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Escolar
RESUMO:
O referido estudo tem como objetivo ressignificar a prática da Educação Física Escolar através da
didática da pedagogia Histórico-Critica, assim como, possibilitar a prática de vivências corporais
que problematizem a produção de conhecimento para verificar como os participantes significam as
atividades propostas a fim de que possa ser analisada a eficácia do procedimento didático adotado.
Para tanto desenvolveremos uma pesquisa-ação do tipo estratégica na qual fará parte do estudo
alunos da escola pública da cidade de Teresina - PI.
ABSTRACT:
The purpose of this study is to re-signify the practice of School Physical Education through the
didactics of Historical-Critical pedagogy, as well as to enable the practice of corporal experiences
that problematize the production of knowledge to verify how participants mean the proposed
activities so that can be analyzed the effectiveness of the didactic procedure adopted. In order to do
so, we will develop an action research of the strategic type that will be part of the study students of
the public school of the city of Teresina - PI.
INTRODUÇÃO
Para Platão a educação é o instrumento para desenvolver no homem tudo o que implica sua
participação na realidade ideal, tudo que define sua essência verdadeira, embora asfixiada
por sua existência empírica. Também segundo Aristóteles, a educação é um processo que
auxilia a passagem da potência para o ato, pela qual atualizamos a forma humana.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
4.1 Apresentação da primeira etapa da pesquisa: Entrevista com a professora aqui chamada de
Josivane Correa.
Professora Josivane Correa foi entrevistada da 15 de agosto 2018 às 8h15m – na escola em
que desenvolve suas atividades profissionais.
A inserção no campo se deu com o uso da entrevista semiestruturada realizada com a
professora Josivane Correa, docente responsável por desenvolver suas ações educativas com os
alunos sujeitos da investigação. Esse momento de diagnóstico por meio da entrevista no desenho da
Pesquisa-Ação é de fundamental importância para que o pesquisador tome ciência do contexto
social e político em que a prática social, no caso desse estudo da prática educativa se desenvolve
(EL ANDALOUSSI, 2004).
Assim sendo, ao questionarmos a educadora com relação às suas dificuldades na prática
docente. Obtivemos que:
A maior dificuldade que eu sinto é da aceitação dos alunos em relação a outros conteúdos,
por exemplo, eles acham que a Educação Física ainda está naquela só de jogar bola, só de
jogo pelo jogo. Acham que a Educação Física não tem a parte conceitual então eles não dão
valor. A maior dificuldade que eu sinto hoje é em relação a isso. Dessa não aceitação de
outros conteúdos, sempre tem uma barreira (PROFESSORA JOSIVANE CORREA).
Eu divido assim, toda vez que inicio um conteúdo novo sempre começo pela parte
conceitual, ai explico pra eles tudo direitinho e depois a gente vai para a prática. Sempre
passo os jogos pré-desportivos em relação a determinado conteúdo de forma lúdica pra
depois ir para as regras (PROFESSORA JOSIVANE CORREA).
Gasparin (2012, p.3) defendem que as conceituações das aulas de Educação Física servem
para construir uma base conceitual em que os alunos poderão apoiar suas experiências e ter um
aprendizado significativo estabelecendo ligações coerentes com sua realidade, aprendendo a
solucionar problemas, adaptando-se a mudanças, ajudando a reconstruir fatos, teorias, mostrar
hipóteses, ensinar princípios. O conteúdo, portanto, deve ser dinâmico, contextualizado e ter
funcionalidade social.
A respeito de como a professora observa a aprendizagem dos alunos em relação aos
conteúdos ministrados e as experiências corporais vivenciadas, foi relatado que:
Em relação a aprendizagem eu acho que eles ainda tem muita dificuldade, como foi dito
anteriormente justamente pela questão deles terem essa preferência por um único esporte.
Quando a gente coloca outro conteúdo eles não valorizam, ás vezes eles fazem por fazer
não querem participar e de certa forma a gente sempre tem que entrar em um acordo pra
tentar com que eles façam. A gente observa que a aprendizagem em si é bem lenta em
relação a algumas coisas, a gente ensina, mostra, mas continuam sempre levando muita na
brincadeira, não dando o real valor pra disciplina (PROFESSORA JOSIVANE
CORREA).
Gasparin (2012, p.2) afirma que o processo de ensino aprendizagem deve estar esclarecido
como de responsabilidade do professor e do aluno no intuito de compreender que o “processo”
significa tratar a relação docente-discente como parte da proposta pedagógica aliada à realidade
social.
A professora quando questionada sobre os conteúdos que gostaria de oferecer para o aluno
conhecer e o que impossibilitava tal ação respondeu que:
Eu trabalhei com eles um conteúdo que foi Lutas. A dificuldade que eu tive que talvez
possa ter sido a impossibilidade de não ter sido melhor foi o material mesmo e o próprio
preconceito, por exemplo, eu trabalhei uma parte de Jiu-Jitsu e por ter muito contato físico
eles acharam que era algo mais voltado pra questão da sexualidade. Então teve muito essa
questão. Que na verdade isso também foi um gancho pra se trabalhar, mas não tem assim
um conteúdo. A gente tem a falta de material, mas sempre tento adequar algumas coisas pra
não deixar que o aluno não visualize aquele conteúdo (PROFESSORA JOSIVANE
CORREA).
O PCN (2000) reforça que o aluno deve ter vivências múltiplas, já que estas possibilitam o
desenvolvimento de aspectos éticos, morais e de comportamento social. As diferentes práticas
corporais favorecem a autonomia e coíbem posturas preconceituosas e atitudes discriminatórias
além de permitir o conhecimento sobre o corpo.
Ao que se refere aos conteúdos que a professora gostaria de oferecer para o aluno saber
praticar e o que a impossibilita de ministrá-los narra que:
Eu tô tentando colocar o atletismo por causa que eu acho que é um esporte que ele trabalha
você por completo, só que o espaço que a gente tem dá pra fazer algumas atividades, mas o
material também... Tem a questão do trabalho de material reciclado, só que já tentei fazer
algumas atividades com eles de material reciclado e eles não correspondem porque eles não
levam o material. Então é mais mesmo deles do que de dizer assim ‘ah por causa da
estrutura...’ e não colocar culpa no material, mas é a participação deles em relação. Por
mais que seja valendo ponto, seja isso, o aluno acha que ele nunca vai ficar reprovado em
Educação Física. Então é mais deles a impossibilidade. Outra coisa, eu poderia levar o
material? Poderia, mas, por exemplo, o atletismo que a gente trabalha na escola, o mini
atletismo, é tudo material reciclado, então seria interessante com que eles dessem esse
Feedback trazendo as coisas, mostrando, criando, eles mesmos fazendo o material deles
pra ser praticado. Mas eles não tem essa responsabilidade de levar. Leva um, leva dois, a
turma toda não participa (PROFESSORA JOSIVANE CORREA).
Tal discurso remete a pensar nos quatro pilares da Educação que segundo Selbach (2010.
p.76) foram formulados com intuito de servir como base a todas as disciplinas. A Educação Física
não seria diferente, pois dentre os conteúdos a serem ministrados deve estar incluso à necessidade
de ensinar a conhecer, a fazer, a compartilhar e a ser. Tais pontos devem constar como objetivos
claros e de alcance real a fim de mostrar ao aluno qual a sua responsabilidade e a do professor em
relação à realização das atividades.
Apresentação da segunda etapa da pesquisa: Entrevista com os alunos atendidos pela
professora Josivane Correa da turma 815.
No desenho da pesquisa-ação do tipo estratégico, o encontro com a comunidade de
interferência é fundamental para que o pesquisador encaminhe suas ações ancoradas nas
necessidades dos sujeitos (EL ANDALOUSSI, 2004). Assim sendo, após a entrevista realizada com
a professora Josivane Correa o encontro com os alunos da turma 815 – alunos atendidos pela
respectiva professora foi de sua importância para o andamento da fase da pesquisa que
apresentaremos a seguir.
O objetivo do encontro foi de estabelecer de forma coletiva um conteúdo inicial que na
perspectiva dos alunos pudesse ser mais vivenciado ou vivenciado. No decorrer do encontro, os
alunos manifestaram interesse por conteúdos variados tais como: Voleibol, Basquete, Handebol,
Tênis de Mesa, Queimada e Lutas. Desses conteúdos elencados, as lutas foram às escolhidas pela
maioria dos alunos. É válido salientar que a escolha dos alunos foi ao encontro do depoimento da
professora Josivane Correa quando afirmou que a o conteúdo Lutas havia sido para ela um dos mais
difíceis para ser trabalhado, em virtude do material que encontra ao seu dispor e o preconceito
manifestado por alguns alunos em relação ao conteúdo Lutas.
De acordo com Neira e Nunes (2008), a Educação Física enquanto componente curricular
escolar, componente que encontra-se inserido no Projeto Político Pedagógico Escolar tem como
objetivo de tratar pedagogicamente os conteúdos da Cultura Corporal e de forma coesa inserir no
cotidiano vivido pelos alunos.
Desta forma, o desafio inicial a mim colocado, foi o de com as ferramentas que tínhamos
ao nosso alcance, buscar meios para que o conteúdo lutas fosse vivenciado de forma significativa
pelos alunos.
No terceiro momento da pesquisa em que de forma coletiva foi acordado que o conteúdo
Lutas seria por nós vivenciado, fiz uso dos momentos da didática da pedagogia histórico-crítica,
dividido em quatro aulas em virtude do tempo disponível pela comunidade participante do estudo
para a pesquisa.
Assim sendo, nas linhas que se seguem apresento os momentos vividos e problematizados.
No dia 22 de agosto do ano corrente às 8 horas e 20 minutos adentrei a sala de alunos
alvoraçados. Conversei com a professora sobre meu propósito naquele momento. Logo após me
apresentei aos alunos, identificando meu nome, curso e intenção ao estar ali anunciando que as
aulas subsequentes seriam cedidas pela professora para a pesquisa a partir daquele momento. A
priori houve um questionamento sobre qual conteúdo gostariam de vivenciar. Expliquei que
escolheriam de forma democrática o conteúdo, sendo o vencedor o que tivesse maior número de
votos. Surgiram os conteúdos: Vôlei, Basquete, Handebol, Tênis de mesa, Queimada e Lutas. A
votação por fim se acirrou entre Vôlei e Lutas, em que Lutas foram à opção escolhida como
conteúdo a ser mediado nas aulas seguintes. Meu encontro com a turma e professora se encerrou às
09 horas. Este momento é caracterizado como parte do primeiro momento chamado Prática Social
Inicial que de acordo com Gasparin (2012) se baseia em especular as diferentes visões sobre o
assunto mesmo que não estejam em consonância com a realidade.
No dia 27 de agosto de 2018 às 08 horas e 20 minutos permanecemos em sala de aula para
discutir sobre o conhecimento prévio do conteúdo Lutas e o que tinham visto durante o período
escolar. Após este momento foram instigados a discutir e pontuar as diferenças entre Lutas e Briga.
Como a professora Luciana Ferreira Brasil já havia ministrado o conteúdo e a prática de Jiu-Jitsu a
discussão procedeu em grande tumulto, peculiar da idade escolar em que todos querem opinar, mas
mostrando que de fato alguns reconheciam a diferença entre a Luta (que acontecia em um ambiente
específico com regras) e Briga (ambiente qualquer por motivos diversos). Alguns ainda
consideraram violência como parte indissociável da luta. Após este momento distribuí figuras de
tipos diferentes de lutas (de curta, média e longa distância) e várias situações de briga. Solicitei que
cada um identificasse a luta e a figura que representava a briga e falasse uma palavra ou mais que
representasse o significado que tinha para si. Este momento consiste na Problematização em que na
Pedagogia Histórico-Critica, segundo Gasparin (2012) pode dar encaminhamento ao conteúdo
vivenciando cotidianamente agregando os interesses a serem mediatizados pelo professor,
mostrando assim que o desdobramento do conteúdo abordado depende da relação aluno-professor e
professor-aluno estabelecendo uma relação recíproca de aprendizado constante em que as
necessidades e questionamentos empíricos em relação ao conteúdo são expostos e explorados. Em
outras palavras, é o confronto com a prática social inserida no contexto em que a relação do
professor com educando procede em ações que denotam os questionamentos.
Após este momento fomos para a quadra poliesportiva, iniciando a Instrumentalização.
Gasparin (2012) afirma que nesta fase os alunos confrontarão o conhecimento pré-adquirido com o
que está sendo vivenciado sendo utilizado para futura elucidação dos problemas sociais. As
atividades realizadas foram dadas na ordem que seguem: 1)Empurra-empurra com a mão: que
consistia em ficar em contato apenas com a palma das mãos e empurra seu oponente para fora da
delimitação dada pelo mediador. 2) Tomando o pregador: consistia em tomar o pregador de seu
oponente colocado primeiro na barriga como nível mais fácil e depois nas costas como variação em
nível mais difícil de deslocamento. A aula finalizou às 10 horas.
A fase da Instrumentalização tem continuidade no dia 02 de setembro de 2018 às 08 horas
a aula procedeu inicialmente com uma conversa explicando o que iria ocorrer durante a aula na
forma em que descrevo a seguir:
ATIVIDADE 1: Formar dois grandes grupos em que cada integrante é posto atrás do outro
com as mãos postas sobre o ombro do colega da frente sendo o objetivo o primeiro de cada grupo
tocar o último do grupo adversário para que pontuasse. Cada grupo estava livre para criar sua
estratégia de defesa ou de ataque.
ATIVIDADE 2: Organizado em dois grandes grupos, um em cada linha de fundo de lados
opostos da quadra. Ao gritar “Luta” os integrantes de cada grupo deveriam correr, ao gritar
“estátua” deveriam permanecem estáticos em uma posição de qualquer luta que conhecessem. O
grupo vencedor tinha que conseguir passar da linha central da quadra primeiro. Depois, como
desafio maior, chegar à linha de fundo do lado oposto da sua posição inicial da quadra.
ATIVIDADE 3: Formando duplas deveriam treinar a pegada do Judô. Cada dupla era
responsável por conferir sua pontuação individual. Pontuava quem segurasse por mais de 3
segundos o pulso ou ombro do colega. Deveriam conferir em voz alta para o oponente.
ATIVIDADE 4: Ainda em dupla, cada um recebeu duas folhas de revista juntas e teria
que confeccionar uma espada. Após a confecção ficaram um de frente para o outro e tinham que
acertar nas mediações abaixo da cabeça e acima da cintura para pontuar. Este é o Aikidô.
ATIVIDADE 5: Todos se posicionaram em círculo e utilizamos a circunferência da parte
central da quadra para praticar o sumô adaptado. As regras consistiam em não tocar com nenhuma
parte do corpo no chão e não sair da área delimitada. Formaram-se duplas espontaneamente sem
repetir participantes para confrontos com contato.
Ao final todos sentaram e conversamos sobre quais tipos de lutas, quais as diferenças e
regras observaram nas atividades propostas, o que acharam e o que mudariam. O momento final da
aula caracterizou parte da Catarse em que o aluno faz uma reconstrução do conhecimento cientifico
e prático obtendo uma nova concepção do conteúdo ministrado a partir de sua análise. É a soma de
um todo (GASPARIN, 2012). A aula finalizou às 10 horas.
Dia 09 de setembro de 2018, último encontro, a Prática Social Final na qual aluno e
professor se percebem modificados qualitativamente em relação à prática pedagógica e a
apropriação do conteúdo (GASPARIN, 2012), foi realizado uma mini competição de sumô. Antes
da competição fizemos alongamento em conjunto e aquecimento para então dar inicio a organização
de adversários. A competição aconteceu por meio de eliminatória simples e seguiu as regras básicas
que incluíam cumprimentar seu oponente, ficar em posição estática de agachamento sumô e
somente sair ao comando dado pela mediadora. O perdedor seria aquele que pusesse todo o pé fora
do tatame ou se ajoelhasse ou deixasse outra parte do corpo, acima dos tornozelos, tocar no tatame.
Após esse momento conversamos e questionei sobre as atividades propostas nas aulas.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO:
BACKER, H. Métodos de pesquisa em ciências sociais. 2.ed. São Paulo: Hucitec, 1994.
CASTELLANI FILHO, L. Educação Física no Brasil: A história que não se conta. Campinas, SP:
Papirus, 1988.
CORREIA, M. S. Projeto Sênior para a vida ativa: uma pesquisa participante. (Dissertação de
Mestrado em Educação Física) Universidade São Judas Tadeu – USJT, 2010.
OLIVEIRA, V. M. O que é Educação Física. São Paulo: Brasiliense, 2004. (Coleção primeiros
passos).
SAVIANI, D. Pedagogia histórico-crítica: primeiras aproximações. 9.ed. Campinas: Autores
Associados, 2005.