Relatório de Estágio - Daniela Gomes
Relatório de Estágio - Daniela Gomes
Relatório de Estágio - Daniela Gomes
FREQUENTES NO
PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO
Enfermagem Médico-Cirúrgico
Por
Lisboa, 2017
DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS
FREQUENTES NO
PÓS-OPERATÓRIO IMEDIATO
Enfermagem Médico-Cirúrgico
Por
Lisboa, 2017
“A Enfermagem é uma arte; e para realizá-la como arte, requer uma devoção tão
exclusiva, um preparo tão rigoroso, como a obra de qualquer pintor ou escultor; Pois o
que é o tratar da tela morta ou do frio mármore comparado ao tratar do corpo vivo, o
templo do espírito de Deus. É uma das artes; poder-se-ia dizer, a mais bela das artes.“
Florence Nightingale
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais e irmãos, pela amizade, amor, apoio incondicional durante todo o
meu percurso académico e por compreenderem a minha ausência, ao meu companheiro
pela compreensão e incentivo, imprescindíveis para a realização deste trabalho.
The present Report, enrolled in the study plan of the Masters Course in Nursing
Specialization in Medical-Surgical Nursing, of the Health Sciences Institute of the
Portuguese Catholic University, intends to demonstrate in a critical and reflexive way the
competences developed during the internships. Thus, this report refers to the evolutionary
process of differentiated competences in the provision of nursing care to critically ill adult
and elderly people and their families.
The Intensive Care stage was carried out in a unit of a Hospital of the district of
Lisbon, which allowed the deepening and mobilization of knowledge in the assessment of
competences developed in the General Emergency Service, reason for which the internship
was accredited. In this context, I contribute to the improvement of the quality of health
care by clarifying the multidisciplinary team on the methods of immobilization of the
patient suffering from trauma, becoming aware of the risks / benefits in their prolonged
use.
The optional stage involved nursing in the Perioperative, where, in order to
develop skills in the specialized care of the patient and his family in the context of the
Operative Block, it was possible to identify the most frequent nursing diagnoses in the
immediate postoperative period, formalizing a logical reasoning about That nursing
interventions will be pertinent to a specific nursing diagnosis, thus guaranteeing a greater
satisfaction and quality in the care provided. With the Integrative Literature Review, we
intend not only to understand the most frequent nursing diagnoses in the immediate
postoperative period, but also to standardize our language as health professionals,
according to CIPE®, since the systematic documentation of care allows That data on
health care services, resources and client outcomes are stored and can subsequently be
accessed and analyzed to assess health care and generate new knowledge.
This Master's degree course allowed me to consolidate knowledge and develop
skills in my professional learning and, in a critical and conscientious way, allowed me to
provide specialized nursing care based on the knowledge that emerges from the research.
Enf.ª – Enfermeira
FC – frequência cardíaca
FR – frequência respiratória
Hgb - hemoglobina
Hct - hematócrito
n.º – Número
Pág. – Página
TA – Tensão Arterial
TP - prothrombin time
PÁG.
0. INTRODUÇÃO……….……………………………………………………….….... 19
PÁG.
Tabela 1 – Apresentação dos estudos selecionados……………..…………………….. 29
Tabela 2 – Recolha de dados dos estudos……………………………………………... 30
0. INTRODUÇÃO
19
Os cuidados de enfermagem aos doentes na unidade de cuidados pós-anestésicos
devem ter como objetivo garantir uma recuperação segura, prevenindo, detetando e
atendendo às complicações que possam advir do procedimento anestésico cirúrgico,
(Rossi, Carvalho e Silva, 2000).
A Conclusão surge no terceiro capítulo, com uma avaliação dos objetivos traçados
para este relatório, refletindo sobre o percurso desenvolvido e principais contributos assim
como a identificação das dificuldades e limitações sentidas. No último capítulo são
apresentadas as referências bibliográficas que fundamentem este trabalho de acordo com as
normas da American Psycological Association 5ªEdição, (APA).
21
22
1. DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM MAIS FREQUENTES NO PÓS-
OPERATÓRIO IMEDIATO – Revisão Integrativa da Literatura
INTRODUÇÃO
23
ENQUADRAMENTO TEÓRICO
25
diagnóstico de enfermagem, para alcançar deste modo os resultados esperados, isto é, os
resultados de enfermagem (Nobrega e Garcia, 2005).
PERCURSO METODOLÓGICO
27
interventions OR nurse attitudes OR nursing process OR Internacional Classification for
Nursing Practice) AND (postoperative patient OR postoperative care).
RESULTADOS OBTIDOS
28
Artigo Título Autores Revista/Ano Metodologia Objetivo Amostra
A1 Anxiety and fear in medical- Gomes, E.T.; Enfermagem Revisão Investigar a produção científica de 16 artigos analisados
surgical nursing. Melo, R.L.A.S.; Brasil 2014 Integrativa enfermagem sobre os diagnósticos de
Vasconcelos, da Literatura enfermagem ansiedade e medo e suas
E.M.R.; Alencar, intervenções na prática assistencial de
E.N.; enfermeiros de clínica médica e cirúrgica
A2 Continuous Quality Munoz, C.; Lowry, MEDSURG Qualitativa – Melhorar a segurança do paciente, Análise de 26 doentes de uma
Improvement: Hypoglycemia C.; Smith, C.; Nursing 2012 Estudo focal otimizando o controle de glicemia e unidade médica cirúrgica aguda. A
Prevention in the Postoperative diminuição da taxa de hipoglicemia e população cirúrgica é distribuída
Surgical identificar a causa de ocorrência Pelos serviços de ginecologia,
crescente de hipoglicemia e melhorar o cirurgia geral,
processo de controle da glicemia. otorrinolaringologia e urologia.
A3 Diagnósticos de Enfermagem no Morais, E. Revista de Revisão Analisar os diagnósticos de enfermagem
pós-operatório de cirurgia C.; Silva, B. C. O.; Enfermagem Integrativa em pacientes no pós-operatório de 6 artigos analisados
cardíaca: revisão integrativa Neto, V. L. UFPE 2016 da Literatura cirurgia cardíaca.
S.; Dantas, S. C.;
Albuquerque, A.
V.; Silva, R. A.R.;
A4 Interventions for treating Plessis, M.; Journal of Revisão Implementar métodos eficientes para
inadvertent postoperative Perioperative Integrativa melhorar o conforto do doente e reduzir 11 artigos selecionados da revisão
hypothermia Practice 2016 da Literatura o risco de complicações associadas à integrativa da literatura
hipotermia pós-operatória.
A5 Nursing interventions for the Schulz, R. S.; Journal of Nursing Quantitativo: Identificar as necessidades de comer e 30 idosos em pós-operatório.
need to eat and drink in surgical Santana, R. F.; 2013 Quase beber em idosos cirúrgicos e avaliar o Utilizou-se como instrumento de
elderly people Faleiro, T. B.; experimental resultado das intervenções de colheita de dados o protocolo de
Gonçalves, R.C.S.; enfermagem nos grupos envolvidos no avaliação das necessidades
Alves, L.A.F.; estudo humanas básicas segundo Virgínia
Henderson.
A6 Postoperative Complications in Baehring, Clinical Journal of Revisão Descrever as complicações pós- 24 artigos analisados de uma
Head and Neck Cancer E.; McCorkle, R.; Oncology Nursing Integrativa operatórias e que intervenções de amostra de 28 encontrados
2012 da Literatura enfermagem devem ser implementadas
para prevenir complicações pós-
operatórias.
A7 Preoperative education on Chevillon, American Journal Qualitativo: Avaliar o impacto da educação do doente Um total de 132 doentes participaram
postoperative delirium, anxiety, C.; Hellyar, of Critical Care experimental pré-operatório no delírio, ansiedade e no estudo – 65 no grupo experimental
and knowledge in pulmonar M.; Madani, 2015 conhecimento no pós-operatório e e 67 no grupo de controle. Embora
thromboendarterectomy patients C.; Kerr, K.; Son explorar fatores para o delírio pós- tenha sido eliminado 1 doente de cada
Chae, K.; operatório grupo por se ter descoberto
posteriormente sofrerem de demência
29
Com a finalidade de resposta à questão de investigação foi necessário uma breve
análise dos dados dos conteúdos acima mencionados. Destes estudos extraí os resultados
que respondiam à questão de investigação, identificando os diagnósticos de enfermagem
mais frequentes no doente cirúrgico no pós-operatório imediato, as ações segundo
padronização CIPE® e as respetivas intervenções de enfermagem. Esquematizei em tabela
os resultados obtidos para facilitar a compreensão, correspondendo a informação a um foco
de enfermagem.
A Dor, a náusea, vómitos e a febre, embora não sejam exclusivos de Dor, Vómito,
complicações cirúrgicas, são sintomas importantes que podem Termorregulação
provocar alterações negativas na cicatrização da ferida cirúrgica. comprometida
Com base nos resultados encontrados, procederei à discussão e análise dos mesmos,
demonstrando o seu contributo para uma prática baseada na evidência.
31
destes diagnósticos de enfermagem no pós-operatório imediato podem ser prevenidos ou
minimizados no período pré-operatório através de medidas educativas sobre os
procedimentos anestésicos e cirúrgicos (Chevillon et al, 2015). No estudo de Gomes et al
(2014) houve uma redução do foco ansiedade e medo com a implementação de visitas de
enfermagem no pré-operatório. O apoio ao doente e sua família desde o pré-operatório e
durante toda a sua permanência no hospital, é relevante para promover o bem-estar e
diminuir assim níveis elevados de ansiedade relacionados com o procedimento cirúrgico. A
escuta ativa, o esclarecer dúvidas, o promover conforto, e mostrando ao doente as
mudanças que devem ocorrer no seu estilo de vida são válidas como intervenções de
enfermagem. (Clemente et al, 2016). Embora as medidas educativas implementadas não
tenham afetado o delírio pós-operatório no estudo de Chevillon et al (2015), estas podem
no entanto proporcionar uma oportunidade para que os Enfermeiros influenciem
determinados comportamentos nos doentes cirúrgicos, atenuando as alterações fisiológicos
anteriormente descritas. Gomes et al (2014) afirmam que a criação de grupos para
discussão e preparação pré-operatória pode ser realizada por enfermeiros, considerando-os
deste modo, habilitados na condição de educadores em saúde e participantes dos processos
de cuidar relacionados com o procedimento cirúrgico.
32
Baehring et al (2012) afirmam que a Infeção resultante do procedimento cirúrgico
pode contribuir para um risco nosocomial e para uma evolução desfavorável na
cicatrização da ferida cirúrgica. Clemente et al (2016) referem que das inferências
disgnósticas encontradas, o risco para a infeção esteve presente em todos os estudos, uma
vez que o doente submetido a procedimento cirúrgico fica vulnerável pela
imunossupressão das defesas primárias. Para diminuir o risco de infeção é fundamental a
participação do enfermeiro na prestação de cuidados meticulosos como o cumprimento dos
protocolos implementados e a utilização de procedimentos assépticos (Baehring et al,
2012) para que sejam eliminados fatores de risco associados por exemplo à ventilação
mecânica, à troca de cateteres, sondas e drenos.
A hemorragia pode ter origem nos mais diversos fatores, quer numa homeostasia
cirúrgica deficiente ou decorrente de eventuais coagulopatias (Ponce e Mendes, 2015)
Nestas situações o Enfermeiro deve avaliar sinais de hemorragia como por exemplo, local
de ferida cirúrgica, sinais de choque hipovolémico incluindo aumento da frequência
cardíaca e respiratória, redução da tensão arterial, aumento da agitação ou da fadiga e
redução do débito urinário, deve realizar uma avaliação abrangente da circulação
periférica, avaliar o estado de consciência do doente e sensibilidade e força dos membros,
avaliar pensos cirúrgicos e respetivos drenos e registar ou comunicar alterações (Baehring
et al, 2012).
35
sinal de idiossincrasia face ao fármaco e monitorizar a entrada e saída de líquidos através
de um balanço hídrico rigoroso (Baehring et al 2012).
Os resultados que emergem da presente revisão de literatura, clarificam a
resposta à questão de investigação colocada, revelando que o movimento para uniformizar
a linguagem utilizada pelos enfermeiros trouxe mudanças significativas no processo de
cuidar. Além de guia para planeamento, seleção e implementação dos cuidados, o
diagnóstico de enfermagem é uma importante fonte para o conhecimento específico da
profissão, facilitando o ensino, a pesquisa e a emancipação do doente no plano terapêutico
(Novaes et al 2014).
CONCLUSÕES
36
Os achados encontrados respondem de uma forma geral à questão de investigação
formulada, embora exista algumas limitações pela inexistência de mais informação sobre o
tema em estudo, mas mesmo assim permitiu tirar conclusões reais como a dificuldade na
descrição das intervenções de enfermagem, comprovando que a equipa de enfermagem
ainda tem limitações quanto ao registo, demonstrando deste modo que temos um grande
desafio pela frente no registo adequado e sistematizado dos fatos e intervenções.
37
38
2. ANÁLISE CRÍTICA E REFLEXIVA DO PERCURSO DESENVOLVIDO
39
Pela crescente procura dos utentes aos cuidados de saúde do Serviço de Urgência
Geral, houve a necessidade de estruturalmente anexar um contentor à sala de espera da
Urgência dominado de SUVA – Serviço de Urgência Verdes e Azuis, uma vez que os
utentes com esta cor de pulseira são os que mais procuram cuidados de saúde. Este serviço
está atualmente a funcionar todos os dias inclusive fim-de-semanas. Aqui há a presença
constante de dois médicos, um enfermeiro e um auxiliar.
Na admissão dos utentes no Serviço de Urgência Geral todos têm que de ser triados
através da Triagem de Manchester que se caracteriza por um sistema de triagem de
prioridades que utiliza um protocolo clínico que permite classificar a gravidade da situação
de cada utente que recorre ao serviço pela informação que é dada pelo utente.
Pretende-se que a Triagem seja o mais concisa possível não se focando num
diagnóstico clínico, pois enquanto enfermeira e ao exercer funções no posto de triagem,
tenho que me limitar a seguir um fluxograma que me orienta para as questões, dependendo
das respostas dadas pelos utentes. Só foi possível exercer funções neste contexto por ter
frequentado o curso de Triagem do Grupo Português de Triagem há sensivelmente 3 anos.
Segundo Silva (2009) o processo da triagem de prioridades requer capacidade de
interpretação, discriminação e avaliação, onde são requisitos o raciocínio clínico, o
reconhecimento de padrões, a formulação de hipóteses, a representação mental e, menos
importante, a intuição, daí poder afirmar ter desenvolvido a competência avaliar a
adequação dos diferentes métodos de análise de situações complexas, segundo uma
perspetiva académica avançada.
43
Como Enfermeira num Serviço de Urgência Geral a aprendizagem tem que ser
contínua por forma a prestar cuidados de enfermagem diferenciados e com o maior. No
presente sou membro integrante da GCL-PPCIRA enquanto dinamizadora, exercendo,
concomitantemente com mais quatro enfermeiros, diversas atividades promovidas pelo
grupo entre elas auditorias, zelando pelos cuidados prestados na minha área de
especialização.
O local de estágio escolhido para realização do primeiro estágio foi uma Unidade
de Cuidados Intensivos Médico- Cirúrgicos de um Hospital de Lisboa. O serviço integra
onze unidades de internamento no total, sendo quatro para doentes com necessidade de
cuidados de nível III podendo ir até seis; sete para doentes com necessidade de cuidados de
nível II distribuídos por duas salas com capacidade para quatro unidades de internamento
cada e três quartos de caráter individual, para doentes em isolamento ou transplantados
renais.
44
intensivista, e em presença física nas 24 horas; pressupõe a possibilidade de acesso aos
meios de monitorização, diagnóstico e terapêutica necessários; deve dispor ou implementar
medidas de controlo contínuo de qualidade e ter programas de ensino e treino em cuidados
intensivos.
Segundo a AACN – About Critical Care Nursing, citada em Urden et al. (2008) , as
responsabilidades principais dos enfermeiros em cuidados intensivos compreendem o
respeito e apoio direto do doente ou do seu representante a tomar decisões autónomas e
informadas, a intervenção quando está em questão o melhor interesse do doente, a ajuda do
doente em conseguir os cuidados necessários, o respeito pelos valores, crenças e direitos
do doente, o suporte às decisões do doente ou do seu representante ou transfere os cuidados
para outra enfermeira de cuidados intensivos igualmente competente, assim como a
45
monitorização e salvaguarda a qualidade dos cuidados prestados, atuando, como ligação
entre o doente, a família e outros profissionais de saúde. Camelo (2012) afirma que o
enfermeiro, independente do diagnóstico ou do contexto clínico, deve estar apto a cuidar
de todos os doentes e, ao cuidar de pacientes internados em Unidades de Cuidados
Intensivos, o enfermeiro e a sua equipa confrontam-se, constantemente, com o binómio
vida/morte e, devido às características tecnológicas e científicas deste contexto, é
necessária a priorização de procedimentos técnicos de alta complexidade, fundamentais
para manter a vida do ser humano.
46
prestação de cuidados ao doente. Deste modo o pensamento crítico, é representado pela
reflexão de que o cuidado no seu real sentido, promove o crescimento de ambos: o ser que
cuida e o ser que é cuidado. A cada novo encontro, como profissional de enfermagem,
enriqueço a minha experiência tornando-me mais rica, pois citando Waldow (2008, p.94)
“cada ser é um universo com singularidades próprias”, segundo a própria é importante
cuidar fora dos parâmetros do modelo tradicional, das estandardizações e classificações,
para perceber que cada ser reage à experiência vivida e não à patologia e a ela de forma
bastante peculiar. O momento de cuidar, é um movimento evolutivo, energético,
transformativo, por isso, estético.
Waldow (2008) afirma que o pensamento crítico é uma competência que deverá ser
desenvolvida no período de formação, contudo pode também ser desenvolvida em qualquer
momento, compreendendo a capacidade de questionar, analisar, emitir hipóteses, refletir,
criticar alternativas, facilitando deste modo a criatividade, a flexibilidade, confiança e até
mesmo a intuição. A integração do pensamento crítico nos meus objetivos pessoais prende-
se com a necessidade contínua na atualização do cuidar e na aquisição de competências
específicas ao doente sem situação crítica e/ou falência multiorgânica, com vista à
construção de conhecimentos e práticas que valorizem o cuidado humano. Deste modo
para a concretização deste estágio e com base no Guia de Estágio, elaborei um projeto
individual que contemplasse os objetivos gerais e específicos propostos pelo Plano de
Estudos do Curso, que integra globalmente as competências a desenvolver. Para o presente
estágio pretendo como objetivo desenvolver competências técnicas, científicas e
relacionais na prestação de cuidados de enfermagem especializados ao doente e sua
família em contexto de cuidados intensivos.
47
minha experiência profissional, possibilitando-me a prestação de cuidados à pessoa em
situação crítica e/ou falência multiorgânica, antecipando por isso a instabilidade e
potenciais riscos inerentes à condição de doença do doente, realizando deste modo
cuidados de enfermagem e de âmbito complexo, daí ter demonstrado que giro e interpreto,
de forma adequada, informação proveniente da minha formação inicial, da minha
experiência profissional e de vida, e da minha formação pós-graduada.
48
Tendo por base os interesses e motivações pessoais na aquisição de competências
especializadas para a concretização do objetivo, foi acordado com a enfermeira orientadora
a inclusão de dois objetivos específicos, pela pertinência na aprendizagem:
49
As funções do elemento de enfermagem que presta cuidados a utentes que
beneficiam desta técnica, assumem um papel de relevância, pois para além da assistência
diária regular ao utente, caberá a esse elemento um conjunto de atitudes protocoladas como
a monitorização dos parâmetros ventilatórios, hemodinâmicos, da membrana extracorporal
e laboratoriais, exigindo colheitas de sangue periódicas do utente e do sistema
extracorpóreo, o preenchimento regular de uma check-list de enfermagem que se encontra
no Anexo I. Na colaboração com a equipa de enfermagem pude assim aprofundar
conhecimentos e desenvolver competências que no fim do estágio me permitiram
descrever e reconhecer as tarefas principais que estavam dependentes do elemento de
enfermagem tais como, observar atentamente Fluxo da bomba de sangue, Fluxo de
oxigénio, FiO2, Fonte de fornecimento de gás; verificar a existência de cânulas dobradas
(liberdade melhora fluxo laminar e diminui significativamente o risco de hemólise na
bomba de sangue), se sensor de fluxo tinha gel suficiente para boa leitura e a unidade de
aquecimento das linhas, a condensação do filtro: poderia ser necessário expurgar o sistema
do filtro com alto fluxo de ar para limpar a condensação do filtro; controlar visualmente o
oxigenador (trombo, fugas de ar); participar na processo de mudança do filtro quando os
gases retirados do sistema no ramo pós-filtro (antes da entrada no doente) mostrarem uma
PaO2 < 200mmHg; comparar a temperatura da unidade de aquecimento de linhas com a
temperatura do doente; observar membros (tamanho, força, temperatura, pulso), pressão
arterial e onda de pulso no monitor, parâmetros ventilatórios; registar a necessidade de
derivados do sangue; efetuar a colheita de sangue de acordo com o protocolo de
monitorização do doente em técnica ECLS:
Apesar de não ser uma técnica de fácil compreensão, foi de grande aprendizagem
prestar cuidados a utentes em ECMO, exigindo pesquisa e estudo assim como a
mobilização de conhecimentos especializados para uma adequada vigilância do utente, de
modo a saber identificar as possíveis alterações e intervenções eficazmente. Uma técnica
revolucionária para melhorar os cuidados aos doentes com ARDS grave, pneumonia
50
infeciosa, contusão pulmonar grave, pneumonite de aspiração, pneumonia intersticial
aguda, fistula bronco-pleural de alto débito, entre outras, que requer conhecimentos
adequados acerca de processos fisiopatológicos, relacionando-os com esquemas
terapêuticos. Com estes doentes pude ainda, promover medidas de conforto básicas, não
me limitando apenas à ideia de um utente sedado e/ou analgesiado providencia adequado
conforto; interpretar com facilidade valores de gasimetria, parâmetros analíticos, valores
hemodinâmicos e ventilatórios; desenvolver competências no cuidar ao utente submetido a
processos complexos de doença crítica e/ou falência multiorgânica; comunicar
atempadamente as alterações provenientes de alteração do padrão gasimétrico
hemodinâmico e/ou ventilatório, permitindo o correto ajuste pela equipa multidisciplinar;
prestar cuidados à família do utente crítico, sendo uma prioridade de intervenção dado ao
elevado nível de angústia, ansiedade, sofrimento da mesma. Daí dizer que foi-me
possibilitado avaliar a adequação dos diferentes métodos de análise de situações
complexas, relativamente ao cliente, segundo uma perspetiva profissional avançada.
51
Nesta Unidade existe um protocolo elaborado recentemente, que permite um
acolhimento familiar personalizado (incluindo a pessoa significativa) neste processo de
saúde durante um longo período de permanência no turno da manhã e no da tarde. Assim
pude consciencializar-me sobre a importância da presença da pessoa significativa não
como “alguém” que está para interferir no nosso processo de prestação de cuidados mas
sim para colaborar aceitação do doente da sua atual situação clínica, dai afirmar que o
familiar é um elemento importante neste processo de parceria, uma vez que um familiar
esclarecido pode ser de fato uma mais valia. Aqui demonstrei consciência crítica para os
problemas da prática profissional, atuais ou novos, relacionados com o cliente e família,
especialmente na minha área de especialização.
Pelo referido tive neste estágio possibilidade de cuidar de dois utentes submetidos a
este tipo de técnica, mas apesar do indicador não ser significativo pude adquirir
conhecimentos que me permitiram identificar os cuidados ao utente crítico submetido a
TSRC. Também através da partilha de conhecimentos com a equipa de enfermagem,
desenvolvi competências especializadas nesta área de cuidado profissional tendo procedido
à montagem do sistema da Máquina de Hemofiltração – Prismaflex® e dado início ao
52
procedimento dialítico, apenas uma vez, mas foi uma experiência de grande aprendizagem
dado não realizar esta técnica onde exerço funções; procurei aprofundar conhecimentos
sobre o funcionamento do Prismaflex® na página oficial cedida pela Gambro; apreendi
que o circuito deve permanecer livre de coágulos e permeável, para que tenha um
adequado desempenho - é usada a anti coagulação para aumentar a sobrevida dos filtros e
minimizar os efeitos da ativação da cascata da coagulação, (pela passagem do sangue pelo
circuito). A coagulação do filtro é responsável pela inoperacionalidade do circuito e
consequentemente pela interrupção da técnica em 40 a 70% dos casos, o que pode trazer
consequências como a diminuição da hemoglobina (Ramos, 2009; Garcés, Vicorino e
Veronese, 2007). Pude ainda monitorizar os parâmetros hemodinâmicos e temperatura;
avaliar o estado neurológico do utente e o seu suporte nutricional como adequado e/ou
inadequado; assim como verificar o acesso de diálise, certificando-me do correto
posicionamento do CVC, avaliei os locais de inserção e a integridade dos lúmens do CVC,
realizar Balanços Hídricos; efetuar registos de atuações de enfermagem como o tipo de
técnica dialítica, tipo de solutos dialisantes em utilização e em cada balança, fluxo de
dialisantes, taxa de ultrafiltração, velocidade de bomba, tipo de anticoagulação, avaliação
de PTM – Pressão transmembrânica, as forças positivas e negativas no filtro, que
determinam a ultrafiltração (remoção de líquidos).
Ao delinear este objetivo foi meu principal intuito transmitir conhecimentos nesta
área, partilhando o que está preconizado no meu serviço no que diz respeito à mobilização
de doentes vítima de trauma antes e após serem intervencionados cirurgicamente, pois uma
das grandes diferenças detetada é que doentes vitimas de trauma crânio-encefálico e
vertebro-medular são da responsabilidade da equipa de Neurocirurgia enquanto que neste
53
Hospital estes doentes são da responsabilidade de uma equipa de Ortopedistas
especializadas em vítimas de traumatismo vertebro-medular. Tem havido progressos
fundamentais no tratamento dos doentes com lesões traumáticas e, melhorias significativas
tanto nos cuidados pré-hospitalares como nos serviços de emergência. Estes avanços
afetaram os cuidados intensivos por passarem a ser recebidos nas unidades doentes com
traumatismos complexos e multissistémicos, que exigem cuidados de enfermagem
complexos (Urden et al, 2008).
54
2.3. Estágio em Bloco Operatório
55
procedimentos e até mesmo a instrumentação do procedimento cirúrgico pela proximidade
do material cirúrgico.
Para além das suites operatórias, faz parte da estrutura do BOC a Unidade de
Cuidados Pós-Anestésicos (UCPA), com duas unidades, a primeira provida de seis camas
monitorizadas e uma dela equipada com um ventilador para situações em que o doente
necessite de ter assegurado uma via aérea permeável e de um tempo de permanência no
recobro mais longa, esta última situação está também diretamente relacionada com a
especialidade cirúrgica a que o doente foi submetido. A segunda Unidade de Cuidados
Pós-Anestésicos é essencialmente dirigida para a pediatria, embora na ausência de
cirurgias programadas pediátricas, recebe também doentes cirúrgicos adultos, caso a
UCPA I esteja lotada. A UCPA II é munida apenas de três monitores e de equipamento
dirigido para o doente pediátrico.
Deste modo, para a concretização deste estágio e com base no Guia Orientador,
elaborei um projeto individual que contemplasse os objetivos gerais propostos pelo Plano
de Estudos do Curso e os objetivos específicos traçados para este estágio. Assim, como
objetivo geral pretendo desenvolver competências técnicas, científicas e relacionais na
prestação de cuidados de enfermagem especializados ao doente e sua família em
contexto perioperatório.
Vários fatores foram preponderantes para o alcance deste objetivo, porque apesar
de trabalhar numa Urgência Geral caracterizado por apresentar eventos adversos, senti
algum receio por não me conseguir adaptar a uma dinâmica totalmente diferente, não só
pela dimensão que representa o BOC mas também pelas inúmeras valências que os
56
enfermeiros do perioperatório desempenham. Mas em colaboração e dada a orientação das
Enfermeiras Responsáveis pelo meu estágio, senti-me bem acolhida, o que foi facilitador
para a aquisição de conhecimentos, desenvolvendo competências especializadas na
prestação de cuidados ao utente em contexto perioperatório. Pretendi com este objetivo
garantir segurança, comunicação, conforto, satisfazer as necessidades da pessoa e defender
os seus interesses, ajudá-la a estar informada, a mobilizar recursos e a tomar decisões no
que concerne à sua saúde, sentido ter demonstrado capacidade de trabalhar, de forma
adequada, na equipa multidisciplinar e interdisciplinar.
57
conhecimento com os colegas do Serviço de Urgência Geral. Neste processo promovi a
reflexão sobre a importância de fornecer informação correta sobre a anamnese dos doentes
que são admitidos para intervenção cirúrgica, pois por vezes o tempo no pré-operatório é,
para o enfermeiro, insuficiente devido à grande rotatividade de doentes no bloco,
principalmente os que chegam do Serviço de Urgência, tendo deste modo promovido o
desenvolvimento pessoal e profissional dos outros enfermeiros.
59
qualidade do ato cirúrgico no que ao ambiente diz respeito. O plano de cuidados formulado
pelo enfermeiro perioperatório com funções de circulante no desempenho das suas
competências, tem como foco de atenção as necessidades do doente cirúrgico (Orientações
Relativas às Atribuições do Enfermeiro Circulante, Ordem dos Enfermeiros, 2010). Como
enfermeira com função circulante desempenhei atividades tendo presente o antes, o durante
a cirurgia, e o fim da intervenção e registos: Confirmei a cirurgia que iria ser realizada na
sala; Preparei com auxilio todo o material e equipamento necessário à cirurgia e efetuei a
verificação do equipamento; Testei o canivete elétrico e o aspirador; Verifiquei a
funcionalidade e a adaptabilidade da marquesa ao tipo de cirurgia, com o apoio da minha
enfermeira orientador, assim como, juntamente com o enfermeiro instrumentista se o carro
estava completo, bem como a integridade das embalagens e kit cirúrgicos; Colaborei no
correto posicionamento do doente; Assisti o enfermeiro instrumentista, fornecendo os
materiais necessários para a mesa, respeitando a técnica asséptica cirúrgica; Colaborei com
o enfermeiro instrumentista e com o auxílio da minha enfermeira orientadora, nas ligações
dos vários equipamentos necessários à cirurgia; Acondicionei e rotulei os produtos
colhidos conforme norma e protocolo do serviço; assegurando o envio das peças
operatórias, providenciando a sua identificação e registo no livro de anatomia patológica
Efetuei registos de enfermagem intra-operatórios em folha de registos própria; Colaborei
com o enfermeiro instrumentista na contagem de compressas e instrumental cirúrgico;
Mantive o cuidado de manter as portas fechadas; Promovi a manutenção de uma sala limpa
e a correta eliminação dos resíduos da sala; Colaborei maioritariamente na execução do
penso de ferida operatória; Após o término da cirurgia, transferi o doente para a UCPA;
Registei materiais de implante e consumíveis e procedi à verificação do material no final
da cirurgia; Preparei a sala, ficando apta para receber outro doente; Providenciei o devido
acondicionamento do instrumental cirúrgico para a esterilização;
62
No início do turno existia uma lista com o tipo de cirurgia que iria ser realizada nas
diferentes suites operatórios, pelo que pude, assim, com pesquisa bibliográfica e
recorrendo à experiência de toda a equipa multidisciplinar, que se mostraram sempre
disponíveis durante todo o estágio, prestar cuidados especializados com maior segurança
enquanto desempenhava as diferentes funções que foram delineadas. No decorrer do
estágio participei em cirurgias a doentes com patologias das áreas de Neurocirurgia,
Ortopedia, Cirurgia Geral, procurando adquirir, na observação e colaboração, os principais
cuidados de enfermagem em especialidades como a Oftalmologia, Urologia, Ginecologia,
Cirurgia Vascular.
63
doentes em contexto perioperatório. Desenvolvi uma revisão integrativa de literatura sobre
os Diagnósticos de Enfermagem no Pós-Operatório tendo presente a linguagem CIPE®. A
realização deste trabalho permitiu-me consciencializar da importância da implementação
no processo de Enfermagem de uma linguagem uniformizada e passível de demonstrar
indicadores de qualidade na nossa prestação de cuidados enquanto Enfermeiros. Possari
(2003) defende que é importante adotar a sistematização da assistência de enfermagem, é
necessário criar condições que possibilitem efetivar as anotações dos cuidados realizados,
realça também a importância da utilização de um instrumento que facilite o preenchimento
dos dados do doente, os quais são registados com maior rapidez, permitindo uma avaliação
racionalizada das suas condições físicas. Consequentemente, isso fará com que a
assistência de enfermagem na Unidade de cuidados Pós-Anestésicos se torne mais próxima
do doente e humanizada.
64
3. CONCLUSÃO
Para cada estágio desenvolvi um portfólio onde consta toda a pesquisa bibliográfica
realizada, bem como o projeto de aprendizagem. No projeto referido, delineei os meus
objetivos para cada estágio, os indicadores de processo e de resultado, permitindo o
planeamento e a consecução dos mesmos.
65
delineados. Este estágio veio acrescentar conhecimento cientifico especializado,
permitindo-me dar uma resposta eficaz e eficiente no suprimir das necessidades do doente
no pré, intra e pós-operatório.
66
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
68
Furuya RK, Nakamura FRY, Gastaldi AB, Rossi LA. (2011). Sistemas de
classificação de enfermagem e sua aplicação na assistência: revisão integrativa de
literatura. Rev Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS);32(1):167-75.
Garcés, V., Verosese. (2007). Anticoagulação em terapias contínuas de substituição
renal. Rev. Assoc Med Bras.53(5), 451-455.
Gomes, E.T.; Melo, R.L.A.S.; Vasconcelos, E.M.R.; Alencar, E.N. (2014). Anxiety
and fear in medical-surgical nursing. Rev. Enfermagem Brasil.
Hamlin, L., Richardson-Tench, M.; Davies, M. (2009). Perioperative Nursing: An
Introductory Text. Australia: Mosby. ISBN 978 0 7295 3887 9
Hesbeen, W. (2000). Cuidar no hospital: enquadrar os cuidados e a enfermagem
numa perspectiva de cuidar. Loures: Lusociência. ISBN 972-8383-11-8.
Kolcaba, K. Y. (1995). Comfort as process and product, merged in holistic nursing
art. Journal of Holistic Nursing. Vol. 13, nº 2.
Lindgren, M.; Unosson, M.; Krantz, AM.; Ek, AC. (2005). Pressure ulcer risk
factors in patients undergoing surgery. Journal of Advanced Nursing.; 50:6, 605-612.
Llandaff, B.M., Castledine, G.(1982). Guia para a Prática da Enfermagem. O
processo de Enfermagem. C.V. Mosby Company. Depóstio Legal nº 15966/87
Leininger, M. (1988). Care: the essence of nursing and health. Detroit : Wayne State
University Press.
Marquis. B.L., Huston, C.J. (1999). Administração e Liderança em Enfermagem –
teoria e aplicação. 2ªedição. Editora Artes Médicas Sul Lda. Porto Alegre. Brasil.
ISBN 85-7307-496-5
Martins, JCA. (2008). Investigação em Enfermagem: alguns apontamentos sobre a
dimensão ética. Pensar Enfermagem. vol. 12, n.º 2, p. 62-66
Mata, L.; Souza, C.; Chianca, T.; Carvalho, E. (2012). Elaboração de diagnósticos
e intervenções à luz de diferentes sistemas de classificações de enfermagem. Revista
escola enfermagem. USP vol.46 no.6. São Paulo. Disponível em
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342012000600031
Meeker, M. H.; Rothorock, J. C. A. (2009) . Cuidados de enfermagem ao paciente
cirúrgico. Rev. esc. enferm. USP vol.43 no.1 São Paulo. Disponível em:
http://dx.doi.org/10.1590/S0080-62342009000100002
69
Morais, E. C.; Silva, B. C. O.; Neto, V. L. S.; Dantas, S. C.; Albuquerque, A. V.;
Silva, R. A.R. (2016). Diagnósticos de Enfermagem no pós-operatório de cirurgia
cardíaca: revisão integrativa. Revista de Enfermagem UFPE.
Munoz, C.; Lowry, C.; Smith, C. (2012). Continuous Quality Improvement:
Hypoglycemia Preention in the Postoperative Surgical. Medsurg. Nursing
Nóbrega, MML.; Garcia, T. R. (1994). (Org.) Uniformização da linguagem dos
diagnósticos de enfermagem da NANDA: sistematização das propostas do II SNDE.
CNDRE/ GIDE – PB.
Nóbrega MML, Garcia TR. (2005). Perspectivas de incorporação da Classificação
Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE®) no Brasil. Revista Brasileira
Enfermagem. 58(2):227-30.
Novaes E., Torres M., Oliva A. (2014). Nursing diagnoses in surgical clinic. Acta
Paul Enferm.; 28:26-31
Olaogun, A., Oginni M., Oyedeji, T.A, Nnahiwe B., Olatubi, I. (2011). Assessing
the Use of the NANDA - International Nursing Diagnoses at the Obafemi Awolowo
University Teaching Hospitals Complex, Ile Ife, Nigeria. Intern J Nurs Term Clas.;
22(4):157-61
Ordem dos Enfermeiros (2004). Enfermagem em Bloco Operatório. Orientações
Relativas às Atribuições do Enfermeiro Circulante. Disponível em:
http://www.ordemenfermeiros.pt/tomadasposicao/documents/enunciadoposicao_7set2
004.pdf
Ordem dos Enfermeiros (2009). Linhas de Orientação para a Elaboração de
Catálogos CIPE® Tradução: Dra. Hermínia Castro. Depósito Legal: 289859/09 ISBN
da versão Inglesa: 978-92-95065-12-3 ISBN da versão Portuguesa: 978-989-96021-6-
8. Disponível em:
http://www.ordemenfermeiros.pt/publicacoes/Documents/linhas_cipe.pdf
Ordem dos Enfermeiros (2010). Regulamento das Competências Comuns do
Enfermeiro Especialista. Lisboa. Disponível em:
http://www.ordemenfermeiros.pt/legislacao/Documents/LegislacaoOE/Regulamento_c
ompetencias_comuns_enfermeiro.pdf
Ordem dos Enfermeiros (2010). Regulamento das Competências Específicas do
Enfermeiro Especialista em Enfermagem em Pessoa em situação Crítica. Disponível
em:
70
http://www.ordemenfermeiros.pt/legislacao/Documents/LegislacaoOE/RegulamentoC
ompetenciasPessoaSituacaoCritica_aprovadoAG20Nov2010.pdf
Ordem dos Enfermeiros (2015). Estatuto da Ordem dos Enfermeiros e REPE.
Disponível em:
http://www.ordemenfermeiros.pt/publicacoes/Documents/nEstatuto_REPE_29102015
_VF_site.pdf
Phipps W., Sands J., Marek J. (2003). Enfermagem Médico-Cirúrgica. Conceitos e
Prática Clínica. Volume I . Capítulos 1 a 22. Lusociência. ISBN 972-8383-65-7
Plessis, M. (2016). Interventions for treating inadvertent postoperative hypothermia.
Journal of Perioperative Practice.
Popov D., Peniche A. (2009). As intervenções do enfermeiro e as complicações em
sala de recuperação pós-anestésica. Rev Esc Enferm USP.; 43(4):953-61
Possari, J.F. (2003). Assistência de Enfermagem na Recuperação Pós-Anestésica
(RPA). São Paulo: Iátria. ISBN 85-7614-016-0
Ramos. (2009). Anticoagulação com Citrato nas Técnicas de Substituição Renal
Contínuas. Rev Port Med Int.16(2), 39-44.
REPE - Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro Decreto-Lei n.º
161/96, de 4 de Setembro (Com as alterações introduzidas pelo Decreto-lei nº 104/98
de 21 de Abril)
Rocha, J., Miranda, M., & Andrade, M. (2006). Abordagem Terapêutica das
Úlceras de Pressão - Intervenções Baseadas na Evidência. Acta Médica Portuguesa ,
29-38
Rossi L., Torrati F., Carvalho E. (2000). Diagnósticos de enfermagem de pacientes
internadas em unidade médico-cirúrgica. Rev. Esc. Enf. USP; v.34, nº2, p. 154-64
Rothrock, J. C. (1990). Perioperative nursing care planning. St. Louis, Mosby.
Schoonhoven, L.; Defloor T.; Van der Tweel I, Buskens, E.; Grypdonck, MH.
(2002). Risk Indicators for Pressure Ulcers During Surgery. Applied Nursing
Research. 16:2, 163-173.
Schulz, R. S.; Santana, R. F.; Faleiro, T. B.; Gonçalves, R.C.S.; Alves, L.A.F.
(2013). Nursing Intervention for the need to eat and drink in surgical eldery people.
Journal of Nursing.
Silva, A.M. (2009). Triagem de Prioridades – Triagem de Manchester. [Tese de
Mestrado em Medicina de Catástrofe, Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar,
71
Porto. Disponível em
http://www.grupoportuguestriagem.pt/images/documentos/tese_mestrado_triagem_pri
oridades%20_triagem_manchester_v.pdf
Silva, JPS. (2011). A prevenção das úlceras de pressão no bloco operatório. Revista
Nursing nº 286. Dez 2012
Swearingen PL.; Keen J.H. (2001). Manual de Enfermagem de Cuidados Intensivos
–Intervenções de Enfermagem Independentes e Interdependentes. Lusociência –
Edições técnicas e Cientificas, Lda. 2001. ISBN: 972-8383-52-5
Tabelas CIPE ® Versão 2013 – Classificação Internacional para a Prática de
Enfermagem. Ordem dos Enfermeiros. 2013. Disponível em:
www.ordemenfermeiros.pt/
Urden, L.D, Stacy, K.M., Lough, M.E. (2008). Enfermagem de Cuidados Intensivos.
Diagnóstico e Intervenção. 5ª edição. Lusodidacta. ISBN 978-989-8075-08-06
Waldow, V. R. (2008) Atualização do cuidar. ANO 8 - VOL. 8 Nº 1 - CHÍA,
COLOMBIA. ISSN 1657-5997
Watson, J. (2002) Enfermagem pós-moderna e futura: um novo paradigma da
enfermagem. Loures: Lusociência. ISBN 972-8383-33-9.
Whittemore, R.; Knafl, K. (2005). The Integrative Review: Updated Methodology.
Journal pf Advanced Nursing. Blackwell Publishing nº52. Disponível em:
http://www.scielo.br/pdf/rgenf/v33n2/03.pdf
Legislação de Referência
72
APÊNDICES
73
74
´
APÊNDICE I
MANUTENÇÃO VÍTIMA DE TRAUMA NO PRÉ-HOSPITALAR E HOSPITALAR
75
76
MANUTENÇÃO VÍTIMA DE TRAUMA NO
PRÉ-HOSPITALAR E HOSPITALAR
Nº Aluna 192015046
PÁG.
0.INTRODUÇÃO……………………………………………………………...……… 80
5.1Tratamento Farmacológico……………………………………………………………………………… 93
5.3Tratamento Cirúrgico……………………………………………………………………..…………….. 97
78
ÍNDICE DE FIGURAS
PÁG.
79
0. INTRODUÇÃO
O trabalho está estruturado em duas grandes áreas, sendo que a primeira aborda a
intervenção ao doente politraumatizado em pré-hospitalar e hospitalar, neste último ainda
está inserido diferentes tipos de tratamento vértebro-medular, quer cirúrgico quer
farmacológico. A segunda área aborda os diferentes dispositivos de imobilização existentes
e as limitações no seu uso de forma incorreta e abusiva, à luz do conhecimento e
investigação de diferentes autores.
Com este trabalho pretende-se não apenas mudar a nossa atuação enquanto
prestadores de cuidados de enfermagem , mas consciencializar os prestadores diretos na
manutenção de um doente vitima de trauma que há determinado comportamentos adotados
pela equipa multidisciplinar que requerem nos dias de hoje uma reformulação, tendo por
base os estudos atualmente realizados sobre a utilização dos dispositivos de imobilização
80
1. TRAUMATISMO VERTEBRO-MEDULAR - conceitos
81
O traumatismo da coluna vertebral e medular (TVM) pode apresentar vários graus
de gravidade mediante o tipo de lesão e o nível da mesma que serão descritos de seguida
(Caderno OE, 2009)
82
2. INTERVENÇÃO PRÉ-HOSPITALAR – Abordagem do doente com suspeita
de TVM
A – Via áerea
A permeabilidade das vias aéreas deve ser corretamente avaliada, para garantir a
oxigenação dos órgãos vitais. Vítimas de acidente com ventilação espontânea deverão
83
receber especial atenção aquando do agravamento neurológico pelo risco de aspiração de
vómito, sendo critério para uma possível entubação naso/orogástrica, não esquecendo das
contra-indicações em doentes com TCE e TCF grave. Se a vítima se encontra em risco de
vida eminente, iniciam‑se manobras de live saving, assegurando a permeabilidade da via
aérea, prevenindo a sua obstrução, com prévia proteção cervical: colocar colar cervical,
aspirar secreções na orofaringe, retirar corpos estranhos e colocar tubo de Guedell.
B – Ventilação
C – Circulação
E – Exposição
A exposição permite observar com pormenor qualquer lesão que possa ter passado
despercebida pelo uso da roupa. Deve-se manter a vítima aquecida, utilizando mantas
isotérmicas, pois as vítimas com LM completa têm incapacidade de vasoconstrição devido
ao bloqueio simpático o que pode levar à perda de calor e uma evolução rápida para a
hipotermia e ao posterior controlo de uma hemorragia ativa. É ainda importante obter
dados relevantes das circunstâncias em que ocorreu o acidente: tipo, direção, intensidade
das forças envolvidas, mecânica dos traumatismo, estado geral da vítima.
85
Plano Duro. ( Moss et al 2013)
Objetivo: Manter a estabilidade da coluna cervical numa vítima com suspeita de TVM;
86
Intensivos as intervenções dos profissionais de saúde são no sentido de prevenir o
agravamento das lesões e estabilizar o doente do ponto de vista hemodinâmico.
Oxigenação
• Aspirar vias aéreas se necessário .
• Preparar material para intubação (SOS) .
• Ligar ao ventilador (SOS); o modo ventilatório será de acordo com a situação clínica
de cada pessoa .
• Administrar O2 em alta concentração, numa lesão acima de T6 (no choque
neurogénico – previne a bradicardia ou assistolia) .
Imobilização
• Alinhar a coluna.
• Colocar colar cervical com apoio de mento e tamanho adequado.
• Colocar plano duro com aranhas.
87
Sonda Gástrica com Aspiração Contínua
• Previne vómitos, aspiração do conteúdo gástrico, distensão gástrica e abdominal.
• Fornece indicações de outras lesões internas (ex . hemorragia interna).
Drenagem Vesical
• Avaliar débitos urinários e prevenir a distensão da bexiga .
88
Ventilação
• Movimentos respiratórios pouco amplos ou ausentes, com consequente ventilação
ineficaz, surgindo hipoxia. Se não houver intervenção eficaz, pode ocorrer
paragem respiratória e até mesmo a morte;
• Paralisia de músculos respiratórios (consoante o nível da lesão), surgindo a estase
e a acumulação de secreções por ineficácia dos mecanismos de limpeza;
• Avaliação permanente da função respiratória, através de gasimetrias seriadas e de
exames radiológicos para eventual ventilação mecânica ou não;
• O nível da LM dita o grau de alteração do padrão respiratório e das trocas gasosas:
uma lesão completa acima de C4 paralisa o diafragma e é inevitável a ventilação
mecânica;
• LM acima de T6 tem alto risco de aspiração do conteúdo gástrico devido à
depressão do reflexo da tosse e diminuição da motilidade gástrica.
Circulação
• Risco de instabilidade cardiovascular é elevado em doentes com LM entre C3 e
C5, surgindo também alterações nas lesões acima de T6,conduzindo a uma
hipertonia vagal, bradicardia e a perda de tónus simpático arterial, responsável pela
hipotensão;
• Pressão arterial sistólica tolerada de 90mmHg, exigindo uma administração
cuidadosa de líquidos endovenosos, uma vez que existe o perigo de surgir edema
pulmonar; Para despiste desta complicação poderá ser importante a monitorização
da PVC;
• Doentes com LM alta, apresentam com frequência bradisritmias que podem
evoluir para paragem cardio-respiratória durante a aspiração traqueal, por
diminuição do PO2, para prevenir esta complicação é importante híper-oxigenar a
pessoa, imediatamente antes e após a aspiração de secreções;
89
Mobilidade
• A força muscular diminui até 15% por semana; a redução de atividade muscular
compromete a irrigação sanguínea e a atividade metabólica, com diminuição do
débito de oxigénio e atrofia muscular;
• Em situações de TVM está comprometida a oxigenação dos tecidos e
consequentemente poderá surgir isquémia, anóxia, necrose e infeção – fatores de
risco que levam ao aparecimento de úlceras de pressão;
• Para maximizar a mobilidade e integridade da pele, os cuidados de enfermagem ao
doente com LM devem incluir o alinhamento da coluna vertebral, avaliar a melhoria
ou a deterioração da integridade cutânea, facilitar a mobilidade progressivamente e
prevenir complicações.
90
Procedimento no Decúbito Dorsal em Cama Tipo Stryker
• Explicar clara e sucintamente todo o procedimento à pessoa para que possa
colaborar na realização dos procedimentos e na manutenção do alinhamento da
coluna .
• Colocar, se necessário, superfícies redutoras de pressão (almofadas de gel) na
região occipital, sacro‑coccígea, cotovelos, mantendo sempre o eixo de tração .
• Posicionar a pessoa em dorsal, no centro do colchão, sobre o tabuleiro dorsal da
cama, com a coluna alinhada seguindo o eixo axial imaginário traçado pela tração
que passa pela ponta do nariz, umbigo e termina entre os membros inferiores .
• Colocar apoios laterais móveis .
• Apoiar os membros superiores nos apoios laterais móveis de braços, em ligeira
abdução e flexão do cotovelo, com as mãos apoiadas e o polegar em posição
funcional, em particular se a pessoa apresenta défices motores e/ou sensitivos a
este nível .
• Colocar os antebraços sobre uma almofada pequena que os eleve a um nível
superior ao dos braços para prevenção de edema, com o cotovelo livre, podendo
fazer‑se uma ligeira flexão do mesmo, em particular se a pessoa apresenta défices
motores e/ou sensitivos a este nível .
• Colocar os membros inferiores em extensão, caso a pessoa apresente défices
neurológicos a este nível, com almofadas pequenas sob a região trocanteriana, de
modo a prevenir a rotação externa .
• Pedir à pessoa para evitar movimentos de flexão e/ou rotação da região cervical .
• Solicitar à pessoa, se esta não apresentar défices motores ao nível dos membros
inferiores, para evitar movimentos de rotação do corpo e movimentos que
promovam a progressão do corpo no sentido cefálico, de forma a não anular a
força exercida pela tração .
91
Procedimento no Decúbito Ventral em Cama Tipo Stryker
• Explicar à pessoa o procedimento a que vai ser submetido, assegurando‑se que as
suas necessidades fisiológicas imediatas estão satisfeitas .
• Retirar apoios laterais móveis de braços .
• Posicionar o pessoa com os membros inferiores em extensão e os membros
superiores junto ao corpo, com as palmas das mãos debaixo das coxas .
• Colocar, se necessário, superfícies redutoras de pressão (almofadas de gel) na região
frontal, ombros, cristas ilíacas e joelhos, mantendo sempre o eixo de tração . Antes
de realizar a mudança de decúbito é o momento ideal para colocar estas superfícies
sobre as áreas a proteger, pois não será necessário correr o risco de alterar o eixo de
tração para as colocar quando a pessoa já se encontrar em ventral .
• Colocar o tabuleiro ventral em cima da pessoa e fixá‑lo à base da cama, enroscando
a porca do sistema de fixação dos tabuleiros .
• Assegurar que os ombros serão apoiados pelo tabuleiro superior e que a região
frontal será apoiada pelo apoio específico do tabuleiro superior .
• Reposicionar sistemas de drenagem de modo a permitir a rotação dos tabuleiros .
• Adaptar o arco que permite a rotação lateral dos planos, fechá‑lo e travá‑lo .
• Retirar espigão do sistema de segurança, travão do plano da cama .
• Rodar lateralmente e de forma contínua os tabuleiros da cama, até travar o arco .
• Colocar espigão do sistema de segurança .
• Destravar o arco e retirá‑lo .
• Retirar o tabuleiro dorsal de cima da pessoa .
• Posicionar a pessoa em decúbito ventral atendendo particularmente ao alinhamento
da coluna, ao apoio da região frontal, ombros, e ao posicionamento dos pés (devem
ultrapassar o tabuleiro e cair livremente sem qualquer tipo de apoio) .
• Colocar apoios laterais móveis de braços .
• Apoiar os membros superiores em abdução, flexão do cotovelo, com as mãos
apoiadas e o polegar em posição funcional nos apoios laterais móveis de braços, em
particular se a pessoa apresenta défices motores e/ou sensitivos a este nível . Caso
não apresente défices, esta pode preferir ficar com os braços livres para realizar
atividades como higiene oral, alimentação, leitura, utilizando o apoio móvel que se
encontra sob o tabuleiro .
• Confirmar que a pessoa se encontra confortável .
• Pedir à pessoa para evitar movimentos de flexão e/ou rotação da região cervical .
• Solicitar à pessoa, se esta não apresentar défices motores ao nível dos membros
inferiores, para evitar movimentos de rotação do corpo e que promovam a
progressão do corpo no sentido cefálico de forma a não anular a força exercida pela
tração .
• Acordar o período de decúbito ventral, atendendo à tolerância da pessoa e aos
cuidados a prestar .
92
A alternância de decúbitos, em cama tipo Stryker, pode comprometer gravemente a
função respiratória em doentes com défice neurológico, por diminuição da amplitude
respiratória, paralisia de músculos respiratórios, choque medular, associado às implicações
a nível dos centros nervosos medulares, função do músculo cardíaco e circulação de
retorno.
Eliminação
• O controle da eliminação vesical e intestinal aumenta a auto-estima e facilita a
reintegração social e familiar;
• A Enfermagem tem um papel fundamental de autonomia, pelos conhecimentos que
lhe são próprios.
Depois de realizado o diagnóstico, logo que for possível as fraturas serão reduzidas
e estabilizadas com o objetivo de preservar a função neurológica, restabelecendo deste
modo a função máxima do doente, prevenindo incapacidades futuras.
94
Entre a 3.ª e a 8.ª Hora Após a Lesão
Em fraturas estáveis em que não haja nenhuma outra lesão associada, ou não
havendo possibilidade de tratamento definitivo, o tratamento a aplicar será o método não
cirúrgico por meio de repouso no leito, aplicação de ortóteses ou mesmo mobilização
precoce. De seguida será descrito que métodos devem ser utilizados na lesão cervical e na
lesão dorso-lombar.
Lesão Cervical
96
5.3. Tratamento Cirúrgico
97
6. DISPOSITIVOS DE IMOBILIZAÇÃO: Risco-benefício no seu uso
prolongado
Ainda é de conhecimento, segundo Holla (2012) que grande parte dos colares
cervicais rígidos não imobilizam totalmente a coluna cervical, uma vez que com diferentes
98
colares rígidos é possível um movimento de flexão-extensão em 19º, 46º de rotação axial e
pelo menos 45º de movimento de lateralização. O uso de sacos de areia e fita adesiva era
mais eficaz na imobilização da cervical do que qualquer colar. A adição de um colar
Philadelphia concomitantemente com os sacos de areia reduz os movimentos de extensão
de 15º para 7º. Ainda no presente estudo a colocação de apoios laterais com as cintas de
velcro vulgarmente conhecidas nos dias de hoje, limitavam os movimentos de mobilização
em < 15º. Apesar do número de sujeitos ser limitador no estudo, tornou-se óbvio que a
combinação dos dois tipos diferentes de imobilizadores não providencia imobilização
extra.
Smith (2014) afirma que sequelas significativas podem ocorrer com apenas 48h a
72h de imobilização com colares cervicais rígidos e que os doentes com imobilização
cervical podem correr sério risco de morbilidade relacionada com trombose venosa
profunda, pneumonia de aspiração, aumento da pressão intracraniana e atrasar tratamento
cirúrgico por aumento da estadia do doente numa unidade de cuidados intensivos. É
necessário avaliar o risco-beneficio de uma lesão cervical associado ao uso prolongado de
imobilização. Reforçando o artigo de Smith (2014), Holla (2012) já descrevia no seu que
um colar cervical assemelha-se a um torniquete, uma vez que comprime a veia jugular com
uma pressão superior a 10mmHg, comprometendo deste modo a pressão intracraniana.
Com as evidências acima descritas, faz sentido afirmar que a utilização do colar
cervical rígido pode ser usado temporariamente na imobilização da cervical no momento
da extração da vitima do local do acidente, mas deverá ser removido quando os apoios
laterais e as cintas de fixação estão colocadas.
White et al (2014) reforça a posição de que o plano duro deverá ser removido o
mais cedo possível aquando da chegada da vítima aos serviços de urgência antes mesmo da
avaliação clinica ou imagiológica, evitando a permanência prolongada do doente sob o
plano duro e os riscos inerentes.
Bledsoe, B. (2015) Why EMS Should Limit the Use of Rigid Cervical Collars -
Making the case for soft collars and alternative methods of spinal stabilization.
Journal of Emergency Medical Services [online]. [visitado 2016-03-20].
Disponível em: http://www.jems.com/articles/print/volume-40/issue-2/patient-
care/why-ems-should-limit-use-rigid-cervical.html
Cadernos OE .(2009). Guia de Boa Prática de Cuidados de Enfermagem à
Pessoa com Traumatismo Vértebro-Medular. Ordem dos Enfermeiros. 2009. Série
I, n.2. ISBN: 978-989-96021-2-0
Holla M. (2012). Value of a rigid colar in addition to head blocks: a proof of
principle study. Emerg Med J ; 29:104-107
Joaquim AF.; Fernandes YB.; Santos MJ.; et al. (2009). Órteses para a coluna.
Revista Brasileira de Medicina [online]; 10, n.2:35-42 [visitado 2016-04-17].
Disponível em:
http://www.moreirajr.com.br/revistas.asp?fase=r003&id_materia=4038
Moss, R, Porter, K, Greaves I, et al (2013). Minimal patient handling: a Faculty
of Pre-hospital Care consensos statement. Emerg Med J; 30: 1065-1066
NAEMSP. (2013). National Association of EMS Physicians, American College of
Surgeons Committee on Trauma. EMS Spinal precautions and the used of the long
backboard. Prehosp Emerg Care; 17: 392-3.
Ponce P.; Mendes J.J.; (2015). Manual de Medicina Intensiva. Lidel – Edições
Técnicas, Lda. ISBN: 978-989-752-070-9
Ramos, RV; Alegrete, N. (2015). O papel da farmacoterapia na modificação do
estado neurológico de traumatizados vértebro-medulares. Rev. bras.
ortop. [online]. vol.50, n.6: 617-624 [visitado 2016-04-17]. Disponível em
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102361620150006006
17&lng=en&nrm=iso>. ISSN 19824378.
http://dx.doi.org/10.1016/j.rboe.2015.09.001.
Smith, JS, DHSc, ARNP-BC.(2014). A Synthesis of research examining timely
removal of cervical collars in the obtunded trauma patient with negative computed
tomography. Journal of Trauma Nursing. 21, n.2: 63-67.
101
Swearingen PL; Keen JH. (2001). Manual de Enfermagem de Cuidados
Intensivos –Intervenções de Enfermagem Independentes e Interdependentes.
Lusociência – Edições técnicas e Cientificas, Lda. ISBN: 972-8383-52-5
Valente, M, Catarino R, Machado A, et al. (2012). Abordagem à vítima –
Manual TAS/TAT. INEM. 1ªEdição.
White CC, Domeier RM, Millin MG, et al. (2014), EMS Spinal precautions and
the used of the long backboard – Resource Document to the position statement of
the National Association of SEM Physicians and the American College of Surgeons
Committe on Trauma. Prehosp Emerg Care. 18: 306-314.
102
ANEXOS
103
104
ANEXO I
Técnicas de Oxigenação e Circulação Extra-Corporal no Serviço de Unidade
de Cuidados Intensivos/Intermédios
Documento de Apoio e Formação
105
106
1. Introdução
Chama-se a atenção que para uma leitura mais pormenorizada dos aspetos
organizativos e do contexto teórico em que decorre a implementação deste tipo de
técnicas, o leitor é referenciado para o texto principal sobre as estratégias de
implementação das técnicas ECLS no Serviço de Medicina Intensiva – na unidade de
Cuidados Intensivos
107
- ECMO (extra corporeal membrane oxygenation ) que permite tanto a oxigenação
como a remoção de CO2 do sangue venoso numa membrana concebida para o efeito num
circuito extracorporal;
- ECCO2 R (extrac orporeal CO2 removal) que é uma designação específica de uma
técnica que tem o mesmo propósito e princípio da ECLA ou PECLA (pumpless
extracorporeal lung assist).
4. Organização de Funções
108
4.1. Fase de Inclusão de Doentes e Instituição da Técnica ECLS
109
TAREFAS
Quadro 1 – Avaliação e Monitorização do Doente com Técnica ECLS
Vigilância do Aparelho
Parâmetro Enfermeiro Perfusionista Médico
Fluxo de bomba de sangue M2
FiO2 no misturador da membrana M2
Fonte de O2 M2
Posição das cânulas (ver se dobradas, M2
exposição)
Sensor de fluxo (gel) M2
Unidade de aquecimento de linhas M2
Controlo visual do oxigenador (trombos, M2
fugas de ar, condensação)
Verificar a condensação do filtro de ar M2
Necessidade de mudar oxigenador por
disfunção
Vigilância do Doente
Avaliação da volèmia
Hemorragia
Derrame pericárdio/pleural
Temperatura da unidade de aquecimento vs M2
temperatura do doente
Vigiar membros (força, perfusão,
temperatura, pulsos)
Avaliar necessidade de derivados de sangue
Vigilância de TA e onda de pulso
Sedação
Pupilas
Atividade motora do doente
Vigilância Laboratorial *
aPTT (4h em 4h)
Lactato e gasimetria com eletrólitos (4h em
4h)
Hemograma com plaquetas (12h em 12h)
Gasimetria da cânula pós-filtro (12h em 12h)
TP e fibrinogénio 1x dia
Exames laboratoriais de monitorização
diária/hemólise
*aplicação do protocolo de vigilância laboratorial
M2 verificação médica diária da check-list de enfermagem
110
Check-list Diária – Enfermagem
Quadro 2 – Monitorização Diária do Doente com Técnica ECLS
Vigilância do Aparelho
Parâmetro 0h 4h 8h 12h 16h 20h
Fluxo de bomba de sangue
Fluxo de oxigénio
FiO2 no misturador da membrana
Fonte de O2
Posição das cânulas (ver se dobradas,
exposição)
Sensor de fluxo (gel)
Unidade de aquecimento de linhas
Controlo visual do oxigenador (trombos,
fugas de ar, condensação)
Verificar a condensação do filtro de ar
Necessidade de mudar oxigenador por
disfunção
Vigilância do Doente
Avaliação da volèmia
Hemorragia
Derrame pericárdio/pleural
Temperatura da unidade de aquecimento vs
temperatura do doente
Vigiar membros (força, perfusão,
temperatura, pulsos)
Avaliar necessidade de derivados de sangue
Vigilância de TA e onda de pulso
Sedação
Pupilas
Atividade motora do doente
Vigilância Laboratorial *
aPTT (4h em 4h)
Lactato e gasimetria com eletrólitos (4h em
4h)
Hemograma com plaquetas (12h em 12h)
Gasimetria da cânula pós-filtro (12h em 12h)
TP e fibrinogénio 1x dia
Exames laboratoriais de monitorização
diária/hemólise
*aplicação do protocolo de vigilância laboratorial
DIA ______ / ________/ _______
111
Check-list Diária – Médico
Quadro 3 – Monitorização Diária do Doente com Técnica ECLS
Vigilância do Aparelho
Parâmetro Enfermeiro Check-up médico
Fluxo de bomba de sangue OK
Fluxo de oxigénio OK
Fonte de O2 OK
Vigilância do Doente
Parâmetro 0h 4h 8h 12h 16h 20h
Avaliação da volèmia
Hemorragia
Derrame pericárdio/pleural
Sedação
Pupilas
Atividade motora do doente
Vigilância Laboratorial *
aPTT (4h em 4h)
Lactato e gasimetria com eletrólitos (4h em 4h)
Hemograma com plaquetas (12h em 12h)
Gasimetria da cânula pós-filtro (12h em 12h)
TP e fibrinogénio 1x dia
Exames laboratoriais de monitorização
diária/hemólise
*aplicação do protocolo de vigilância laboratorial
DIA ______ / ________/ _______
112
5. Seleção de Doentes
Em termos genéricos, existem dois tipos de patologias que poderão vir a constituir
as mais frequentes nos nossos doentes:
Outras patologias que têm sido apontadas como indicação para técnica ECLS são:
1) PaO2 /FiO2: com 100% Oxigénio, ≥300=0, 225- 299=1, 175 -224=2, 100-174=3,
<100=4
2) Rx tórax: normal=0, 1 ponto por quadrante infiltrado (máximo de 4
quadrantes).
3) PEEP: ≤5=0, 6- 8=1, 9- 11=2, 12-14=3, ≥15=4 .
113
4) Compliance (ml/cmH2O): ≥80=0, 60 -79=1, 40- 59=2, 20-39=3, and ≤19=4
O seu cálculo encontra-se muito facilitado pela consulta de sítios específicos
disponíveis na internet, sendo da responsabilidade do médico o seu apuramento.
6.2. Canulação
115
6.3. Vigilância do Doente
4h/4h:
o aPTT
o lactato e gasometria com eletrólitos (ou mais
frequentemente de acordo com a gravidade do
doente);
12/12h:
o hemograma com plaquetas;
o gasimetria da cânula pós-filtro (mudar filtro se PaO2
<200mmHg no sangue de reinfusão);
24/24h:
o TP e fibrinogénio;
o exames laboratoriais de monitorização diária
protocolados na unidade.
117
Quadro 4 – Ventilação na Técnica ECLS
Nos dias subsequentes após o início da técnica, o doente deve ser sujeito ao
protocolo de suspensão diária de sedação vigente na unidade e sempre que possível
mantido apenas sob ansiólise/analgesia.
119
120
121
122
123