Materia de Língua Portuguesa - 031703
Materia de Língua Portuguesa - 031703
Materia de Língua Portuguesa - 031703
COORDENAÇÃO DE PSICOLOGIA
Aluno/a:_____________________________________________
2021-2022
DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA DISCIPLINA/CADEIRA
FUNDAMENTAÇÃO DA DISCIPLINA/CADEIRA
A Língua Portuguesa é um campo do saber propedêutico, a base epistemológica de
qualquer iniciativa científica por parte da classe académica angolana. É uma disciplina de tamanha
importância, ajuda o aluno a desenvolver habilidades para dissecar o seu pensamento com base
aos pressupostos comunicativos exigidos; quer no âmbito da oralidade, quer no âmbito da escrita.
Qualquer profissional que se prese, precisa de conhecer e dominar esta área sob alçada de
apresentar um discurso linguisticamente coeso e coerente.
OBJECTIVOS DA DISCIPLINA/CADEIRA
Gerais:
Desenvolver habilidades comunicativas: comunicação oral e comunicação escrita;
Desenvolver atitudes académicas: ética, senso crítico (interno e externo), e raciocínio lógico;
Propiciar a arte investigativa no âmbito da Língua Portuguesa.
Específicos:
Abordar sobre a língua (conceito e níveis)
Abordar sobre a linguagem (conceito e funções)
Abordar sobre os fundamentos epistemológicos da comunicação, do discurso e conceitos
operatórios;
Dissecar sobre situações concretas da língua: fonética e fonologia, ortografia, acentuação e
pontuação (uso da vírgula).
SISTEMATIZAÇÃO DO ENSINO
Distribuição da carga horária
Temas
AT AP ATP Total
1: Epistemologia da comunicação, do discurso e do texto
2 2 4
2: Fonética e fonologia 4 2 6
3: Recomendações ortográficas 1 1 2
1ª Prova parcelar
4: A crase 2 2 4
5: Uso da vírgula 1 1 2
6: Pronominalização 2 2 4
2.ª Prova parcelar
7: Língua e estilo 4 2 6
8: Relação entre as palavras – fonética & gráfica – semântica 2 2 4
TOTAL 24 12 32
Exame final
I
Legenda: AT = Aulas Teóricas; AP = Aulas Práticas; APT = Aulas Teórico-práticas
METODOLOGIA DE ENSINO
O conteúdo deste programa será desenvolvido através das seguintes estratégias básicas:
Aulas teóricas (expositivas)
Aulas teórico-práticas
Debate
Interpretação e comentário
Produção escrita
MODALIDADES DE AVALIAÇÃO
CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS
II
BIBLIOGRAFIA COMENTADA
Evanildo Bechara (2009): “Moderna gramática portuguesa” (3.ª ed) – Rio de Janeiro:
Nova Fronteira.
Uma obra bastante pertinente, explora aspectos linguísticos e questões modernas do mesmo
campo.
Maria Helena Miguel e Maria Antónia Alves (2016): “Saber +: Manual de Língua
Portuguesa para o ensino universitário – Luanda: Norprint.pt.
As professoras citadas trazem uma abordagem pertinente, uma abordagem própria para o
ensino universitário. A obra das mesmas foi útil na dissecação de conceitos operatórios atinentes
à pronominalização.
Outros autores importantes são: Glaucia Lopes Cansian e Regiane Pinheiro Dionísio Porrua
(2011), José Manuel de Castro Pinto (2006), Lurdes de Castro Moutinho (2000), Maria Beatriz
Florido e Maria Emília Duarte da Silva (1986), Maria Cecília Garcia e Benedita Aparecida Costa
dos Reis (2016), Maria Filomena Jaime Airosa (2015), Maria Helena Mira Mateus e Esperança
Cardeira (2007), Vasco Moreira e Hilário Pimenta (2007). De realçar que, todas as obras aparecem
no final do material – em forma de referências bibliográficas.
III
ÍNDICE
Recebe o nome de língua corrente à que usa termos e estruturas correntes de acordo com
a norma ou padrão.
A língua usada nas relações diárias, entre amigos ou parentes, com vocabulário pouco
rigoroso – recebe o nome de língua familiar.
1
LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Linguagem não-verbal: é a forma de se comunicar sem o auxílio palavra (oral e/ou escrita).
Pode ser:
o Gestual: através de gestos (linguagem de mudos, piscar de olho, expressões corporais);
o Sonora: através de sons (buzina, sirene, toque de campainha);
o Simbólica: através de símbolos, numa relação metafórica (o coração representando o amor);
o Icónica: através de ícones, numa relação de semelhança.
2
LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Função apelativa
Na função apelativa da linguagem – o emissor pretende agir de algum modo sobre o
receptor, quer movê-lo a uma determinada acção. Esta função é marcada pela presença de vocativo,
de imperativo e de terminologia própria para motivar o receptor. É notória em discursos políticos,
avisos, publicidades, pedidos, preces religiosas, poemas ou narrativas em que predomina a 2.ª
pessoa (tu, vós).
Função fática
Na função fática da linguagem – o emissor e o receptor procuram verificar a funcionalidade
do canal da comunicação, se se mantém o contacto entre os dois participantes do acto
comunicativo.
Ilustração:
Breve diálogo
-- Bom dia, caro colega. Estiveste na aula passada?
-- Não. Houve novidades, meu caro?
-- Sim.
-- Podes fazer um breve resumo?
-- Com certeza.
Função metalinguística
Na função metalinguística predomina a metalinguagem, o propósito do emissor é descrever
o código utilizando o próprio código. Dicionários, glossários, gramáticas – são alguns exemplos.
Esta função estende-se para as referências à linguagem verbal ou as explicações que o emissor dá
sobre o seu próprio discurso (por exemplo, isto é, quer dizer…).
1.3. A comunicação
Do ponto de vista linguístico - comunicar é transmitir, passar conhecimento, informação,
ordem, opinião ou mensagem a alguém.
A palavra comunicação vem do latim comunicativo, derivado de comunicare, cujo
significado seria “tornar comum”, como “partilhar”, “repartir”.
Comunicar implica participação, interacção, troca de mensagens e de informações.
Esquematização da comunicação
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
5
LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Conversão de discursos
Discurso directo Discurso indirecto
1. Pessoa (uso da) 1.ª ou 2.ª pessoa 3.ª pessoa
- presente - imperfeito
2. Enunciação - pretérito perfeito - pretérito mais-que-perfeito
de verbos - futuro do indicativo - condicional
- imperativo - conjuntivo
- futuro do conjuntivo - pretérito imperfeito do conjuntivo
3. Forma interrogativa - directa - indirecta
- de 1.ª pessoa (este, esta, - de 3.ª pessoa (aquele, aquela, aquilo,
4. Pronomes isto, meu, minha) ou de 2.ª dele, dela, seu, sua):
- determinantes (esse, essa, isso, teu, tua)
5. Mudança sintáctica - vocativo - complemento directo
6. Advérbios - aqui, cá, agora, já - ali, lá, então, logo
- hoje, ontem, amanhã - naquele dia, no dia anterior, no dia
seguinte
6
LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
A conotação consiste nos valores especiais que são acrescentados ao significado corrente
de uma determinada palavra. Dito de outro modo, é o significado secundário associado a uma
palavra ou expressão que não corresponde ao seu sentido literal.
Ilustração: chave e quente
o Perdi a chave desta gaveta. (sentido próprio/denotativo)
o O café deve ser servido quente. (sentido próprio/denotativo)
o Encontrei a chave deste problema. (sentido figurado/conotativo)
o Conquistou-me o seu olhar quente. (sentido figurado/conotativo)
Texto Dramático: é todo aquele que tem como objectivo ser representado. Apresenta a acção
ou um acontecimento de um modo vivo, movimentando personagens que monologam ou
dialogam, actuando num cenário.
Texto argumentativo: é uma tipologia textual que tem como objectivo convencer alguém de
uma determinada ideia ou refutar uma opinião alheia. Apresenta a seguinte sequência:
a) Introdução: situação da ideia (tese) a ser defendida.
b) Desenvolvimento: apresentação de argumentos de razão que se destinam a apoiar ou
refutar a tese inicial. Devem ser devidamente fundamentados por meio de comparações,
citações, alusão histórica, dentre outras estratégias argumentativas.
c) Conclusão: reafirmação da tese que se procurou provar com a exposição de argumentos.
Exemplos: sermão, debate, etc.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Texto expositivo: é uma tipologia textual que tem como objectivo expor conceitos,
desenvolver, explicar um assunto ou uma determinada situação. Tem a seguinte constituição:
a) Apresentação do problema – apresentação do facto que vai ser explicado.
b) Questionamento – corresponde a uma pergunta (explícita ou implícita)
c) Explicação ou resposta à questão.
d) Conclusão – síntese das ideias principais.
Exemplos: artigos científicos, textos de manuais escolares, conferências, etc.
Texto dialogal / conversacional: é uma tipologia textual caracterizada pelo diálogo entre os
interlocutores. Exemplos: entrevista, conversa telefónica, etc.
Texto instrucional: é uma tipologia textual utilizada com fins de orientar o interlocutor para
que este execute algo.
Exemplos: manual de instrução, regras de um jogo, receita culinária, etc.
1.5.3. Alguns textos utilitários: aviso, correio electrónico, circular, edital, ofício, contrato
Aviso: texto utilizado para manter a comunicação social institucional.
Correio electrónico: texto curto e objectivo com ou sem anexo.
Circular: é um documento noticioso remetido a diferentes pessoas, órgãos ou entidades.
Destina-se a ordenar, avisar ou instruir.
Edital: é uma tipologia textual que tem a finalidade de convocar, avisar ou informar. Pode ser
dividido em: edital de concorrência; edital de concurso; edital de convocação; edital de
leilão.
Ofício: é um documento expedido entre os órgãos de serviços públicos.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Nota: - Um facto a ter em conta é, justamente, a compreensão de que nem sempre o número de grafemas
corresponde ao número de fonemas. Por exemplo, a palavra táxi tem 4 grafemas e 5 fonemas.
t, a, x, i. = 4 grafemas
/te/, /a/, /ke/, /se/, /i/ = 5 fonemas
Fonemas vocálicos: são os sons resultantes da emissão de ar que passa livremente pela
cavidade bucal. São eles: A, E, I, O, U. Na mesma senda, dividem-se em dois grupos: vogais
e semivogais.
Vogal: é o som produzido sem uma obstrução do tracto vocal. É a base da sílaba. Em
português, as vogais são classificadas da seguinte forma:
a) quanto à zona de articulação c) quanto à intensidade
– anteriores: ê, é, i (reis, réis, riso) – tónicas: (saco)
– média ou central: a – átonas: (sacar)
– posteriores: ó, ô, u (moro, morro, muro)
b) quanto ao timbre d) quanto ao papel das cavidades bucal e nasal
– abertas: a, é, ó – orais: a, e, i, o, u
– fechadas: ê, ô –nasais: (como em santa, lendo, mim, ouça, funda)
– reduzidas: a, e, o
Ilustração:
Pai tou –ro Mãe
/a/ é vogal /o/ é vogal /a/ é vogal
/i/ é semivogal
Mau /u/ é semivogal /e/ é semivogal
a/ é vogal pão cá -rie
/u/ é semivogal /a/ é vogal /i/ é semivogal
/o/ é semivogal /e/ é vogal
Fonema consonantal: é o som produzido com uma obstrução ou estreitamento do tracto vocal
em que a passagem do ar é total ou parcialmente bloqueada.
De forma mais clara, vale ressaltar que, os fonemas consonantais são os ruídos
ocasionados pela obstrução da passagem de ar pelo aparelho fonador (língua, dentes, lábios etc.).
De acordo com os novos pressupostos ortográficos, os fonemas consonantais – são: B, C, D, F, G,
H, J, K, L, M, N, P, Q, R, S, T, V, W, X, Y, Z.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Tritongo: formado por semivogal + vogal + semivogal numa única sílaba: iguais; quão;
Paraguai. O tritongo se classifica, quanto à pronúncia, como:
a) Oral: quando o som sai apenas pela boca: iguais.
b) Nasal: quando o som sai pelo nariz: quão.
Hiato: ocorre quando colocamos, simultaneamente, em uma palavra duas vogais, que
pertencem a sílabas diferentes: sa -í -da; co -o -pe -rar; sa-ú-de.
2.3. Dígrafo
Dígrafo: é o encontro de duas consoantes que representam um único fonema: passo (paço),
chá (xá), manhã, palha. Há dígrafos para representar consoantes e vogais nasais.
Para consoantes Para vogais nasais
Separáveis Inseparáveis am ou an: campo, canto
rr: carro ch: chá em ou en: tempo, vento
ss: passo lh: malha im ou in: limbo, lindo
sc: nascer nh: banha om ou on: ombro, onda
sç: nasça qu: quero um ou un: tumba, tunda
xc: excepto gu: guerra
xs: exsudar Obs.: todos inseparáveis
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
1.ª Separam-se:
a) hiato: sa -í -da, ba -la -ús -tre;
b) encontro consonantal imperfeito: dig -no, ca -rac -te -rís -ti -ca;
c) dígrafos RR, SS, SC, SÇ, XC, XS: car-ro, as-sa-do, des-cer, des-ço.
d) Ditongo decrescente + vogal: separam-se grupos formados por ditongo decrescente + vogal
(aia, eia, oia, uia, aie, eie, oie, uie, aio, eio, oio, uio, uiu).
Exemplos: prai–a, tei–a, joi–a, sa-bo-rei–e, es-tei–o, ar-roi–o, etc.
Nota: - Evitar confusão com tritongo, pois que, é o encontro de uma semivogal com uma vogal e outra
semivogal (SV+V+SV). Nessas palavras, a formação é feita com vogal (a, e, o) + semivogal (i,u) + uma
outra vogal (a,e,o). A formação do tritongo é diferente, sendo semivogal + vogal + semivogal: Paraguai
(“u” e “i” são semivogais e “a” é vogal).
2.5. Translineação
Na translineação (partição das palavras em fim de linha), além das normas estabelecidas
para a divisão silábica, seguir-se-ão os seguintes critérios:
Dissílabos como aí, saí, rua, ódio, unha, etc. - não devem ser partidos, para que uma letra não
fique isolada no fim ou no início da linha;
Na partição de palavras de mais de duas sílabas, não se isola sílaba de uma só vogal: agos-to
(e não a-gosto), La-goa (e não lago-a), ida-de (e não i-dade);
Na partição de compostos hifenizados, ao translinear, repetir-se-á o hífen (se a partição
coincidir com o final de um dos elementos do vocábulo composto). Ex.: saca-/-rolhas;
Não se deve, em final ou início de linha, quando a separação resultar na formação de palavras
estranhas ao contexto. Ex.: presi-/-dente.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
2.6. Acentuação
2.6.1. Acento tónico
Por um lado, em cada palavra existe uma sílaba que é pronunciada com maior intensidade
que as restantes – é a chamada sílaba tónica. A vogal da sílaba tónica recebe o acento tónico –
(automóvel, café, cadeira, nunca, órfão, irmão, sátira, lúbrico, êxtase, tabu, má).
Por outro lado, existem elementos átonos, isto é, que não têm acentuação própria,
pronunciados com menor intensidade (elementos sem negrito dos exemplos anteriores).
Notas:
1. Não pode confundir-se acento tónico com acento gráfico porque, embora coincidam muitas vezes,
nem sempre isso acontece:
2. Existem palavras que não têm acento gráfico, mas não deixam de possuir acento tónico: alto, tabu,
cadeira.
3. É raro, mas existem palavras que o acento gráfico não corresponde à sílaba tónica: àquele, àqueloutro.
2.6.2. Classificação das palavras quanto ao lugar ocupado pelo acento tónico
Agudas ou oxítonas: quando o acento recai na última sílaba – café, irmão, tabu, má.
Graves ou paroxítonas: quando o acento recai na penúltima sílaba – automóvel, cadeira,
nunca, órfão.
Esdrúxulas ou proparoxítonas: quando o acento recai na antepenúltima sílaba – sátira,
lúbrico, êxtase.
Acento grave (`): indica que há crase (a+a=à). Como Trema (¨): usado em substantivos próprios
ilustram as palavras à, àquele, àquela, àquilo; estrangeiros e palavras derivadas destes,
como em: Müller, mülleriano;
Acento circunflexo (^): indica que a sílaba é tónica
e que a vogal deve ser pronunciada de forma fechada Apóstrofo (''): indica a supressão de
ou nasalada.--- estômago, lâmpada, pêssego. fonemas em palavras, como em: Sant’Ana.
2. As palavras monossílabas átonas não são acentuadas, não possuem autonomia fonética e semântica.
Não apresentam um significado fora de um contexto frásico. Podem ser: artigos definidos e indefinidos,
pronomes oblíquos átonos, preposições, conjunções e pronomes relativos.
Exemplos: O carro é do rapaz. /Gosto de Filosofia / A Maria e o André fazem um belo casal.
6. Quando é a 1ª. pessoa do plural do pretérito simples do indicativo dos verbos de tema em
a, para distinguir de igual pessoa do presente do indicativo:
o Amámos (pretérito perfeito) --------------------------- amamos (presente)
o Ficámos (pretérito perfeito) ---------------------------- ficamos (presente)
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Ortografia: a palavra ortografia é formada pelos elementos de origem grega ortho (s), que
quer dizer correcto (a), e grafia, que quer dizer escrita, e significa forma correcta de escrever as
palavras.
O referencial teórico em volta do assunto é vasto, entretanto, o nosso foco serão os
principais fenómenos que, na nossa humilde visão, traduzem as principais dificuldades da classe
académica. Desta feita, far-se-á uma incursão sobre os seguintes aspectos:
a) A – OU HÁ?
Quando usar?
Usa-se o A na descrição de algo por acontecer, indica uma acção futura:
o Daqui a pouco vai chover.
o Chegarei daqui a dez dias.
Usa-se o HÁ na descrição de algo que já aconteceu, indica uma acção passada:
o Chegamos há 30 minutos.
o Terminei o ensino médio há 3 anos.
c) AO ENCONTRE DE OU DE ENCONTRO A?
Usa-se AO ENCONTRE DE para significar “estar de acordo com”, em direcção a, favorável
a, para junto de:
o Vou ao encontro do meu amor.
o Vamos ao encontro de referências bibliográficas paro o êxito do nosso trabalho investigativo.
Usa-se DE ENCONTRO A para significar “contra”, “em oposição a”, “para chocar-se com”:
o A decisão tomada pela Direcção da Escola foi de encontro às reivindicações da Associação de
Estudantes.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
d) AFIM OU A FIM?
Afim é um adjectivo que significa “igual”, “semelhante”:
o A Ana e a Maria têm comportamentos afins.
o Gosto de ler artigos do Isata e do Isidro, têm ideias afins.
A fim faz parte da locução “a fim de” que significa “para”, “com o propósito”, “com o
intuito” e indica finalidade:
o Apresentou algumas teorias a fim de provar a sua inteligência.
o Investiu nos livros a fim de adquirir mais conhecimentos.
g) AONDE OU ONDE?
Aonde indica movimento, é usado com verbo proporcional a esta realidade (ir, voltar, chegar,
etc.):
o Aonde vamos?
o Ainda não sei aonde iremos.
o Aonde vamos?
Nota: - Aonde pode ser substituído por: para onde, para que lugar, a que lugar.
Onde indica permanência, usado com verbo que não indica movimento (estar, ficar, ser,
morar, etc.):
o Onde está o exercício deixado na aula transacta?
o Onde fica a Secretaria da Instituição?
o Onde mora o colega António?
Nota: - Onde pode ser substituído por: em que lugar, em qual lugar, em que parte.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
h) A PRINCÍPIO OU EM PRINCÍPIO?
A princípio significa no começo, inicialmente:
o A princípio faremos uma leitura individual.
o A princípio, nutria uma certa simpatia pela psicologia, mas passei a gostar da neurociência.
o A princípio, o jogo estava morto, mas depois ganhou ritmo.
Em princípio significa em tese, de um modo geral, teoricamente:
o Em princípio, todos os alunos passarão por um exame.
o Em princípio, vocês serão óptimos profissionais.
o Em princípio, todos devem ser considerados inocentes
i) EM FACE DE OU FACE A?
EM FACE DE é uma locução pode substituir as expressões: devido a, em virtude de, por
causa de, etc.:
o Em face do que foi dito, denota-se a inoperância dos serviços administrativos.
o Em face do índice de desemprego, o Governo criou políticas alternativas.
FACE A: é uma expressão que existe na comunicação coloquial, entretanto, reprovada
pelos gramáticos, é considerada errada. Recomenda-se a utilização de em face de.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Porquê: tem pendor de substantivo. Indica o motivo, a razão. Aparece precedido de (artigo,
pronome ou numeral):
o Não ficou claro o porquê de tanto barulho na aula passada.
o Este porquê não me convenceu.
o Preciso de um porquê para validar a vossa prova.
m) SE NÃO OU SENÃO?
Se não – se é a conjunção subordinativa condicional, não é advérbio. Classe sinonímica:
caso não.
Senão – é conjunção coordenativa adversativa. Significa caso contrário, a não ser ou
mas. Exemplos (para os dois casos):
o Se não fosse o parecer do Montalvo, estaria numa posição desfavorável.
o Não farei outra coisa hoje senão ler novos apontamentos.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
TEMA 4: A CRASE
a+a=à
a (s) [artigo] a + as = às
pronomes demonstrativos a + aquele(s) = àquele(s)
a [preposição] + [ [ aquele(s), aquela(s), a + aquela(s) = àquela(s)
aquilo] a + aquilo = àquilo
pronomes relativos a + a qual = à qual
[ a qual / as quais ] a + as quais = às quais
Nota: - A crase é resultante da preposição “a” mais a inicial “a”. Este fenómeno ocorre se o
que é dito anteriormente exige preposição “a”
Nota: - De modo geral, as locuções prepositivas femininas que terminam na preposição a, quando
seguidas de palavras femininas que puderem vir acompanhadas de determinantes, exigem o acento grave
indicativo da crase. Exemplo:
o Graças à dedicação do grupo, o trabalho foi terminado.
Casa e distância – regra: apenas quando essas palavras vierem especificadas (definidas):
o Volte a casa cedo. (sem crase)
o Volte à casa dos seus pais. (com crase)
o Minha casa fica à distância de 400 metros daqui. (com crase)
o Permaneçam à distância de 2 metros uns aos outros. (com crase)
o Meu pai trabalha a distância. (sem crase)
o Vi o colega a distância. (sem crase)
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Vírgula (,)
A vírgula (,) marca uma pausa de pequena duração. Emprega-se não só para separar
elementos de uma oração, mas também orações de um só período.
No interior da oração serve:
1.º Para separar elementos que exercem a mesma função sintáctica (sujeito composto,
complementos, adjuntos), quando não vêm unidos pelas conjunções e, ou e nem:
o Nós vivemos num canto da colónia, longe de tudo, sem recursos, sozinhos. (Castro
Soromenho)
Nota: - Quando as conjunções e, ou e nem vêm repetidas numa enumeração, costuma-se separar por
virgula os elementos coordenados, como neste exemplo:
º Nem eu, nem tu, nem ela, nem qualquer outra pessoa desta história poderia responder mais. (Machado
de Assis)
2.º Para separar elementos que exercem funções sintácticas diversas, geralmente com a finalidade
de realçá-los. Em particular, a vírgula é usada:
a) para isolar o aposto, ou qualquer elemento de valor meramente explicativo:
o Conheço, sim, o cansaço do nosso corpo. (José Tenreiro)
b) para isolar o vocativo:
o Como está, ilustre professor?
c) para isolar os elementos repetidos:
o Só minha, minha, minha, eu quero!... (Luandino Vieira)
d) para isolar o adjunto adverbial antecipado:
o Fora, a ave agitou-se medonhamente. (Óscar Ribas)
2.° Para separar as orações coordenadas sindéticas, salvo as introduzidas pela conjunção e:
o Não comas, que o tempo é chegado. (José Saramago)
Nota: - Separam-se geralmente por vírgula as orações coordenadas unidas pela
conjunção e, quando têm sujeito diferente:
o E eles riem, e eles cantam, e eles dançam. (Óscar Ribas)
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
5.° Para separar as orações subordinadas adverbiais, principalmente quando antepostas à principal:
o Se eu o tivesse amado, talvez o odiasse agora. (Ciro dos Anjos)
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
a) Por contracção: resulta da junção dos complementos indirectos (me, te, lhe, lhes) aos
complementos directos (o, a, os, as), ao contraírem-se, estes pronomes ganham uma nova
forma: mo, ma, mos, mas, to, ta, tos, tas, lho, lha, lhos, lhas:
o A Florinda comprou-me dois livros. = A Florinda comprou-mos;
o O Montalvo dar-te-á um chapéu. = O Montalvo dar-to-á;
o Talvez entreguem as blusas à Leontina. = Talvez lhas entreguem.
Nota: – Neste tipo de operação, o pronome que representa o complemento directo define
o género e o número desse complemento.
b) Por hifenização: ocorre por meio do uso do hífen entre os complementos indirectos
representados pelos pronomes nos, vos e os complementos directos com a forma lo, la, los,
las.
Uma particularidade neste processo - é a eliminação do s dos complementos indirectos, tal
como é ilustrado no exemplo a seguir:
o Pede ao professor de Língua Portuguesa que nos conceda uma prova = Pede ao
professor de Língua Portuguesa que no-la conceda.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
• Clareza - qualidade primordial (mais a correcção) da expressão escrita ou falada. Espelha a lisura
do pensamento e facilita-lhe a pronta percepção.
• Precisão - escolha acertada do termo próprio, da palavra exacta para a ideia que se quer exprimir.
• Originalidade - qualidade inata ao falante ou escritor, um dom natural, que a arte não dá, mas
pode estimular e aprimorar.
• Harmonia – correcta disposição das palavras, de tal maneira que o período se imponha pelo
ritmo, equilíbrio e harmonia.
• Colorido e elegância - virtudes que dão à obra literária o acabamento ideal e o toque da perfeição.
Decorrem do uso criterioso das figuras e dos ornatos de estilo, e exigem imaginação fértil e
brilhante e o perfeito domínio da técnica literária.
Catacrese: é uma espécie de metáfora em que se emprega uma palavra no sentido figurado
por hábito ou esquecimento de sua etimologia:
o Vou embarcar num autocarro. (autocarro não é barco)
o O Isata enterrou uma agulha na pele. (pele não é terra)
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Antonomásia - designa os seres por meio de algum de seus atributos ou de um facto que
os celebrizou:
o O poeta da Sagrada Esperança (= Agostinho Neto)
o O pai da psicanálise (= Sigmund Freud)
Perífrase: consiste em substituir uma palavra ou conceito breve por uma expressão
analítica longa e indirecta com o mesmo significado:
o Venho da cidade das mulheres belas, terra das acácias rubras. (= venho de Benguela)
o Quando surgiram os primeiros raios de sol, saiu de casa. (= quando amanheceu)
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Nota: - Muitos autores preferem chamar antonomásia ou perífrase, entretanto, vale destacar que,
as duas figuras têm o mesmo efeito em fenómenos diferentes. Antonomásia envolve pessoas,
perífrase envolve coisas ou espaços.
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LÍNGUA PORTUGUESA Inocêncio Fortunato Kuyanga
Silepse – é uma concordância feita não com o termo, mas com a ideia transmitida pelo
mesmo. Pode ser:
a) de género – a concordância é feita com o género do termo a que se refere e não com o
termo em si:
o Vossa Majestade será informado acerca de tudo. (Vossa Majestade = o rei)
o De longe, viu o seu amor, vestida de véu e grinalda. (amor = mulher, esposa)
Ironia – consiste em dizemos o contrário do que pensamos, quase sempre com intenção
sarcástica:
o Parabéns! Tiveste a classificação de zero.
o Grande gesto, bater em senhoras indefesas.
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a) Homonímia
As palavras homónimas têm a mesma pronúncia e a mesma grafia, mas significados
diferentes: amo (senhor) / amo (verbo amar); são (saudável) / são (verbo ser) …
b) Homografia
As palavras homógrafas têm a mesma grafia, mas pronúncia e significado diferentes: apoio
(suporte) / apoio (verbo apoiar); acordo (combinação) / acordo (verbo acordar); sede (vontade de
beber água) sede (matriz).
c) Homofonia
As palavras homófonas têm a mesma pronúncia, mas grafia e significado diferentes: à/há;
trás/traz; cem/sem…
d) Paronímia
As palavras parónimas têm grafia e pronúncia parecidas, significados diferentes:
comprimento/cumprimento; descrição/discrição; despensa/dispensa…
Antonímia – relação semântica entre duas ou mais palavras que, embora partilhando algumas
propriedades semânticas que as relacionam, têm significados opostos: grande / pequeno;
quente / frio; bonito / feio.
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Campo semântico – conjunto dos significados que uma palavra pode ter nos diferentes
contextos em que se encontra:
o Campo semântico de "peça": "peça de automóvel", "peça de teatro", "peça de bronze", "és
uma boa peça", "uma peça de carne", etc.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Florido, M. B., & Silva, M. E. (1986). Novos caminhos para a linguagem 3. Lisboa: Porto editora.
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Paulo: Saraiva.
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