Historia de Mocambique
Historia de Mocambique
Historia de Mocambique
DISCENTE:
José Mário
João Luís
Sebastiana Chano
Pauta Henrique Joaquim
DOCENTE
Dr. Luísa Rosa Francisco
1.1 Introdução
Nos finais do século XIX, a economia portuguesa estava numa fase de transição de
feudalismo para o capitalismo. A indústria, os transportes, o sistema bancário, etc., estavam
numa fase embrionária e dependiam fortemente de países mais desenvolvidos como a Inglaterra,
França e Alemanha. Assim, a participação de Portugal na Conferência de Berlim só pode ser
entendida se tomarmos em consideração que as potências verdadeiramente capitalistas
(Inglaterra, França e Alemanha) esperavam explorar as suas colónias, conjuntamente com as
portuguesas, como se aprovou mais tarde.
1.2 Objectivos
Algumas ideias:
Portugal era, nos finais do século XIX, uma “potência capitalista atrasada” e que, por
consequência, só pôde manter as colónias cedendo-as e “alugando-as” ao capital de
potências capitalistas de facto.
Portugal manteve as colónias não para explorá-las do ponto de vista económico, o que
não lhe era possível por ser um país atrasado, mas sim para as exibir. Portugal era uma
potência imperialista sem raízes nem objectivos “económicos”, desenvolvendo um
“imperialismo de prestígio”.
Outra explicação possível é que Portugal, procurando tirar partido da sua condição de
“potência menor”, num jogo de alianças tácticas e aproveitando, dos conflitos entre as
grandes potências, a recusa destas em aceitar que qualquer delas obtivesse uma hegemonia
territorial ou estratégica superior à das outras, Portugal surgiu como intermediário
da exploração capitalista fazendo lucrar, lucrando.
É exemplo disso a política de cedência de importantes áreas de Moçambique ao capital
estrangeiro não português, sob a forma de companhias (a Companhia de Moçambique, que
ocupou sozinha ¼ de Moçambique, com direitos majestáticos.)
Em troca, Portugal recebeu 10% das acções emitidas e 7,5% dos lucros totais. Foi na
condição de potência não imperialista e, por isso, não ameaçadora, que Portugal conseguiu obter
de facto as suas colónias.
Na realidade, foram três formas que, conjugadas, deram origem ao fenómeno da exploração
imperialista em Moçambique:
Sob o controlo directo do Estado só ficaram a actual província de Nampula e o Sul do rio Save,
parte de Tete e da Zambézia. A exploração económica destas zonas de Moçambique consistiu na
exportação de mão-de-obra para as minas da África do Sul, sobretudo do Transvaal.
Portugal, não sendo potência imperialista, conseguiu ser potência colonial. Como?
A exploração global das colónias foi levada a cabo através do apadrinhamento concedido pelo
grande capital internacional e reproduziu-se mediante um complexo jogo de concessões e de
alianças tácticas com as diversas potências coloniais, nem sempre bem-sucedido a curto ou a
médio prazos, mas sempre bem-sucedido a longo prazo.
Foi nesse contexto que se originou o estado colonial português, como medianeiro entre o
imperialismo e os recursos humanos e naturais de Moçambique. Ao assumir essa mediação,
Portugal pôde preparar-se para uma nova acumulação primitiva de capital na sua forma de
capital-dinheiro, que viria a ser decisiva para o desenvolvimento do “nacionalismo económico”
de Salazar no pós-1930.
O processo de ocupação de África não foi fácil. Os bravos povos africanos resistiram e os
moçambicanos não foram excepção. Contudo, convém distinguir as várias resistências registadas
em Moçambique.
As resistências no Norte de Moçambique foram fortes e violentas, mas acabaram por ser
vencidas, quer por confrontos, quer por alianças com chefes locais.
Foi nesta base que, em 1891, os portugueses considerando as terras de Mataka como suas,
fizeram a entrega formal de Cabo Delgado e do Niassa à administração da Companhia do Niassa.
No Centro de Moçambique, depois de uma longa e dura resistência dos chefes focais, as forças
militares portuguesas puderam finalmente dominar os senhores dos Prazos. Barué surgiu como
um Estado fortificado na sequência da desagregação do Estado dos Mwenemutapas, tornando-se
um Estado poderoso e fortemente armado. Porém, o seu ponto fraco eram as constantes e
sucessivas crises de sucessão. Entre 1870 e 1892, Barué esteve sob o controlo de Gouveia, chefe
do Estado de Gorongosa.
A razão que ditou o fim da independência do Estado de Barué em 1902 foi o ataque
perpetrado pelos portugueses com vista à eliminação da mesma. O Barué representava uma séria
ameaça aos interesses portugueses na região, dado o apoio e o incitamento das
formações sociais vizinhas na luta contra o avanço das forças coloniais. Tais estados eram o
Torwa, o Sena, o Gorongosa e o Mburumatsenga.
Numa primeira fase, António Enes tentou enfrentar os Vátua do imperador Gungunhana pela
diplomacia política e económica. Gungunhana e o seu antecessor Muzila tinham firmado
contratos com a British South Africa Company e também com a metrópole de Portugal. Mas
anos depois foi a força das armas que levou ao início do fim de Gaza.
Monopólio do comércio;
O exclusivo das concessões mineiras e de pesca ao longo da costa;
O direito de colectar impostos e taxas;
O direito de construir e explorar portos e vias de comunicação;
O direito de conceder a terceiros dos encargos daí derivados;
Privilégios bancários e postais (incluídos a emissão de moedas e selos);
O direito de transferência de terras a pessoas individuais e colectivas.
O Mussoco não era uma instituição nova nas relações sociais a norte do rio Púngoé. Os
camponeses através do mussoco, renda em géneros, canalizavam parte dos seus
excedentes agrícolas para a elite prazeira, sendo, muitas vezes, utilizados para alimentação dos
A-chicundas.
Esta companhia obteve a sua carta em 21 de Setembro de 1891, por 25 anos (que mais tarde
foram alargados para 35 anos). A Companhia não foi formada senão em Março de 1893 e apenas
em Setembro de 1894 tomou posse formalmente dos territórios que compreendiam as actuais
províncias de Niassa e Cabo Delgado e alguma ilhas que se situavam próximo da costa.
Foi na base do decreto de 1890 que grandes extensões de terra das províncias nortenhas da
Zambézia e de Tete foram entregues a indivíduos e a empresas privadas.
A companhia não possuía direitos majestáticos, era arrendatária. A maior parte das acções foram
compradas por sul-africanos, ingleses, alemães, franceses e pelos príncipes de
Mónaco, encontrando-se as duas sedes principais em Lisboa e Paris.
A Companhia estava assente sob uma estrutura administrativa fragilizada pela guerra de
resistência e de falta de capitais. Deste modo, era urgente a sua recuperação e rentabilização,
com recurso às seguintes formas de exploração: exploração de mão-de-obra, uso do
trabalho forçado, imposto de palhota e o mussoco.
Em 1924 a companhia foi extinta e o território passou para a administração directa do Estado
colonial.
Capitulo III:
Considerações finais
Chegamos a conclusão que o processo de ocupação de África não foi fácil. Os bravos
povos africanos resistiram e os moçambicanos não foram excepção. Contudo, convém distinguir
as várias resistências registadas em Moçambique. As resistências no Norte de Moçambique
foram fortes e violentas, mas acabaram por ser vencidas, quer por confrontos, quer por alianças
com chefes locais. Já no Centro de Moçambique, depois de u ma longa e dura resistência dos
chefes focais, as forças militares portuguesas puderam finalmente dominar os senhores dos
Prazos. No sul do território de Moçambique a autoridade portuguesa só se tornou efectiva após a
derrota do Estado de Gaza entre 1894-1897, culminando com a prisão do rei Gungunhana e dos
seus colaboradores.
Referências bibliográficas