Penal, a decisão
de pronúncia encerra simples juízo de admissibilidade da acusação,
exigindo o ordenamento jurídico somente o exame da ocorrência do
crime e de indícios de sua autoria, não se demandando aqueles
requisitos de certeza necessários à prolação de um édito
condenatório, sendo que as dúvidas, nessa fase processual,
resolvem-se contra o réu e a favor da sociedade.
2. Para que seja reconhecida a culpa consciente ou o dolo eventual,
faz-se necessária uma análise minuciosa da conduta do acusado,
providência vedada na via eleita.
3. Afirmar se o agente agiu com dolo eventual ou culpa consciente é
tarefa que deve ser analisada pela Corte Popular, juiz natural da
causa, de acordo com a narrativa dos fatos constantes da denúncia
e com o auxílio do conjunto fático-probatório produzido no âmbito
do devido processo legal, o que impede a análise do elemento
subjetivo de sua conduta por este Sodalício. Precedentes.
[...]
5. Habeas corpus não conhecido.
(HC 466.728/SP, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta Turma,
julgado em 4/10/2018, DJe de 10/10/2018) – (grifei)
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 12 de 4
Superior Tribunal de Justiça
exame diretamente por esta Corte Superior, sob pena de indevida
supressão de instância.
3. Agravo regimental improvido.
(AgRg no HC 356.380/MS, Rel. Ministro SEBASTIÃO REIS
JÚNIOR, Sexta Turma, julgado em 8/8/2017, DJe de 16/8/2017) –
(grifei)
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 15 de 4
Superior Tribunal de Justiça
envolvida no fato. Tudo isso está registado por meio de áudio no evento 45 destes autos
e essas provas orais foram produzidas sob o crivo do contraditório e da ampla defesa.
Não há prova segura e indiscutível nesta fase de que o denunciado tenha agido com
culpa. Por isso, essa questão deverá ser dirimida pelo tribunal competente (e-STJ fl.
324).
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 16 de 4
Superior Tribunal de Justiça
sentido da incompatibilidade da qualificadora do recurso que dificultou a defesa da vítima, em
razão da surpresa, com o dolo eventual, uma vez que se revela característica da intenção do
agente, não podendo ser aceita na forma de homicídio cujo dolo seria o eventual, visto que, a
despeito do paciente ter assumido o risco de produzir o resultado, não o desejou.
Neste ponto, cabe frisar que o agente, quando atua imbuído em dolo
eventual, não quer o resultado lesivo, não age com a intenção de ofender o bem jurídico
tutelado pela norma penal. O resultado, em razão da sua previsibilidade, apenas lhe é
indiferente, residindo aí o desvalor da conduta que fez com o que o legislador equiparasse tal
indiferença à própria vontade de obtê-lo.
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 17 de 4
Superior Tribunal de Justiça
4. Quanto à compatibilidade do dolo eventual com o recurso que
impossibilita a defesa da vítima, tem prevalecido, no Supremo
Tribunal Federal e no Superior Tribunal de Justiça, não ser
possível a incidência da referida qualificadora. De fato, se tratando
de crime de trânsito, com dolo eventual, não se poderia concluir que
tivesse o paciente deliberadamente agido de surpresa, de maneira a
dificultar ou impossibilitar a defesa da vítima.
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício,
apenas para decotar a qualificadora do inciso IV do § 2º do art.
121 do Código Penal.
(HC 308.180/SP, Rel. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA,
Quinta Turma, julgado em 13/9/2016, DJe de 20/9/2016) – (grifei)
[...]
ILEGALIDADE FLAGRANTE. QUALIFICADORAS. EMPREGO DE
RECURSO QUE DIFICULTA OU IMPOSSIBILITA A DEFESA DA
VÍTIMA. MODO DE EXECUÇÃO QUE PRESSUPÕE O DOLO
DIRETO. MEIO DE QUE POSSA RESULTAR PERIGO COMUM.
DESCRIÇÃO QUE SE CONFUNDE COM A DESCRIÇÃO DO
DOLO EVENTUAL ATRIBUÍDO AO RÉU. COAÇÃO ILEGAL
CARACTERIZADA. CONCESSÃO DA ORDEM DE OFÍCIO.
1. Quando atua com dolo eventual, o agente não quer o resultado
lesivo, não age com a intenção de ofender o bem jurídico tutelado
pela norma penal. O resultado, em razão da sua previsibilidade,
apenas lhe é indiferente, residindo aí o desvalor da conduta que fez
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 19 de 4
Superior Tribunal de Justiça
com o que o legislador equiparasse tal indiferença à própria
vontade de obtê-lo.
2. Entretanto, a mera assunção do risco de produzir a morte de
alguém não tem o condão de atrair a incidência da qualificadora
que agrava a pena em razão do modo de execução da conduta, já
que este não é voltado para a obtenção do resultado morte, mas
para alguma outra finalidade, seja ela lícita ou não.
3. Não é admissível que se atribua ao agente tal qualificadora
apenas em decorrência da assunção do risco própria da
caracterização do dolo eventual, sob pena de se abonar a
responsabilização objetiva repudiada no Estado Democrático de
Direito.
4. A qualificadora do perigo comum, tal como exposta na peça
vestibular, não extrapola o conceito do dolo eventual atribuído ao
acusado no caso concreto, revelando-se manifestamente
improcedente.
5. Habeas corpus não conhecido. Ordem concedida de ofício para
excluir da decisão de pronúncia as qualificadoras previstas nos
incisos III e IV do § 2º do artigo 121 do Código Penal,
submetendo-se o réu a novo julgamento pelo Tribunal do Júri pela
prática dos crimes de homicídio simples consumado e tentado.
(HC 360.617/RR, Rel. Ministro JORGE MUSSI, Quinta Turma,
julgado em 21/03/2017, DJe de 28/3/2017) - grifei.
Por fim, verifica-se que assiste razão ao impetrante quando afirma excesso
de prazo para formação da culpa do paciente.
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 20 de 4
Superior Tribunal de Justiça
Deste modo, certo é que, em razão do princípio constitucional da razoável
duração do processo, deve o Estado prezar pela célere prestação jurisdicional, o que não se
vislumbra na espécie, devendo o manifesto constrangimento ilegal a ser sanado por este
Superior Tribunal, ainda que de ofício.
No caso, de acordo com o contido nos autos, muito embora o fato delituoso
tenha ocorrido em 4/3/2018, o paciente se encontre cautelarmente segregado desde a data do
fato, a denúncia tenha sido recebida em 3/4/2018 e a pronúncia proferida em 2/8/2018, o
julgamento pelo Tribunal do Júri só ocorrerá em 10/6/2019.
É como voto.
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 22 de 4
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO
QUINTA TURMA
Relator
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro REYNALDO SOARES DA FONSECA
Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. HUGO GUEIROS BERNARDES FILHO
Secretário
Me. MARCELO PEREIRA CRUVINEL
AUTUAÇÃO
IMPETRANTE : EDUARDO BRUNO MENDES DE SOUSA
ADVOGADOS : ANDRÉ LUIZ FIGUEIRA CARDOSO - DF029310
EDUARDO BRUNO MENDES DE SOUSA - TO008541
IMPETRADO : TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS
PACIENTE : JOSILTON ALVES DA SILVA (PRESO)
CERTIDÃO
Certifico que a egrégia QUINTA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
"A Turma, por unanimidade, não conheceu do pedido e concedeu "Habeas Corpus" de
ofício, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator."
Os Srs. Ministros Ribeiro Dantas, Joel Ilan Paciornik, Felix Fischer e Jorge Mussi
votaram com o Sr. Ministro Relator.
Documento: 1821586 - Inteiro Teor do Acórdão - Site certificado - DJe: 20/05/2019 Página 23 de 4