3878-Texto Do Artigo-6408-1-10-20180605
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Cultural da Colonização
RESUMO:
O barroco surgiu da contestação renascentista contra o racionalismo e se tornou uma
manifestação da cultura católica tridentina. Difundiu-se na Europa neolatina, com restrições
na França, entre a segunda metade do século XVI e a primeira do XVIII, como estilo
de vida, forma de se comunicar e expressão artística. Exprimia valores e ideais básicos da
Contra-Reforma, mais preocupados com o seu tempo do que com o passado, sem revelar
crise de identidade, e percebia o mundo mais na perspectiva coletivista que na individualista.
Estabeleceu-se como conjunto de valores da colonização do Novo Mundo, na proporção da
acumulação de riquezas, com a exploração colonial, para a ostentação e a exuberância que
o estilo exprimia. No Brasil expressou afirmação de identidade cultural, de brasilidade, e
até se associou a ideais iluministas, na primeira manifestação considerável de tentativa de
ruptura com a colonização.
Silva, 2005, p. 30). Por isto os patrocinadores das obras artísticas exerciam
tanta influência sobre os autores, com determinação de temas e interferências
diretas nos trabalhos que encomendavam.
Numa percepção ibérica, o barroco, compreendido como um conceito
histórico, corresponderia, “aproximadamente, aos três primeiros quartos do
século XVII”, concentrado, “com maior intensidade, em sua plena significação,
de 1605 a 1650”. Com ligeiros deslocamentos, esse lapso de tempo seria válido
também para outros países europeus (Maravall, 1997, p. 42).
O estilo barroco consolidou-se com maior vigor e permaneceu como
expressão cultural por mais tempo na Europa neolatina, que sofrera o impacto
mercantil e absolutista do Antigo Regime, e já se encontrava na defensiva da
Contra-Reforma e do Império Filipino, no confronto com o protestantismo e
o racionalismo, que cresciam na Inglaterra, na Holanda e na França. Diferente
do barroco jesuítico, o “barroco” luterano da Alemanha e da Suécia seria
“infenso a extremos gongóricos da imagem e do som”. Nessa diversidade, o
nexo seria a “realidade social e cultural” que se refletia sobre si mesma “ante
a agressão da modernidade burguesa, científica e leiga” (Bosi, 2003, p. 29).
Noutros termos, proporcionou a compreensão do próprio contexto, mas com
riscos de generalizações na interpretação de diferentes espaços e momentos
históricos dos séculos XVII e XVIII (Monteiro, 2002, p. 309).
Quanto à forma, caracterizou-se pela profusão de detalhes, ostentação
e opulência material, e expressou: na arquitetura, com altares dourados
e paredes entalhadas; na pintura, com dramaticidade, “quase sempre de Politeia: Hist. e Soc., Vitória da Conquista, v. 7, n. 1, p. 71-84, 2007.
matéria geral dos seus estudos a história brasílica, dividida em quatro partes”:
1) natural, confiada a Brito e Figueiredo; 2) militar, encarregada a Barbosa
Machado; 3) eclesiástica, entregue a Soares da Franca; 4) política, incumbida
a Siqueira da Gama.
Entre os “renascidos”, do mesmo modo que os antecessores
“esquecidos”, embora fossem efêmeras as suas academias, tanto se cultivou
a tradição barroca como se tentou exprimir perspectivas do Iluminismo, que
evoluíra do ideário renascentista, com fundamentos racionalistas, individualistas,
relativistas e naturalistas, em contraposição aos princípios corporativos, estáticos
e tradicionais do feudalismo e do Antigo Regime. Os iluministas caracterizaram-
se pelo compromisso com a realidade, o institucional e o ideal de progresso.
Na segunda metade do século XVIII o barroco colonial entrou em
declínio sob influência iluminista. Fica perceptível a nova perspectiva do mundo,
se comparadas as elaborações das academias dessa época. A Academia Brasílica
dos Renascidos, por exemplo, produziu “uma história lendária e próxima à
epopéia ou duma crônica mais ou menos ingênua de acontecimentos”; e a
Academia Científica, fundada em 1771 no Rio de Janeiro e retomada como
Sociedade Literária em 1786, além de propagar os cultivos de anil e cochonilha,
e de produzir processos industriais, “promoveu estudos sobre as condições
do Rio de Janeiro” e criticou a “situação da colônia”, já com evidências da
transição do barroco para o arcadismo, de manifestações de nativismo menos
exaltado e mais nacional, da superação do “estilo culto por uma expressão
adequada à natureza e à verdade” e de “passagem da transfiguração da terra
Politeia: Hist. e Soc., Vitória da Conquista, v. 7, n. 1, p. 71-84, 2007.
para as perspectivas do seu progresso” (Souza, 1993).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No barroco brasileiro não se detectaria regionalismos. Ele se diversificaria
conforme o material utilizado. A ausência de mármore e escassez de granito
daria “às igrejas mineiras uma indisfarçável pobreza em relação às do litoral”,
que também ostentam “um pomposo mobiliário de jacarandá”, raro na zona
do ouro (Calmon, 2002, p. 220). Carregado de especificidades materiais de
cada região, na América Portuguesa e na Hispânica, o barroco, como substrato
cultural da colonização, manteve o eixo comum de se embasar em referências
européias, reproduzidas em fragmentos de tradições nativas. Mas isto não
impossibilitou transformações e recriações.
ABSTRACT
The baroque one appeared of the renascentist plea against the rationalism and if it became a
manifestation of the culture tridentina catholic. It was spread out in the neo Latin Europe,
with restrictions in France, enters the second half of century XVI and the first one of
XVIII, as the style of living, forms of if communicating and artistic expression. It stated
values and basic ideals of the Against-Reformation, wore worried about its time of that with
the past, without disclosing identity crisis, and it more perceived the world in the collectivist
perspective that in the individualist. It was established as joint of values of the settling of
the New World, in the ratio of the accumulation of wealth, with the colonial exploration,
for the ostentation and the intensity that the style stated. In Brazil it expressed affirmation
of cultural identity, of “brasility” and until if it associated the illuminists ideals, in the
first considerable manifestation of attempt of rupture with the settling.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS