Dissertação Tânia Nunes
Dissertação Tânia Nunes
Dissertação Tânia Nunes
Funchal,
2020
Escola Superior de Enfermagem de São José de Cluny
Funchal,
2020
“É o caminho que nos ensina sempre a melhor maneira
de chegar, e nos enriquece enquanto o percorremos”
Paulo Coelho
DEDICATÓRIA
Dedico esta tese á minha família, pela abdicação, compreensão, apoio e alegria ao
longo desta jornada. Sem eles, nada seria possível.
AGRADECIMENTOS
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 21
1. CAPÍTULO I - PERCEÇÃO DO CLIENTE QUANTO AO PLANEAMENTO DO
REGRESSO A CASA PELO ENFERMEIRO DE REABILITAÇÃO E NÍVEL DE
DEPENDÊNCIA – ESTADO DE ARTE ........................................................................... 25
1.1. Perceção na saúde ....................................................................................................... 27
1.2. Dependência ................................................................................................................ 28
1.3. Planeamento do regresso a casa ................................................................................ 30
1.3.1. Teoria das transições.............................................................................................. 35
CAPíTULO II - METODOLOGIA DO ESTUDO ......................................................... 43
2.1. Questão de Investigação ............................................................................................. 45
2.2. Objetivos do estudo..................................................................................................... 46
2.3. Tipo de estudo ............................................................................................................. 46
2.4. População e Amostra .................................................................................................. 47
2.5. Variáveis em Estudo ................................................................................................... 48
2.6. Instrumentos de colheita de dados ............................................................................ 51
2.6.1. Índice de Barthel .................................................................................................... 51
2.6.2. Questionário de planeamento da alta (PREPARED) ............................................. 51
2.7. Considerações éticas ................................................................................................... 55
2.8. Procedimento de colheita de dados ........................................................................... 55
2.9. Análise e tratamento estatístico dos dados ............................................................... 56
2.10. Forma de divulgação dos resultados……………………………………………….56
CAPÍTULO III – APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS ...... 59
3.1. Análise descritiva ........................................................................................................ 61
3.2. Caracterização dos participantes .............................................................................. 61
3.2.1. Idade ...................................................................................................................... 61
3.2.2. Género ................................................................................................................... 63
3.2.3. Estado civil ............................................................................................................ 63
3.2.4. Escolaridade........................................................................................................... 63
3.2.5. Situação profissional.............................................................................................. 64
3.2.6. Situação de vida ..................................................................................................... 64
3.2.7. Apoio cuidador informal (CI) ................................................................................ 66
3.2.8. Perceção sobre situação de saúde atual .................................................................. 67
3.2.9. Antecedentes pessoais............................................................................................ 68
3.2.10.Tipo de dificuldade na mobilidade………………………………………………68
3.2.11.Tipo de dificuldades sensitivas………………………………………………….69
3.2.12. Utilização de próteses e ortóteses……………………………………………….70
3.2.13. Tipo de ajuda técnica……………………………………………………………71
3.2.14.Medicação……………………………………………………………………….71
3.2.15. Diagnostico Médico…………………………………………………………….72
3.2.16. Dor………………………………………………………………………………73
3.2.17.Dispneia e Cansaço
Fácil……………………………………………………….Erro! Marcador não
definido.
3.2.18. Serviço de internamento recente………………………………………………..74
3.2.19.Tempo de seguimento pelo EEER……………………………………………….76
3.2.20. Número de sessões semanais com EEER……………………………………….76
3.3. Índice de Barthel ......................................................................................................... 77
3.3.1. Dependência por atividade de vida ....................................................................... 78
3.4. Questionário de planeamento PREPARED.............................................................. 81
3.4.1. Informação sobre estruturas de apoio .................................................................... 81
3.4.1.a. Informações fornecidas sobre as atividades de vida diárias ........................... 81
3.4.1.b. Informações sobre existência de serviços comunitários .................................. 83
3.4.1.c. Fornecer serviços comunitários....................................................................... 84
3.4.1.d. Informações sobre equipamento ...................................................................... 85
3.4.1.e. Arranjou equipamento ..................................................................................... 87
3.4.2. Informações sobre Medicação ............................................................................... 87
3.4.2.a. Informação sobre medicação a fazer em casa……………………...….… 87
3.4.2.b. Informação sobre efeitos secundários da medicação…………………….88
3.4.2.c. Informações por escrito……………………………………………………...89
3.4.3. Preparação para Reintegração ................................................................................ 90
3.4.3.a. Informação sobre como preparar o dia-a-dia em casa…………………90
3.4.3.b. Preocupação com a execução das atividades de vida diárias………….91
3.4.4. Controlo sobre as circunstâncias............................................................................ 92
3.4.4.a. Confiança das AVD………………………………………………………………..92
3.4.4.b. Atrasos no dia de alta………………………………………………………..93
3.4.5. Sentir-se preparado para regressar a casa .............................................................. 93
3.4.6. Feito algo para lidar com a preocupação ............................................................... 94
3.4.7. Serviços sociais ao encontro das necessidades ...................................................... 95
3.4.8. Equipamento .......................................................................................................... 96
CONCLUSÃO .................................................................................................................... 99
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................. 103
APÊNDICES ......................................................................................................................... i
APÊNDICE A- CONSENTIMENTO INFORMADO ................................................... III
APÊNDICE B- INSTRUMENTOS COLHEITA DE DADOS ..................................... III
APÊNDICE C- INFORMAÇÃO ESCRITA FORNECIDA AO PARTICIPANTE . XV
APÊNDICE D- QUESTIONÁRIO SUBMETIDO À COMISSÃO DE ÉTICA .......XIX
APÊNDICE E- QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO ............................... XXIX
ÍNDICE DE FIGURAS
INTRODUÇÃO
privilegia as informações relacionadas com a execução das Atividades Vida Diárias (AVD),
afirmando que se sentiam preparados para regressar a casa. No entanto, a maioria não sentia
confiança para executar as tarefas diárias no seu domicílio.
Partindo de um projeto de curso abrangente com o objetivo de conhecer as
características e determinantes dos cuidados de Enfermagem de Reabilitação na Região
Autónoma da Madeira (RAM), nos vários contextos da prática, caraterizando a Enfermagem
de Reabilitação, no que se refere ao cliente alvo de cuidados (e cuidadores), aos cuidados
prestados e aos enfermeiros especialistas na área da reabilitação, identificando associações
entre variáveis de relevo no processo de reabilitação e identificando áreas de
potencial melhoria nas condições de cuidados de Enfermagem de Reabilitação,
questionámo-nos como percecionam os clientes assistidos pelos EEER no Serviço de Saúde
da Região Autónoma da Madeira (SESARAM) a preparação para o regresso a casa e qual o
seu grau de dependência.
Durante a pesquisa e revisão de literatura inicial e porque o planeamento do
regresso a casa efetuado pelo EEER, foi um tema que nos suscitou interesse e surgiu como
um tópico onde foram encontrados poucos estudos, principalmente na ótica do cliente, sendo
um processo importante que permite detetar e organizar serviços de suporte, de modo a
colmatar deficits de saúde destes e preparar a casa, a família e o próprio cliente para a
transição do hospital para o domicílio, tornou-se imperativo realizar este estudo.
Assumindo que o EEER considera o cliente como ator principal do seu processo de
reabilitação, considerou-se de suma importância estudar a perspetiva do mesmo, quanto ao
seu processo de regresso a casa. As altas precoces geram a necessidade de que o cliente, a
família e a comunidade desenvolvam estratégias de suporte para motivar a reabilitação
facilitando toda a recuperação e o processo de autonomia.
Já Grimmer et al., em 2004, referiam que identificar e gerir défices é um grande
desafio no processo de planeamento do regresso a casa. A má gestão desses défices pode
gerar reinternamentos, aumento dos tempos de internamento por impossibilidade de regresso
a casa, aumento do stress para o cliente e família e uso de serviços de apoio desadequados,
dai que para um cuidado personalizado e individualizado há necessidade de iniciar um
planeamento precoce, prezando a singularidade da pessoa.
Mckenna et al. (2001), mencionaram a necessidade da standartização deste
processo. Muitos clientes após o regresso a casa não têm necessidade de apoio para a
reintegração na comunidade. No entanto, uma grande percentagem destes necessitam de ter
1.2. Dependência
Como desafio à prestação de cuidados de ER, têm surgido ao longo dos anos
mudanças demográficas e alterações sociais que configuram novas exigências e levam à
aquisição de novos conhecimentos e necessidade de adaptação das intervenções às novas
realidades.
Dessas alterações sobressai o facto de o envelhecimento populacional ser uma
realidade demográfica com repercussões mundiais. Os países desenvolvidos, nomeadamente
os europeus, onde Portugal se enquadra, são caraterizados por um envelhecimento
significativo da população. Esta dinâmica está associada à diminuição das taxas de
mortalidade e natalidade, ao aumento da esperança média de vida, em consequência do
avanço dos processos terapêuticos e da melhoria das condições socioeconómicas das
populações (Petronilho, 2013; Instituto Nacional de Estatística [INE], 2015).
As alterações na composição etária da população residente em Portugal, tal como
para o conjunto da UE são reveladoras do envelhecimento demográfico da última década.
Neste contexto, Portugal apresenta-se, no conjunto dos 28 Estados Membros, como o país
com o 5º valor mais elevado do índice de envelhecimento e o 3º valor mais baixo do índice
de renovação da população em idade ativa (INE, 2015).
Como resultado desta realidade a representatividade da população maior de 65 anos
é considerável e tendencialmente crescente, o que tem consequências diretas no sistema
nacional de saúde e constitui um desafio para as políticas sociais, especificamente, para as
de saúde, com impactos em todas as áreas sociais.
Esta alteração demográfica também tem implicações na crescente prevalência das
doenças crónicas, com um impacto significativo no sistema financeiro, social e de saúde.
Perante esta realidade tem-se observado, ao longo dos últimos anos, uma mudança nas
políticas de saúde que colocam o foco na responsabilização, envolvimento e na capacitação
dos cidadãos e das famílias para cuidarem de si próprios, bem como, na procura de
comportamentos de saúde que integrem esquemas terapêuticos definidos com a ajuda dos
profissionais de saúde, no sentido de encontrar respostas mais eficazes face aos processos
de transição, ao longo do ciclo de vida (Petronilho, 2013).
O EEER escuta, assiste, ensina, esclarece dúvidas, realiza técnicas, numa perspetiva
de desenvolvimento de capacidades da pessoa. Esse desenvolvimento dos níveis de
dependência, facilita a integração num novo contexto, tentando conjugar as potencialidades
com as suas alterações, com um horizonte de uma dimensão integradora na sociedade
(Borgneth, 2004).
O regulamento das competências comuns do enfermeiro especialista de 2019,
concetualiza o especialista como um enfermeiro que possui um conhecimento mais
desenvolvido numa área especifica da enfermagem, cuja atuação se desenvolve no contexto
de cuidados de saúde primários, secundários e terciários englobando também competências
educacionais, de gestão e de investigação, com o objetivo do desenvolvimento da
enfermagem.
De relevância é também o regulamento das competências especificas dos
enfermeiros de reabilitação (Regulamento n.º 140/2019, 6 de fevereiro de 2019), o qual
integra uma dinâmica de cuidar pessoas com um vasto conjunto de necessidades especificas,
englobando a prática de cuidados em todos os seus contextos. Segundo este regulamento o
EEER concebe, implementa e monitoriza planos de ER diferenciados, baseados nos
problemas reais e potenciais das pessoas. O nível elevado de conhecimentos e experiências
acrescidas permitem-lhe tomar decisões relativas à promoção da saúde, prevenção de
complicações secundárias, tratamento e reabilitação maximizando o potencial da pessoa.
Assim, aquando de um evento causador de declínio funcional ou dependência, o
papel do enfermeiro especialista, tanto, na situação aguda como no acompanhamento a longo
prazo, prevenindo complicações e evitando incapacidades é crucial.
Deer et al. (2019), reforçam referindo que durante a hospitalização a função
funcional diminui, aumentando o risco de perda funcional e de dependência. Há uma
necessidade de intervenções de reabilitação baseadas em evidências para melhorar a
recuperação funcional após uma hospitalização aguda.
Os mesmos autores referem que, a perda funcional associada à hospitalização tem
sido atribuída a vários fatores que ocorrem durante a estadia no hospital incluindo a
inatividade física, desnutrição e polimedicação. Esses fatores contribuem para a disfunção
muscular, aumentando o risco de queda e perda de independência. A incapacidade de
recuperar a função depois da hospitalização também aumenta o risco de reinternamento no
hospital e o risco de mortalidade.
Já Menoita (2012) referia que o enfermeiro de reabilitação tem um papel fulcral no
acompanhamento e no planeamento do regresso a casa da pessoa e da sua família, na
Fonte: Meleis, A. I., Sawyer , L., Im, E.-O., Messias, D. H., & Schumacher, K. (2000). Experiencing
transitions: An emerging middle-range theory.
o processo para que o cliente alcance uma transição saudável, ou seja, a reformulação da sua
identidade, o domínio de novas habilidades e a alteração dos próprios comportamentos.
As transições são, determinadas por um conjunto de fatores pessoais e ambientais
facilitadores ou inibidores dessas transições. Meleis et al. (2000) referem vários desses
fatores nos seus estudos, nomeadamente as condições pessoais, da comunidade e da
sociedade. Reforçam que os fatores pessoais, predizem o significado atribuído ao evento,
podendo ser um fator facilitador ou inibidor dessa transição.
O conhecimento dos condicionantes pessoais e da comunidade/sociedade, como a
existência de apoio familiar e social, de recursos instrumentais, da representação social e dos
estereótipos, podem também dificultar ou facilitar a transição.
É crucial para o EEER fazer uma boa preparação do regresso a casa por ter
conhecimento profundo do cliente e do seu contexto familiar, social, comunitário e de todas
as implicações que dai advêm. Sendo ele, em muitos contextos hospitalares, o profissional
que disponibiliza tempo a implementar um plano de reabilitação em que detém um
conhecimento profundo do cliente (funcionalmente e psicologicamente) é também um dos
profissionais mais dotados de conhecimentos para essa preparação.
Neste sentido, o planeamento do regresso a casa é um aspeto com influência sobre
os fatores pessoais e ambientais, atuando maioritariamente como facilitador da transição,
podendo atuar nas condições pessoais através da própria reabilitação, da comunidade e
sociedade através da informação, orientação e preparação de serviços e recursos na
comunidade. Uma preparação do regresso a casa efetiva reforça os fatores pessoais e pode
influenciar o significado atribuído ao evento.
Neste contexto, esta teoria identifica o enfermeiro enquanto agente facilitador do
processo de transição e o cuidado transicional como um foco de atenção para as práticas da
Enfermagem. Nesta perspetiva, é de suma importância que os profissionais de saúde
compreendam os conceitos da Teoria das Transições de Meleis e os utilizem, já que os
clientes, comumente, apresentam-se em processos de transição, sejam de desenvolvimento
inerente ao ciclo vital, seja por alterações saúde/doença ou mesmo situacionais. Através de
um cuidado culturalmente coerente com as reais necessidades do cliente pode-se alcançar o
seu estado de bem-estar, bem como facilitar a reformulação de identidade e a mudança de
comportamentos, que por sua vez podem facilitar a transição (Guimarães & Silva, 2016) .
Para tal o enfermeiro, nomeadamente o EEER, necessita ter uma visão ampla,
conhecimento e experiência de forma a reconhecer todo o processo envolvente e ter uma
intervenção planeada na abordagem ao cliente e se necessário cuidador, na identificação de
necessidades e muitas vezes sendo o gestor de caso, referenciando para vários profissionais
de forma a agir como facilitador do processo de transição.
Assim, a transferência da reabilitação do ambiente hospitalar para a reabilitação na
comunidade evidencia a importância de um planeamento do regresso do cliente ao domicílio
e a preparação dessa transição assume-se como um passo essencial para uma reabilitação
efetiva e personalizada, com implicações no processo de recuperação das sequelas e
dependências adquiridas.
A OMS (2011) vem salientar que
algumas pessoas com deficiência podem ter necessidades de saúde múltiplas ou complexas,
incluindo reabilitação, que requer a atuação de diferentes prestadores de serviços. Essas
necessidades podem estender-se a serviços de diferentes áreas (…). È comum pessoas com
deficiência que necessitam de múltiplos serviços receberem atendimento fragmentado ou
duplicado. Estes indivíduos também podem encontrar dificuldades na transição quando a
assistência passa de um prestador de serviços para outro (p.75).
Este facto que reforça a necessidade de uma eficiente preparação para o regresso a
casa dos clientes que necessitam de cuidados de reabilitação. Alguns estudos concluíram que
a orientação de regresso a casa é dada no momento da saída do cliente do hospital, não sendo
planeada com antecedência. Nessa ocasião são oferecidas muitas orientações num curto
espaço de tempo, com o agravante de muitas vezes não serem realizadas por escrito,
dificultando a compreensão do cliente. Na maioria das vezes, as orientações de alta são
realizadas de forma mecânica e apressada, não considerando as condições e as necessidades
de cada cliente ( Pompeo, Pinto, Cesarino, Araújo, & Poletti, 2007).
Como forma de assegurar a continuidade dos cuidados e a garantia do atendimento
das necessidades do cliente, já em 2005 um estudo desenvolvido por Cesar e Santos sobre
“Percepção de cuidadores familiares sobre um programa de alta hospitalar” indicou que um
programa de preparação do regresso a casa pode contribuir para que a família seja capaz de
desenvolver ações necessárias, no sentido de dar prosseguimento ao programa de
reabilitação iniciado no âmbito hospitalar, criando possibilidades de manutenção ou
melhoria do estado de saúde. A garantia de continuidade dos cuidados iniciados no âmbito
hospitalar depende das orientações para o regresso a casa, uma vez que contribui para a
recuperação do cliente, minimiza a insegurança e proporciona melhor qualidade de vida
familiar e social, além de prevenir complicações e/ou morbilidades e evitar reinternamentos,
salientam os mesmos autores.
O plano de regresso a casa é uma ferramenta para garantir a continuidade do
cuidado após a hospitalização. O ensino na preparação desse regresso é parte integrante do
Satisfação
Continuidade do cliente e
dos cuidados cuidador
Competências
eficiência
profissionais
Idade Discreta
Género Nominal 1-Masculino
2-Feminino
Estado civil Nominal 1-Solteiro
2-Casado/união de Facto
3-Viúvo
Por outro lado, o indicador de resultados é obtido pela soma das respostas às quatro
perguntas seguintes: Em geral, até que ponto se sentiu preparado para regressar a casa; foi
feita alguma coisa para lidar com as suas preocupações; se já recebeu serviços comunitários,
foram ao encontro das suas necessidades; se o equipamento já foi fornecido, foi ao encontro
das suas necessidades.
A escala permite associar um conjunto de questões associadas aos custos do
internamento e aos serviços utilizados após a alta (deslocação, combustíveis e despesas de
saúde no setor público e privado), no entanto, foram excluídas devido ao facto de, na nossa
realidade o transporte de clientes ser maioritariamente assegurado pelo SESARAM.
Como já referido anteriormente, a percepção é um processo ativo que requer um
processamento de informações e está intrinsicamente com o desempenho cognitivo.
Assim, aplicamos a escala Mini-Mental State Examination (MMSE) (apêndice B)
para despiste de défice cognitivo e seleção dos participantes a incluir no estudo da variável
perceção do cliente quanto ao planeamento do regresso a casa.
A escala MMSE é um dos instrumentos mais utilizados no rastreio de declínio
cognitivo em estudos epidemiológicos, assim como na avaliação global das funções
cognitivas em ambiente clínico e de investigação (Morgado, Rocha, Maruta, Guerreiro, &
Martins, 2009).
Tem sido utilizado em ambientes clínicos, para a deteção de declínio cognitivo,
para o seguimento de quadros demenciais e na monitorização de resposta ao tratamento. Em
MMSE < a 15
32 86,5
Pontos
Total 37 100
3.2.1. Idade
No que diz respeito à idade dos participantes, esta oscila entre os 45 anos e 92 anos.
Apresentou-se, tendencialmente, elevada com a média de 71,6 anos, distribuindo-se entre o
valor mínimo de 45 anos e o máximo de 92 anos, com um desvio padrão de 12,3 anos (figura
5).
O Coeficiente de Variação (CV) é definido como a razão do desvio padrão pela
média e permite analisar a dispersão em termos relativos, com um valor do CV de 17,17% ,
o qual indica uma dispersão média dos dados.
3.2.2. Género
Quanto ao género dos inquiridos obtivemos uma percentagem de 70,3 dos
participantes do género feminino e de 29,7% para o género masculino, conforme explicitam
a tabela e gráfico 2.
Masculino Feminino
3.2.4. Escolaridade
No que concerne a escolaridade 59,5% dos participantes possuem o primeiro ciclo
do ensino básico e 18,9% não sabem ler ou escrever, conforme tabela e gráfico 4.
De relevância o facto de 13,5% dos participantes terem frequentado o 2º e 3º ciclos
do ensino básico e 8,1% o ensino secundário.
0
Não sabe 1º ciclo do 2º e 3º Ensino
ler ou ensino ciclo do secundário
escrever básico ensino
básico
forma de a tomar e datas de consulta. Refere ainda que este baixo índice de literacia tem
implicações na forma como compreendem o diagnóstico e tratamento e como desenvolvem
sentimentos em que se sentem ignorados e ou apressados.
O estudo realizado por Petronilho, et al. (2017) 60,7% da amostra era constituída
por reformados e pensionistas.
pequena por elementos que viviam com outros familiares 40,5%. Apenas 13.5% dos
participantes viviam sós.
Vive só 13,5%
0 20 40 60
Não Sim
Apesar das mudanças ocorridas na sociedade e nas famílias nos últimos anos em
Portugal, estas continuam a ter um papel primordial, como cuidadores, continuando a ser
considerada a principal fonte de suporte nos cuidados diretos, no apoio psicológico e nos
contactos sociais (Pinto & Martins, 2013).
Neste estudo desenvolvido por Pinto & Martins (2013) sobre o regresso ao
domicilio do doente e a importância do nível de dependência e do apoio familiar, os
resultados mostraram que 44,1% dos cuidadores informais são os respetivos cônjuges
(mulheres e homens), seguindo-se as filhas (38,2%) e noras (17,6%). Segundo os mesmos
autores esses dados vão de encontro ao Modelo Hierárquico de Shanas, o qual refere que
este papel é assumido inicialmente pelo cônjuge, seguindo-se os filhos e, só na
impossibilidade destes, o papel é assumido por outros familiares e/ou vizinhos/ amigos.
Salienta que o interesse/disponibilidade demonstrado pelo CI, relativamente aos
ensinos propostos pelos profissionais de saúde, partiu essencialmente e de forma espontânea,
mais por parte das filhas, do que propriamente dos cônjuges.
Na transição para o papel de familiar para cuidador informal, é crucial que o
enfermeiro seja capaz de identificar as competências dos familiares, acerca das necessidades
de cada situação específica, à qual, terão de dar resposta eficaz na assunção do papel. A
natureza do envolvimento, os cuidados a assegurar, as mudanças a efetuar e o período de
tempo de todo este processo, terão de ser foco de atenção dos enfermeiros (Petronilho, 2013).
Segundo o estudo desenvolvido por Ward, Schiller, & Goodman (2014) “Multiple
chronic conditions among US adults: a 2012 update”, os dados revelaram que 65% das
pessoas com idades entre 65 e 84 anos viviam com pelo menos dois problemas de saúde a
longo prazo, aumentando para 82% das pessoas com idade ≥85 anos. O mesmo estudo refere
que um em cada 4 adultos tinha múltiplas doenças crónicas.
A crescente prevalência de múltiplas doenças crónicas levou os Estados Unidos da
América (EUA) a considerarem, já em 2010, a procura de novas abordagens, desenvolvendo
estudos para este problema clínico e de saúde pública.
Os resultados deste estudo vão ao encontro do realizado por Ponte (2016) que, ao
estudar a Perceção dos cuidadores informais sobre o planeamento da alta, verificou que os
idosos que eram cuidados pelos participantes nesse estudo apresentavam várias
comorbilidades, que com maior incidência se encontravam associadas a doenças
cardiovasculares 17,1%.
Estes elementos foram divididos por classes de acordo com o grau de alteração da
funcionalidade. Assim, 28 dos inquiridos (75,7%) andavam com limitações, 3 dos inquiridos
(8,1%) não especificaram qual a dificuldade de mobilidade e 1 inquirido permanecia no leito.
De referir que 24,3% (n=9) não responderam a esta questão,
Gráfico 9 - Distribuição dos participantes de
acordo a dificuldade na mobilidade
Tabela 9 – Distribuição dos participantes de
acordo a dificuldade na mobilidade
Dificuldade Mobilidade n % Anda com limitação 64,9%
Anda com limitação 24 64,9
Permanece no leito 1 2,7
Permanece no leito 2,7%
Sem especificação 3 8,1
Total 28 75,7
Sem especificação 8,1%
0 20 40 60 80
sensitivas visuais 66,7% (n=16). De relevo os 16,7% (n=4) de participantes com alterações
sensitivas conjugadas, visual e táctil, e os 12,5% (n=3) de inquiridos com alterações
conjugadas, visual e auditiva.
Figura 8 - Distribuição dos participantes de acordo com o tipo de ajuda técnica utilizada
Sim Não Total
Tipo de Ajuda Técnica
n % n % n %
Este estudo apresenta resultados que vão ao encontro dos resultados obtidos no estudo
de Teixeira (2010) sobre a “Perspectiva ética da atribuição de ajudas técnicas/produtos de
apoio a doentes idosos com dependência funcional” onde dos 68,1% dos idosos da amostra
que utilizavam ajudas técnicas, a maior parte estavam associadas a alteração da mobilidade,
característica na faixa etária da população alvo.
Logo as principais ajudas atribuídas eram para compensar a alteração de mobilidade,
como camas articuladas, cadeiras de rodas, canadianas, bengalas e almofadas anti-escaras.
3.2.14. Medicação
Sendo um item persistentemente importante no planeamento do regresso a casa, a
medicação é, igualmente, um fator crucial na reabilitação, pelo que o conhecimento
aprofundado da medicação é fator facilitador da reintegração na comunidade e da
reabilitação dos clientes.
Um controlo da sintomatologia associada a doenças crónicas e situações agudas
permite ao cliente e ao EEER dirigirem o foco para a reabilitação.
Medicação n %
8.1%
Não 3 8,1
Sim 34 91,9 91,9%
Total 37 100,0
Não Sim
A realidade deste estudo está de acordo com a realidade mundial. Entre 2015–2016,
45,8% da população dos EUA usavam medicamentos prescritos nos últimos 30 dias. O uso
de medicamentos prescritos aumentou com a idade, de 18,0% das crianças com menos de 12
anos para 85,0% dos adultos com 60 anos ou mais (Crescent, Craig , Qiuping , & Cynthia,
2019).
3.2.16. Dor
De suma importância para a caracterização dos participantes, é o facto de 73% (n
=27) dos mesmos referirem que sentiam dor, tabela e gráfico 12.
Não Sim
O estudo realizado por Mills, Nicolson, e Smith (2019) vem realçar que embora a
ciência médica tenha a capacidade de aliviar a dor da mais moderada à intensa, pesquisas
sugerem que a dor crônica afeta 13-50% dos adultos no Reino Unido. Sendo que, dos que
vivem com dor crônica, 10,4-14,3% apresentaram dor crônica incapacitante moderada a
grave.
O controlo da dor não passa apenas pelo acesso à medicação, mas também à
informação e a posologia adequada à gravidade da dor. Em Portugal a prevalência da dor
crónica em Portugal é de 36,6%; os custos associados à dor crónica ascendem a 738,85
milhões de euros; a dor crónica representa 2,7% do Produto Interno Bruto nacional (Kislaya
& Neto, 2014).
Tabela 13 - Distribuição dos participantes de acordo com o serviço em que houve o internamento
recente
S. Internamento recente n %
Medicina Interna 12 32,4
Ortopedia 11 29,8
Rede Regional de Cuidados Continuados Integrados 3 8,1
Não especificado 3 8,1
Cardiologia 2 5,4
Consulta Externa 1 2,7
Neurocirurgia 1 2,7
Urologia 1 2,7
Madeira Medical Center 1 2,7
Clínica da Sé 1 2,7
Clínica de S. Luzia 1 2,7
Total 37 100,0
Gráfico 13 - Distribuição da amostra de acordo com o serviço em que houve o internamento recente
35
32,4% 29,8%
30
25
20
15
10 8,1% 8,1%
5,4% 2,7%
5 2,7% 2,7% 2,7% 2,7% 2,7%
0
Figura 11 - Distribuição dos participantes de acordo com o tempo de seguimento pelo EEER
Tempo de seguimento EEER Frequência 37
Mínimo 1,0
Máximo 2555,0
Media 209,6
Desvio Padrão 471,8
Figura 12 - Distribuição dos participantes de acordo com o número de sessões semanais com o EEER
Grau de Dependência n %
Independente 16 43,2
Ligeiramente dependente 10 27
Moderadamente dependente 5 13,5
Severamente dependente 2 5,4
Totalmente dependente 4 10,8
Total 37 100
Gráfico 14 - Distribuição dos participantes de acordo com o grau de dependência (índice de Barthel)
43,2%
27%
13,5%
10,8%
5,4%
Figura 13 - Distribuição dos participantes de acordo com a dependência nas diversas atividades de
vida
Atividades de vida Necessita
Necessita de
Independente de grande Dependente total
ajuda
ajuda
n % n % n % n % n %
Alimentação 28 75,7 8 21,6 - - 1 2,7 37 100
Vestir 16 43,3 11 29,7 - - 10 27 37 100
Banho 18 48,6 - - - - 19 51,4 37 100
Hig. Corporal 26 70,3 - - - - 11 29,7 37 100
Uso do sanitário 21 56,8 9 24,3 - - 7 18,9 37 100
Contr. Intestinal 29 78,4 4 10,8 - - 4 10,8 37 100
Controlo Vesical 26 70.3 8 21,6 - - 3 8,1 37 100
Subir escadas 15 40,6 10 27 - - 12 32,4 37 100
Trf. cadeira-cama 19 51,4 7 18,9 7 18,9 4 10,8 37 100
Deambulação 18 48,7 11 29,7 1 2,7 7 18,9 37 100
O estudo realizado por Ramos (2015), sobre a dependência dos doentes na admissão
e na alta mostrou que: na admissão, apenas 20% dos doentes apresentavam resultados
compatíveis com a existência de algum tipo de dependência, enquanto que 80% eram
autónomos.
Neste estudo é sugerido que as necessidades dos doentes devem ser identificadas,
para facilitar a continuidade dos cuidados de saúde na transição do meio hospitalar para o
domicílio ou outra instituição. A escala de CADEM foi aplicada no momento da alta
hospitalar do doente para se compreender qual a relação entre a hospitalização e o grau de
autonomia. Foi possível identificar um aumento bastante significativo dos níveis de
dependência dos doentes. Significa que, à data da alta, os doentes apresentavam maior
necessidade de apoio nos cuidados.
Assim Ramos (2015) concluiu que os clientes exigem ajuda e compreensão por
parte profissionais, uma grande percentagem de cuidadores estão deficientemente
preparados para assumir o papel de prestador de cuidados, existindo uma falta de informação
e uma necessidade de novas habilidades para prestar o apoio adequado (Ramos, 2015).
Tabela 16 - Distribuição dos participantes de acordo com a informação fornecida sobre serviços
comunitários
Inf. Serviços comunitários n %
As necessárias 19 59,4
Algumas, não suficientes 3 9,4
Nenhumas 7 21,8
O Cliente não necessita 3 9,4
Total 32 100,0
Gráfico 16 - Distribuição dos participantes de acordo com a informação fornecida sobre serviços
comunitários
9,4%
21,8%
59,4%
9,4%
O estudo realizado por Hesselink et al. em 2013, já evidenciava que tinham sido
encontradas informações deficitárias na qualidade da informação fornecida no hospital aos
clientes, tanto a fornecida pelos médicos (42%) como enfermeiros (37%) que indicavam que
os pacientes muitas vezes não eram informados com clareza suficiente, em particular sobre
os recursos para os tratamentos e acompanhamento, medicação e cuidados necessários.
Segundo Gonçalves-Bradley et al. (2016) intitulada “Discharge planning from
hospital” é incerto se o planeamento do regresso a casa tem impacto na procura de cuidados
de saúde primários. No entanto, apesar da pouca evidência, os mesmos autores referem que
um estudo realizado por Weinberger (1996) mediu a procura de cuidados e relataram um
aumento desta procura de cuidados primários nos clientes que tiveram um planeamento do
regresso a casa.
A mesma Cochrane referiu que, o momento de início de planeamento do regresso
a casa após alta hospitalar (seja no início da hospitalização ou aquando da alta) tinha impacto
na organização de outros serviços, tendo alguma influência sobre a rapidez com que esses
serviços podem começar a ser fornecidos (Gonçalves-Bradley et al., 2016).
O nosso estudo vai ao encontro do estudo realizado por Pereira & Petronilho (2018)
que concluiu que 30% da amostra não recebeu qualquer informação sobre serviços
comunitários. No entanto, no nosso estudo, os dados são mais favoraveis, pois 59.4% da
amostra recebeu a informação necessária enquanto que no estudo realizado por estes autores
apenas 10% recebeu a informação necessária. Esta discrepância pode dever-se à
percentagem de EEER nos serviços da região e ao acesso dos clientes aos mesmos.
Não Sim
Serv. já existiam Serv. não necessário
Segundo o estudo de Bragstad et al. (2012) dos inquiridos, 67,6% (96) receberam
ajuda em casa. Apesar disso, 28,4% (35) dos participantes relataram que sentiram que a
Escola Superior de Enfermagem São José de Cluny – Tânia Nunes
84
Perceção do cliente quanto ao planeamento do regresso a casa pelo enfermeiro de reabilitação e nível de
dependência |2020
ajuda dos serviços sociais não era adequada. Declarações dos participantes sugeriram que o
sentimento de inadequação decorreu do facto de estes sentirem que, a ajuda era insuficiente,
essencialmente, quanto às horas de serviço e sentirem necessidade de mais ajuda com tarefas
como compras de supermercado e limpeza da casa.
Segundo o estudo de Ferreira et al. (2011), a maioria dos inquiridos, 70,2%, não
necessitaram de serviços comunitários. No entanto, 17,4% referiram que não foi
proporcionado serviço comunitário e apenas 2,5% referiram que alguém lhes proporcionou
serviço comunitário.
Já em 2013, no seu estudo Pinto e Martins verificaram que uma pequena
percentagem de participantes, já usufruía de alguma ajuda comunitária na altura da admissão
ao hospital, destacando-se fundamentalmente o apoio domiciliário, porém no momento da
alta a sua procura teve um acréscimo bastante significativo. No caso do nosso estudo não foi
possível fazer a distinção dos participantes que, aquando a admissão, já usufruíam de
serviços comunitários e os que os adquiriram após o regresso a casa.
Quanto ao estudo realizado por Pereira & Petronilho (2015), no que diz respeito a
informações fornecidas aos cuidadores sobre as estruturas de apoio, aproximadamente
90,5% da amostra assumiu não ter tido informações sobre métodos de gestão de tarefas
habituais no cuidar do utente, bem como informações sobre serviços disponíveis para
cuidadores.
O estudo realizado por Domingues (2016), veio reforçar os benefícios da ER como
orientadora na preparação do regresso a casa durante o internamento, e na comunidade, e o
papel do EEER na ajuda da recuperação da qualidade de vida. Já no contexto domiciliário,
a intervenção do EEER teve impacto na adaptação do domicílio e nos ganhos na recuperação.
Daí, ser crucial o encaminhamento dos clientes e o contacto entre os profissionais de ER.
Tabela 18 - Distribuição dos participantes de acordo com a informação fornecida sobre equipamento
Gráfico 18- Distribuição dos participantes de acordo com a informação fornecida sobre equipamento
12,5%
15,6%
6,3%
65,6%
Não
Sim
Serviço já existiam
Serviço não necessário
inquiridos referiram não ter recebido qualquer informação sobre os efeitos secundários da
medicação e 18,8% referiram não ter recebido informação suficiente.
Apenas 31,3% referiram ter recebido as informações necessárias sobre os efeitos
secundários da medicação prescrita
10
0
As necessárias Algumas, não Nenhuma
suficientes
No estudo realizado por Ferreira et al. (2011), 40,8% da amostra referiu receber as
informações necessárias sobre os efeitos secundários da medicação e apenas 27,5% não
receberam qualquer informação.
No entanto, estudos mais recentes, como o realizado por Pereira & Petronilho,
(2015) demostraram que 57,1% da amostra de cuidadores informais assumiu que não teve
qualquer informação sobre os efeitos secundários da medicação prescrita. Noutro estudo
realizado pelos mesmos autores os resultados são semelhantes ao nosso estudo, pois 63,3%
da amostra referiu não ter obtido qualquer informação sobre os efeitos secundários da
medicação.
Através da análise de dados, podemos verificar que 43,7% da amostra referiu não
ter recebido informações escritas sobre a medicação.
Gráfico 22 - Distribuição dos participantes de
acordo com a existência de informação
fornecida por escrito
Não Sim
Com evidência semelhante a este estudo, o estudo de Driscoll (2000) concluiu que
53% dos inquiridos receberam informações impressas.
Já a evidência obtida no estudo de Ferreira et al. (2011), apesar de mais recente, foi
inferior pois, apenas 37,2% receberam instruções por escrito sobre os medicamentos.
Não Sim
Não Sim
Pelo contrário, no estudo de Ferreira et al. (2011) 69,4% da amsotra referiu não
sentir preocupação com o regresso a casa.
Os nossos dados vão de encontro aos do estudo realizado por Pereira e Petronilho
(2018), os quais concluiram que 66,7% da amostra de cuidadores informais demonstrou
preocupação no regresso ao domicílio.
A preocupação pode estar relacionada com a consciência das dificuldades que,
eventualmente iriam encontrar.
O estudo realizado por Ferreira et al. em 2011, apresentava uma amostra com
confiança para executar as tarefas diárias em casa (52,9%) e em que apenas 35,5% da
amostra referiu não sentir confiança para executar as tarefas diárias em casa. Por outro lado,
o estudo realizado por Pereira e Petronilho (2018) revelou que 76.7% da amostra referiu
apresentar confiança para a realização de cuidados após a alta.
A nível internacional o estudo de Graumlich, Novotny &Aldag (2008) intitulado
“Brief Scale Measuring Patient Preparedness for Hospital Discharge to Home:
Psychometric Properties” concluiu que dos inquiridos 72,2% referiram sentir-se confiante
no regresso a casa.
Esta discrepância de resultados pode estar relacionada com a diferença das
populações, pois o estudo realizado por Pereira & Petronilho (2018) estudou a perceção dos
cuidadores informais e o nosso estudo estudou a perceção dos clientes, os quais estiveram
internados por uma situação patologica o que os fragiliza.
Não Sim
0 20 40 60
Não Sim
Segundo o estudo de Ferreira et al. (2011) a maioria da amostra, 60,3%, referiu não
ter sido feito alguma coisa para lidar com as suas preocupações.
No presente estudo a percentagem da amostra em que foi feito algo para lidar com
a preocupação é, consideravelmente, maior do que no estudo de Pereira & Petronilho (2018),
em que apenas 5% da mostra referiu ter existido uma resolução das preocupações.
Este é um aspecto de importante reflexão no âmbito do exercicio profissional do
enfermeiro que estabelece uma relação terapêutica caracterizada pela parceria estabelecida
com o cliente, no respeito pelas suas capacidades e na valorização do seu papel. Esta relação
desenvolve-se e fortalece- se ao longo de um processo dinâmico, que tem por objetivo ajudar
o cliente a ser proactivo na consecução do seu projeto de saúde. Várias são as circunstâncias
em que a parceria deve ser estabelecida, envolvendo as pessoas significativas para o cliente
individual (Conselho de Enfermagem, 2001).
0 20 40 60
3.4.8. Equipamento
Como é possível constatar na tabela 30 e gráfico 30, a maioria dos participantes
(71,9%) referiu não ter recebido qualquer tipo de equipamentos.
No entanto, os que receberam algum tipo de equipamento encontravam-se
satisfeitos com o mesmo.
Satisfação com o n %
equipamento Não satisfeito 3,1%
Não satisfeito 1 3,1
Satisfeito 8 25,0
Não recebeu 23 71,9 Satisfeito 25%
Total 32 100,0
0 20 40 60 80
CONCLUSÃO
No que concerne a saúde, 37,8% dos participantes referiram ter uma saúde razoável,
tendo como antecedentes pessoais mais frequentes a hipertensão (59,5%), os problemas orto
traumatológicos (51,4%) e a patologia cardíaca (32,4%).
Os participantes estiveram internados no último mês anterior à colheita de dados em
maior percentagem nos serviços de medicina (32,4) e ortopedia (29,8).
Quanto à dependência, os mesmos eram predominantemente independentes na
realização das AVD (43,2%), 27% eram parcialmente dependentes, 13,5% eram
moderadamente dependentes e apenas 10,8% eram totalmente dependentes.
Quanto ao nível de dependência nas várias AVD, a grande maioria dos participantes
apresentava maior dependência nas atividades de higiene corporal (29,7%), banho (51,4%)
e uso do sanitário (18,9%). No domínio da mobilidade, destacaram-se o subir de descer
escadas (32,4%), a transferência cadeira-cama (10,8%) e a deambulação (18,9%).
Quanto à perceção sobre o planeamento do regresso a casa, pela análise dos resultados
obtidos, segundo a opinião dos clientes, a informação fornecida foi a necessária
relativamente à execução das AVD (56,3%), equipamentos (65,6%), serviços comunitários
(59,4%) e medicação (62,5%), sendo fornecida informação por escrito sobre a medicação
(56,3%). No entanto, 50% dos participantes referiram não ter recebido informação sobre os
efeitos secundários da medicação.
Quanto à informação fornecida, relativamente à preparação da reintegração no
domicílio, 65,6% dos participantes referiram ter recebido informações sobre o dia-a-dia e
em 71,9% das situações não existiram atrasos no dia da alta.
Apesar destes resultados, salienta-se que os clientes demonstraram preocupação
(68,8%) e falta de confiança no regresso a casa (40,6%). A maioria dos participantes (53,1%)
não identificou estratégias para os apoiar relativamente às suas preocupações.
No que respeita aos serviços sociais fornecidos, 50% dos participantes referiram não
ter recebido e 71,9% referiram não ter recebido o equipamento que necessitavam.
Do conjunto de resultados obtidos após o tratamento dos dados emerge a noção do
impacto do planeamento do regresso a casa nos clientes e da importância da inclusão dos
mesmos no processo de reintegração na comunidade. O conhecimento da perspetiva do
cliente sobre o seu processo de planeamento de regresso a casa permite aos EEER uma
abordagem personalizada e holística.
Tendo em consideração que os participantes referiram que não receberam, na sua
maioria, informações sobre efeitos secundários da medicação, esta deve ser uma área de
investimento na execução do plano do regresso a casa. De modo a um planeamento o mais
eficiente e a uma relação de ajuda mais eficaz, o EEER deve atender às preocupações dos
clientes e atuar em concordância com as mesmas. O fornecimento dos serviços comunitários
e equipamentos deve ser garantido, célere e incorporado no plano de regresso a casa. Estes
resultados destacam importantes princípios básicos de planeamento do regresso a casa e
permitem uma reflexão na atuação enquanto elos importantes na recuperação dos clientes.
O planeamento do regresso a casa representa a essência da intervenção do EEER pois
um bom planeamento permite promover o diagnóstico precoce e ações preventivas de
enfermagem de reabilitação, de forma a assegurar a manutenção das capacidades funcionais
dos clientes, prevenir complicações e evitar incapacidades, assim como assegurar e
proporcionar intervenções terapêuticas que visam melhorar as funções residuais, manter ou
recuperar a independência nas atividades de vida, e minimizar o impacto das incapacidades
instaladas (quer por doença ou acidente) nomeadamente, ao nível das funções neurológica,
respiratória, cardíaca, ortopédica e outras deficiências e incapacidades (Regulamento n.º
392/2019, 2019).
As dificuldades encontradas ao longo a realização deste estudo foram várias. A
primeira limitação prende-se com a localização geográfica da realização do estudo, ou seja,
o facto da colheita ser efetuada numa ilha com um sistema de saúde pequeno, com um
número de clientes que regressaram ao domicílio e que foram seguidos pelos EEER limitado.
Outra limitação está relacionada com o facto dos estudos sobre a perceção dos clientes,
acerca da sua preparação para o regresso a casa não ser abundante. Tal facto, limitou, de
alguma forma, em termos de revisão de literatura e da discussão dos resultados.
Aliado a estes aspetos esteve, igualmente, presente alguma dificuldade na gestão do
tempo e conciliação com a vida pessoal e profissional.
Após a elaboração deste estudo ressalta a importância de um planeamento do regresso
a casa, atempado e adequado de forma a permitir uma reabilitação personalizada.
Recomenda-se a continuação da investigação neste domínio em futuros estudos, com
participação de um maior número de clientes com estes critérios de inclusão e seus
cuidadores informais, na tentativa de obter resultados que fortaleçam a evidência e o corpo
de conhecimentos da disciplina.
Seria também interessante verificar se existem diferenças, estatisticamente
significativas, entre a perceção dos clientes e a perceção dos EER sobre o planeamento do
regresso a casa dos clientes hospitalizados.
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i
ii
APÊNDICE A - CONSENTIMENTO INFORMADO
Consentimento Informado
Eu, _____________________________________________________________,
fui informado(a) dos propósitos do estudo de investigação Enfermagem de Reabilitação na
RAM: Um estudo de Caracterização e tomei conhecimento das avaliações a que me
submeterei, assim como do seu objetivo.
Mais declaro que dou o meu consentimento para que dados anónimos a meu
respeito possam ser guardados e processados pelos investigadores deste estudo de
investigação, para fins académicos e científicos.
Li (ou foi-me lida) a informação mencionada na Folha de Informação ao
Enfermeiro Especialista de Reabilitação. Entendo o significado desta informação e as
minhas perguntas foram satisfatoriamente respondidas.
Assim, estando informado(a) e compreendendo os termos de participação, ofereço-
me como voluntário(a) para participar neste estudo e consinto na recolha, uso e revelação da
informação anonimizada recolhida. Afirmo que tive tempo suficiente para decidir sobre a
participação neste estudo e que ficará em minha posse um documento assinado pelo
investigador responsável e datada.
iii
1. Mini-Mental State Examination
Estado Mental
Vou fazer-lhe algumas questões. A maior parte são fáceis. Tente responder o
melhor que for capaz.
Orientação no Tempo
0 1
Orientação no Espaço
0 1
Agora, vou dizer-lhe 3 palavras. Queria que as repetisse e que tentasse decorá-
las, porque dentro de alguns minutos vou pedir-lhe que me diga essas 3
palavras. As palavras são: PÊRA, GATO, BOLA. Repita as 3 palavras.
iv
(Repetir todas as palavras até serem totalmente aprendidas, num máximo de 6
tentativas. Se as palavras não forem aprendidas não se pode fazer a prova de
evocação.) Registar as tentativas.
Pêra
Gato
Bola
Retenção
0 1
Pêra
Gato
Bola
Atenção e Cálculo
27
24
21
18
15
Vou dizer-lhe uma palavra e queria que me dissesse essa palavra letra por letra,
mas ao contrário, isto é, do fim para o princípio. A palavra: PORTA.
0 1
v
AT
R
0 1
2
9
5
Evocação
Agora veja se me consegue dizer quais foram as 3 palavras que lhe pedi há pouco
para decorar.
0 1
Pêra
Gato
Bola
Nomeação
Repetição
vi
Compreensão Verbal
Vou dar-lhe uma folha de papel. Quando eu lhe entregar o papel, pegue
nele com a sua mão direita e dobre-o ao meio e coloque-o no chão.
0 1
Mão
Meio
Chão
Compreensão leitura
Leia e cumpra o que diz neste cartão “feche os olhos”. (Mostrar a frase num
cartão. Se o sujeito for analfabeto, o examinador deverá ler-lhe a frase.)
0 1
Escrita
Desenho
Desenha
vii
Total
viii
ÍNDICE DE BARTHEL
1.Alimentação
INDEPENDENTE (Capaz de usar qualquer 10
instrumento. Come num tempo razoável) 5
NECESSITA DE AJUDA (Necessita de ajuda para
0
cortar os alimentos, levar à boca)
DEPENDENTE
2.Vestir
INDEPENDENTE (Veste-se, despe-se e ajusta a 10
roupa. Aperta os sapatos, etc.) 5
NECESSITA DE AJUDA (Pelo menos em metade 0
das tarefas, mas realiza-as num bom tempo)
DEPENDENTE
3.Banho
INDEPENDENTE (Toma banho geral no duche ou 5
banheira. Entra e sai do banho sem ajuda de terceiros)
DEPENDENTE 0
4.Higiene Corporal
INDEPENDENTE (Lava a face, mãos e dentes. Faz a 5
barba) 0
DEPENDENTE
5.Uso da Casa de Banho
INDEPENDENTE (Usa-a sem ajuda, senta-se, 10
levanta-se e arranja-se sozinho) 5
ix
NECESSITA DE AJUDA (Para manter o equilíbrio, 0
limpar-se e ajustar a roupa)
DEPENDENTE
6.Controlo Intestinal
INDEPENDENTE (Não apresenta episódios de 10
incontinência. Se necessita de enemas ou clisteres, fá- 5
lo sozinho)
INCONTINENTE OCASIONAL (Episódios 0
ocasionais de incontinência e necessita de ajuda para
enemas ou clisteres)
INCONTINENTE FECAL
7. Controlo Vesical
INDEPENDENTE (Não apresenta episódios 10
de incontinência. Se necessita de sonda ou
colector, fá-lo sozinho)
INCONTINENTE OCASIONAL (Episódios 5
ocasionais de incontinência e necessita de ajuda para
uso de sonda ou colector) 0
INCONTINENTE OU ALGALIADO
8.Subir Escadas
INDEPENDENTE (Sobe e desce escadas. Pode usar 10
um instrumento de apoio) 5
NECESSITA DE AJUDA (Necessita de ajuda física 0
ou supervisão para subir/descer escadas)
DEPENDENTE
9.Transferência Cadeira-Cama
INDEPENDENTE (Não necessita de qualquer ajuda. 15
Se usa a cadeira de rodas, transfere-se sozinho)
NECESSITA DE AJUDA MÍNIMA (Ajuda mínima
10
e supervisão)
5
NECESSITA DE GRANDE AJUDA (É capaz de se
sentar, mas necessita de muita ajuda para a
0
transferência)
DEPENDENTE
x
10.Deambulação
INDEPENDENTE (Caminha pelo menos 50 metros 15
sozinho ou com ajuda de andarilho, canadianas)
NECESSITA DE AJUDA (Caminha 50 metros com
10
ajuda ou supervisão) INDEPENDENTE COM
5
CADEIRA DE RODAS (anda pelo menos 50 metros)
0
DEPENDENTE
Score Total:
xi
xii
QUESTIONÁRIO DE PLANEAMENTO DA ALTA (PREPARED)
Deste questionário pretende-se apenas conhecer a sua perceção sobre a qualidade das
atividades hospitalares no âmbito do planeamento da alta.
Por favor, para cada uma das questões, escolha a resposta, que melhor representa a
sua experiência.
Informação sobre estruturas de apoio
1. Informação sobre como conseguir fazer AVD:
xiii
As necessarias Algumas, não as suficientes Nenhumas
Preparação para a reintegração
8. Informação para preparar o dia-a-dia em casa:
Sim Não
9. Preocupado com a execução das atividades diárias:
Sim Não
Controlo sobre as circunstâncias
10. Confiança para executar as tarefas diárias em casa
Sim Não
12. Em geral até que ponto se sentiu preparado para regressar a casa
xiv
APÊNDICE C - INFORMAÇÃO ESCRITA FORNECIDA AO PARTICIPANTE
E-mail: turma.mer2018@gmail.com;
bgouveia@esesjcluny.pt
A sua participação neste projeto significa que informação sobre a sua saúde em geral
e os cuidados de enfermagem de reabilitação de que é alvo será recolhida e analisada.
xv
O que é que este estudo envolve?
Foi-lhe pedido para participar neste estudo porque tem idade superior a 18 anos, é alvo
de cuidados de Enfermagem de Reabilitação no serviço de saúde público ou é cuidador
informal.
xvi
Futuramente, a informação obtida neste estudo irá beneficiar outros clientes dos
cuidados de enfermagem de Reabilitação, permitindo o delineamento de intervenções mais
eficazes.
Não será utilizado o seu nome em nenhum documento, mas sim um número de
identificação atribuído a cada participante por ordem de inscrição.
Está prevista a publicação dos resultados deste estudo no futuro, mas a sua identidade
não será divulgada.
Por participar neste estudo não terá a seu cargo despesas adicionais, além das já
previstas para a deslocação ao local onde é alvo de cuidados de enfermagem de reabilitação.
Ao participar neste estudo, ser-lhe-á pedido para despender o tempo para um momento
de avaliação (com fracionamento e marcação de acordo com a sua disponibilidade), com a
duração máxima de 1 hora.
xvii
Quais são os meus direitos?
Se recusar ou desistir da sua participação neste estudo, em qualquer momento, não irá
sofrer qualquer dano ou prejuízo futuro, nem perder nenhum direito de saúde ou legal.
Se tiver alguma dúvida sobre os seus direitos como participante, pode contactar a
Investigadora principal ou o Investigador responsável pela aplicação dos questionários,
através dos contactos acima descritos ou na morada institucional (Escola Superior de
Enfermagem São José de Cluny).
O Investigador Responsável
_____________________________________
Data: ___________________
xviii
APÊNDICE D - QUESTIONÁRIO SUBMETIDO À COMISSÃO DE ÉTICA
xix
xx
xxi
xxii
xxiii
xxiv
xxv
xxvi
xxvii
xxviii
APÊNDICE E - QUESTIONÁRIO DE CARACTERIZAÇÃO
1. Idade:_______ anos
2. Género: feminino □ Masculino □
3. Estado Civil: □
Solteiro(a)
Casado(a)/União de Facto □
Divorciado(a)/Separado(a) □
Viúvo(a) □
4. Escolaridade:
Não sabe ler nem escrever □ Ensino Básico - 1º Ciclo □
Ensino Básico – 2º e 3º Ciclo □ Ensino Secundário (10º ao 12º □
ano)
Ensino Superior (1º ciclo e/ou superior) □
5. Situação Profissional:
Estudante 󠄀 Doméstica □
Desempregado 󠄀 Trabalhador por Conta
Própria □
Trabalhador por Conta de Outrem 󠄀 Reformado/Inválido 󠄀
6. Situação de Vida:
Vive sozinho(a) □ Vive com Cônjuge □
Vive com Familiares □ Outra □
xxix
7. Tem apoio de cuidador informal? Sim □ Não □
8. Vamos agora, falar da sua Saúde. Como considera a sua saúde atual?
9. Antecedentes de saúde:
Obesidade 󠄀
Hipertensão Arterial (HTA) 󠄀
Diabetes Mellitus 󠄀
Hábitos Tabágicos
󠄀
Doença Mental
󠄀
Hábitos Etílicos 󠄀
Problema do Foro
Ortotraumatológico 󠄀
Problema do Foro Neurológico
󠄀
Dislipidémia
󠄀
Outros 󠄀
10.1. Quais:__________________________________________________________
_____________
11. Tem dificuldades sensitivas (i.e. órgãos dos sentidos)? Sim □ Não □
11.1. Quais:__________________________________________________________
__________________
xxx
16. Usa óculos? Sim □ Não □
19.1. Especifique:___________________________
□
Traumatismo crânio-encefálico
□
Traumatismo Vertebro Medular
□
Doença Neurológica Degenerativa
Outras patologias do foro
□
neurológico
Doença Cardiovascular □
xxxi
Doença Respiratória □
Doença Ortopédica □
Outro □
Problema do Foro □
Respiratório
Problema do Foro
□
Ortotraumatológico
Problema do Foro
□
Neurológico
Cirurgia Recente □
Outro □
Dor □
Dispneia □
Cansaço Fácil □
xxxii
27. Esteve internado(a) no último mês?
Sim □
Não □
xxxiii
xxxiv