AULA 04 - OK Lógica de Primeira Ordem
AULA 04 - OK Lógica de Primeira Ordem
AULA 04 - OK Lógica de Primeira Ordem
Autor:
Guilherme Neves
Aula 04
14 de Janeiro de 2020
Fala, pessoal!
Aqui quem vos fala é o professor Guilherme Neves outra vez!!
Vamos começar a nossa aula sobre Lógica de Primeira Ordem?
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INTERVALOS REAIS
Vamos considerar a e b números reais tais que 𝑎 ≤ 𝑏. Os seguintes subconjuntos definidos a seguir
são chamados intervalos reais.
Observações:
- É comum escrever ℝ = (−∞, +∞).
- Os símbolos +∞ e −∞ não representam números reais. São apenas parte da notação de
intervalos ilimitados.
- A bola fechada indica que o número na extremidade pertence ao intervalo. A bola aberta indica
que o número na extremidade não pertence ao intervalo.
1. SENTENÇAS ABERTAS
Vimos que “proposições” são orações declarativas que podem ser classificadas em V ou F, mas não
ambas.
Vimos também que as sentenças abertas (ou funções proposicionais) são orações declarativas, mas
que não podem ser julgadas em V ou F, porque algum (ou alguns) de seus elementos são
indeterminados.
Quando a sentença possui uma ou mais variáveis, nós dizemos que ela é uma sentença aberta. Ela
tem um termo que varia, o que impede julgá-la em verdadeiro ou falso. Logo, não é proposição.
Exemplo:
“Ele ganhou o Oscar de melhor ator em 2001”.
Ora, não sabemos quem é “ele”. Portanto, não podemos classificar esta frase em V ou F.
Se “ele” for Russel Crowe, então a frase é verdadeira.
Se “ele” for qualquer outra pessoa que não Russel Crowe, então a frase é falsa.
Como não sabemos quem é “ele”, não podemos classificar a frase e, portanto, não é considerada
uma proposição.
A frase acima será V ou F conforme a quem se refira o pronome “ele”.
Analogamente, 𝑥 + 𝑦 = 10 é uma sentença aberta com duas variáveis. Esta sentença nem é V nem
é F. Substituindo-se as variáveis por valores específicos, obtemos uma proposição que pode ser
classificada em V ou F.
As sentenças abertas se parecem com frases “incompletas”.
Por isso tais frases com variáveis recebem o nome de sentenças abertas (há livros que empregam a
nomenclatura “função proposicional” ou “função sentencial”).
Uma mesma variável pode surgir várias vezes em uma sentença aberta:
𝑥 0 − 5𝑥 2 + 6𝑥 + 7 = 9
Em casos como esse, a substituição da variável exige o mesmo valor em todos os locais em que ela
ocorre. Em outras palavras, não são permitidas substituições diferentes em diferentes ocorrências
da mesma variável.
Também é possível que apareçam variáveis diferentes em uma sentença aberta:
𝑥 + 2𝑦 + 𝑧 2 > 5
𝑥 é 𝑐𝑎𝑠𝑎𝑑𝑜 𝑐𝑜𝑚 𝑦
Conforme mencionamos, sentenças abertas são satisfeitas para certos objetos. A restrição do
universo de discurso pode afetar a questão de satisfatoriedade da sentença aberta.
Por exemplo, 𝑥 + 2 = 0 é uma sentença aberta que não pode ser satisfeita no universo dos
números naturais ℕ = {0, 1, 2, 3, … }, mas é satisfeita no universo dos números inteiros ℤ =
{… , −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, … }.
Se, por exemplo, o universo é o conjunto dos números naturais, dizemos que 𝑥 é uma variável em
ℕ.
Assim, 𝑥 + 3 = 9, onde 𝑥 é uma variável em ℕ é uma sentença aberta.
Dependendo do valor associado a 𝑥, a função proposicional pode se tornar uma proposição V ou F.
Uma expressão 𝑝(𝑥) é denominada uma sentença aberta em um dado conjunto quando
𝑝(𝑥) se torna uma proposição (verdadeira ou falsa) sempre que se substitui a variável 𝑥
por um elemento do dado conjunto. É importante notar que uma sentença aberta pode
conter mais de uma variável.
Quase sempre a resposta para algumas questões depende do conjunto universo que é
considerado.
Por exemplo: Resolva a equação 𝑥 + 5 = 2 considerando como conjunto universo o conjunto dos
números naturais.
Podemos então dizer que, considerando como conjunto universo o conjunto dos números
naturais, o conjunto-verdade da sentença aberta 𝑥 + 5 = 2 é o conjunto vazio.
𝑉=𝜙
Como estamos considerando como conjunto universo o conjunto dos números inteiros, podemos
afirmar que a solução desta equação é o número −3. Isto porque −3 + 5 = 2.
É possível também que o próprio conjunto universo seja o conjunto-verdade da sentença aberta.
Tomemos como exemplo a sentença aberta 𝑥 + 10 > 1 no conjunto dos números naturais.
Ora, se substituirmos a variável 𝑥 por qualquer número natural, teremos uma proposição
verdadeira. Portanto,
𝑉=ℕ
Os pares ordenados (𝑥, 𝑦) que satisfazem a inequação 𝑥 + 𝑦 > 9 são (4,6), (5,5) 𝑒 (5, 6).
2.1. CONJUNÇÃO
Sejam 𝑝(𝑥 ) e 𝑞(𝑥) duas sentenças abertas em um conjunto A. É possível construir uma sentença
aberta composta pelas sentenças abertas utilizando o operador lógico da conjunção “e”, cujo
símbolo é ∧.
Dizemos que a conjunção 𝑝(𝑥 ) ∧ 𝑞(𝑥) é verdadeira para um elemento 𝑎 ∈ 𝐴 se esse elemento 𝑎
satisfaz simultaneamente as sentenças abertas 𝑝(𝑥) e 𝑞(𝑥).
O conjunto verdade de 𝑝(𝑥 ) ∧ 𝑞(𝑥) é dado pela interseção dos conjuntos-verdade das sentenças
abertas 𝑝(𝑥) e 𝑞(𝑥).
𝑉S∧T = 𝑉S ∩ 𝑉T
Resolução
O conjunto-verdade da sentença aberta 𝑝(𝑥) é {3, −3}, pois
32 − 9 = 0
(−3)2 − 9 = 0
Assim,
𝑉S = {3, −3}
O conjunto-verdade de 𝑞(𝑥) é formado por todos os números inteiros (pois esse é o conjunto
universo) positivos (pois 𝑥 > 0).
Assim, o conjunto-verdade da sentença aberta 𝑞(𝑥) é
𝑉T = {1, 2, 3, 4, 5, … }
O conjunto-verdade da sentença aberta 𝑝(𝑥 ) ∧ 𝑞(𝑥) é dado pela interseção dos conjuntos 𝑉S e 𝑉T .
𝑉S∧T = 𝑉S ∩ 𝑉T
𝑉S∧T = {3}
O número 3 é o único número inteiro que satisfaz simultaneamente as duas sentenças abertas.
2.2. DISJUNÇÃO
Sejam 𝑝(𝑥 ) e 𝑞(𝑥) duas sentenças abertas em um conjunto A. É possível construir uma sentença
aberta composta pelas sentenças abertas utilizando o operador lógico da disjunção “ou”, cujo
símbolo é ∨.
Dizemos que a disjunção 𝑝(𝑥) ∨ 𝑞(𝑥) é verdadeira para um elemento 𝑎 ∈ 𝐴 se esse elemento 𝑎
satisfaz pelo menos uma das sentenças abertas 𝑝(𝑥) e 𝑞(𝑥).
Assim, o conjunto verdade de 𝑝(𝑥) ∨ 𝑞(𝑥) é dado pela união dos conjuntos-verdade das sentenças
abertas 𝑝(𝑥) e 𝑞(𝑥).
𝑉S∧T = 𝑉S ∪ 𝑉T
2𝑥 − 8 > 0
2𝑥 > 8
𝑥>4
Assim, o conjunto-verdade de 𝑞(𝑥) é formado por todos os números inteiros maiores do que 4.
𝑉T = {5, 6, 7, 8, 9, … }
O conjunto-verdade da sentença aberta 𝑝(𝑥 ) ∨ 𝑞(𝑥) é dado pela união dos conjuntos 𝑉S e 𝑉T .
𝑉S∨T = 𝑉S ∪ 𝑉T
𝑉S∨T = {3, 5, 6, 7, 8, 9, … }
2.3. NEGAÇÃO
Seja 𝑝(𝑥 ) uma sentença aberta em um conjunto A. É possível construir uma sentença aberta
utilizando o operador lógico da negação, cujo símbolo é ~ ou ¬.
Dizemos que ~𝑝(𝑥 ) é verdadeira para um elemento 𝑎 ∈ 𝐴 se esse elemento 𝑎 não satisfaz a
sentença aberta 𝑝(𝑥).
3𝑥 ≥ 9
𝑥≥3
Assim, o conjunto solução de 𝑝(𝑥) é formado por todos os números naturais maiores do que ou
iguais a 3.
𝑉S = {3, 4, 5, 6, 7, … }
O conjunto-solução de ~𝑝(𝑥) é dado pelo complementar de 𝑉S em relação a ℕ.
𝑉~S = ℕ − 𝑉S
𝑉~S = ℕ − {3, 4, 5, 6, 7, … }
𝑉~S = {0, 1, 2}
Outra forma de encontrar esse conjunto-verdade seria obter a expressão que define a sentença-
aberta ~𝑝(𝑥).
Ora, como 𝑝(𝑥) é definida por 3𝑥 − 9 ≥ 0, então ~𝑝(𝑥) é definida por:
3𝑥 − 9 < 0
Desenvolvendo a inequação acima, temos:
3𝑥 < 9
𝑥<3
Assim, o conjunto solução de ~𝑝(𝑥) é dado pelos números naturais que são menores do que 3.
𝑉~S = {0, 1, 2}
3. QUANTIFICAÇÃO
Vimos que sentenças abertas não são proposições e que atribuir valores à variável é uma forma de
torná-la uma proposição.
Há outra maneira de tornar uma sentença aberta em proposição: utilizar quantificadores.
Quantificadores são palavras ou expressões que indicam que houve quantificação. São exemplos
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo, cada, pelo menos um, nenhum.
Note que os dicionários, de modo geral, não registram “quantificador”. Esse termo, no entanto, é
de uso comum na Lógica.
Frases como “todo homem é mortal”, “alguns animais são peixes”, “existe pelo menos um
estudante esforçado” envolvem expressões que indicam quantidade.
Utilizamos símbolos especiais para representar as expressões acima. Basicamente, há dois tipos de
quantificadores: universal e particular (ou existencial).
• Quantificador Universal: símbolo ∀ (lê-se “qualquer que seja”, “para todo”)
• Quantificador Particular: símbolo ∃ (lê-se “existe”, “existe algum”, “existe pelo menos
um”...).
mais rico do mundo”, e outras análogas, funcionam como nomes próprios e podem também ser
representadas pelas letras “a”, “b”,...
Assim, o exemplo dado se traduziria, pondo b=primeiro homem, simplesmente por “a é b”, ou
ainda a=b notando que “é” funciona aqui como identidade.
Nomes próprios e descrições definidas são chamadas constantes. Assim, “Sócrates”, “o autor de
Hamlet”, etc., são constantes.
Variáveis e constantes constituem o que se chama de termos. Empregaremos letras maiúsculas
para os predicados. Para simbolizar, por exemplo, “feliz” em “Artur é feliz”, usaremos “F”, de modo
que a frase se põe na forma “Fa”.
Frases em que o mesmo predicado se aplique serão simbolicamente representadas de modo
análogo. Assim, “Guilherme é feliz”, “Manuella é feliz”, “Bernardo é feliz”, se põem na forma “Fg”,
“Fm”, “Fb” e assim por diante, empregando letras minúsculas para denotar os indivíduos aos quais
o predicado se aplica.
Ao lado dos predicados “simples”, chamados monádicos (de um lugar), que se aplicam a um
indivíduo, há também predicados diádicos, triádicos, etc. Assim, para exemplificar, quando diz
“Platão foi amigo de Sócrates”, estabeleceu-se uma relação entre os dois indivíduos. Não se
poderia considerar o predicado “é amigo”, representá-lo por “A” e escrever “Ap.As” (ou seja,
Platão é amigo e Sócrates é amigo). O predicado “A” exige que o empreguemos com dois
indivíduos, escrevendo-se “Ap.s”, para simbolizar o exemplo considerado.
Quando se diz, por outro lado, “Eduarda é bonita e alegre”, tem-se um predicado composto. Com
letras adequadas se escreveria “Be.Ae”.
Mas também se pode preferir (dependendo do contexto) esta abreviação.
Pe
Onde “P” está no lugar de “é bonita e alegre”. Qual das maneiras se vai usar é, afinal, ditada pelo
contexto.
Examinando a formulação simbólica de várias proposições singulares com o mesmo predicado,
nota-se que apresentam um padrão semelhante. Assim, “Guilherme é bom”, “João é bom”,
“Antonio é bom”, ... se formulam como “Bg”, “Bj”, Ba”,..., isto é, com o símbolo “B” seguido de
uma constante. Empregaremos a expressão “Bx” para simbolizar o padrão comum aos vários
enunciados particulares, que afirmam que indivíduos particulares têm a propriedade de serem
bons. A variável “x” é simplesmente um marcador de lugar, que se presta a indicar o local que
uma constante deve ser colocada, para que resulte um enunciado particular.
Podemos utilizar esta linguagem ainda em sentenças abertas. Por exemplo, “Se ele é bom, então
ele é honesto”, pode ser representado por 𝐵𝑥 → 𝐻𝑥, usando as letras convenientes para os
predicados.
Lembrando o que foi dito em aulas passadas: as sentenças abertas não são nem V nem F. Ao
substituir nas sentenças abertas as variáveis por nomes, obtém-se uma instanciação da sentença
aberta, um enunciado que é V ou F. Este processo de instanciação (ou especificação) consiste, pois,
na substituição das variáveis de um aberto por constantes. Variáveis iguais são substituídas por
nomes iguais nesse processo de instanciação.
Uma sentença aberta como “Pxy”, digamos “x gosta de y”, dá origem a variantes que precisam ser
coerentemente usadas com o significado de “P”.
Assim, Pby significa b gosta de y.
Pxb significa x gosta de b.
Pyx significa y gosta de x.
Pxx significa x gosta de x.
==16cfe0==
QUANTIFICAÇÃO
Enunciados como “tudo é quadrado”, “alguns homens são ilustres”, “existe pelo menos um homem que é
careca”, envolvem expressões que indicam, de modo óbvio, quantidade. O estudo de tais expressões,
chamadas quantificadores, contribui para melhor compreensão do discurso.
Acabamos de falar que ao substituir uma variável por uma constante, transformamos a sentença aberta em
proposição. Todavia, não é só com substituição que os abertos levam a proposições. Os quantificadores
também se prestam para tanto.
Por exemplo, da sentença aberta (ou aberto) “x é sábio” obtemos a proposição “Existe x tal que x é sábio”,
cujo significado é idêntico ao da frase mais familiar “Existe pessoa sábia”. Do mesmo modo, a partir da
sentença aberta dada, obtém-se um enunciado antepondo “para todo x”.
“Para todo x, x é sábio”, cujo significado, em palavras mais usuais, seria “Todos são sábios”.
As proposições gerais como “Tudo é mortal” e “Algo é mortal”, diferem das proposições singulares pelo
fato de não conter nomes de nenhum indivíduo particular. Como se observou agora, elas podem,
entretanto, ser consideradas como oriundas de sentenças abertas, por esse processo de quantificação.
Assim, “tudo é mortal” se exprime como:
Dada qualquer coisa do universo, ela é mortal.
Dado qualquer x do universo, x é mortal.
Representando “x é mortal” por Mx e abreviando “dado qualquer x do universo” por ∀𝑥,
∀(𝑀𝑥)
O símbolo ∀ significa “todo”, “para todo”, “qualquer que seja”, etc. (quantificador universal).
De modo análogo, “Algo é mortal” se põe, usando agora ∃𝑥 para simbolizar “Existe um x tal que”, nas
formas:
Existe pelo menos uma coisa que é mortal.
Existe um x tal que x é mortal.
Existe um x tal que Mx.
∃𝑥(𝑀𝑥)
Quantificação universal e existencial estão intimamente ligadas, quando ao significado, através da negação
(lembra das fórmulas de negação de proposições quantificadas?).
Se escrevemos “Px” para significar que x é um P, então (∃𝑥)𝑃𝑥 pode ser interpretado como “existe P”. Em
consequência, a negação ~(∃𝑥)𝑃𝑥 significa “P não existe” ou “não há P”. Mas dizer que não há P é o
mesmo que dizer que tudo vem a ser não P. Assim, são equivalentes as expressões:
~(∃𝑥)𝑃𝑥 ⟺ (∀𝑥)~𝑃𝑥
Em aulas anteriores vimos que para negar a proposição particular afirmativa, devemos substituir por uma
universal negativa.
Por outro lado, uma vez que (∀𝑥)𝑃𝑥 pode ser lido como “tudo é P”, segue-se que sua negação ~(∀𝑥)𝑃𝑥
significa “nem tudo é P”, “existe não P”, ou seja, (∃𝑥)~𝑃𝑥.
Resulta que a combinação de sinais ~(∃𝑥) tem o mesmo efeito que (∀𝑥)~, o que mostra que um dos
quantificadores é dispensável. Todavia, empregam-se os dois por questão de comodidade.
A regra I.U. é de um conteúdo intuitivo facilmente compreensível. Diz, nada mais, que “se todos os
objetos têm uma propriedade, um objeto particular também tem essa propriedade”. Poderíamos
também dizer que “o que é verdade para tudo é verdade também para qualquer coisa particular”.
Lendo, por exemplo, “G” como “x é bom”, a regra diz que “se tudo é bom, este objeto y é bom”.
O argumento seguinte tem suas conclusões obtidas por I.U.:
Se ∀𝑥𝐺𝑥, então 𝐺𝑦. (Se todo x é tal que x é bom, então y é bom).
Essa regra afirma que se um objeto x tem a propriedade G, então há pelo menos um objeto com a
propriedade G (lógico, não?). Em geral, o que é verdadeiro para um dado objeto é verdadeiro para
pelo menos um objeto.
Os argumentos seguintes têm suas conclusões obtidas por G.E.
𝐹𝑥 ∧ 𝐺𝑥, logo ∃𝑦(𝐹𝑦 ∧ 𝐺𝑦)
𝐺𝑥 → 𝐹𝑥, logo ∃𝑦(𝐺𝑦 → 𝐹𝑦)
DEDUÇÕES
Para deduzir uma conclusão de certas premissas dadas, teremos que proceder de maneira análoga
àquela adotada no cálculo sentencial (proposicional). As variações são pequenas, comentadas
apenas para dar conta das novidades que a nossa nova linguagem introduziu. Em síntese, eis agora
o que chamaremos de dedução: uma sequência de fórmulas
𝜑w , 𝜑2 , … , 𝜑x
Onde cada 𝜑y é uma premissa.
Um argumento simbólico é válido, se pudermos deduzir a sua conclusão, partindo de premissas
oferecidas.
As deduções – seguindo à risca as instruções agora dadas – podem ser abreviadas com algumas
considerações semelhantes àquelas que já fizemos ao tratar do cálculo sentencial.
Vamos autorizar, neste ponto, uma abreviação: chamaremos de instanciação de uma tautologia
sentencial a qualquer fórmula simbólica obtida dessa tautologia por substituição uniforme das
letras sentenciais por fórmulas (simbólicas).
Exemplo: Considere a tautologia (𝑃 ∧ 𝑄) ⟷ ~(𝑃 → ~𝑄). Aconselho que agora você construa a
tabela verdade dessa proposição e verifique que, de fato, é uma tautologia.
Pois bem, quaisquer expressões como
(𝐹𝑥 ∧ 𝐺𝑦) ⟷ ~(𝐹𝑥 → ~𝐺𝑦)
serão instanciações de (𝑃 ∧ 𝑄 ) ⟷ ~(𝑃 → ~𝑄 ).
Ao invés de incluir na dedução todos os passos que constituem a demonstração da instanciação
empregada, nós abreviaremos o processo indicando a tautologia indicada e a substituição feita (se
não for óbvia).
Vamos fazer uma dedução. A partir das premissas:
∀𝑥(𝑃𝑥 → ~𝐷𝑥)
∀𝑥(𝐸𝑥 → 𝐷𝑥)
∀𝑥(𝐴𝑥 → 𝑃𝑥)
Vamos concluir que ∀𝑥(𝑃𝑥 → ~𝐸𝑥)
Por I.U., temos:
𝑃𝑦 → ~𝐷𝑦
𝐸𝑦 → 𝐷𝑦
𝐴𝑦 → 𝑃𝑦
Se colocarmos Py como verdade...
𝑃𝑦
~ → ~𝐷𝑦
•
Como não podemos ter VF no condicional, então ~Dy será verdade. Portanto, Dy será falso. Como
Dy é falso, então Ey também será falso.
Assim, se Py for verdade, então Ey será falso. Ou seja,
𝑃𝑦 → ~𝐸𝑦
Assim, por generalização universal, concluímos que ∀𝑥(𝑃𝑥 → ~𝐸𝑥). Como assim generalização
universal?
Ora, nós escolhemos um y arbitrário e conseguimos demonstrar. Assim, para qualquer outro y
escolhido também conseguiríamos.
Um exemplo clássico de generalização universal (para você se convencer da validade desta regra).
Quando seu professor no Ensino Médio foi provar que a soma dos ângulos de qualquer triângulo é
igual a 180º, ele escolheu um triângulo qualquer (justamente o que ele desenhou) e provou que a
soma dos ângulos DAQUELE triângulo era 180º. Daí por diante, você passou a aceitar que a soma
dos ângulos de QUALQUER triângulo também seria 180º. Naquele momento seu professor utilizou
generalização universal (mesmo que ele nem soubesse do que se tratava..rss).
Professor, que viagem. Estou odiando estes símbolos!!
Calma, veja que coisa boa. Você pode fazer várias deduções da lógica de primeira ordem
simplesmente utilizando diagramas de Venn. Frases do tipo 𝐴 → 𝐵 são representadas como “Todo
A é B”.
Vamos fazer novamente a dedução?
∀𝑥(𝑃𝑥 → ~𝐷𝑥)
∀𝑥(𝐸𝑥 → 𝐷𝑥)
∀𝑥(𝐴𝑥 → 𝑃𝑥)
A primeira frase ∀𝑥(𝑃𝑥 → ~𝐷𝑥) é lida como Todo P não é D, ou seja, Nenhum P é D.
Todo E não é P.
E assim por diante.
Podemos criar uma tabela relacionando as frases mais comuns da lógica de primeira ordem com as
respectivas proposições categóricas (para a construção do diagrama de Venn.
A equação 𝑥 = [𝑃y (𝑥)] + 2 ∙ [𝑃yy (𝑥)] + 3 ∙ [𝑃yyy (𝑥)] + 4 ∙ [𝑃y… (𝑥)] tem quantas soluções?
a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4
01. D
02. B
03. C
04. E
Assim, a sentença aberta do enunciado (2/3 ≤ x ≤ 5/3 ou –1< x < 1) é equivalente a −1 < 𝑥 ≤ 5/3,
ou seja, 𝑥 > −1 𝑒 𝑥 ≤ 5/3. Escrevemos a proposição do enunciado de uma maneira mais simples,
só isso.
Queremos negar esta sentença aberta, ou seja, queremos negar 𝑥 > −1 𝑒 𝑥 ≤ 5/3. Para tanto,
vamos negar os dois componentes e trocar o conectivo “e” pelo conectivo “ou”.
A negação pedida é 𝑥 ≤ −1 𝑜𝑢 𝑥 > 5/3.
Poderíamos pensar de outra forma: negar a sentença aberta acima é a mesma que calcular o
“complementar” do intervalo dado, ou seja, dizer quais são os pontos que não pertencem àquele
intervalo.
Gabarito: D
Portanto,
]1,3] ∪ 2,4[=]1.4[
Na figura a seguir, o conjunto universo [0,7[ está representado pelo segmento azul. O intervalo
]1,4[ está representado pelo segmento vermelho.
A diferença entre eles é o segmento verde, que está sobre a reta real.
Assim, a sentença ~(𝐹 ∨ 𝐺)(𝑥) corresponde à reunião dos dois segmentos verdes.
[0,1] ∪ [4,7[
Gabarito: B
A equação 𝑥 = [𝑃y (𝑥)] + 2 ∙ [𝑃yy (𝑥)] + 3 ∙ [𝑃yyy (𝑥)] + 4 ∙ [𝑃y… (𝑥)] tem quantas soluções?
a) 0
b) 1
c) 2
d) 3
e) 4
Resolução
O menor valor da expressão [𝑃y (𝑥)] + 2 ∙ [𝑃yy (𝑥)] + 3 ∙ [𝑃yyy (𝑥)] + 4 ∙ [𝑃y… (𝑥)] ocorre quando
todas as sentenças são falsas e o maior valor ocorre quando todas as sentenças são verdadeiras.
Vamos calcular os valores lógicos de cada uma das sentenças abertas 𝑃y (𝑥 ), 𝑃yy (𝑥 ), 𝑃yyy (𝑥) e 𝑃y… (𝑥 )
para cada valor de x de 0 a 10 e, em seguida, vamos calcular o valor da expressão
𝐸 (𝑥 ) = [𝑃y (𝑥)] + 2 ∙ [𝑃yy (𝑥)] + 3 ∙ [𝑃yyy (𝑥)] + 4 ∙ [𝑃y… (𝑥)].
Observe que:
[𝑃y (𝑥)] = 1 se o número for menor do que ou igual a 5. Caso contrário, [𝑃y (𝑥)] = 0.
[𝑃yy (𝑥)] = 1 se o número for maior do que ou igual a 3. Caso contrário, [𝑃yy (𝑥)] = 0.
[𝑃yyy (𝑥)] = 1 se o número for ímpar. Caso contrário, [𝑃yyy (𝑥)] = 0.
[𝑃y… (𝑥)] = 1 se o número for maior do que ou igual a 6. Caso contrário, [𝑃y… (𝑥)] = 0.
0 1 0 0 0 1+2∙0+3∙0+4∙0=1
1 1 0 1 0 1+2∙0+3∙1+4∙0=4
2 1 0 0 0 1+2∙0+3∙0+4∙0=1
3 1 1 1 0 1+2∙1+3∙1+4∙0=6
4 1 1 0 0 1+2∙1+3∙0+4∙0=3
5 1 1 1 0 1+2∙1+3∙1+4∙0=6
6 0 1 0 1 0+2∙1+3∙0+4∙1=6
7 0 1 1 1 0+2∙1+3∙1+4∙1=9
8 0 1 0 1 0+2∙1+3∙0+4∙1=6
9 0 1 1 1 0+2∙1+3∙1+4∙1=9
10 0 1 0 1 0+2∙1+3∙0+4∙1=6
Sobre o conjunto dos números inteiros (𝑛 ∈ ℤ), considere a sentença 𝑃(𝑛) definida por:
𝑃(𝑛): 𝑛 é 𝑢𝑚 𝑛ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑝𝑎𝑟.
A proposição apresentada inicialmente pode ser corretamente reescrita de forma simbólica por:
𝑎) ∃𝑛, [𝑃 (𝑛) → 𝑃(𝑛2 )].
𝑏) ∀𝑛, [𝑃(𝑛) → 𝑃(𝑛2 )]
𝑐) ∄𝑛, [𝑃 (𝑛2 ) → 𝑃(𝑛)]
𝑑) ∃𝑛, ‡p~𝑃 (𝑛)s → (~𝑃(𝑛2 ))ˆ
𝑒) ∀𝑛, [(~𝑃(𝑛)) → (~𝑃(𝑛2 )]
Resolução
Como estamos trabalhando sobre o universo dos números inteiros, a negação de ser um número
par corresponde a ser um número ímpar (isso não seria verdade, por exemplo, no âmbito dos
números reais).
Lembre-se que ∃ corresponde ao quantificador particular afirmativo (existe, algum...), ∄
corresponde a “não existe” e ∀ corresponde ao quantificador universal afirmativo (para todo).
A proposição dada é:
Dado um número inteiro qualquer, tem-se que, se ele é ímpar, então o seu quadrado também é
um número ímpar.”
A parte inicial “dado um número inteiro qualquer” pode ser representada por ∀𝑛. Não precisamos
especificar que é inteiro, pois já foi dado no comando da questão que 𝑛 é inteiro. Caso contrário,
deveríamos escrever ∀𝑛 ∈ ℤ.
Vamos agora representar o condicional: “se o número é ímpar, então o seu quadrado também é
ímpar.
Isso pode ser reescrito como “Se 𝑛 não é par, então 𝑛2 não é par”.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ficamos por aqui, queridos alunos. Espero que tenham gostado da aula.
Vamos juntos nesta sua caminhada. Lembre-se que vocês podem fazer perguntas e sugestões no
nosso fórum de dúvidas.