Saude Mental - Resumo P1
Saude Mental - Resumo P1
Saude Mental - Resumo P1
Rio de Janeiro:
Fiocruz, 2007, cap. 4, 5
A abordagem de Rotelli, seguindo Basaglia, destaca que a saúde mental é influenciada por
questões sociais, culturais e políticas .
A crise é vista como um fenômeno social que reconhece que os problemas de saúde mental
não são apenas resultado de fatores internos, mas também são influenciados pelo ambiente
em que as pessoas vivem.
Argumente contra a ideia de que a crise deve ser tratada com medicações que dopam
o sujeito ou eletroconvulsoterapia.
É crucial reconhecer que as crises não são apenas questões psicológicas ou biológicas,
mas frequentemente são desencadeadas ou agravadas por fatores sociais, econômicos e
relacionais. As abordagens de tratamento mencionadas não atendem às necessidades
integrais das pessoas em crise.
Tratar crises com medicamentos que dopam o sujeito ou com eletroconvulsoterapia pode
levar a uma série de problemas. Os medicamentos frequentemente têm efeitos colaterais
adversos, incluindo sonolência, ganho de peso e dependência. Por outro lado, a
eletroconvulsoterapia pode afetar a memória e gerar desconforto significativo ao indivíduo,
além de não abordar as raízes da crise. Ignorando fatores emocionais, sociais e ambientais
atrasando ou limitando a verdadeira recuperação do indivíduo.
O vínculo com o paciente é importante pois cria confiança, permitindo que as pessoas
expressem suas preocupações e necessidades. Isso ajuda o paciente e sua família a se
sentir ouvido, a participar ativamente do seu tratamento e a receber cuidados
personalizados. O termo usuário em vez de paciente dá um lugar social ativo ao sujeito em
sofrimento psíquico .
Oferecer suporte para que os residentes desenvolvam habilidades para viver de forma
independente, com treinamento em habilidades sociais e vida diária. Incentivar a
participação em atividades comunitárias, como emprego, educação e lazer, para fortalecer
laços sociais e promover a inclusão.
Proporcionar assistência individualizada, respeitando as preferências e necessidades de
cada residente.Criar um ambiente mais acolhedor e menos institucional, assemelhando-se
mais a um lar, com privacidade, liberdade de escolha e interações sociais mais naturais.
A conexão entre a rede de apoio e o território nos CAPS, no âmbito da clínica ampliada,
busca proporcionar um cuidado integral, considerando não apenas o indivíduo, mas
também o contexto em que está inserido. Isso envolve fortalecer recursos, relações sociais
e promover uma rede de apoio sólida para além do ambiente clínico.A integração com os
recursos disponíveis na comunidade é vital para complementar os cuidados oferecidos nos
CAPS. Isso pode incluir serviços sociais, culturais e de saúde, proporcionando um apoio
mais completo aos usuários.As relações sociais do usuário desempenham um papel
significativo em seu processo de recuperação. Reforçar e fortalecer essas relações,
incluindo familiares, amigos e a comunidade, cria um ambiente de apoio que promove a
inclusão e a melhoria do bem-estar do usuário.
Os CAPS são parte do território em que estão inseridos, o que os torna essenciais para
estabelecer parcerias locais e explorar os recursos da comunidade, proporcionando um
suporte mais abrangente. Além disso, compreender o lugar de vida do usuário é
fundamental, envolvendo moradia, acesso a recursos e interações com a comunidade, para
atender às necessidades individuais.
Houve uma redução significativa nas internações, diminuição dos leitos psiquiátricos e uma
mudança no tempo de permanência dos pacientes nessas instituições. Em contrapartida,
houve uma expansão notável dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e das
Residências Terapêuticas (RTs).
Os CAPS oferecem um cuidado mais aberto e integrado, onde as pessoas recebem
atendimento, suporte e acompanhamento sem precisar ser hospitalizadas. Eles promovem
a inclusão social, proporcionando um espaço de acolhimento, tratamento e reinserção na
comunidade.
A abertura de serviços como o CAPS III, que oferece atendimento 24 horas e inclui a
possibilidade de internação, é uma dificuldade frequente. A escassez desse tipo de serviço
frequentemente resulta na utilização dos leitos psiquiátricos em hospitais gerais, o que vai
contra a proposta de descentralização do cuidado e aumenta a demanda por internações
hospitalares, contrariando os princípios da Reforma Psiquiátrica.
Essa situação reforça a lógica manicomial, onde o paciente se vê preso a um sistema que
deveria oferecer alternativas de cuidado, mas que, na prática, acaba perpetuando a
dependência da internação.
Como se trata de um primeiro contato, sem mais informações acerca do período em que
esses sintomas percorreram e perduraram, além do fato de termos apenas este relato como
base, é difícil saber exatamente qual seria o psicodiagnóstico. Porém, aparentemente,
há delírio de perseguição e alucinações auditivas. Uma maior investigação para um
diagnóstico adequado é de bastante importância para entender qual o tratamento mais
condizente para José Mauro. Com o tempo, através do contato dos profissionais com o
usuário, este plano de tratamento pode ser aperfeiçoado. A conversa com os
familiares também pode ser bastante importante para o caso. Buscar acolher as
angústias dos responsáveis e auxiliá-los com relação ao manejo de uma situação tão
nova para eles pode ser essencial para uma boa resposta do sujeito em sofrimento com
relação a sua saúde mental. Ter o apoio e a compreensão familiar, na medida do possível, é
positivo. Talvez, auxiliar José a buscar ter contato com colegas mais próximos, para que
consigam fazer atividades que ele considera prazerosas, juntos, possa ser uma boa
saída para o maior isolamento social neste período de sua vida. Isso, aliado com um
tratamento adequado, pode impedir que José Mauro se isole completamente de suas
companhias e de sua realidade anterior, que é o caminho que parece percorrer, de
acordo com o relato. A Psicoterapia no CAPS, assim como grupos terapêuticos que
possam ter pessoas com experiências parecidas das de José, podem ser boas
alternativas para o sujeito, visto que esse poderia ser um local seguro em que ele
teria a oportunidade de se abrir com maior frequência, expor suas inseguranças,
experiências e ter o acolhimento que necessita. A partir da volta de um contato maior
com outras pessoas, que ocorrem nas atividades no território e também no Centro de
Atenção Psicossocial, em conjunto com a psicoterapia e um tratamento psiquiátrico,
aliados a um lar que o entende e o acolhe, é viável uma melhora significativa na
experiência desse sujeito com seu sofrimento psíquico e com suas questões de saúde
mental. De acordo com Amarante, é importante que o sujeito em sofrimento psíquico esteja
exercendo sua cidadania e tendo seus direitos garantidos, portanto, no CAPS, após um
maior aprofundamento sobre os desejos, sonhos e perspectivas de futuro de José, seja
possível um maior auxílio da equipe multiprofissional com relação a essas questões de
direito à cultura, trabalho, lazer, moradia, entre outros. Além disso, a rede também poderá
auxiliá-lo nessas questões, a cada momento que a necessidade aparecer.
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