Introducao A Filosofia
Introducao A Filosofia
Introducao A Filosofia
FILOSOFIA
INTRODUÇÃO À FILOSOFIA
FABRA
2017
CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FABRA
MANTENEDOR DO CENTRO DE ENSINO SUPERIOR FABRA
CRED. PELA PORT. Nº 2787 DE 12/12/2001
D.O.U. 17/12/2001 - CNPJ 03.580.192/0001-40
Aditada pela Portaria MEC n 467 de 13/09/2013 – publicada no D.O.U em 16/09/2013
Rua Pouso Alegre, 49 – Barcelona – Serra/ES
Tel.: 27 3241-9093 – www.soufabra.com.br
Copyright@FABRA 2017
Elaboração:
Weldell Leonardo Pereira
Revisão:
Kátia Regina Franco
Eber da Cunha Mendes
Organizadora:
Claudio Ernani Litig
Paulo Tavares
Produção e Capa:
Centro de Ensino Superior Fabra
158 p. : il.
ISBN 978-85-92808-39-6
PROGRAMA DE ENSINO
EMENTA
Filosofia antiga, Filosofia medieval, Filosofia moderna, Filosofia
contemporânea. Pós-modernidade. Tópicos de filosofia geral: lógica,
teoria do conhecimento, política, estética e ética. Tópicos de filosofia da
Educação.
OBJETIVOS
1. Estudar os elementos básicos da história da filosofia.
2. Compreender a filosofia atual e seus reflexos na sociedade contem-
porânea.
3. Discutir a contribuição da filosofia no campo da Educação
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
ARANHA, Maria Lucia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofan-
do: Introdução à Filosofia. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2009.
CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. 14. ed. São Paulo: Ática, 2012.
TOBIAS, José Antônio. Iniciação à filosofia. Leme, SP: JH Mizuno, 2015.
BIBLIGRAFIA COMPLEMENTAR
CUNHA, José Auri. Iniciação à investigação filosófica: um convite ao filosofar.
Campinas, SP: Alínea, 2013. ISBN13:9788575166420
UNIDADE I
Capítulo 2 • A pós-modernidade.............................................................. 27
O PENSAMENTO PÓS-MODERNO E O RELATIVISMO....................................... 27
RELATIVISMO E A NECESSIDADE DO CONSENSO .......................................... 31
RESUMO DO CAPÍTULO................................................................................... 38
AUTOATIVIDADE.............................................................................................. 39
Unidade 1
Capítulo 1
Tales de Mileto
Disponível em <http://www.estudopratico.com.br/historia-da-filosofia-antiga-filosofos-e-contexto-
historico/>. Acesso em 7 de junho de 2017.
de Tales”, até Sócrates de Atenas (468- 399 a.C). Nesse período, os Filósofos
abordavam basicamente os temas ligados à natureza, por isso também são
conhecidos como filósofos da natureza (CHAUÍ, 1986).
Além de Tales, para quem a água é o princípio da criação de todas
as coisas, outros filósofos devem ser mencionados, como Pitágoras, que
atribuía aos números a ordenação do mundo; e Parmênides, que atribuía a
Uno, ou Um, como todo “o princípio, eterno, imutável e imóvel” (GRISSAULT,
2012, p.12). Já para Heráclito, o fogo seria o princípio do “vir a ser” e a
manifestação de um princípio único (GRISSAULT, 2012); Anaxímenes (586-
526 a.C) acreditava que o ar é o elemento originário das coisas; por fim,
Anaximandro (610-545 a.C.) acreditava que é o apeiron princípio ilimitado
e indeterminado (GRISSAULT, 2012).
2 - Em 450 a.C., temos o segundo período, denominado clássico,
adjetivo que serviu para designá-lo, sobretudo, a partir do Renascimento. É
o período em que se tem maior número de textos e que mais nos influenciou
(CHAUÍ, 1986).
Os Filósofos Clássicos, Sócrates, Platão e Aristóteles, abordam temas
como ética, democracia, matemática, estética, física, lógica e zoologia. Em
termos epistemológicos, temos em Aristóteles a base para o pensamento
empirista, e, em Platão, para a metafísica. Muitos filósofos basearam-se
nesses pensadores para desenvolver sua própria filosofia.
Platão fora discípulo de Sócrates que chamava a sua filosofia de
maiêutica (termo relacionado ao “parto”; Sócrates era filho de uma parteira
e acreditava que o filósofo deveria, assim como em um parto, favorecer o
nascimento, ou seja, “iluminação” pela razão filosófica), usava da dialética
em seus debates. Sócrates ficou conhecido como o homem mais sábio
de sua época, todavia, sua afirmação era de que nada tinha a ensinar,
pois tinha consciência de que nada sabia (GRISSAULT, 2012). Morreu,
após condenação, por envenenamento. A acusação era a de que estava
subvertendo os jovens contra os anciãos e blasfemando contra os deuses.
Houve uma votação para considerá-lo culpado ou não. Mais
da metade dos 501 cidadãos que compunham o imenso júri
o considerou culpado e o sentenciou à morte. Se ele quisesse,
provavelmente poderia ter se defendido e evitado a execução.
Contudo, em vez disso, fiel à sua reputação de moscardo, irritou
ainda mais os atenienses argumentando que não fizera nada
de errado e que eles deveriam, na verdade, recompensá-lo com
refeições gratuitas pelo resto da vida em vez de puni-lo. Mas
u NI D A D E 1 • 17
esse argumento não foi bem aceito. Ele foi condenado à morte,
tendo de tomar veneno feito de cicuta, uma planta que paralisa
gradualmente o corpo. Sócrates despediu-se da esposa e dos
três filhos, depois reuniu seus estudantes ao redor de si. Se
tivesse tido a escolha de continuar vivendo em silêncio, sem
fazer mais perguntas a ninguém, ele não teria aceitado. Pre-
feria morrer a viver assim. Sócrates tinha uma voz interior que
lhe dizia para continuar questionando tudo, e ele não a trairia.
Então, tomou um cálice de veneno e morreu logo depois (WAR-
BURTUN, 2011, p. 6).
33) O epicurismo era uma filosofia muito comum, pois é dessa visão de
realidade que o apóstolo Paulo cita: “Comamos e bebamos que amanhã
morreremos!” (II Co 4.18), frase associada ao pensamento epicureo. O
epicurismo possui concepção materialista sobre o mundo; para essa escola,
o mundo é composto por átomos e pelo vazio (GRISSAULT, 2012, p.33). O
epicurismo era a busca do prazer e da felicidade como suprema causa do
existir. Como prezava pela amizade e pela harmonia, a escola fundou uma
comunidade conhecida como “filósofos do jardim”.
O estilo de vida dessa escola se pautava no “[...] bem viver de maneira
diferente da formação erudita e ligada à política. Pois, o papel da filosofia é
antes a condução dos homens pela via da sabedoria: o Jardim acolhe tanto
personalidades ilustres quanto mulheres e escravos” (GRISSAULT, 2012, p.
33).
Quanto às teses essenciais, “A filosofia epicuriana compreende três
partes: a canônica, primeiramente, se interessa sobre os critérios da
verdade; a física, em seguida, trata da natureza; e a moral, por fim, expõe
as condições de uma vida feliz” (GRISSAULT, 2012, p. 27 e 34).
O cinismo foi também uma filosofia muito conhecida. Assumia uma
postura de descrença a tudo que era exterior a ele mesmo. Para o filosofo
cínico, o que um homem pode ter de mais valioso era o contentamento
interior. Tal postura não agrada a elites. Diógenes de Sinope (404-323 a.
C) fundou essa filosofia. “Diogenes compartilhou da paixão pela virtude e
da rejeição ao confronto material de Sócrates, mas levou essas ideias ao
extremo” (BUCKINGHAM, 2011, p. 66). Sobre Diógenes, Platão afirmou
ser um “Sócrates que ficou louco” (op. cit., p. 66). Diogenes viveu em
pobreza e tinha satisfação nisso; tinha como abrigo um barril velho. Para os
cínicos, uma vida de desapego leva o homem ao ideal, pois, segundo ele,
“quem mais tem se satisfaz com o mínimo” (BUCKINGHAM, 2011).
O estoicismo foi doutrina criada por Zenão (332-265 a.C.) e Sêneca.
A base desse pensamento está na felicidade. Para Zenão, “A felicidade é o
bem fluir da vida”; tinha como pressuposto o pensamento de que a felicidade
está ligada a uma prática ética em que o homem controla suas paixões e
as domina a seus princípios. O estoicismo era caracterizado pela postura
ascética.
Discípulo de Diógines, o Cínico, Zenão, “[...] compartilhou de sua
abordagem singela. Ele tinha pouca paciência com especulações metafísicas
u NI D A D E 1 • 19
e chegou a acreditar que o cosmos era governado por leis naturais estabelecida
por um legislador supremo” (BUCKINGHAM, 2011, p. 67).
Essa filosofia conquistou grande parte da Grécia Antiga e do Império
Romano e serviu de base ética à política até ser superada pelo cristianismo
no século VI. Essa filosofia via na natureza referência para a vida de modo
que se entendia que “o objetivo da vida é viver de acordo com a natureza”
(BUCKINGHAM, 2011).
4 - O período greco-romano inicia-se por ocasião das conquistas romanas
resultantes das guerras púnicas, estendendo-se por ocasião das conquistas
romanas por volta de 530 de nossa era – é o período mais longo e também
o mais desprezado pelos historiadores da filosofia (CHAUÍ, 1986).
Nesse período, epicureus, estoicos, céticos, agnósticos e neoplatônicos
permanecem no cenário da filosofia. Todavia, com a expansão do cristianismo,
a filosofia Patrística sobressai. Tal pensamento tem como centro a fé cristã
e sua defesa por um viés filosófico.
A grande referência filosófica nesse Período é Santo Agostinho (354-
430 d.C.) que recebeu influência maniqueísta e neoplatônica. Sobre Deus,
ele afirma não ser o autor do mal e considera o mal como ausência do bem,
não como um fim em si mesmo. Quanto ao livre arbítrio, ele considera-o
como condição essencial para a criação do homem como um ser racional
(BUCKINGHAM, 2011).
Em sua obra Confissões, Agostinho expõe sua filosofia e teologia de
maneira detalhada. “Seu pensamento dominará o pensamento ocidental,
sobretudo o religioso, tanto na Idade Média (até o século XIII principalmente)
quanto na Renascença por meio dos reformadores Lutero e Calvino”
(GRISSAULT, 2012, p. 57).
RESUMO DO CAPÍTULO 1
o Sócrates foi o principal filósofo da era Clássica. Esse período tem Platão
e Aristóteles como grandes referencias. Platão defendia uma perspectiva
metafísica e Aristóteles possuía uma visão empirista da realidade.
AUTOATIVIDADE
https://www.youtube.com/watch?v=ofcKTYvKAYo
https://www.youtube.com/watch?v=b6dCnMwmB0A
https://www.youtube.com/watch?v=n4lIBgPLzdk
Capítulo 2
A pós-modernidade
RESUMO DO CAPÍTULO 2
AUTOATIVIDADE
https://www.youtube.com/watch?v=bUBAXx8Np3g
https://www.youtube.com/watch?v=1lBjle0JnAk
https://www.youtube.com/watch?v=58MMs5j3TjA em:
Capítulo 3
LÓGICA
TEORIA DO CONHECIMENTO
Ilustração de um cérebro
Disponível em :<https://newzzniper.com/2017/02/16/cerebro-siempre-tiene-un-plan-de-respaldo/>
Acesso em 7 de junho de 2017.
FILOSOFIA POLÍTICA
ESTÉTICA
RESUMO DO CAPÍTULO 3
AUTOATIVIDADE
1 Defina Estética.
2 Defina Lógica.
u NI D A D E 1 • 47
Unidade 2
Capítulo 1
sintética, podemos afirmar que “A ética pode ser entendida como o estudo
filosófico da moralidade, a qual se ocupa com nossas crenças e avaliações
sobre motivação, atitude, caráter e conduta e se isso está certo ou errado”
(MORELAND, 2005, p. 483).
Ética vem do grego ethos, surgido por volta do século VI a.C. e era
entendido como “O lugar do humano”, ou seja, a “casa”. Entretanto, a palavra
para essa designação um século depois veio a ser oikos. A palavra ethos se
escreve de duas formas: com “eta” - έθος (a letra e - vogal breve) e com
“épsilon” - ήθος (a letra E - vogal longa). Ethos com “e” significa “morada”,
o abrigo permanente, seja dos animais (estábulo), seja dos seres humanos
(casa) (BOFF, 2003, p. 28). Já com a vogal longa significa “costumes”,
“hábitos”, conforme define Boff.
[...] Eis a obra da cultura. A morada deve ser cuidada e conti-
nuamente retrabalhada, enfeitada e melhorada. Em outras pala-
vras o ethos não é algo acabado, mas algo aberto a ser sempre
feito, refeito e cuidado como só acontece com a moradia huma-
na. Ethos se traduz, então por ética. É uma realidade da ordem
dos fins: Viver bem, morar bem. Ética tem a ver com fins funda-
mentais (como poder morar bem), com valores imprescindíveis
(como defender a vida, especialmente do indefeso), com princí-
pios fundadores de ações (dar de comer a quem tem fome), etc.
[...] Esses meios também eram chamados de ethos, mas escrito
com E grande (o épsilon, em grego). Ele significa os costumes,
vale dizer o conjunto de valores e de hábitos consagrados pela
tradição cultural de um povo. Ethos como conjunto dos meios
ordenados ao fim (bem/auto-realização) se traduz comumente
por moral. Moral (mos-mores, em latim) significa, exatamente,
aos costumes e valores de uma determinada cultura. Como são
muitos e próprios de cada cultura, tais valores e hábitos fundam
várias morais. Como se de repente, o ethos/moral está sempre
no plural, enquanto ethos casa está sempre no singular (BOFF,
2003, p. 28-29).
Tal conceito fora visto em sua essência de maneira variada de acordo
com o pensamento de alguns filósofos. Aqui fazemos a distinção entre
Ética e Moral, considerando a expressão em Latim e a segunda forma
de escrita no grego conforme nota número. Desse modo, a moral seria a
correspondência prática da ética. Isso serve como indicativo de esforço para
melhor compreensão do termo, devido a sua relevância.
O centro de ethos (moradia) é o bem (Platão, 427 a.C.), pois
somente ele permite que alcancemos nosso fim, que consiste
u NI D A D E 2 • 53
do qual é possível admitir que um ser humano ateu seja moral e que os
valores estão fundamentados no próprio ser humano (ARANHA; MARTINS,
1992).
O século XVIII, o Século das Luzes, utilizava expressões referentes ao
pensamento humano (a razão), considerando-o como uma luz que torna
capaz o ser humano de interpretar e reorganizar o mundo. Como sublinha
Aranha e Martins, quando se recorre à razão, estamos recusando a intole-
rância religiosa e a rejeição do critério de autoridade (ARANHA; MARTINS,
1992). Para Kant,
[...] a ação moral é autônoma, pois o homem é o único ser ca-
paz de se determinar segundo leis que a própria razão estabele-
ce. Portanto, a moral iluminista é racional, laica (não-religiosa),
acentua o caráter pessoal da liberdade do indivíduo e o seu
direito de contestação. Também é uma moral universalista, por-
que, embora admita as diferenças dos costumes dos povos, as-
pira por encontrar o núcleo comum de valores universais (KANT,
2005 apud ARANHA, MARTINS, 1992, p. 140).
A ação moral é autônoma, pois o ser humano é o único ser capaz de se
determinar segundo às leis que a própria razão estabelece. Portanto, a moral
iluminista é racional e acentua o caráter pessoal da liberdade do indivíduo
e o seu direito de contestar. É uma moral universalista, pois admite as dife-
renças dos costumes dos povos e aspira a encontrar o núcleo comum dos
valores universais.
Nietzsche e Kant
Disponível em: <https://oinsurgente.org/2013/02/03/a-ideia-da-uniao-europeia-kant-vs-nietzsche/>
Acesso em 7 de junho de 2017.
u NI D A D E 2 • 59
RESUMO DO CAPÍTULO 1
AUTOATIVIDADE
1 – Fale sobre a construção do sentido da palavra Ética.
O conceito de Educação nos traz um universo rico, uma vez que em cada
cultura a visão de realidade possui suas particularidades. Contudo, o que se
deve ressaltar em educação, independentemente de cultura, é o processo
ensino-aprendizagem. “A educação é como outras, uma fração do modo de
vida dos grupos sociais que a criam e recriam, entre tantas outras invenções
de sua cultura, em sociedade” (BRANDÃO, 1995, p. 10). A educação é
dinâmica, está em movimento, assim como a cultura e a sociedade, por
isso, é “criada e recriada”. Outro aspecto é seu relacionamento com o que
está a volta, ou seja, envolve-se com a totalidade.
A apresentação de definições dos termos nos mostra uma perspectiva
com a qual a educação no Brasil pode ser entendida: a história da educação
no Brasil para um desenvolvimento classista e utilitarista.
A educação pode existir livre e, entre todos, pode ser uma das
maneiras que as pessoas criam para tornar comum, como sa-
ber, como ideia, como crença, aquilo que é comunitário como
bem, como trabalho e como vida. Ela pode existir imposta por
um sistema centralizado de poder, que usa o saber e o controle
sobre o saber como armas que reforçam a desigualdade entre
os homens, na divisão de bens, do trabalho, dos direitos e dos
símbolos (BRANDÃO, 1995, p. 10).
As relações de poder podem ser percebidas historicamente no
desenvolvimento do sistema educacional brasileiro. O uso ideológico pela
classe burguesa é constatado desde os primórdios da nação. Quanto ao
acesso, a educação era privilégio de grupos econômicos e politicamente
influentes.
Na tradição marxista, a ideologia apresenta-se com duas faces:
como imaginário ou como uma relação de poder. No primeiro
caso, trata-se de um reflexo sem correspondência com a história
real. No segundo, é uma força material a serviço da classe domi-
nante. Em outras palavras, a ideologia é um pensamento teórico
estruturado que exprime uma falsa visão da história e oculta
um projeto social, político e econômico da classe dominante
(NISKIER, 1992, p. 28).
Em Gramsci, a ideologia é um elemento essencial à política e, por isso,
é utilizada pelos políticos visando garantir a coesão social. Apresenta-se
em dois níveis, ou como concepção filosófica, quando o senso comum
faz com que ela se infiltre em camadas da sociedade, em outras classes;
ou como folclore, quando se cria uma cultura que normaliza e beneficia
ações favoráveis à classe dominante (NISKIER, 1992). Tais concepções nos
66 • INTRODUÇ ÃO À F I LOS OF I A
EDUCAÇÃO E IDEOLOGIA
de vários fatores aponta para uma perspectiva crítica que visa à totalidade
e não simplesmente um ponto isolado.
nas ciências humanas, o que nos leva à Modernidade. Por fim, após duas
guerras mundiais, bombas atômicas, a contemporaneidade aponta para o
relativismo, a quebra dos paradigmas absolutos de outrora, dando à luz a
chamada Pós-Modernidade.
O desenvolvimento da filosofia que influenciou o Brasil é consequência dos
movimentos históricos e filosóficos desses tempos. Contudo, ao se falar em
Burguesia referindo-se ao Brasil deve-se entender que a nomenclatura serve
para ilustrar a influência recebida da Europa, haja vista não existirem burgos
no Brasil. Porém, sempre existiu uma classe que, assim como a burguesa,
impõe seu ideário ao Estado. Este, por sua vez, assume uma postura classista,
favorecendo os interesses de quem detém meios financeiros e poder político.
A violência simbólica aponta para uma agressão subjetiva, que pode
ser concebida pela desigualdade gerada pelas relações vividas no processo
de educação. A perversidade desse tipo de violência está no fato de que
a vítima naturaliza a agressão, tornando a violência algo natural, e não se
reconhecendo como oprimido.
Na perspectiva Bourdieusiana, a violência simbólica se expressa
na imposição legítima e dissimulada, com a interiorização da
cultura dominante e há uma correlação entre as desigualdades
sociais e escolares. As posições mais elevadas e prestigiadas
dentro do sistema de ensino (definidas em termos de discipli-
nas, cursos, ramos do ensino, estabelecimentos) tendem a ser
ocupadas pelos indivíduos pertencentes aos grupos socialmente
dominantes (SOUZA, 2012, p. 21).
A ideologia classista atinge não apenas o corpo pela escassez, mas
também a subjetividade humana ao ferir a dignidade do indivíduo privando-o
da atenção necessária para sua formação ou lhe concedendo o que é
necessário em termos de educação para o uso da mão de obra exigida pelo
mercado. Nesse caso, o mercado é que determina.
[...] a burguesia não podia recusar instrução ao povo, na mesma
medida em que o fizeram a Antiguidade e o Fundamentalismo.
As máquinas complicadas que a indústria criava não podiam ser
eficazmente dirigidas pelo saber miserável de um servo ou de
um escravo (PONCE, 2001, p. 145).
A educação serve a um propósito, no caso citado. O sujeito é uma
ferramenta, um instrumento. Tal ação reduz o ser humano. E aponta que o
interesse burguês é educar para seus propósitos.
A perspectiva burguesa apoia-se no Liberalismo, advindo do Iluminismo,
u NI D A D E 2 • 87
para justificar seu ideário. Assim, na aparência, o discurso segue uma lógica
de igualdade dentre os homens conforme o moto da Revolução Francesa
“liberdade, igualdade e fraternidade”. A proposta de um grupo sendo
privilegiado em detrimento de outro, apesar de aceito, não é democrático.
Todavia, tornou-se prática, ao privilegiar a burguesia com uma educação
diferenciada. Essa realidade permeia a história da educação brasileira, e se
torna veemente, quando se fala de uma “elite condutora” da sociedade ou
quando Anísio Teixeira é chamado de “comunista” por defender uma escola
“Pública, Gratuita e Universal” (GHIRALDELLI, 2003).
RESUMO DO CAPÍTULO 2
AUTOATIVIDADE
Disponível em <http://www.brasil247.com/pt/247/poder/79718/Em-carta-aberta-autor-da-teoria-
da-depend%C3%AAncia-desanca-FHC-carta-aberta-autor-teoria-depend%C3%AAncia-desanca-
FHC.htm> Acesso em 7 de junho de 2017.
RESUMO DO CAPÍTULO 3
AUTOATIVIDADE
1 Quais as bases filosóficas utilizadas no pensamento de Fernando Henri-
que Cardoso e Rui Mauro Marine?
Unidade 3
Capítulo 1
A filosofia contemporânea
RESUMO DO CAPÍTULO 1
AUTOATIVIDADE
O ESTRUTURALISMO
Michel Foucault
Heidegger
Ser transcendente, por isso busca pistas sobre si mesmo, para ser posto em
categoria adequada. “Tal como Heidegger, Jaspers opunha-se às crescentes
visões científica e tecnológica do mundo, e o que teve a dizer ele o fez em
nome da cultura” (HAMLYN, 1990, p. 298).
Heidegger tornou-se mais popular que Jaspers devido a sua metafísica
sofisticada. Frases como “O nada nega a si mesmo” demonstram a
plasticidade de seu pensamento. A questão metafísica para Heidegger é
fundamental, e tem como um dos pontos de partida para a sua filosofia
a pergunta: por que há algo no lugar do nada? (HAMLYN, 1990). Nessa
pergunta, nota-se a presença do “Existir”, ou seja, do Ser entendido como
sendo o que precede a existência e “Algo” chamado de Ente, entendido com
aquilo “o que se apresenta”, as coisas.
As dimensões do Ser, para Heidegger, nos expõem conceitos como
(SEIBT, 2010) o “Ser aí” ou Dasein do qual vem a necessidade de sabermos
a razão de estarmos no mundo. “Desta maneira, seu ponto de partida é
o que ele considera como uma distinção fundamental entre Sein (ser) e
Dasein (estar lá, estar no mundo). O Ser e Tempo concentra-se basicamente
no Dasein” (HAMLYN, 1990, p. 299). Heidegger segue a tendência de
resgatar dos gregos as origens etimológicas. A ideia de Dasein expressa a
existência conjunta com o mundo, a ideia de passagem e transitoriedade
não cabem nessa definição para Heidegger (HAMLYN, 1990).
Ao frisar ele a ideia do ser no mundo como noção fundamental,
pode parecer que Heidegger está tentando abandonar a estru-
tura cartesiana, ainda presente em Husserl, e enfatizar a neces-
sidade de aceitar-se a ideia de um mundo comum como pre-
condição de tudo mais, à maneira do Wittgenstein dos últimos
tempos (HAMLYN, 1990, p. 299).
O Dasein expressa a pessoalidade e a individualidade. A relação do
indivíduo com o mundo seria, portanto, a ligação com o mundo. Isso associa
sua filosofia ao existencialismo, a preocupação com os problemas ligados à
existência humana. A atenção dada a sua filosofia em detrimento a outras
como a de Jaspers se dá por essa temática. O Dasein está ligado ao tempo
e à consciência, por um anseio em direção e pelo futuro (HAMLYN, 1990).
O “Ser para o outro”, que aponta o vínculo com o outro para a tomada
de determinadas condutas, e o “Ser para a morte”, que leva o homem a
confrontar-se com essa realidade, e, diante dela, ter as opções ou de levar
uma vida não autêntica, lutando contra o inevitável, ou seja, a morte, ou uma
128 • INT RODU Ç Ã O À F I LOS OF I A
O EXISTENCIALISMO
SARTRE E BEAVEAUVOIR
na fenomenologia, assim como Sartre. Por isso, entendia que “[...] cada
um de nós constrói o mundo a partir da estrutura da própria consciência:
organizamos coisas e sentidos a partir do fluxo das nossas experiências”
(BUCKINHAM, 2011, p. 276). Por esse entendimento, ela sustenta que a
mulher constrói sua visão de mundo a partir de uma perspectiva masculina. A
humanidade adotou o padrão do homem para abordar as questões ligadas à
natureza humana. Segue afirmando que “[...] o Eu filosófico é masculino por
falta de oposição, seu par binário, o feminino, é, portanto, algo além do que ela
chama de Outro. O Eu é ativo e consciente, enquanto o Outro é tudo o que o Eu
rejeita: passivo, sem voz e sem poder” (BUCKINHAM, 2011, p. 276).
A PÓS-METÁFISICA: WITTGENSTEIN
GADAMER E A HERMENÊUTICA
Hans-Georg Gadamer
RESUMO DO CAPÍTULO 2
AUTOATIVIDADE
1 Defina Existencialismo.
2 Defina Fenomenologia.
3 Defina Estruturalismo.
Capítulo 3
modo que a religião, para ele, seria ultrapassada e a plenitude humana seria
o homem positivo (CHAUÍ, 2000).
Com toda efervescência científica do Iluminismo, chegamos ao século
XX com guerras e conflitos marcantes. As duas grandes guerras mundiais (a
primeira, de 1914 a 1918, e a segunda, de 1939 a 1945) marcaram pro-
fundamente as lideranças mundiais. Os prejuízos para a humanidade foram
incalculáveis, de modo que, em 1948, a ONU lança a Declaração Universal
dos Direitos Humanos (ARANHA; MARTINS, 2009).
O rumo seguido pela humanidade já havia sido anunciado por Nietzs-
che, quando apregoa “a morte de Deus”. Obviamente, não é uma morte em
sentido literal, mas a anunciação de que Deus não era mais o paradigma da
verdade e, sim, o homem.
Durante o período dessas guerras, temos a criação da Escola de Frankfurt
que vê em Marx, Nietzsche, Freud e Heidegger referências para a sua Teoria
Crítica, em oposição à teoria tradicional, que está relacionada aos filósofos
do Iluminismo a partir de Descartes. A crítica dessa escola se concentra no
entendimento de que a razão “Iluminada” sobra quando instrumentalizada
para a dominação (ARANHA; MARTINS, 2009).
A Escola de Frankfurt foi fundada em 1923 e estava ligada à Pesquisa
Social; teve como representantes dessa geração Theodor Adorno, Marx
Horkheimer, Herhert Marcuse e Walter Benjamim. Buscaram a origem
da irracionalidade demonstrada nas formas de totalitarismo travestidas
de racionalidade que ficou conhecida como razão instrumental. Essa
racionalidade científica estava atrelada ao positivismo, que visava à
dominação da natureza por meio tecnológico a serviço do capital (CHAUÍ,
2000, p. 199).
O germe do desenvolvimento dessa faceta da razão já se en-
contra em Descartes, e vai sendo aperfeiçoado em seu caminho
até chegar a Marx, que adere, à sua maneira, ao Iluminismo,
acreditando na força da razão para combater o obscurantismo
no conhecimento da natureza, na moral e na política (CHAUÍ,
2000, p. 199).
Os filósofos Kant, Hegel e Marx são preferência no que diz respeito
à chamada Escola de Frankfurt. Para compreendê-los, suas ideias
foram chamadas de “Teoria Crítica da Sociedade”. Nessa conjuntura, os
frankfurtiano da teoria política recorrem ao pensamento crítico de Kant.
Assim, o kantianismo seria o “conteúdo ético do marxismo”, pois é Kant que
146 • INT RODU Ç Ã O À F I LOS OF I A
RESUMO DO CAPÍTULO 3
AUTOATIVIDADE
1 – O que é Estado de Natureza?
2 – O que é o Contratualismo?
150 • INT RODU Ç Ã O À F I LOS OF I A
CHAUÍ, Marilena; et. al. Primeira Filosofia. Lições introdutórias. São Paulo:
Brasiliense, 1986.