Tópico 7 - As Diferentes Forças Da Natureza
Tópico 7 - As Diferentes Forças Da Natureza
Tópico 7 - As Diferentes Forças Da Natureza
Antônio Roque
Setembro 2021
2. Força eletromagnética.
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5910235 - Física I (Química) Aula 7 - As diferentes forças da natureza
1 Força gravitacional
Todas as evidências sugerem que a interação gravitacional entre objetos ma-
teriais é um fenômeno universal. Ela é uma interação puramente atrativa
que depende da propriedade intrínseca dos corpos que chamamos de massa.
A lei geral da interação gravitacional, formulada por Newton, estabelece que
a força F com que uma partícula atrai outra é proporcional ao produto das
massas das partículas, inversamente proporcional ao quadrado da distância
entre seus centros e é dirigida ao longo da linha que une as duas partículas.
O módulo da força F12 que uma partícula de massa m1 exerce sobre uma
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G = 6, 67 × 10−11 m3 /kg.s2 .
A unidade de G também pode ser escrita, de forma equivalente, como Nm2 /kg2
(verifique isto como exercício).
A lei de gravitação universal é o primeiro exemplo dado neste curso de
uma lei física. Vale a pena parar um pouco aqui para discutir o que signi-
fica realmente uma lei física. Cada expressão matemática de uma relação
experimental em física nada mais é que uma expressão de uma relação entre
números. Por m1 e m2 entendemos simplesmente as medidas numéricas das
massas das partículas 1 e 2 em termos de alguma unidade escolhida arbi-
trariamente. O conceito de massa foi desenvolvido ao longo da história da
física para nos ajudar a descrever a natureza, assim como os conceitos de
força, distância e intervalo temporal. Porém, antes de tudo, eles são sempre
números com alguma unidade arbitrária que manipulamos. Desta forma, o
equivalente verbal da equação (1) seria:
É sempre bom ter em mente a definição acima quando você for ler a
expressão matemática de uma lei física. Mesmo que a maneira como ela
estiver sendo apresentada seja diferente, é sempre do jeito escrito acima que
ela deve ser entendida.
O valor de G foi medido pela primeira vez pelo físico inglês Henry Caven-
dish (1731-1810) em 1798, utilizando um instrumento mecânico conhecido
como balança de torção. A Figura 2 mostra os elementos essenciais do expe-
rimento de Cavendish.
Duas pequenas esferas de chumbo de massas iguais a m são presas às
extremidades de uma varinha leve. A varinha está suspensa horizontalmente
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por um fio metálico muito fino preso ao seu ponto médio. Duas esferas gran-
des de chumbo de massas iguais a M são colocadas de maneira simétrica
próximas às esferas pequenas. A atração gravitacional entre as esferas gran-
des e pequenas tende a girar a varinha no plano horizontal até que uma
situação de equilíbrio seja atingida. Nesta situação, a força de torção restau-
radora feita pelo fio equilibra a força de atração gravitacional. Um feixe de
luz refletido por um espelho preso ao fio incide sobre uma tela com uma escala
graduada, a qual permite a mensuração da deflexão angular da varinha.
Uma balança de torção como essa é um dos instrumentos mecânicos mais
sensíveis que há. Isso é necessário porque a interação gravitacional entre ob-
jetos relativamente pequenos como os usados no experimento de Cavendish
é extremamente fraca. Por exemplo, em uma versão moderna típica do ex-
perimento de Cavendish a massa das esferas pequenas é m = 15 g, a massa
das esferas grandes é M = 1, 5 kg e a distância entre seus centros é de cerca
de 5 cm. Nessas condições, a força gravitacional de atração entre as massas
vale
6, 67 × 10−11 × 1, 5 × 15 × 10−3
≈ 6 × 10−10 N.
(5 × 10−2 )2
Para efeito de comparação, o peso de um fio de cabelo humano é de cerca
de 5 × 10−6 N, ou seja, cerca de 10 mil vezes maior que a força de atração
gravitacional entre as massas.
Embora a interação gravitacional seja muito fraca (é a mais fraca das
quatro interações fundamentais), ela desempenha um papel fundamental na
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escala dos sistemas atronômicos. As razões para isto são duas: (1) os corpos
que interacionam possuem massas extremamente grandes; e (2) os corpos que
interacionam possuem carga elétrica líquida praticamente nula, de maneira
que as forças elétricas entre eles são desprezíveis.
Em geral, a força gravitacional é importante unicamente nos casos em
que há pelo menos um corpo de dimensões astronômicas presente. Esta é a
razão pela qual a interação gravitacional é importante em nossas vidas, pois
estamos todos na Terra e a Terra é um corpo de dimensões astronômicas.
2 Força eletromagnética
A lei que expressa a força elétrica entre duas partículas carregadas eletri-
camente em repouso foi determinada experimentalmente pelo físico francês
Charles Augustin de Coulomb (1736-1806) em 1785, também usando uma
balança de torção1 . Ao contrário do experimento de Cavendish, que apenas
obteve experimentalmente o valor da constante de proporcionalidade para
a lei da gravitação universal, que já era conhecida desde Newton, Coulomb
determinou pela primeira vez a forma real da lei para a força elétrica, que
ainda não era conhecida. Por causa disso, a lei da força elétrica é chamada
de lei de Coulomb.
A lei de Coulomb estabelece que uma partícula carregada em repouso
atrairá ou repelirá outra partícula carregada em repouso, com uma força
proporcional ao produto de suas cargas, inversamente proporcional ao qua-
drado da distância entre elas e dirigida ao longo da linha que as une2 . A
força é atrativa quando as cargas têm sinais opostos e repulsiva quando elas
têm o mesmo sinal. Chamando as cargas das duas partículas de q1 e q2 , o
módulo da força que a partícula 1 exerce sobre a partícula 2 é dado por
q 1 q2
F12 = k 2 , (2)
r12
que tem forma idêntica à da lei da gravitação universal. A unidade de medida
da carga elétrica é o coulomb (C). A constante k que aparece na lei de
1
Os experimentos de Coulomb e Cavendish ocorreram praticamente ao mesmo tempo,
mas, aparentemente, com grande independência um do outro no desenvolvimento e aper-
feiçoamento técnico de suas balanças de torção.
2
Esta lei deve ser entendida da mesma maneira como a lei da gravitação universal.
Carga elétrica é um conceito criado para permitir o entendimento dos fenômenos elétricos
e sua medida experimental é um número com uma unidade definida arbitrariamente.
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Coulomb vale
k = 9 × 109 N.m2 /C2 .
Um coulomb é uma quantidade enorme de carga. Por exemplo, duas
partículas com cargas iguais a 1 C separadas por 1 km exerceriam uma força
repulsiva, uma sobre a outra, de
9 × 109 × 1 × 1
≈ 9 × 103 N.
(103 )2
Este é quase o peso de uma massa de 1 tonelada. Felizmente, pelo menos para
a existência da vida como conhecemos, cargas de 1 C não são encontradas
isoladas na natureza.
Apesar disso, os corpos macroscópicos à nossa volta têm quantidades
muito grandes de carga. Vamos, por exemplo, estimar a carga dos elétrons
em um mol de água. Uma molécula de água (2 H e 1 O) tem 10 elétrons.
Um mol de água tem da ordem de 6 × 1023 moléculas de água, de maneira
que o número de elétrons em um mol de água é 10 × 6 × 1023 = 6 × 1024
elétrons. A carga de um elétron é −e = −1,6 × 10−19 C. Portanto, a carga
dos elétrons em um mol de água vale
6 × 1024 × −1,6 × 10−19 = −9,6 × 105 C ≈ −106 C.
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Embora muito mais forte que a força coulombiana para distâncias menores
que a de um núcleo atômico, a natureza e as propriedades da força forte
eram relativamente desconhecidas até por volta dos anos 60 e 70 do século
passado. O motivo disso é que a força forte torna-se rapidamente desprezível
para distâncias maiores que as de um núcleo atômico.
Entre as décadas de 60 e 70 do século passado, descobriu-se que prótons e
nêutrons não são partículas fundamentais, mas são feitas de partículas ainda
menores denominadas quarks. O conceito teórico de quark foi proposto inde-
pendentemente pelos físicos estadunidenses Murray Gell-Mann (1929-2019)
e George Zweig (1937-) em 1964. O termo “quark” foi dado por Gell-Mann
(Zweig sugeriu “ace”, que não foi adotado e acabou esquecido) inspirado em
uma passagem do livro Finnegans Wake de James Joyce. As evidências
experimentais da existência de quarks ocorreram em experimentos com ace-
leradores de partículas nos Estados Unidos (SLAC, Brookhaven e Fermilab)
em fins dos anos 60 e durante a década de 70 do século XX. Esses experimen-
tos mostraram que existem seis tipos, ou sabores como eles são chamados,
diferentes de quarks, os quais foram denominados up, down, charm, strange,
top e bottom.
Além das características físicas intrínsecas possuídas por qualquer outra
partícula, como massa, carga3 e spin, descobriu-se que os quarks possuem
outra propriedade intrínseca que foi chamada de cor. A cor é a fonte da inte-
ração forte entre os quarks, assim como a carga elétrica é a fonte da interação
eletromagnética entre partículas carregadas. Existem dois tipos de carga elé-
trica, positiva e negativa, e existem três tipos diferentes de cor, que foram
denominados vermelho, verde e azul. A cor é uma propriedade puramente
quântica (assim como o spin) e a teoria que foi desenvolvida para explicar as
interações de cor entre os quarks foi denominada de cromodinâmica quântica.
A cromodinâmica quântica é uma teoria quântica de campos, assim como
a eletrodinâmica quântica, que foi desenvolvida nos anos 40 do século passado
para dar um tratamento quântico aos fenômenos eletromagnéticos. Segundo
a eletrodinâmica quântica, as interações entre partículas carregadas são feitas
através de trocas de partículas denominadas fótons; por analogia, no caso da
cromodinâmica quântica as interações entre os quarks são feitas através de
trocas de partículas denominadas glúons. Uma diferença importante entre a
eletrodinâmica quântica e a cromodinâmica quântica é que os fótons, que são
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As cargas elétricas dos quarks são frações de e: os quarks up, charm e top têm carga
igual a (2⁄3)e e os quarks down, strange e bottom têm carga igual a (-1⁄3)e.
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1996). Essa teoria é chamada de teoria eletrofraca, pois ela unifica as intera-
ções fraca e eletromagnética em uma única interação, que foi denominada de
interação eletrofraca. Segundo a teoria eletrofraca, as interações eletromag-
nética e fraca seriam uma única interação sob condições de altas energias que
teriam se separado a baixas energias. A teoria eletrofraca previu a existência
dos bósons W e Z, assim como várias de suas propriedades. Eles foram de-
tectados e suas propriedades confirmadas em um experimento realizado no
CERN na Suíça em 1983.
Atualmente, a teoria eletrofraca e a cromodinâmica quântica constituem o
que se chama de modelo padrão da física de partículas elementares. O modelo
padrão tem obtido grande sucesso em prever e descrever vários fenômenos
observados em experimentos a altas energias em aceleradores de partículas.
O mais recente foi a confirmação da existência do chamado bóson de Higgs
em um experimento feito no LHC (Large Hadron Collider ) no CERN em
2012.
A unificação das interações fraca e eletromagnética sugere que, de fato,
existem apenas três interações fundamentais na natureza: gravitacional, forte
e eletrofraca. Inspirados pelo sucesso da teoria eletrofraca, muitos físicos têm
proposto diferentes esquemas teóricos de unificação para as interações forte
e eletrofraca. Segundo esses esquemas, conhecidos como teorias de grande
unificação, em condições de energias ainda mais altas que a em que as forças
fraca e eletromagnética estavam unificadas as interações forte e eletrofraca
constituiriam uma única interação. As teorias candidatas a ser a teoria de
grande unificação entre as interações eletrofraca e forte fazem previsões que
poderíam ser testadas em aceleradores de partículas de altíssimas energias
(ainda não disponíveis). Caso as previsões de alguma dessas teorias sejam
confirmadas no futuro, teríamos então uma situação em que a física poderia
descrever todas as interações e fenômenos observados em termos de apenas
duas interações fundamentais.
Como é comum em ciência, há muitos físicos que não esperam pela even-
tual confirmação de uma teoria de grande unificação e já estão pensando em
esquemas para unificar a hipotética interação grande unificada com a gra-
vitação. Esses esquemas teóricos costumam ser chamados de esquemas de
superunificação ou teorias de tudo e recebem nomes como supersimetria, su-
pergravidade e supercordas. Em geral, elas introduzem elementos bem pouco
convencionais, como outras dimensões espaço-temporais além das quatro co-
nhecidas ou a ideia de que as diferentes partículas seriam na verdade estados
vibracionais diferentes de cordas vibrantes.
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Não é possível ir além do que foi escrito nesta seção a respeito das in-
terações forte e fraca em um curso de mecânica newtoniana. O próprio uso
da palavra “força” para descrever essas interações não é apropriado. Elas
são fenômenos inerentemente quânticos, descritos pelo formalismo da teoria
quântica de campos segundo a qual as partículas interagem pela emissão e
absorção de tipos especiais de partículas chamadas de quanta de campo 4 .
Desta forma, como já enfatizado na primeira aula, os únicos tipos de in-
teração que podem ser estudados em um curso de mecânica clássica como
este são as interações gravitacionai e eletromagnética. Isto não é pouco, pois
essas duas forças são as responsáveis pela estrutura dos fenômenos em escala
macroscópica como conhecemos. Em particular, todas as assim chamadas
forças interatômicas ou as forças de atrito ou de resistência são forças deri-
vadas da interação eletromagnética. Essas são as forças que consideraremos
nas próximas seções desta aula.
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força atrativa entre eles. Essa força aumenta de uma maneira muito rápida à
medida que os dois átomos vão se aproximando; mais rápida do que a força
de atração entre duas cargas iguais e de sinais opostos, que varia com 1/r2 .
Essa força atrativa é chamada de força de van der Waals em homenagem ao
físico holandês Johannes van der Waals (1837-1923).
A base da força de van der Waals são as forças coulombianas que variam
com 1/r2 entre os prótons e elétrons dos dois átomos, mas a sua forma de-
talhada só pode ser calculada com o uso da mecânica quântica. Um modelo
bastante usado para descrever a força atrativa entre dois átomos iguais é o
modelo de Lennard-Jones, proposto pelo físico inglês John Lennard-Jones
(1894-1954) em 1924. Segundo este modelo, a atração entre os átomos varia
com 1/r7 .
Para efeito de comparação, a Figura 4 mostra gráficos de funções que
variam com 1/r2 e 1/r7 . Foram usadas funções negativas, pois as forças que
elas representam são atrativas, isto é, apontam no sentido contrário ao do
crescimento de r. Notem que o módulo da função que varia com 1/r7 cresce
muito mais rapidamente com a diminuição de r que o módulo da função que
varia com 1/r2 .
Figura 4: Comparação entre duas forças atrativas, uma que varia com 1/r2
e outra que varia com 1/r7 .
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5 Forças de contato
Muitos dos sistemas físicos com os quais lidamos em nossa vida diária estão
sujeitos a forças que envolvem o que chamamos de contato entre dois corpos.
Exemplos são forças de fricção, tensões feitas por fios e cabos e empurrões e
puxões de variados tipos.
Considere, por exemplo, um livro sobre uma mesa. O livro é mantido ali
pela soma total de inúmeras interações eletromagnéticas entre os átomos das
camadas superficiais adjacentes do livro e da mesa. Uma análise em escala
atômica dessas interações seria proibitivamente complexa. Para a maioria dos
propósitos, porém, podemos ignorar essas complexidades e agrupar todas as
interações em uma única força que chamaremos de força de contato.
Grosso modo, podemos dizer que todas as forças de natureza mecânica
conhecidas, incluindo as forças que líquidos e gases exercem sobre superfí-
cies, são forças de contato. A discussão feita na seção anterior nos deixa
claro que essas são forças que atuam entre corpos eletricamente neutros. A
manifestação de tais forças, quando um objeto liso e rígido é apertado contra
outro, provém de distorções nas distribuições de cargas elétricas positivas
e negativas nesses objetos neutros. Uma característica dessas forças é que
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sua variação com a distância é muito mais rápida que a dependência com o
inverso do quadrado da distância típica de corpos com carga líquida.
Como consequência, as forças de contato são forças de alcance muito curto
(veja novamente a Figura 4; note que a faixa de valores de r para a qual a
força que cai com 1/r7 tem valores apreciáveis é bem menor que a da força
que cai com 1/r2 ). Em geral, a intensidade das forças de contato decai para
valores praticamente nulos quando os objetos são separados por mais de um
diâmetro atômico.
Para ajudar a entender isso, vejamos agora outro exemplo. Trata-se de
uma esfera de peso P que é sustentada em uma posição de equilíbrio estático
por uma força igual e contrária exercida por outra esfera em duas situações
diferentes. Na parte de cima do caso (a) da Figura 7, a esfera de peso P
tem carga líquida positiva e abaixo dela está uma esfera também com carga
líquida positiva. Sabemos que a força coulombiana de repulsão entre as
duas esferas varia com a separação r entre os centros das esferas como 1/r2 .
Portanto, há um valor de r (que chamaremos de r1 ) para o qual a força de
repulsão feita pela esfera de baixo sobre a esfera de cima (que aponta para
cima) se iguala ao peso do corpo (que aponta para baixo). Nesta situação, a
esfera de cima está em equilíbrio.
Na parte de cima do caso (b) da Figura 7, vemos as mesmas esferas do
caso (a), só que agora neutras. A esfera de peso P está apoiada sobre a
esfera de baixo e o equilíbrio agora ocorre porque a força de contato feita
pela esfera de baixo sobre a esfera de cima (que aponta para cima) se iguala
ao peso da esfera de cima (que aponta para baixo). Na posição de equilíbrio,
a distância r0 entre os centros das duas esferas é igual à soma de seus raios.
Na parte de baixo do caso (a) da Figura 7, mostra-se um gráfico de
F contra r que dá (em azul) a variação da força de repulsão coulombiana
entre as duas esferas, que varia com 1/r2 , e (em vermelho) o valor do peso
P da esfera de cima. Vemos que as duas linhas se cruzam em um único
ponto, r1 , que corresponde ao valor de r para o qual o peso da esfera de
cima é equilibrado pela força de repulsão da esfera de baixo. Observe que
a diferença entre F (linha azul) e P (linha vermelha) varia gradualmente à
medida que r varia em torno do ponto de equilíbrio. Podemos dizer que o
contato entre as duas esferas neste caso é “suave”.
Na parte de baixo do caso (b) da Figura 7, mostra-se um gráfico similar
de F contra r para o caso das duas esferas em contato. Neste caso, a força de
contato é nula para qualquer valor de r maior que a distância de equilíbrio r0
e pula abruptamente para P quando r = r0 . Para representar a impenetra-
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Figura 7: (a) Parte de cima. Duas esferas carregadas separadas por uma
distância r1 entre seus centros. O peso da esfera de cima está equilíbrado
pela força de repulsão elétrica feita pela esfera de baixo. Parte de baixo.
Gráfico qualitativo da força repulsiva entre as duas esferas em função de r.
A linha horizontal em vermelho indica o peso da esfera de cima. Note que a
diferença entre F e P varia suavemente com r. (b) Parte de cima. Mesmas
esferas do caso (a), só que agora sem carga. O peso da esfera de cima está
equilibrado pela força de contato feita pela esfera de baixo. Parte de baixo.
Gráfico similar ao do caso (a) para as esferas sem carga da figura de cima.
A força de contato salta abruptamente de zero para P em um valor bem
definido de r indicado por r0 , que é igual à soma dos raios das duas esferas.
Para r0 − ε, a força de contato torna-se infinita.
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6 Forças de atrito
A seção anterior se ateve às forças de contato que aparecem pela simples
união de dois corpos. Tais forças são perpendiculares à superfície de contato
entre os dois corpos e são chamadas de forças normais no sentido geométrico
dessa palavra. Existem, porém, forças de contato tangenciais que aparecem
quando tentamos deslizar ou arrastar um corpo sobre uma superfície. Elas
são chamadas de forças de atrito.
A Figura 8(a) mostra um bloco repousando sobre uma superfície hori-
zontal. Seu peso P está equilibrado por uma força de contato N . Vamos
agora aplicar ao bloco uma força horizontal F . Suponha que o módulo de F
vai sendo icrementado gradualmente desde zero. No início, parece que nada
acontece; o bloco permanece imóvel. Sabemos, de nossa análise de situações
de equilíbrio na aula passada, que isto significa que uma força igual e oposta
a F está sendo aplicada ao bloco pela superfície com a qual ele está em
contato. Esta é a força de atrito Fa . Ela se ajusta automaticamente para
equilibrar F , da mesma forma que a força normal N aumentaria automati-
camente se apertássemos fortemente o bloco contra a superfície horizontal.
Nos dois casos, podemos imaginar diminitas deformações na distribuição de
carga elétrica ao longo da interface entre o bloco e a superfície, suficientes
para produzir as forças requeridas.
Figura 8: (a) Bloco sobre uma superfície horizontal submetido a uma força
horizontal F . (b) Gráfico qualitativo do módulo da força de atrito Fa em
função do módulo de F . A condição Fa = F é satisfeita até o momento em
que Fa = Fe . Depois disso, o equilíbrio é rompido.
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Figura 9: (a) Esfera sólida imersa em um fluido que se move contra ela com
velocidade v. (b) A força de resistência total feita pelo fluido sobre a esfera
é composta de dois termos que dependem do módulo da velocidade relativa
do fluido v, um linear e o outro quadrático.
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