Laboratorio Inovacao Educacao Alimentar 10anos
Laboratorio Inovacao Educacao Alimentar 10anos
Laboratorio Inovacao Educacao Alimentar 10anos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAUDE
LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO
EM EDUCAÇÃO ALIMENTAR
E NUTRICIONAL
Uma Celebração dos 10 anos do Marco
de Referência de Educação Alimentar e
Nutricional para as Políticas Públicas
Brasília – DF
2023
MINISTÉRIO DA SAÚDE
UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA
ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAUDE
Série Técnica
NavegadorSUS
LABORATÓRIO DE INOVAÇÃO
EM EDUCAÇÃO ALIMENTAR
E NUTRICIONAL
Uma Celebração dos 10 anos do Marco
de Referência de Educação Alimentar e
Nutricional para as Políticas Públicas
Brasília – DF
2023
2023 Ministério da Saúde.
Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma
licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do
Ministério da Saúde pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br.
Coordenação geral:
Elisa Prieto Lara – OPAS/OMS Bruna Nunes Revisão:
Elisabetta Recine – OPSAN/UnB Carolina Chagas Carolina Chagas
Gisele Ane Bortolini – MS Cristine Garcia Gabriel Luciana Maldonado
Luisete Moraes Bandeira – OPAS/OMS Erika Porto
Roberto Tápia – OPAS/OMS Felipe Silva Neves Comentários:
Flávia Ramos Anelise Rizzolo
Comitê gestor: Gabriella Carrilho Lins de Andrade Elisabetta Recine
Ana Maria Maya Géssica Mercia Inês Rugani Ribeiro de Castro
Elisabetta Recine Giovanna Soutinho Janine Giuberti Coutinho
Luisete Bandeira Giselle Melo Ligia Amparo
Jasilaine Passos Luciana Azevedo Maldonado
Secretariado executivo: Mariana Fernandes Brito de Oliveira
Caroline Domingues Corrêa Jéssica Pedroso
Juliana Casemiro Patrícia Chaves Gentil
Laura Solléro de Paula Rafael Rioja Arantes
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Apoio técnico: Luiza Torquato Rute Costa
Cleomar Dias Mariana Lopes Thais Salema Nogueira de Souza
Vanessa Pinheiro Borges Mariana Melgaço Vanille Valério Barbosa Pessoa Cardoso
Michel de Angelis Revisão:
Comunicação: Micheli Dantas
Sílvia Sousa (Tapiri Comunicação) Ana Maria Maya
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Comitê consultivo: Poliana Cardoso Martins Kelly Alves
Ligia Amparo Rute Costa Luisete Bandeira
Vanille Pessoa Vivian Honorato Marília Barreto Pessoa Lima Rodrigues
Thais Salema Organização e redação: Silvia Sousa
Solange Castro Caroline Domingues Corrêa Projeto gráfico, diagramação, capa e arte-final:
Comitê de avaliação das experiências: Laura Solléro de Paula All Type Assessoria Editorial Eireli
Amábela Avelar Maína R. Pereira Castro
Ana Maria Maya Normalização:
Apresentação: Daniel Pereira Rosa – Editora MS/CGDI
Anderson Carvalho Kelly Alves
Andhressa Fagundes
Andrea Sugai Reflexões do Comitê de Avaliação:
Ariene Carmo Andrea Sugai
Erika Porto
As fotografias presentes nesta publicação são de responsabilidade da Secretaria de Atenção Primária à Saúde.
Ficha Catalográfica
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Brasil. Ministério da Saúde.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional : Uma celebração dos 10 anos do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional
para as políticas públicas [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Universidade de Brasília, Organização Pan-Americana de Saúde. – Brasília : Ministério da
Saúde, 2023.
98 p. : il. – (Série Técnica NavegadorSUS)
1. Atenção Primária à Saúde. 2. Política Pública. 3. Educação Alimentar e Nutricional. I. Universidade de Brasília. II. Organização Pan-Americana de Saúde. III.
Título.
CDU 614
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Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0275
1 Introdução 10
1.1 Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional (LIS-EAN) como celebração dos 10
anos do Marco de Referência de EAN para Políticas Públicas (MREAN) 11
1.2 Memorial Ideias na Mesa: um reconhecimento ao papel da rede virtual de educação alimentar e
nutricional no Brasil 12
5 Comentários finais 70
Referências 72
Bibliografia 74
A
Educação Alimentar e Nutricional (EAN) integrada à estratégias mais amplas de proteção e pro-
moção da alimentação adequada e saudável contribui para melhorar a qualidade de vida das
pessoas e do planeta, sendo essencial principalmente no cenário complexo em que 33 milhões de
brasileiros estão em situação de fome, com maior impacto nos grupos e regiões mais vulneráveis, e
61,7% estão com sobrepeso ou obesidade. O Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
(LIS-EAN) celebra os 10 anos do Marco de Referência de Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas
Públicas (MREAN), que posicionou a EAN de forma intersetorial no Brasil e estabeleceu um campo co-
mum de reflexão e prática. A EAN também é transversal às diretrizes da Política Nacional de Alimentação e
Nutrição (PNAN), sendo reconhecida como essencial para a promoção da alimentação adequada e saudável
tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) como nos demais setores. Neste sentido, o LIS-EAN é inovador des-
de a sua essência, já que proporcionou a identificação de experiências de diversos setores além do setor
saúde, como educação e assistência social. Para a OPAS, celebrar 10 anos do Marco com a realização do
LIS-EAN é uma oportunidade para refletir sobre as potencialidades e desafios da agenda para os próximos
anos. Os desafios são complexos e, a EAN é um elemento fundamental para a garantia do direito à saúde
e do direito humano à alimentação adequada. Espera-se que as experiências sistematizadas no LIS-EAN
inspirem, contribuam e apoiem o desenvolvimento e aprimoramento das ações de EAN para a garantia do
direito à saúde e do direito humano à alimentação adequada, sem deixar ninguém para trás.
A
Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) inclui a Educação Alimentar e Nutricional (EAN)
como parte do elenco de estratégias a serem desenvolvidas para a promoção da alimentação ade-
quada e saudável, devendo ocorrer por meio de processo dialógico entre profissionais de saúde e
a população para o exercício da autonomia e do autocuidado.
Reconhecendo que as práticas de EAN são objeto de ação multiprofissional, intersetorial e transdisciplinar,
a PNAN indica como prioridade a elaboração e pactuação de agenda integrada - intra e intersetorial - de
educação alimentar e nutricional para o desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas com os
diversos setores afetos ao tema. Nesse sentido, o Ministério da Saúde colaborou ativamente para a cons-
trução do Marco de Referência em EAN para políticas públicas no Brasil (MREAN), lançado em 2012.
Os Guias Alimentares publicados pelo Ministério da Saúde constituem-se como referenciais para as práticas
de EAN a serem desenvolvidas tanto na rede de serviços de saúde quanto em outros setores e equipa-
mentos sociais dos territórios. Conforme aponta o MREAN, a atuação em rede amplia o impacto das ações
e, assim, permite o cultivo da ideia de alimentação adequada e saudável como valor social e como direito
pela sociedade.
Espera-se que o LIS-EAN inspire práticas de EAN que promovam um agir crítico sobre a questão alimentar e
nutricional das populações e territórios, contribuindo para a mobilização social em defesa da promoção da
saúde e da segurança alimentar e nutricional.
C
omo tudo que visa contribuir com processos de transformação, a Educação Alimentar e Nutricional
requer estratégias específicas para os diferentes sujeitos sociais, que dialoguem, de uma maneira
legítima, com os modos de ser, viver, compreender o mundo e com as diferentes histórias que, de
maneira dinâmica e cotidiana, criam e recriam como a (não) alimentação, o (não) comer, acontece
da vida das pessoas e comunidades. Não há folha em branco para algo tão fundamental e que define nos-
sa existência. Carregamos memórias e valores, encontramos modos de lidar com nossas necessidades e
possibilidades. Entre tantos, talvez este seja um dos maiores desafios de quem atua em EAN, se despir das
soluções prontas, desenvolver escuta e olhar sensíveis, não apenas para as pessoas mas para o contexto no
qual vivem, para assim conseguir dialogar saberes. Em um dos projetos que desenvolvemos, conversando
com mulheres logo nos primeiros encontros, uma delas disse “antes de saber o que eu como, deixa eu
contar como vivo”1. Até hoje não sei se esta frase foi falada ou se formou no coletivo. Só sei que reverbera
o tempo todo e reafirma sua verdade.
Seja qual for a dimensão que se analise, identificamos o dinamismo e a complexidade que expressam o pa-
pel que a alimentação tem desde a economia global, pobreza, fome, nas grandes questões contemporâneas
como a crise climática à vida cotidiana. Portanto, contribuir para o desenvolvimento de práticas alimentares
saudáveis e sustentáveis não é um objetivo banal, muito menos pontual. É contribuir para que nos torne-
mos sujeitos sociais que compreendam como o alimento constrói não apenas corpos mas sociedades. E
para que estes corpos sejam saudáveis, para que este planeta continue a nos abrigar e as sociedades sejam
justas é necessário uma profunda transformação.
1
RECINE, E. et al. Mulheres do Recanto: Antes de saber o que eu como, deixa eu contar como eu vivo. Brasília: Universidade de Brasília,
Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição, 2016. Disponível em: https://dcd1797f-36f5-4865-8402-5eca62d55089.filesusr.
com/ugd/c501ea_7dd6b3c839b24ae28ce76cb61ca2677f.pdf. Acesso em: 3 jul. 2023.
1 Introdução
11
A definição e princípios apresentados no MREAN (Brasil, 2012a) têm o propósito de contribuir com os parâ-
metros conceituais e práticos da EAN nos diferentes campos e setores para que possam alcançar o máximo
de resultados possíveis. Nesse sentido, a EAN integrada a estratégias mais amplas de proteção e promoção
da alimentação adequada e saudável, poderá contribuir para melhorar a qualidade de vida da população.
O Marco adota como conceito de EAN, “Educação Alimentar e Nutricional, no contexto da realização do
Direito Humano à Alimentação Adequada e da garantia da Segurança Alimentar e Nutricional, é um campo
de conhecimento e de prática contínua e permanente, transdisciplinar, intersetorial e multiprofissional que
visa a prática autônoma e voluntária de hábitos alimentares saudáveis. A prática da EAN deve fazer uso de
abordagens e recursos educacionais problematizadores e ativos que favoreçam o diálogo junto a indivíduos
e grupos populacionais, considerando todas as fases do curso da vida, etapas do sistema alimentar e as
interações e significados que compõem o comportamento alimentar” (Brasil, 2012a).
A EAN está presente em diferentes cenários de prática como as escolas, unidades de assistência social,
organizações da sociedade civil, comunitárias, religiosas, em ambientes de trabalho, no campo e na cida-
de. Na Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN) (Brasil, 2012b), a EAN se apresenta de maneira
transversal, em todas as suas diretrizes. A primeira delas, “Organização da Atenção Nutricional”, prevê a
EAN enquanto integrante das ações de promoção, prevenção e tratamento. Na diretriz 2 – “Promoção da
Alimentação Adequada e Saudável” a EAN está contextualizada em um dos campos de ação da promoção
da saúde, qual seja, o de desenvolvimento de habilidades pessoais, por meio de processos participativos
e permanentes. Na diretriz 9 – “Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional” a EAN,
aliada às estratégias de regulação de alimentos (Diretriz 7), de incentivo à criação de ambientes institucio-
nais promotores de alimentação adequada e saudável, é pilar para a promoção da alimentação adequa-
da e saudável.
O texto atual da PNAN também prioriza a elaboração e a pactuação de uma agenda integrada intra e inter-
setorial da EAN, criando oportunidades para avançar na agenda de Promoção da Alimentação Adequada e
Saudável a partir das práticas entre os diversos setores (Santos et al., 2021). Amparo-Santos e Diez-Garcia
MINISTÉRIO DA SAÚDE
12
(p. S59, 2021) reconhecem o Marco de Referência como “essencial, tanto para a condução das diretrizes da
PNAN como pelo seu potencial de ampliação da intersetorialidade e interdisciplinaridade de saberes que
estão envoltos ao campo de alimentação e nutrição”.
Tendo em vista que em 2022 foi celebrado 10 anos de publicação do Marco de Referência de Educação
Alimentar e Nutricional e que os Laboratórios de Inovação em Saúde (https://apsredes.org/laboratorios/)
são uma ferramenta de gestão do conhecimento que visa transformar o conhecimento tácito, em explícito,
por meio da identificação de experiências empiricamente qualificadas como exitosas, esse Laboratório de
experiências de EAN teve como objetivo sistematizar o conhecimento de maneira a ampliar o acesso e o
compartilhamento entre gestores e profissionais da saúde e, de outros setores, visando o aprimoramento
dos processos de trabalho, proporcionando visibilidade para práticas que respondam de forma eficaz aos
desafios impostos à promoção da saúde e à Educação Alimentar e Nutricional no país.
Nas próximas páginas serão apresentados registros do passado, panorama do presente e perspectivas
futuras para a EAN no Brasil. Iniciamos com um memorial da rede virtual de EAN e o seu reconhecimento
para a difusão do MREAN. Em seguida, apresentamos os procedimentos metodológicos que foram ado-
tados no LIS-EAN, assim como os resultados obtidos. As 59 experiências selecionadas são apresentadas
em diferentes formatos (vídeo, relato escrito expandido e resumido) e reflexões sobre todo o processo
são compartilhadas pelos comitês consultivo e avaliativo do LIS-EAN. Por fim, propomos tecer comentários
sobre o MREAN e seus princípios à luz do contexto atual.
Portanto, é com alegria que te convidamos para uma deliciosa leitura deste e-book como estratégia de cele-
brar o MREAN e ainda contribuir para reflexão, inspiração e transformação das práticas em EAN.
Viva o Marco!
Olhando para trás, é necessário destacar uma iniciativa que foi lançada na mesma data que o Marco como
estratégia para que as palavras contidas no documento se tornassem vivas Brasil afora.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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Para possibilitar a troca de experiências de EAN e o apoio à formação de profissionais para atuarem nessa
agenda, a partir do Marco, em 2012 foi lançada a Rede virtual Ideias na Mesa que além de dar visibilidade
às experiências de EAN, oferecia referenciais teóricos, técnicos e metodológicos, fortalecendo a troca de
informações, conhecimentos e práticas (Recine & Coutinho, 2017; Pereira-Castro et al., 2017).
A Rede foi descontinuada em 2019, quando contava com mais de 9 mil usuários e com 341 experiências
cadastradas, realizadas por diferentes profissionais em diferentes campos de prática da saúde, educação,
assistência social, extensão universitária, sociedade civil, entre outros e em todos os estados brasileiros. A
descontinuidade do Ideias na Mesa interrompeu um processo reflexivo e de troca de experiências impor-
tantíssimo que contribuiu para qualificação tanto da prática como da formação de profissionais.
No evento de celebração de uma década do MREAN promovido pelo LIS-EAN na mesma data que o Marco
foi lançado há 10 anos atrás, foi proposto a elaboração de um memorial colaborativo da rede Ideias na
Mesa, convidando as pessoas que viveram essa época a partilharem fotos, registros e mensagens em um
mural virtual que foi criado com o uso da ferramenta padlet (https://padlet.com/laboratorioean/vdabk4h-
febse1qex). Se você também tem uma memória da rede, te convidamos a partilhá-la nesse memorial digital.
Das várias potencialidades do Ideias na Mesa, certamente a de conectar pessoas por meio da troca de ex-
periências se destaca. Ali era um espaço para refletir sobre nossa prática, buscar referências, se qualificar e
também inovar. Nesta seção do e-book, compartilhamos alguns registros como forma de reconhecimento
das várias pessoas que fizeram parte dessa história, contribuindo para a disseminação e fortalecimento do
Marco por meio da rede Ideias na Mesa.
Figura 1 – Evento de lançamento do MREAN Figura 2 – Registro de um dos encontros que contri-
– 30/11/2012 buíram para a elaboração do MREAN
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Figura 3 – Equipes CGEAN/MDS e OPSAN/UnB no Figura 4 – Equipe Ideias na Mesa na celebração dos
stand da rede Ideias na Mesa no CONBRAN 2012 3 anos da rede e do MREAN
Figura 5 – Atividade participativa realizada no En- Figura 6 – Participantes da primeira edição da Ofici-
contro de Educação Alimentar e Nutricional realizado na “A ressignificação do cozinhar: um caminho para
pela rede Ideias na Mesa em novembro de 2015 a comida de verdade” realizada no CONBRAN 2016
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
15
Figura 7 – Grupo de Docentes de EAN reunidos pre- Figura 8 – Registro de uma das reuniões de planeja-
sencialmente no CONBRAN 2018 mento da rede Ideias na Mesa com equipes CGEAN/
MDS e OPSAN/UnB
É impossível dissociar os primeiros anos do Marco da rede Ideias na Mesa. Por isso, essa é uma parte da
história importante a ser lembrada. A iniciativa em si não existe mais, mas a rede de pessoas que foi impul-
sionada por ela permanece firme e crescente de modo a propiciar a contínua construção do Marco e seus
desdobramentos para o presente e futuro.
e Você sabia?
y As publicações autorais da rede Ideias na Mesa podem ser acessadas no acervo disponibilizado no site do
OPSAN pelo link: https://www.opsan.unb.br/biblioteca-ideiasnamesa. Lá é possível encontrar todas as edições
da revista Ideias na Mesa, os livros de receitas e também o caderno de colorir!
y Já os cursos online estão disponíveis no portal de capacitação do Ministério de Desenvolvimento Social neste
link: https://moodle.cidadania.gov.br/ead/course/index.php?categoryid=129.
y Os vídeos produzidos pela rede que vão desde animações até Hangouts (bate-papo com pessoas convidadas)
podem ser acessadas no canal do Youtube: https://www.youtube.com/redeideiasnamesa
y E se ainda deseja relembrar alguns momentos da rede, diferentes registros fotográficos encontram-se dispo-
níveis por aqui: https://www.flickr.com/photos/130865623@N06/albums
2 Metodologia de
avaliação das
experiências
17
A construção da proposta do LIS-EAN contou com o apoio de um Comitê Consultivo que, em seus diálogos,
trouxe uma reflexão sobre a concepção de inovação inerente aos Laboratórios de Inovação em Saúde
(https://apsredes.org/laboratorios/) e sua aplicação ao campo da EAN.
Você já parou para pensar sobre o que é inovação? Existe consenso sobre o que é inovação? Diferentes
lentes podem ser utilizadas para entender essa questão. E quando se fala de sucesso? E êxito? Estamos pro-
pondo um Laboratório de Experiências de EAN bem-sucedidas, inovadoras, exitosas? Mas como podemos
medir o sucesso? O que é sucesso?
Uma década do Marco e o que esperamos das experiências de EAN atualmente? Há de se esperar novida-
des? Como seria isso? Estamos conseguindo incluir os princípios propostos para as ações?
A partir desses questionamentos, defendemos que não se deveria falar sobre a experiência de sucesso, mas
sobre o sucesso da experiência, já que a experiência é vivenciada de forma singular por cada pessoa que
participa dela. Para Vanille Pessoa, é importante que se reconheça que o ato de errar também faz parte do
processo de aprender, assim, a inclusão de experiências que, a partir de algum critério centrado eminen-
temente em resultados, pudessem ser consideradas como “não-exitosas” poderia ser uma possibilidade a
ser considerada. A inovação deste Laboratório está em proporcionar um processo e adotar uma linguagem
que permaneça alinhada à essência do conceito de EAN posto pelo Marco.
Ligia Amparo compartilha que, “para além de critérios avaliativos sobre o que deu ou não certo, deve-se ter
o olhar atento à experiência, incorporando nossa potência de reflexividade sobre ela, de modo a buscar a
criticidade sobre os limites e possibilidades trazidos por ela, assim como sua capacidade de ser revivida.
Entretanto, o ser revivida não deve significar necessariamente a capacidade de replicação da experiência,
mas a sua potencialidade em realizar novas experiências”. Thais Salema acrescenta que quando se trata de
educação, valorizar e conhecer o processo é mais importante que o resultado final. O processo é o espaço
do encontro, do desafio, da criatividade, da experiência singular e da construção de novos conhecimentos
e sentidos. Ela sugere que “a inovação está na busca de transformar realidades que precisam ser transfor-
madas para uma vida digna, justa e boa de se viver”.
Sem dúvida, o LIS-EAN demonstra o quanto podemos compartilhar e aprender com as experiências de si e
de outras pessoas ao redor do país. Mais que uma celebração dos 10 anos do MREAN, o Comitê Consultivo
acredita que o LIS-EAN é um convite para a criatividade na nossa essência de ser. Criatividade não apenas
para gerar uma nova experiência, mas também para olhar as experiências já em curso, em desenvolvimen-
to, e ressignificá-las a partir da nossa potência de reflexão, do agir e do fazer. Isto é uma convocatória para
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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que valorizemos as experiências que estamos desenvolvendo. Elas são boas experiências, importantes para
que nós façamos e estejamos inseridos nesse processo de formação coletiva.
y As experiências de Educação Alimentar e Nutricional a serem incluídas neste eixo deveriam ter foco em ações,
iniciativas, estratégias, práticas, realizadas a partir de abordagens coletivas, e/ou desenvolvimento de metodologias
e/ou instrumentos educativos, que tenham como principal campo de prática o setor Saúde.
y Esperava-se que as experiências inscritas neste eixo acontecessem em locais das Redes de Atenção à Saúde,
como Unidades Básicas de Saúde, Saúde da Família, Academias da Saúde, Policlínicas, Ambulatórios, Hospitais,
Bancos de Leite, entre outros.
y Pessoas envolvidas no Sistema Único de Saúde em seus diferentes níveis de atenção à Saúde foram incentivadas a
participar do LIS-EAN por meio da partilha de experiências de EAN dirigidas a grupos saudáveis e/ou com doenças
e agravos.
y As experiências de Educação Alimentar e Nutricional a serem incluídas neste eixo deveriam ter foco em ações,
iniciativas, estratégias, práticas, realizadas a partir de abordagens coletivas, e/ou desenvolvimento de metodologias
e/ou instrumentos educativos, que tenham como principal campo de prática o setor Educação.
y Esperava-se receber neste eixo experiências que ocorrem/ram em creches, escolas públicas e privadas de ensino
infantil, ensino fundamental e médio, incluindo o EJA; além das universidades. Pessoas envolvidas no Programa
Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), em projetos/programas educativos nas escolas privadas e em projetos
de extensão universitária/pesquisa foram incentivadas a participar do LIS-EAN.
y As experiências de Educação Alimentar e Nutricional a serem incluídas neste eixo deveriam ter foco em ações,
iniciativas, estratégias, práticas, realizadas a partir de abordagens coletivas, e/ou desenvolvimento de metodologias
e/ou instrumentos educativos, que tenham como principal campo de prática o setor Assistência Social.
y Esperava-se receber neste eixo experiências que ocorrem/ram em equipamentos sociais, como Centros de Re-
ferência de Assistência Social (CRAS), Centros de Referência Especializados de Assistência Social (CREAS), Centros
de Atenção Psicossocial (CAPs), Centros de Convivência, Acolhimento Institucional de Crianças e Adolescentes,
Acolhimento Institucional de População de Rua, Plantão Social, Centro Comunitário, Conselho Tutelar, instituições
de longa permanência de Idosos, entre outros.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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y As experiências de Educação Alimentar e Nutricional a serem incluídas neste eixo deveriam ter foco em ações,
iniciativas, estratégias, práticas, realizadas a partir de abordagens coletivas, e/ou desenvolvimento de metodo-
logias e/ou instrumentos educativos, que tenham como principal campo de prática outros setores e áreas não
contemplados nos eixos I, II e III, como por exemplo: Agricultura; Esporte e lazer; Trabalho; Segurança Alimentar e
Nutricional; Abastecimento; Meio Ambiente; Cultura; e também em ambientes de trabalho, entre outros.
y Neste eixo, esperava-se receber experiências que ocorrem/ram nos setores de Esporte e Lazer, como centros
desportivos e de recreação, áreas de lazer e clubes; do Trabalho, como empresas do Programa de Alimentação
do Trabalhador e demais empresas; da Agricultura, como comunidades da agricultura familiar; de Segurança
Alimentar e Nutricional, como restaurantes populares e cozinhas comunitárias; de Abastecimento, como CEASAs,
feiras, mercados, sacolões, banco de alimentos; e da Cultura, como pontos de cultura e outras atividades culturais.
Em todos os eixos foi incentivado a inscrição de experiências realizadas por equipes multiprofissionais e/
ou ações intersetoriais.
As pessoas interessadas preencheram um formulário próprio do LIS-EAN para inscreverem suas experiên-
cias com dados relacionados ao público participante, organização promotora, cidade, estado e região, local
de atuação, objetivos, princípios do MREAN, etapas de desenvolvimento da iniciativa (identificação de ne-
cessidades, diagnóstico, planejamento, metodologias e recursos, avaliação), documentos e links relaciona-
dos, assim como o envio de uma Declaração de Compromisso, de isenção de conflitos de interesses, e a de
Cessão de Direitos Autorais para divulgação da experiência.
Somente foram aceitas inscrições de uma única experiência por proponente, por eixo temático, e que de-
clarasse não ter conflito de interesses.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
20
y Gestores e/ou servidores públicos, das esferas federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal,
que atuem em setores afins à temática (saúde, educação, assistência social, desenvolvimento rural,
agricultura e abastecimento e similares).
y Integrantes de coletivos ou de organizações e associações da sociedade civil, organizações não
governamentais que comprovem vínculo com a experiência a ser inscrita.
y Integrantes de grupos de extensão e/ou pesquisa em universidades que comprovem vínculo com a
experiência a ser inscrita.
2
Os critérios de conflito de interesses foram descritos no ato de inscrição e elaborados pela equipe técnica do LIS-EAN com base no
documento: ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE. Prevenção e gestão de conflitos de interesse em programas de nutrição
no âmbito nacional: Roteiro de implementação do projeto de abordagem da Organização Mundial da Saúde nas Américas. Washington,
D.C.: OPAS, c2022. Disponível em: https://iris.paho.org/bitstream/handle/10665.2/55947/OPASNMH%20RF%2021%200014_por.
pdf?sequence=1&isAllowed=y. Acesso em: 3 jul. 2023.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
21
A análise das experiências inscritas foi feita por uma Comissão composta por representantes da Organização
Pan-Americana da Saúde (OPAS/OMS), da Coordenação Geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da
Saúde, do Observatório de Políticas de Segurança Alimentar e Nutrição (OPSAN/UnB), e especialistas no
tema convidados pela equipe do LIS-EAN. O desenvolvimento do laboratório se realizou em duas etapas
detalhadas a seguir.
Nesta etapa cada experiência foi avaliada por pares e para serem habilitadas deveriam obter a média das
duas avaliações recebidas com, no mínimo, 115 pontos (70%).
O Comitê Gestor e Secretariado Executivo do LIS-EAN promoveram encontros virtuais com as (os) avaliado-
ras (es). Foram apresentadas informações sobre o edital do LIS-EAN, seus objetivos, os critérios de avaliação
e o formulário para pontuação de cada item e justificativa correspondente. Além disso, durante o processo
de avaliação, um grupo de aplicativo de troca de mensagens foi criado para facilitar a comunicação. Depois
desses encontros, as experiências foram avaliadas por pares no sistema do portal APS Redes de modo que
cada avaliador(a) não tivesse acesso às avaliações de outras pessoas.
Caso alguma experiência inscrita e homologada tivesse autoria de alguma pessoa do Comitê Avaliativo, a
Comissão Organizadora garantiu o alocamento dela para outros (as) avaliadores (as) a fim de evitar conflitos
de interesses.
O processo de avaliação foi delineado para proporcionar a aprendizagem e reflexão sobre a prática, tanto
para quem avalia quanto para quem é avaliada/o. Assim, um instrumento foi elaborado a partir do MREAN,
conforme quadro abaixo. Para cada item, foi disponibilizado um espaço para que o/a avaliador/a pudesse
justificar a pontuação atribuída. Após a divulgação do resultado, as pessoas proponentes tiveram acesso à
avaliação da respectiva experiência.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
23
A segunda etapa do LIS-EAN contou com 30 avaliadores, devidamente treinados, que avaliaram em média
de 8 a 9 experiências cada. Cada experiência recebeu avaliação de 2 avaliadoras/es e a média do somatório
de pontos configurou a pontuação final dela.
De acordo com os critérios, 60 (sessenta) experiências não foram habilitadas na 2ª etapa. Entretanto, após
o período de reconsideração de resultado, 3 (três) dessas experiências alcançaram novas pontuações que
a habilitaram para a seleção. Logo, considerando todos os critérios apresentados no Edital de Chamamento
Público, 59 (cinquenta e nove) experiências alcançaram, no mínimo, 115 pontos da média das notas das
duas avaliações recebidas – o que corresponde ao aproveitamento igual ou superior a 70% da nota média.
Essas experiências foram classificadas para: (i) receber um certificado de reconhecimento da experiência;
e (ii) compor o e-book do LIS-EAN.
Do total de 59 experiências selecionadas, 8 são do Eixo 1 – EAN no campo da Saúde, 37 do Eixo 2 – EAN
no campo da Educação, 3 do Eixo 3 – EAN no campo da Assistência Social e 11 do Eixo 4 – EAN em outros
campos de prática. No que se refere à localização de cada experiência, 7 experiências são da Região Norte,
12 da Região Nordeste, 11 da Região Centro-Oeste, 24 da Região Sudeste e 5 da Região Sul.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
26
Figura 9 – Números de experiências selecionadas na fase final do LIS-EAN por região do país
Mapeamento RR
AP
das experiências
selecionadas
AM CE
PA MA RN
PB
PI
PE
AC
AL
TO SE
RO
BA
MT
Região Norte = 7 GO DF
MG
Região Centro-Oeste = 11 MS
ES
Região Nordeste = 12 SP
RJ
PR
Região Sudeste = 24 SC
Região Sul = 5
RS
y Princípios do Marco:
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/oficina-de-alimentacao-saudavel/
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Princípios do Marco:
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências.
V. Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
VI. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VII. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VIII. A diversidade nos cenários de prática.
IX. Intersetorialidade.
X. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/experiencias-que-alimentam-ii/
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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y Princípios do Marco:
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
VIII. Intersetorialidade.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/educacao-alimentar-e-nutricional-no-centro-de-referencia-em-assisten-
cia-social-reflexoes-sobre-o-direito-humano-a-alimentacao-adequada-a-partir-da-culinaria/
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Princípios do Marco:
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VIII. Intersetorialidade.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/acoes-de-educacao-alimentar-e-nutricional-para-a-construcao-da-segu-
ranca-alimentar-e-nutricional-no-ambito-da-pesca-artesanal/
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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Dez experiências selecionadas no LIS-EAN serão apresentadas nas próximas páginas, considerando 2 expe-
riências de cada eixo I (Saúde), II (Educação) e III (Assistência Social), e quatro (4) experiências para o eixo
IV (Outros campos de prática de EAN). As experiências apresentadas nesta seção, correspondem àquelas
de maior pontuação, por eixo, e que não tenham sido relatadas na seção anterior da apresentação oral.
Para organização desta publicação, a Comissão Organizadora do LIS-EAN alocou algumas experiências ins-
critas no eixo que melhor se alinhavam, como previsto em edital.
As histórias aqui relatadas foram baseadas nas informações compartilhadas por suas/seus autoras/autores
por meio do formulário de inscrição. As demais experiências classificadas e selecionadas, um total de 45, po-
dem ser consultadas no Anexo I (página 76) desta publicação, em um catálogo de acesso aos seus resumos.
O que era um espaço direcionado para estacionamento de carros foi transformado em uma área verde
para cultivo de alimentos com a finalidade de ser uma estratégia de Educação Alimentar e Nutricional para
famílias de crianças e adolescentes com desnutrição ou obesidade atendidas pelo Centro de Recuperação
e Educação Nutricional (CREN) que residem na comunidade de União Vila Nova e entorno, no extremo da
Zona Leste da cidade de São Paulo.
Essa história se iniciou, antes mesmo da horta existir. Ao se observar um baixo consumo de folhosos pe-
las pessoas atendidas na instituição, oficinas de plantio de temperos naturais foram desenvolvidas na
sala de espera das consultas e também a troca de receitas entre as mães e responsáveis das crianças e
adolescentes acompanhados. A equipe percebeu que essa estratégia proporcionou maior acolhimento e
sensibilização da importância dos atendimentos para as famílias. Já durante a pandemia de Covid-19, a
organização não-governamental realizou atendimentos domiciliares e distribuiu cestas verdes adquiridas
pela agricultura familiar. Isso possibilitou, além do incentivo ao consumo de vegetais folhosos, o resgate de
memórias afetivas às cidades de origem de muitas famílias e sua relação com o plantio e a terra. Muitas
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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famílias compartilharam experimentar os alimentos da cesta que não conheciam e que também tinham o
interesse em cultivar seus próprios temperos em casa. Foi então que em 2022 os atendimentos presenciais
no próprio centro foram retomados, e identificou-se a necessidade da implementação da horta como con-
tinuidade desse processo educativo.
A horta do CREN tem sido implementada por várias mãos a fim de oferecer um espaço pedagógico e de
cuidado ampliado de saúde e nutrição para as pessoas atendidas no ambulatório da organização, como
também do seu Centro de Educação Infantil (CEI), incluindo seus familiares. Um engenheiro agrônomo tem
coordenado as atividades de implementação e manutenção da horta, mas a comunidade tem participado
ativamente desde o início de sua proposição, sem esquecer dos profissionais de saúde e de educação que
também têm usufruído deste meio.
Com início em julho de 2022, o projeto implementou uma horta de vegetais folhosos, temperos e plantas
alimentícias não convencionais (PANC), assim como um minhocário e composteira. Os pacientes e fami-
liares participaram do plantio, inclusive contribuindo com novas sementes, temperos e mudas e compar-
tilhando de muitas memórias alimentares relacionadas à representação dos alimentos da horta com suas
histórias de vida.
Acredita-se que a experiência tem proporcionado o fortalecimento das relações sociais por meio do contato
com a terra e o alimento, ao incentivar e viabilizar momentos de se “plantar e colher em companhia” como
passo importante e prévio ao do “comer em companhia”.
Diversas atividades educativas são promovidas pelos nutricionistas da instituição que passam por todas
as etapas que o alimento percorre: do plantio até a destinação de resíduos. Já foram realizadas oficinas na
própria horta para abordagem de temas relacionados à sustentabilidade, biodiversidade e cultura alimen-
tar. Outras oficinas acontecem na cozinha experimental, organizadas de forma participativa com o público
atendido, em que são planejadas receitas com os alimentos produzidos na própria horta, o que proporcio-
na o envolvimento de toda família no desenvolvimento de habilidades culinárias. Ações de capacitação dos
profissionais têm sido realizadas continuamente, seja para se qualificarem nos temas de horticultura, seja
para integrarem esse projeto aos seus trabalhos, como por exemplo: a adequação do cardápio escolar com
os alimentos da horta pelas cozinheiras e nutricionistas e a inclusão da horta como estratégia pedagógica
pelas professoras nas atividades do CEI.
De forma muito orgânica, muitas famílias têm aproveitado para fazer suas colheitas, após os atendimentos
individuais ou em grupos, a fim de consumirem esses alimentos em seus lares.
Em suma, a horta tem transformado o ambiente da comunidade, oportunizando um espaço social para se
cultivar sabores e saberes.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
33
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/horta-do-cren-cultivo-de-saberes-e-sabores/
Essa experiência surge a partir da vivência no Estágio Supervisionado de Nutrição em Saúde Coletiva que
acontecia no CMS Nilza Rosa emergindo como oportunidade para articular ensino, pesquisa e extensão de
modo a proporcionar a qualificação da formação profissional de futuros nutricionistas, assim como apoiar
e maximizar as ações da própria equipe de saúde da unidade básica de saúde.
Na fase inicial, os graduandos de Nutrição realizaram levantamento bibliográfico e observação das deman-
das in loco. No âmbito das atividades que acontecem com os usuários que frequentam a Academia Carioca,
foram realizadas: avaliação nutricional, aferição da pressão arterial e, atualização e sistematização dos da-
dos das fichas de monitoramento das condições de saúde dos usuários. Além disso, foram mapeados os
outros equipamentos sociais e recursos operacionais disponíveis no território. Dentre os identificados, re-
conheceu-se uma horta comunitária – que é polo do programa de Hortas Cariocas, como equipamento
estratégico para o desenvolvimento das ações de alimentação e nutrição.
Após esse levantamento, o planejamento passou a ser realizado de forma conjunta entre todas as organiza-
ções envolvidas. Nesta etapa, a discussão de textos e estudo de casos advindos das vivências estão previs-
tos para promover a postura crítica no desenvolvimento das fases posteriores. O Marco de Referência em
Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas tem sido base para a elaboração de estratégias
educativas participativas que promovam a alimentação adequada e saudável. Já foram utilizados métodos e
recursos educacionais diversos, sendo eles rodas de conversas, folder educativo, oficina culinária e dinâmi-
ca denominada ‘’Roleta das Dúvidas”. A variedade de cenários de práticas na comunidade propicia espaços
para aprendizagem de todos, como o caso da horta comunitária em que ações de valorização do consumo
de alimentos in natura e de preparações culinárias são desenvolvidas. Nesse exemplo, tem-se o aproveita-
mento do cultivo de ervas aromáticas e temperos para produção de sal de ervas, elemento empregado na
propagação do incentivo de uso de temperos naturais e no reforço do papel desse equipamento público no
acesso a alimentos saudáveis. Ações se expandem para além do território do CMS e também foram divulga-
das em eventos como o “Amamenta Rio”, evento da campanha do “Agosto Dourado” realizado no Parque de
Madureira, quando foram elaborados pela equipe do projeto materiais educativos para dar apoio à equipe
do CMS Nilza Rosa nas ações de valorização do aleitamento materno exclusivo. Ainda para dar continuidade
aos temas trabalhados e registro dos momentos, tem-se produzido vídeos para serem compartilhados com
a equipe e os usuários.
Apesar do projeto ter uma previsão de duração inicial de 24 meses, sua proposta de implantação está
bem estruturada e considera o planejamento centrado na realidade, execução alinhada aos pressupos-
tos teóricos de EAN e avaliação contínua para efetivação de ajustes processuais. Desafios operacionais
foram enfrentados para formalização do projeto, mas as potencialidades se sobressaíram ao revelar que as
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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atividades em curso têm oportunizado o fortalecimento da parceria entre universidade, unidade de saúde
e comunidade. Mesmo em suas avaliações preliminares, a iniciativa já demonstra que tem alcançado êxito.
y Princípios do MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
VIII. Intersetorialidade.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/alimentacao-nutricao-e-envelhecimento-desafios-para-a-formacao-do-pro-
fissional-nutricionista-na-necessidade-de-inovacao-no-ambito-da-articulacao-entre-ensino-pesquisa-e-extensao/
A incorporação da Educação Alimentar e Nutricional ao currículo escolar por meio de práticas pedagógicas
de perspectiva vigotskiana e freiriana tem sido um dos focos da experiência do Laboratório de Educação
Alimentar e Nutricional (LEAN) da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O LEAN conta com parce-
rias do Laboratório Horta Comunitária Nutrir (LabNutrir) e do Núcleo de Educação da Infância – um colégio
de aplicação da UFRN (NEI-CAp/UFRN), ambos espaços institucionais da UFRN, campus Central, na cidade
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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de Natal-RN. Desde 2018, a iniciativa que atua no âmbito da educação infantil, com uma média de 270
crianças entre 3 e 11 anos a cada ano, revela sua potencialidade em despertar paixões para o processo
de ensino-aprendizagem da alimentação e nutrição entre todos os atores envolvidos a cada ato pedagógi-
co vivenciado.
Por um lado, a realização da experiência proporciona a formação de futuros nutricionistas enquanto educa-
dores. Por meio da Pedagogia de Projetos, os estudantes de Nutrição do componente curricular de EAN têm
desenvolvido propostas educativas com abordagens lúdicas e problematizadoras direcionadas ao público
escolar e que buscam a articulação entre as crianças, os professores, a equipe pedagógica, a equipe de
nutrição da escola e os gestores escolares.
Por outro lado, possibilita a sensibilização e valorização da alimentação adequada, saudável e sustentá-
vel como fundamental no ambiente escolar, principalmente pela integração da EAN ao currículo escolar,
contribuindo, portanto, para o pleno desenvolvimento motor, emocional, cognitivo e social das crianças.
Ao reconhecer a capacidade inerente das crianças para criar, imaginar, pensar e se expressar, o Tema de
Pesquisas é um método educativo adotado pelo NEI desde a década de 1980, que está inserido nos cená-
rios de vivências e aprendizados com crianças. Alinhado à proposta de Paulo Freire sobre os temas gerado-
res, os Temas de Pesquisa, como denonimados na instituição, se estruturam por três dimensões básicas: o
conhecimento das áreas de conteúdo disponível; o contexto sociocultural das crianças, ou suas realidades
imediatas; e os aspectos vinculados diretamente ao processo de aprendizagem (Rêgo, 2020). É a partir dos
Temas de Pesquisa já estabelecidos nas turmas da escola, que os integrantes do LEAN problematizam a rea-
lidade escolar a fim de compreender os questionamentos das crianças, assim como direcionam para temas
geradores de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais relacionados a alimentação e nutrição a
serem trabalhados junto aos educandos. Ao longo dos anos, diferentes temas de EAN já foram abordados
didaticamente com base no Guia Alimentar para a População Brasileira, com ações tanto de modo presen-
cial quanto remoto, em especial pela aplicação de jogos e brincadeiras contextualizadas e significativas,
centradas nos interesses das crianças.
Certamente, uma das características que mais se destacam dessa experiência inspiradora se refere aos
seus instrumentos estruturados de diagnóstico, planejamento (veja o modelo em: https://apsredes.org/
eventos/wp-content/uploads/jet-engine-forms/1362/2022/10/Modelo_Explicativo_PLANEJAMENTO_
Explicativo_EAN.pdf) e avaliação em (https://apsredes.org/eventos/wp-content/uploads/jet-engine-for-
ms/1362/2022/10/Ficha_avaliacao_acao_educativa_LEAN.pdf) das atividades que qualificam a experiência
como um todo, e norteiam a caminhada dos discentes de Nutrição para uma educação crítico-reflexiva em
busca de uma construção coletiva para a autonomia alimentar desses pequenos educandos.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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y Princípios MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/despertando-paixoes-de-ensinar-e-aprender-alimentacao-e-nutricao-
-junto-a-graduandos-e-criancas/
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Autores: Ana Maria Inês Ferreira, Simone do Prado Rocha, Ana Elisa do Nadal.
y Instituições: Escola Waldorf Moara, Cozinha do MiniChef – Escola de Gastronomia Infantil e
Associação Antroposófica Moara.
y Cidade e Estado: Brasília, DF.
y Público: Crianças.
Qual seria a melhor estratégia durante o retorno às aulas presenciais após o contexto de pandemia para
readaptar as crianças ao ambiente escolar, promover a sociabilização e ainda resgatar o convívio natural e
saudável delas com o alimento em seu dia a dia? Em uma escola privada de Pedagogia Waldorf localizada no
Distrito Federal foi proposta a valorização da culinária enquanto prática promotora de autoconhecimento,
autonomia, sociabilização, resiliência e solidariedade.
A experiência se iniciou com a turma do 3º ano do Ensino Fundamental, a partir dos conhecimentos e vivên-
cias que a panificação pode proporcionar. O plano de ação elaborado foi executado ao longo do ano letivo
de 2022 e alinhado à proposta curricular adotada pela escola.
Encontros semanais de 2h de duração ocorreram de modo a trabalhar com a produção evolutiva da massa
de pães. As receitas contemplavam prioritariamente os requisitos básicos preconizados por uma alimenta-
ção antroposófica: produtos preferencialmente orgânicos e/ou integrais adquiridos num sistema sustentá-
vel de produção e distribuição. Ainda que na Pedagogia Waldorf seja preconizado a repetição intencional de
histórias, receitas, atividades e brincadeiras durante um período específico de uma disciplina, a proposta da
prática de EAN foi a de iniciar com uma receita básica e a cada encontro aumentar o nível de complexidade
da preparação e inserir novos ingredientes. Por meio da observação sobre cada etapa do processo, se
buscaria despertar curiosidades, incentivar a observação crítica, aguçar a atenção plena e respeitar o ritmo
dinâmico natural da idade das crianças.
A produção de pães foi feita em várias etapas e finalidades: para consumo próprio, lanche coletivo entre
colegas, para compartilhar com a família, para presentear colegas de outras turmas e também para co-
mercialização com o intuito de arrecadação de fundos em prol da cozinha pedagógica. Foram utilizados
diversos ingredientes e formatos dos pães: chapati, pão integral básico com farelo de trigo, com sementes
de abóbora, de girassol, flores, ervas, em formato de dragão, entre outros.
As práticas culinárias ocorreram de forma integrada a outras vivências escolares a exemplo do plantio de
trigo, milho e feijão no espaço de agrofloresta, aulas de jardinagem e cultivo de hortaliças e PANC. Orientado
por metodologias participativas, o projeto envolve alunos, pais, professores e colaboradores da escola em
diálogos estratégicos, engajamento comunitário, ações coletivas e diversidade de práticas culinárias.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
41
O diagnóstico participativo ocorreu a partir do diálogo com os professores e seguiu envolvendo os alunos pelo
levantamento de necessidades para o aprimoramento e expansão das práticas, como por exemplo, os registros
fotográficos da cozinha pedagógica que necessitava de reformas e a identificação de utensílios culinários essen-
ciais. Durante a execução, grafismos de memórias das vivências, colheitas de ingredientes a serem adicionados
às receitas e exercícios de atenção plena foram algumas das atividades que se relacionavam às aulas de culinária.
A avaliação que ocorreu ao longo do processo confirmou o envolvimento das crianças no desenvolvimento de
habilidades culinárias. Depoimentos das famílias confirmaram a participação ativa de cada criança na cozinha de
casa e melhora de sua relação com a comida, sua autonomia e autoestima. Em maiores dimensões, o projeto
implementado com a turma do 3º ano aconteceu paralelamente ao envolvimento de toda a comunidade com a
EAN no dia a dia da escola, sendo possível ver turmas de crianças maiores produzindo o próprio almoço e lanche
coletivo para elas na escola, o retorno do uso da cozinha pedagógica pelas famílias para preparação coletiva de
receitas em festividades e a campanha para arrecadação de fundos para restruturação desse espaço.
Ao final do ano letivo, o Projeto da Culinária no 3º ano culminou com a elaboração de um livro em formato
de e-book, que reúne todas as receitas produzidas. Com a mão na massa, as crianças e suas famílias tam-
bém fizeram a construção coletiva de um forno artesanal no qual, em confraternização, produziram pizzas
e os tão esperados pães elaborados com o trigo que plantaram e colheram. O forno e o espaço culinário
inaugurado será um legado utilizado por toda a comunidade escolar, da educação infantil ao ensino médio.
De acordo com a avaliação realizada pelo Comitê do LIS-EAN, a experiência realiza atividades iminentemen-
te práticas e geradoras de debates e aprofundamento de temas, respeitando o universo infantil. E de uma
forma muito bonita, trabalha com a temática do ato de comer e a comensalidade, que está presente no
produzir e partilhar o alimento com familiares e colegas.
De tão inspiradora, ela será apresentada como referência para outras escolas de mesma abordagem pedagógica,
mas também pode servir de modelo para outras realidades do país que busquem “fermentar” a autonomia de
crianças e adolescentes e ainda engajar toda a comunidade por uma alimentação mais consciente e sustentável.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Princípios do MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/o-pao-no-3-o-ano-a-culinaria-na-escola-waldorf-como-pratica-de-ean/
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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A região Vila Nova União/Vila Nair/Favela de União de Vila Nova é considerada de alta vulnerabilidade social,
com muitas famílias vivendo em situação de pobreza e insegurança alimentar e nutricional. A evasão escolar
é uma característica comum entre muitos jovens que ali residem seja por iniciarem logo cedo no mercado
de trabalho por meio de subempregos para apoiarem o sustento de suas famílias, seja também pelo agra-
vamento que a pandemia trouxe, em que muitos permaneceram sem trabalhar e estudar.
É a partir dessa realidade, que o centro de convivência da Uni_Diversidade da Quebrada torna-se um local
de acolhimento e formação dos jovens para uma aprendizagem transformadora e centrada na alimentação
como ferramenta estratégica para o desenvolvimento social. Há aproximadamente um ano, foi criado o
projeto de Ensinança da Gastronomia em que são realizadas oficinas culinárias e outras atividades de EAN
direcionada aos jovens da comunidade que tenham 15 anos ou mais de idade. Mais do que ensinar a cozi-
nhar, as diferentes etapas envolvidas nesse processo são trabalhadas de forma participativa e atuante no
próprio contexto em que estão inseridos.
Por meio da mobilização social, o projeto insere a juventude como protagonista da transformação de suas
vidas e de toda comunidade ao capilarizar suas ações aos demais moradores da região. Para isso, os comér-
cios locais são visitados frequentemente para identificação de alimentos, de modo a mapear quais pontos
de comercialização proporcionam a acessibilidade de alimentos in natura. As hortas comunitárias dispo-
níveis também são localizadas e divulgadas a fim de servirem de irrigação aos locais reconhecidos como
desertos alimentares. Os jovens também desenvolvem meios de identificação dos casos de insegurança
alimentar dentro da comunidade e buscam soluções para mitigar a fome. Os encontros proporcionaram
ações locais como arrecadação de excedentes de alimentos dos comércios para doação e distribuição das
preparações culinárias realizadas coletivamente na cozinha do projeto.
Todo esse movimento tem trazido bons frutos: já se identificou a redução da evasão escolar entre os jovens
inseridos no projeto e fortaleceu-se as cadeias de alimentos dentro da comunidade com a promoção da
alimentação adequada e saudável para a população.
Ressalta-se que o Guia Alimentar para a População Brasileira é instrumento base para o desenvolvimento
do projeto, que busca enfatizar o incentivo ao consumo de alimentos in natura ou minimamente processa-
dos como base da alimentação e de modo a valorizar a cultura alimentar local.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
44
Para o Comitê de Avaliação do LIS-EAN, a experiência é inovadora e conseguiu englobar um conjunto robus-
to de iniciativas canalizadas à garantia da segurança alimentar e nutricional e à promoção da alimentação
adequada e saudável. Mesmo que seja uma iniciativa ainda em caráter experimental, já demonstra sua
capacidade de se tornar um processo contínuo e permanente de educação alinhado aos princípios da EAN.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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y Princípios do MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/ensinanca-da-gastronomia-na-uni_diversidade-da-quebrada/
O programa “Prato Cheio”, instituído pela Lei 7.009, de 17 de dezembro de 2021, regulamentado pelo
Decreto n°42.783 de 29 de dezembro de 2021 e Portaria n. °32 de 11 de maio de 2022, é uma política social
do Distrito Federal relacionada ao acesso à alimentação adequada e saudável e consiste em um subsídio
financeiro de caráter emergencial disponibilizado aos cidadãos e famílias que se encontram em insegurança
alimentar no DF. Assim, o usuário que se adequa como beneficiário do programa recebe um cartão ban-
cário com o valor de R$ 250,00 mensais para que possa fazer a compra direta de gêneros alimentícios que
compõem a cesta básica em estabelecimentos que fazem parte da economia local.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
46
No ano de 2021 a subsecretaria de desenvolvimento social do DF realizou uma pesquisa de caráter qualita-
tivo com o intuito de avaliar a vigência do programa na região. Os beneficiários responderam aos seguintes
questionamentos:
a) Para você, quanto o Programa Prato Cheio ajudou na alimentação da sua família nessa pandemia?
b) Que tipo de alimento você mais comprou com o cartão Prato Cheio?
c) Escolha seu grau de satisfação com o Programa.
d) Na sua opinião, quais são os melhores canais de comunicação?
e) Escreva uma palavra que define o Programa Prato Cheio.
A pesquisa obteve resposta de aproximadamente 4 mil famílias beneficiárias do programa. O resultado de-
monstrou que ¼ dos beneficiários utilizavam o cartão para aquisição de alimentos ultraprocessados como
óleo, açúcar, sal, pães, salgadinhos, biscoitos entre outros, em detrimento de frutas, verduras, legumes,
arroz, feijão, alimentos os quais representam marcadores qualitativos da alimentação de uma população.
Notou-se, portanto, a necessidade de implementar ações de Educação Alimentar e Nutricional com a popu-
lação beneficiária do programa. Com o objetivo de gerar autonomia na escolha dos alimentos para que os
indivíduos obtivessem o conhecimento necessário para a formação de hábitos alimentares mais saudáveis,
foi desenvolvida a ação de EAN denominada “Mensagens via SMS”, a qual seria aplicável dentro de um con-
texto de Pandemia do Coronavírus.
A atividade consiste no envio de mensagens via SMS, no início e ao final de cada mês, para os beneficiários
do programa, com as seguintes temáticas: planejamento de compras, alimentos da safra de cada mês, dicas
e orientações como organização, rotina, mastigação. As mensagens apresentam linguagem simplificada, a
fim de atingir o público alvo de forma efetiva.
As mensagens foram feitas a partir das mensagens originais, baseadas nas recomendações do Guia
Alimentar para a População Brasileira (Khandpur; Quinta; Jaime, 2021) e das mensagens adaptadas poste-
riormente por pesquisadoras do Núcleo de Estudos Epidemiológicos em Saúde e Nutrição da Universidade
de Brasília (NESNUT/UnB) para serem usadas em uma intervenção nutricional com adolescentes (Melo et
al., 2020). Foram necessárias adaptações quanto à linguagem para atingir o público alvo da ação, além de
ajustes em relação ao número de caracteres (160 no máximo).
Além das mensagens enviadas via SMS ou áudio, também foram elaborados Cards e materiais gráficos com
ilustrações e fotos, com o intuito de exemplificar refeições saudáveis e ilustrar as recomendações para uma
alimentação adequada de acordo com o Guia Alimentar para a população brasileira.
A partir da experiência, foram criados os Cadernos de Educação Alimentar e Nutricional – Prato Cheio, tanto
o relativo à 2021 (https://www.sedes.df.gov.br/wp-conteudo/uploads/2017/10/Manual-do-Usuario-Prato-
Cheio.pdf), quanto o relativo à 2022/2023 (https://apsredes.org/eventos/wp-content/uploads/jet-engine-
-forms/1365/2022/10/Manual_Educacao_Alimentar_e_Nutricional___Prato_Cheio___2022_2023-1.pdf).
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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A experiência demonstra que, como dinâmica, a mesma é possível de adaptação, inspiração e desenvolvi-
mento da experiência em diversos cenários e contextos. Além disso, o grupo construiu uma memória da
produção das experiências e dos conteúdos trabalhados e desenvolvidos, permitindo entender e replicar a
abordagem por meio dos cadernos publicados.
y Princípios do MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/projeto-de-educacao-alimentar-e-nutricional-para-os-beneficiarios-do-
-programa-cartao-prato-cheio/
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Itajaí, município de Santa Catarina, é responsável por 55% do mercado nacional de pesca, e é conhecido
por ser o maior porto pesqueiro do Brasil e Capital Nacional da Pesca. Quase 20 mil pessoas trabalham
direta ou indiretamente no setor da pesca no município. Nesse contexto em que a pesca e a manipulação
de pescados são de grande relevância para o mercado de trabalho na região, inúmeras denúncias eram
registradas mensalmente junto à VISA municipal de Itajaí, relacionadas à pescados. Dessa forma, a autora
da experiência, Elinia Marsango, Nutricionista da Secretaria Municipal de Saúde de Itajaí, investigou que, em
muitos casos, ficava evidente a falta de cuidados por parte dos manipuladores e também dos consumidores
em relação à aquisição, armazenamento, manipulação e transporte dos pescados, assim como o descarte
dos resíduos.
O município já contava com uma cartilha-guia com o tema “Pescados: Segurança Alimentar e Nutricional –
Dicas para o Consumidor”, da Vigilância Sanitária de Itajaí. Entretanto, entendeu-se que, mais do que serem
informados, os envolvidos (manipuladores, comerciantes e consumidores) deveriam participar da constru-
ção do conhecimento, para que fosse realmente efetivo. Portanto, foi proposto pela autora da experiência,
com anuência da Secretaria Municipal de Saúde, a reformulação da referida cartilha a partir dos princípios
de participação social e intersetorialidade que se deu através da articulação entre governo, setor regulado
e consumidores.
Assim, o desenvolvimento desta experiência demandou vários momentos ativos com estratégias de EAN,
realizadas de maneira problematizadora e dialogadora, fazendo com que os usuários fossem parte do pro-
cesso educativo. A reformulação do material de EAN envolveu principalmente as seguintes etapas:
1. Entrevistas com consumidores que foram abordados durante a aquisição de pescados, sendo expli-
cado o teor da pesquisa e as dúvidas registradas em formulário específico.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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2. Mural Educativo com caixinha para coleta de dúvidas dos consumidores que ficou em local
estratégico no Mercado do Peixe, para favorecer a participação dos consumidores em relação às dúvidas
sobre a comercialização e manipulação de pescados.
4. Concurso gastronômico à base de frutos do mar realizado entre os boxistas dos 3 Mercados do
Peixe, que despertou habilidades culinárias e o resgate da cultura alimentar local, além de incentivar a
adoção de boas práticas e o preparo de pratos à base de pescados e alimentos in natura. Dessa forma,
os pratos foram elaborados com frutos do mar, sendo que os 3 primeiros colocados receberam premia-
ção para expor em sua peixaria e a melhor receita foi divulgada na cartilha educativa sobre pescados.
Foram avaliadas as características organolépticas (cor, cheiro, sabor, textura e temperatura), apresen-
tação, composição nutricional e boas práticas na manipulação de pescados, sendo que as notas foram
registradas em formulário específico.
Após a confecção e publicação da nova cartilha foi observada uma redução no número de denúncias re-
lacionadas aos pescados, constatada por meio da verificação dos documentos internos da VISA, utilizados
para registro de denúncias. Também se observou melhoria nas condições higiênico-sanitárias das peixarias
existentes no município, decorrentes da implementação das boas práticas, as quais foram constatadas
após análise da pontuação das listas de verificação de boas práticas (RDC n.º 216/2004), utilizadas durante
as inspeções sanitárias realizadas pela Nutricionista que atuava como Fiscal da Vigilância Sanitária de Itajaí
(autora da experiência).
Diante do exposto, a relevância dessa experiência se dá principalmente pela troca de saberes e de expe-
riências em diversos momentos, envolvendo setor regulado (produtores, manipuladores e comerciantes),
consumidores e setor regulatório/fiscalizador. Esta intersetorialidade e multiprofissionalidade favoreceu a
troca e aquisição de conhecimentos por parte dos sujeitos envolvidos, e a mudança de práticas relaciona-
das à manipulação de pescados possibilitou a segurança dos alimentos comercializados/consumidos. Esta é
uma área de atuação ainda pouco abordada nas ações de EAN e que precisa ser fortalecida, pois o consumo
de pescados traz inúmeros benefícios à saúde humana, além de que vários municípios litorâneos do Brasil
também possuem essa realidade quando se trata do mercado pesqueiro.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Princípios do MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
VIII. Intersetorialidade.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/participacao-social-no-aperfeicoamento-da-cartilha-educativa-da-vigilan-
cia-sanitaria-de-itajai-sc-sobre-manipulacao-segura-de-pescados/
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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y Autores: Paula Bernardes Machado, Caroline Furtado Bilro, Thais Salema Nogueira de Souza, Amábela
de Avelar Cordeiro, Carolina Martins dos Santos Chagas.
y Instituição: Movimento Comer Pra Quê.
y Cidade e Estado: BR, Nacional.
y Público: Adultos, Produtores de alimentos da agricultura familiar, Juventude envolvida com a
alimentação consciente no campo ou na cidade.
Observa-se que a população jovem (15 a 29 anos) tem demonstrado interesse sobre a alimentação e suas
interfaces com a saúde e a sustentabilidade social, ambiental e econômica. Esse público carece de ações
específicas que considerem as diversidades e singularidades desta fase do curso da vida. Considera-se, ain-
da, que existem contrastes dessa população no meio urbano e no meio rural. O contexto rural demonstra
particularidades quando se discute o papel social e político de jovens em relação aos avanços e conquistas
ligadas à Soberania e à Segurança Alimentar e Nutricional (SSAN), especialmente, quanto ao seu papel es-
tratégico para o fortalecimento da agricultura de base familiar e agroecológica. Todos esses fatos oferecem
oportunidades para o desenvolvimento de ações de EAN que abordem a alimentação de forma ampliada,
multidimensional e sistêmica.
A realização dessa experiência se dá a partir do diálogo com atores e potenciais multiplicadores das ações
de EAN, nesse caso, pessoas jovens que produzem alimentos e que se organizam para uma alimentação
consciente, no campo e na cidade.
Foram divulgadas oficinas nas redes sociais do Comer Pra Quê (CPQ), com um formulário online para ins-
crição. Um dia antes da realização das oficinas, um grupo de Whatsapp foi criado com todas as pessoas
inscritas na intenção de aproximá-los.
a) Apresentação pessoal: iniciou-se com apresentação pessoal de cada participante e uma breve expli-
cação da atividade proposta pelas mediadoras.
d) Segundo espaço participativo: esse momento era destinado a explicação da atividade e apresenta-
ção de um tutorial para uso da ferramenta Jamboard. Os participantes foram convidados a interagirem
na plataforma com textos, desenhos ou imagens. Foram utilizados questionamentos como: “Na sua
opinião, como nós e a sociedade estamos influenciando a alimentação no planeta?”; “Pensando em tudo
que envolve a alimentação, desde o acesso à terra, passando pela produção, transporte, comercializa-
ção, consumo até o descarte de lixo… como você enxerga a situação atual do nosso sistema alimentar?”;
“De qual maneira podemos contribuir para que outros jovens, como todos nós aqui, sejam protagonistas
na produção de alimentos e na alimentação consciente no local onde vivem?”. Os jovens foram, assim,
encorajados a compartilharem suas vivências e opiniões sobre os temas, sem o julgamento de valor. Ao
final, foram convidados a responderem uma última questão propositiva: “Qual tipo de ação pode ser
feita para sensibilizar e despertar as juventudes do Brasil sobre a produção e o consumo consciente de
alimentos?”. Neste momento, os participantes sugeriram recursos, linguagens, temas ou estratégias para
engajar mais juventudes para um olhar sistêmico em relação à alimentação na perspectiva de soberania
e SAN. Em seguida, a equipe técnica convidou os participantes a destacarem o que ficou de mais impor-
tante para cada um durante o encontro.
e) Construção da carta-manifesto: nesse momento foi proposta a elaboração coletiva de uma carta-
-manifesto que expressasse as reflexões e diálogos ao longo da oficina. Após a construção do texto, o
mesmo foi lido e apreciado por todos. Você pode acessar as cartas-manifesto pelo link https://drive.
google.com/drive/folders/1IYrQ5Q2D6l5KGJ5WSr1kF3alHEi5poki.
f) Finalização: ao final foram enviados via chat os endereços das redes sociais e mídias digitais do CPQ e
os jovens foram convidados a acompanhá-las e a utilizarem os materiais do movimento em suas ações
futuras.
Após a oficina, foi realizada análise dos materiais produzidos, com o intuito de compreender a percepção
dos participantes sobre a alimentação na perspectiva da SAN e DHAA. Para fins analíticos foram utilizados
os procedimentos da Análise de Conteúdo (Bardin, 2011). As juventudes participantes dos eventos se mos-
traram engajadas com a produção e a alimentação consciente de diferentes maneiras e possibilitaram que
a equipe do CPQ compreendesse as práticas dentro das suas realidades de vida. Em suas falas, observou-se
um olhar ampliado sobre a alimentação e os sistemas alimentares. Foram compartilhadas ações durante as
atividades, que inspiraram outros jovens a desenvolvê-las em seus territórios.
A equipe avaliadora do LIS-EAN identifica a experiência como relevante, promissora e potente. Contempla
um público importante que necessita de um olhar sensível e específico no contexto das políticas públicas.
A experiência é fonte de inspiração e possibilita compreender a EAN como um meio de diálogo e de trans-
formação. Além disso, traz luz às potencialidades da dinâmica virtual, demonstrando que é possível a parti-
cipação ativa de jovens de várias regiões do Brasil, criando redes e conexões entre culturas.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Princípios do MREAN
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/o-movimento-comer-pra-que-no-dialogo-com-jovens-do-campo-e-da-
-cidade-oficinas-plantacao/
y Autores: Camila Cyrino, Janaina Marinho, Nora Hauswirth, Emerson Fernandes da Silva.
y Instituição: Arte & Escola na Floresta.
y Cidade e Estado: Manaus, Amazonas.
y Público: Adultos, mulheres, comunidade.
Difundir o uso das PANC e alimentos locais para a comunidade é mostrar que existem alimentos acessíveis,
saudáveis e em abundância. Configura-se ainda como uma ação de combate à insegurança alimentar e
nutricional em seus diferentes graus, pois depende-se menos de recursos e produtos advindos de outras
regiões, bem como de grandes fornecedores. Nas ações da Vivência em Agricultura Participativa promo-
vidas pelo Coletivo Arte & Escola na Floresta são preconizadas práticas ecológicas e sustentáveis como a
compostagem, o aproveitamento integral de alimentos, o uso de fertilizantes naturais, a colheita e uso de
alimentos respeitando a sazonalidade, estimulando a preferência ao alimento local pelo menor impacto
ambiental causado. Somado ao plantio de forma agroecológica que respeita a natureza, as ações são todas
realizadas de forma a promover um desenvolvimento sustentável.
As ações começaram a ser pensadas e elaboradas diante de um cenário de escassez de produção de ali-
mentos na região de Manaus, capital que depende muito de alimentos de fora do estado. Somado às con-
dições desfavoráveis de produtores locais, incluindo agricultores orgânicos, que por vezes se encontram
em insegurança alimentar mesmo produzindo alimentos e, visto que parte desse cenário se dá por falta
de políticas públicas que favoreçam os produtores, além da falta de conhecimento da população que pode
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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gerar a demanda aos alimentos produzidos localmente, a Vivência foi pensada para unir o conhecimento e
prática necessários para que a população vivencie e crie uma ligação entre conhecimento indígena, ciência,
arte e repense as práticas agrícolas e alimentares atuais na Amazônia.
Dessa forma, durante a Vivência, os participantes escutam e veem ao mesmo tempo a atividade a ser pra-
ticada, executam em seguida e discutem em rodas de aprendizado sobre temas relacionados, de forma a
estimular a ligação entre os temas dentro da segurança alimentar, os conhecimentos teóricos e as práticas
culinárias e agrícolas. Como síntese das atividades, os participantes são estimulados a comunicar verbal-
mente os aprendizados e como poderão dar continuidade à experiência em seu cotidiano.
Ao final de cada vivência é gerado um documento, seja artigo, vídeo, livreto de receitas, com objetivo de
propagar esses conhecimentos gerados com a participação de todos os envolvidos. Eles são distribuídos
nas mídias sociais e em outras ações comunitárias como em escolas e outros eventos públicos.
Apesar da Vivência ser gratuita para qualquer cidadão interessado em trabalhar e aprender em troca de
produtos agrícolas, as ações remuneram os produtores locais com fundos advindos de editais de financia-
mento para causas agroecológicas.
Após os 3 anos das ações do Coletivo, observa-se clara evolução no empoderamento da comunidade em
relação aos alimentos regionais bem como melhora na qualidade de vida dos participantes após mudanças
na alimentação, de maneira que também se tornam multiplicadores dos conhecimentos. A procura por
alimentos locais em feiras direto do produtor também tem se expandido.
A equipe avaliadora do LIS-EAN identifica a experiência como totalmente inspiradora devido à essência da
participação social, da agroecologia, da valorização dos saberes, do compartilhar e aprender em grupo, da
comida como ato político e entre outros pontos.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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y Princípios do MREAN:
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/agricultura-participativa-pelo-coletivo-arte-escola-na-floresta/
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
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y Autores: Raimundo Brandão de Sousa, Carliane Vanessa Souza Vasconcelos, Ary Cardoso Barreto da
Costa, Maria Vanusia de Sousa, Josinete Maria Silva Castro, Carlos Auberto Muniz Filho.
y Instituição: Prefeitura Municipal de Cruz por meio da Secretaria de Agricultura Pesca e Recursos
Hídricos.
y Cidade e Estado: Cruz, Ceará.
y Público: Famílias, Produtores de alimentos da agricultura familiar, Comunidade.
Incentivar o plantio, cultivo e aquisição de produtos locais, além de promover a economia local, é uma
oportunidade para a disseminação da cultura alimentar de uma região e para incentivo à alimentação ade-
quada e saudável em um município, como forma de integrar o meio ambiente à saúde humana. A seguinte
experiência se destaca no município de Cruz, cidade cearense com cerca de 25 mil habitantes, localizada no
litoral norte. Neste município, a Prefeitura Municipal de Cruz por meio da Secretaria de Agricultura Pesca e
Recursos Hídricos criou uma forma de fazer Educação Alimentar e Nutricional a partir da “Série: Da agricul-
tura à mesa das famílias cruzenses.”
Tudo se deu a partir das falas dos agricultores familiares locais que diziam terem dificuldade de conseguir
colocar seus produtos para a venda dentro do município, e incluir esses alimentos nas prateleiras dos su-
permercados e no cardápio dos restaurantes, pousadas e lanchonetes. Ao mesmo tempo, foram escutados
os proprietários de supermercados, restaurantes, que demonstraram interesse em adquirir esses produtos
e mostraram dificuldade em conseguir fornecedores locais. Observou-se ainda que os próprios habitantes
deixaram de se alimentar da comida produzida em Cruz, e passaram de alguns anos para cá a optar por
alimentos industrializados, o que compromete a saúde da população e a soberania alimentar.
Diante deste cenário, a equipe da Secretaria de Agricultura Pesca e Recursos Hídricos em conjunto com a
Secretaria de Comunicação do Município de Cruz elaboraram a série “ Da agricultura à mesa das famílias
cruzenses ” com o objetivo de valorizar os produtores da agricultura familiar, os alimentos locais (artesanais
e tradicionais), sobretudo, resgatar as receitas afetivas e disseminá-las entre as gerações mais jovens.
Assim, foram escolhidos as cadeias produtivas e os alimentos que mais movimentam a economia do mu-
nicípio, entre eles, alimentos artesanais e tradicionais, receitas afetivas e produzidas por agricultores fami-
liares. Na etapa de planejamento identificou-se na comunidade os agricultores para participar da gravação
do vídeo por meio de uma visita à propriedade. Durante a visita, foi explicado aos produtores o objetivo
do vídeo e aplicado o termo de autorização do uso de imagem. O momento foi oportuno para explicar aos
produtores a preparação do cenário e as etapas de processamento para mostrar desde a colheita até o
produto estar pronto para o consumo. A criação do roteiro foi realizada no escritório, e a segunda visita
foi realizada a gravação do vídeo. Para o desenvolvimento da atividade foram utilizados filmadora, micro-
fone, ingredientes locais, casa de farinha, agroindústria artesanal de castanha, site, rede social, panfletos.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Posteriormente os vídeos são disponibilizados nos meios de comunicação do município (Site, Redes Sociais,
Eventos, Tv Corporativa).
A série conta com dois episódios até o momento, que fala da Macaxeira e seus subprodutos (farinha branca
e amarela de mandioca, goma, tapioca e grolado) e da Castanha (amêndoa de castanha de caju, farinha de
castanha, tapioca com castanha, pé de moleque). O próximo a ser lançado será do Caju e da cajuína.
Com a experiência, foi destacado que a cultura alimentar local é importante para o convívio social, mostrando
o resgate das tradicionais receitas afetivas. A atividade desenvolve ações em outros campos de prática como
no campo da agricultura familiar para aproximar a população da comida simples, dos alimentos in natura
ou minimamente processados, entendendo que este por último, deve ser à base da alimentação saudável.
Observa-se, assim, a união de esforços do município ao gerar iniciativas e parcerias que valorizam os agriculto-
res familiares e beneficiam a população contribuindo para a diminuição de insegurança alimentar e nutricional.
y Princípios do MREAN:
I. Sustentabilidade social, ambiental e econômica.
II. Abordagem do sistema alimentar, na sua integralidade.
III. Valorização da cultura alimentar local e respeito à diversidade de opiniões e perspectivas,
considerando a legitimidade dos saberes de diferentes naturezas.
IV. A comida e o alimento como referências; Valorização da culinária enquanto prática emancipatória.
V. A Promoção do autocuidado e da autonomia.
VI. A Educação enquanto processo permanente e gerador de autonomia e participação ativa e
informada dos sujeitos.
VII. A diversidade nos cenários de prática.
VIII. Intersetorialidade.
IX. Planejamento, avaliação e monitoramento das ações.
e Mais informações:
y https://apsredes.org/eventos/lis-ena/serie-da-agricultura-a-mesa-das-familias-cruzenses/
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
59
Mas como usufruir desse momento de avaliação e síntese? Compartilhando e publicando experiências rea-
lizadas em todo o território nacional em comemoração especial aos 10 anos do Marco de Referência de
Educação Alimentar e Nutricional para as Políticas Públicas (MREAN). Reunir experiências práticas e delas
partir para a tessitura de novos saberes e de identificação de pontos a serem aprofundados é a grande
potencialidade do processo. A convocação para o envio das experiências, certamente mobilizou esforços
locais para a síntese e o registro de atividades de EAN, o que, independentemente de qualquer desdobra-
mento, já contribui para fazer avançar esse campo. Publicar as experiências e torná-las disponíveis poten-
cializam novas formas de abordagens e iniciativas de EAN.
Assim, reforçamos que todas as ações submetidas foram e serão importantes, em especial, porque nos
apresentam possibilidades, lacunas a observar, tentativas e erros, dentre outras perspectivas. Afinal, as
dinâmicas sociopolíticas e os modos de vida e do sistema alimentar atual, com oferta contínua de produtos
alimentícios com altas densidades energéticas, baixo valor nutricional, a preços relativamente mais baixos,
promovidos por um marketing agressivo, com foco na fidelização de consumidores ainda na fase da primei-
ra infância, compactuam com abordagens reducionistas e focadas na recuperação e prevenção de doenças.
Assim, compreendemos que este é um campo continuum de transformações e potências.
Salientamos que avaliar também é uma forma de educar. O processo de uma educação pautada nos princí-
pios do empoderamento e autonomia dos sujeitos implica numa troca, onde ambos, educador e educando,
saiam diferentes da experiência. Essa troca não poderia ser diferente em qualquer atividade de EAN, seja
ela no planejamento ou durante o processo de avaliação das intervenções, como o vivenciado para a sele-
ção de experiências inovadoras.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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Nosso time de avaliadores acreditou na potência do processo e se jogou de “corpo e alma”, com intuito de
promover a aprendizagem para cada pessoa ou coletivo que se disponibilizou a compartilhar as suas expe-
riências profissionais, comentando e contribuindo para o aprimoramento das ideias. Manteve-se também, a
postura de abertura para aprender e apreender com cada ação e fomos estimulados a refletir sobre a nossa
própria prática. Dessa maneira, esperamos ter contribuído para que todos os envolvidos também tenham
tido essa oportunidade. Saímos diferentes de quando entramos e, só temos a agradecer pelo convite para
vivenciar este momento.
Como destaques das ações, salientamos os quatro primeiros passos do Guia Alimentar para a população
brasileira e a adoção dos princípios III, IV e V do MREAN como elementos teóricos estruturantes, direcio-
nando o nosso olhar para os possíveis aspectos melhores compreendidos ou mais facilmente aplicáveis
desses dois documentos na última década. Certamente esses aspectos contribuirão, positivamente, com a
melhoria do cenário alimentar previamente apresentado.
Destacamos a uniformidade, os ajustes e os repasses das ações junto ao Comitê Avaliativo, a transparên-
cia, a avaliação por pares e o feedback de cada experiência, como sendo potencialidades desse processo.
Agregou-se mais rigor e também mais riqueza para os diálogos e relatórios, contribuindo ainda mais com a
avaliação para a aprendizagem.
Trazemos, como reflexão final, a importância da busca contínua por recursos que possam ampliar a divul-
gação e o incentivo ao desenvolvimento de ações de caráter permanente, transdisciplinar e intersetorial,
pautadas no planejamento, avaliação e monitoramento, com enfoque em metodologias ativas e proble-
matizadoras da realidade, ampliando o escopo da EAN. Incluem-se também, os princípios que tratam da
sustentabilidade e a abordagem do sistema alimentar em sua integralidade, e que, por fim, mas não menos
importantes, estimulem os educandos à assumirem o protagonismo do seu processo de ensino e apren-
dizagem, promovendo, gradativamente, maior empoderamento, autoeficácia para a adoção de práticas
saudáveis, autonomia e engajamento na luta pela garantia da SAN e do DHAA para a população brasileira.
Uma das propostas do LIS-EAN foi de, a partir do processo de seleção e divulgação de experiências de EAN,
tornar possível o diálogo sobre desafios e avanços nestes últimos 10 anos à luz do Marco de Referência de
Educação Alimentar e Nutricional.
A partir disso, convidamos especialistas no campo da EAN para compartilharem reflexões sobre o Marco e
seus princípios no contexto atual. O resultado disso foi um conjunto de textos que reflete o MREAN e apon-
ta caminhos futuros desta agenda para os próximos anos nas políticas públicas de segurança alimentar e
nutricional, alimentação e nutrição, como também nas práticas locais dos diferentes campos de prática de
EAN no Brasil.
Por Rute Costa (Centro Multidisciplinar de Macaé – Universidade Federal do Rio de Janeiro)
Após uma década do lançamento do Marco de Referência em Educação Alimentar e Nutricional (EAN), é
possível tecer reflexões sobre este campo de conhecimento e prática. No momento de sua formulação, não
estávamos a par de certos debates ou tínhamos as experiências adquiridas na inserção desse documento
em pesquisas, ações de extensão, formação de profissionais e nas práticas nos serviços.
Relendo o Marco de EAN alguns aspectos chamam a atenção. Primeiro, o capítulo 1 enuncia o processo de
elaboração. A palavra processo também compõe o subtítulo de um dos livros mais belos de Paulo Freire,
“Cartas a Guiné Bissau: registros de uma experiência em processo”, que compreende a exposição corajosa
de experiências educativas em pleno andamento. As narrativas ali descritas não se furtam das fragilidades
e potencialidades da caminhada, enquanto era trilhada. Apresentar o processo é evidenciar a dinâmica, a
continuidade, as tensões, as disputas da vida real. Trazer o processo de elaboração do Marco, deixando
nítido as agendas, os encontros, as oficinas, a consulta pública, os/as participantes, demonstra o esforço
em construir espaços participativos, apesar de todos limites daquele tempo. É importante valorizarmos o
processo na educação em si, pois esta não é uma coisa pronta que podemos tirar daqui e transplantar ali,
é uma caminhada que reúne muitos desafios e potencialidades.
O Capítulo 1 também deixa evidente a participação dos trabalhadores/as dos diversos setores e a socieda-
de civil organizada. Sobre isso, concordo com a percepção da educadora feminista negra bell hooks quando
explica que a “identidade molda a perspectiva do escritor”, chamando a atenção para a inexistência de
neutralidade em quem elabora um texto/pensamento. Os/As trabalhadores/as, pesquisadores/as, os/as
representantes das instituições partilham reflexões a partir de seu lugar no campo, isto significa que exis-
tem limites e de modo algum podem representar todas as experiências em alimentação, saúde e educação.
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
63
O conceito/paradigma interseccionalidade nos ajuda a compreender que características como gênero, raça
e classe se correlacionam e se sobrepõem como opressões, impondo barreiras sociais singulares às con-
dições de vida de mulheres negras, por exemplo. Porém, a entender que aqueles/as que ocupam espaços
sociais de privilégio, por sua raça, classe e gênero vivenciam experiências que moldaram as suas subjetivida-
des, de forma que possuem modos de viver, entender e resolver problemas, sentir e agir próprios, mesmo
que, historicamente, sejam tomados como padrões de referência e comportamento.
Em 2012, aquela foi a agenda possível, mas na atualidade, as reflexões da interseccionalidade e a EAN, pre-
cisam estar evidentes no pensar educação-alimentação-saúde. Comunidades tradicionais afro-ameríndias,
por exemplo, constroem os seus processos educativos a partir da oralidade e das experiências e baseiam as
suas dinâmicas de vida em pilares do comunitário, matriarcal, coletivo e afetual, o que se distingue dos va-
lores branco-ocidentais. Sendo assim, é imperioso as incorporarmos nos processos de pensar e fazer EAN.
O Capítulo 2 vai demarcar a escolha pelo campo da Segurança Alimentar e Nutricional (SAN), a preocupação
de garantia do direito, do enfrentamento das violências e injustiças que se materializam no acesso à comida.
Quando o direito à alimentação adequada e saudável é negado, outros já foram rompidos. Não se pode
refletir sobre SAN sem pensar “Quem são os sujeitos de direito à alimentação?”, pois está evidente que a
InSAN é consequência da interação estrutural do racismo e do sexismo. Sendo assim, só superaremos a
fome ao enfrentarmos tais desigualdades.
Outro aspecto é a evidente distância que temos com as teorias da educação e, como consequência obser-
vamos a expressiva escolha por abordagens educativas puramente tecnicistas. Paulo Freire diz, “A teoria
sem a prática é verbalismo, mas a prática sem a teoria é ativismo”. É preciso unir a teoria e a prática, a
chamada práxis, isto é, a ação criadora e modificadora da realidade. Se não houver uma escolha conscien-
te por teorias da educação críticas, aquelas que consideram as lutas de classe, as identidades e relações
de poder, possivelmente reproduziremos alienadamente pedagogias cujo enfoque estará em estabelecer
parâmetros, metodologias para se alcançar um resultado central: a adoção da consciência científica pelo
público da ação.
O Capítulo 5 trata do conceito de EAN, cuja consistência é evidente. Este rompe com a centralidade nutri-
cional/biológica, agregando os espectros presentes na dimensão alimentar, como o direito, a economia, as
identidades, a cultura, entre outros.
Encerro reforçando: i) a importância das teorias críticas da educação para sustentarem as nossas ações, ii)
considerar a SAN, assim como as estruturas de opressão históricas que impedem a sua concretização, iii)
adotar sistemas alimentares baseados em referências afro-ameríndias como chave para a continuidade da
vida no presente e futuro e, iv) a urgência da interseccionalidade no pensar e fazer EAN.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
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A sustentabilidade está inserida nos sistemas alimentares, uma vez que a forma de produzir, distribuir, ofertar
e consumir alimentos impactam nas mudanças climáticas como também são afetadas por ela. Globalmente
os sistemas alimentares são responsáveis por aproximadamente 33% das emissões de gases do efeito estufa,
e as altas temperaturas, as mudanças nos padrões de precipitação e os mais frequentes eventos climáticos
extremos impactam na produção de alimentos. Considerando as diferentes relações inerentes destes siste-
mas, suas implicações podem seguir por diferentes caminhos. O do comprometimento dos recursos ambien-
tais e aprofundamento das desigualdades socioeconômicas; ou o caminho da adoção de medidas e práticas
que favoreçam relações de produção e consumo para a manutenção e recuperação dos ecossistemas, e que
garantam justiça social dos que produzem aos que consomem alimentos. No contexto deste Marco, e à luz
das recentes elaborações sobre sustentabilidade nos sistemas alimentares, ela interage com diversos deter-
minantes nos eixos de disponibilidade, acesso, utilização, estabilidade, política e governança, e deve ser inse-
rida assegurando a alimentação como um Direito Humano. Deste modo, a sustentabilidade pode então ser
compreendida como a capacidade dos sistemas alimentares de garantir segurança alimentar e nutricional
sem comprometer as bases ambientais, econômicas e sociais, das gerações presentes e futuras (HLPE, 2020).
Para tanto, é preciso rever os impactos da produção e do consumo de alimentos. Eles estão relacionados
com o uso em larga escala de agrotóxicos e fertilizantes químicos para a produção de grãos, cereais refi-
nados e açúcar, e da pecuária intensiva, especialmente oriundos de práticas relacionadas com o desmata-
mento e perda da biodiversidade (Willett, et al. 2019). Outra importante dimensão é de ordem estrutural
no âmbito da governança, entendido como “inércia política”. Ela é caracterizada pela falta de processos
decisórios para implementar políticas, práticas, e estratégias que resultem de forma direta na reversão dos
agravos de origem sistêmica que comprometem a saúde humana, agravam iniquidades sociais e asseveram
os impactos ambientais (Swinburn, et. al., 2019).
Os sistemas alimentares envolvem todos os sujeitos sociais, processos, insumos que, da terra e semente levam
comida aos nossos pratos e para depois dele como o desperdício e resíduos que são gerados, por exemplo,
com embalagens. Também os diferentes fatores que nos levam a ter determinadas práticas alimentares e
não outras como informação e valores e avança, inclusive, para os impactos no meio ambiente percorrendo
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
65
os processos de produção ao consumo. Ao longo das décadas nossa alimentação se transformou profunda-
mente, de uma realidade onde os alimentos eram produzidos muito perto de quem os consumia para cadeias
transcontinentais. Do alimento da estação à oferta contínua, da venda da safra às negociações de futuro. Do in
natura e minimamente processado a produtos cujas listas de ingredientes desafiam nossa compreensão. Do
cozinhar ao descongelar. Da mesa compartilhada à tela solitária. Três grandes desafios da humanidade (talvez
os maiores) pobreza/fome, obesidade e crise climática têm o sistema alimentar agroindustrial como determi-
nante comum. A superação destes desafios demanda ações que incidam nesta determinação comum, trans-
formando, na direção da saúde, sustentabilidade e equidade, o paradigma que rege o sistema alimentar do-
minante. Talvez esta necessidade pareça grande demais para quem atua em Educação Alimentar e Nutricional.
Na verdade, é e não é. Se considerarmos que as relações que se estabelecem no sistema alimentar não são
unidirecionais, pois configuram uma rede e, portanto, a transformação de um aspecto tem potencial de reper-
cutir nos demais. Incidir, por exemplo, nas dinâmicas de consumo e práticas alimentares pode sim contribuir
para a transformação necessária. Esta é a importância deste tema integrar o conjunto de princípios do Marco.
Mesmo que a economia e o mercado não se organizem linearmente entre demanda e oferta, compreender
qual a origem, os processos que fazem a comida chegar até nós, compreender os elementos que determinam
o que temos (ou não) disponível, os fatores que interferem nas nossas escolhas, nos nossos modos de comer,
portanto, abordar a alimentação para além da melhor composição nutricional, amplia a capacidade de anali-
sar e interferir no mundo. Gera autonomia, habilidade para identificar alternativas de mudança das práticas
alimentares tanto individual como coletiva.
Este princípio representa um avanço importante tanto para a compreensão da alimentação e das práticas
alimentares, como também para conceber práticas inovadoras, críticas e emancipadoras de EAN, uma vez
que as culturas alimentares são constitutivas das práticas e da existência humana. A sua assunção se tor-
nou um dispositivo para repensar o conceito de cultura – assim como saberes e memórias, patrimônios
e identidades alimentares, e o lugar que ela ocupa nas políticas de alimentação e nutrição. A experiência
desta década após o lançamento do Marco, nos sinaliza uma pluralidade de desafios, a exemplo do lidar no
cotidiano com as contradições emanadas das práticas de EAN que intentam, a um só tempo, a promoção
da alimentação saudável e a preservação das práticas e saberes alimentares dos povos originários e povos e
comunidades tradicionais. Este intento tem desvelado como se conformam as relações de poder estabele-
cidas entre os distintos saberes no qual abordagens, a partir das epistemologias plurais, têm sido evocadas
com o intuito de aprofundar tais temáticas. Cabe ainda sinalizar como desafio o entrelaçamento entre o
tema das culturas alimentares e as questões ambientais. Descolonizar a perspectiva eurocêntrica do con-
ceito hegemônico de cultura, que a vincula a noção de progresso e civilidade, pode permitir tratarmos de
MINISTÉRIO DA SAÚDE
66
modo entrelaçado “corpo-cultura- território”, no qual os direitos humanos e os direitos da natureza estejam
também enredados na constituição do direito à alimentação. Afinal, cultura é também o que experimenta-
mos no decurso da existência humana. Há de, por fim, destacar que a valorização das diversidades alimen-
tares não só diz respeito à alimentação humana, elas também alimentam e salvaguardam a vida planetária.
Por Inês Rugani Ribeiro de Castro Instituto de Nutrição da Universidade do Estado do Rio de
Janeiro (INU/UERJ), Luciana Azevedo Maldonado (INU/UERJ) e Mariana Fernandes Brito de
Oliveira (Curso de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Campus Macaé)
Reconhecer que a alimentação é uma prática social atravessada por aspectos que extrapolam sua função
biológica é fundamental para uma EAN efetiva. As práticas alimentares influenciam e são influenciadas
por aspectos sociais, econômicos, de gênero, raça e etnia, culturais, ambientais, afetivos, sensoriais, entre
outros. As pessoas não se alimentam de nutrientes, mas de alimentos e preparações culinárias escolhidas
e combinadas de uma maneira particular, com cheiro, cor, temperatura, textura e sabor; se alimentam
também de seus significados e aspectos simbólicos individuais, familiares e coletivos (Contreras; Gracia,
2011; Castro et al., 2017).. Ao abordar essas múltiplas dimensões, a EAN se aproxima da vida das pessoas
e permite o estabelecimento de vínculos entre o processo pedagógico e as diferentes realidades e necessi-
dades familiares e locais.
Cozinhar a própria comida amplia a autonomia das pessoas na alimentação, favorece a diversidade alimen-
tar e as práticas alimentares saudáveis, colabora com a preservação e o fortalecimento das culturas alimen-
tares e contribui para a sustentabilidade do planeta (Brasil, 2014; 2019). Para que a culinária possa ser uma
prática efetivamente emancipatória, além de estimular o desenvolvimento de habilidades para preparar
alimentos, é fundamental promover a autonomia culinária, definida como a capacidade de pensar, decidir
e agir para preparar refeições em casa, usando majoritariamente alimentos in natura ou minimamente pro-
cessados, sob a influência das relações interpessoais, do meio ambiente, dos valores culturais, do acesso a
oportunidades e da garantia de direitos (Oliveira; Castro, 2022).
Mesmo quando o preparo efetivo de alimentos não é viável nas ações educativas, é possível refletir com
as pessoas sobre a importância do planejamento e da organização (pensar), das escolhas dos ingredientes
e formas de preparo (decidir) para cozinhar (agir), além de promover a culinária doméstica por meio de
diferentes estratégias construídas em conjunto com elas (Menezes; Maldonado, 2015).
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
67
Por Thais Salema Nogueira de Souza (Departamento de Nutrição em Saúde Pública (DNSP)
da Escola de Nutrição da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO)
Autocuidado pode ser compreendido como um conjunto de ações para o cuidado de si em busca de uma
boa saúde física, mental, social e emocional. No contexto contemporâneo, tem incorporado a dimensão
que transcende a perspectiva individual e entende que os seres humanos, outros seres vivos e o planeta
Terra compõem a mesma biosfera e devem ser respeitados, valorizados e cuidados em uma relação de
reciprocidade.
A alimentação é uma prática que compõe o repertório de ações de autocuidado. Para cuidar da alimentação
é necessário pensar sobre ela e sobre o sistema alimentar ao qual faz parte. Refletir sobre o que come (qua-
lidade, quantidade, cultura), de onde vem o que come (modo de produção, distribuição, comercialização),
como come (com atenção, pressa, sozinho, em companhia), onde come (ambiente adequado, em frente a
telas, no transporte), quando come (horários, refeições), quanto dedica a alimentação (tempo, dinheiro) é
essencial. Pensar sobre este ato cotidiano e nas consequências do que se come para si, a sociedade e o
planeta, é um bom exercício de ampliação da consciência para inspirar atitudes de autocuidado.
colonial e produzem iniquidades, assimetria de poder nas relações e injustiças sociais junto às práticas de
comensalidades.
Assim, a partir das diferentes realidades, podemos desenvolver práticas educativas emancipatórias capazes
de problematizar os contextos, acolher novas temáticas sociais e gerar processos de transformação e res-
significação do comer em sociedade.
4.9 Intersetorialidade
Por Patrícia Chaves Gentil (Instituto de Defesa do Consumidor – IDEC)
As diferentes dimensões sobre a alimentação, suas questões estruturais e os fatores que compõem nossas
práticas alimentares no âmbito familiar ou individual requerem a articulação de diferentes áreas do conhe-
cimento, saberes, linguagens e práticas. O ato de comer é muito mais amplo do que ingerir nutrientes. É
complexo e tem uma multiplicidade de dimensões (comer, alimentar-se, nutrir e interação com a natureza
e com o planeta). Abrangem aspectos alimentares, nutricionais, agrários, humanos, sociais, antropológicos,
culturais, políticos, econômicos, psicológicos, entre outros. Estamos reféns de um sistema alimentar vigente
que tem sido determinante para escolhas alimentares não saudáveis, que privilegiam alimentos ultrapro-
cessados em detrimento de uma alimentação mais saudável e, por consequência, tem gerado um adoeci-
mento da população com o aumento da obesidade e doenças crônico não transmissíveis. Nesse sentido, a
abordagem de EAN também encontra abrigo na intersetorialidade, com a corresponsabilização, articulação
Laboratório de Inovação em Educação Alimentar e Nutricional
69
e envolvimento de distintos setores envolvidos com o tema. Envolver setores chaves, como por exemplo: as-
sistência social, saúde, educação, desenvolvimento agrário e meio ambiente são potenciais caminhos de re-
flexão, diálogo conjunto e construção coletiva que podem produzir soluções inovadoras quanto à melhoria
da qualidade da alimentação e vida das pessoas, suas famílias e comunidade, fomentando práticas alimen-
tares mais saudáveis e mais sustentáveis e promovendo mudanças positivas em seu sistema alimentar local.
O planejamento participativo de ações de EAN deve ser concebido a partir de um referencial metodoló-
gico ativo que envolva desde a construção de diagnóstico e identificação de prioridades até definição de
indicadores de processo e resultados, garantindo a efetividade das ações educativas e contribuindo para a
compreensão dialética da realidade.
Nestes dez anos do Marco, avançamos no entendimento da necessidade de realização do diagnóstico si-
tuacional inicial para fundamentar o projeto educativo crítico-reflexivo e, agora, precisamos ampliar e fun-
damentar questões como, a participação ativa dos sujeitos que integram o processo de constituição da
metodologia de trabalho propiciando a construção dialógica do conhecimento.
Outra questão importante a ser fortalecida são os critérios de avaliação da ação educativa, lembrando que
o desenho das formas de avaliação começa no planejamento e perpassa pelo desenvolvimento das ações,
de forma processual. Ressalta-se que a avaliação não deve ser apenas a mensuração de conhecimentos
sobre nutrição ou a mudança de práticas alimentares – de forma quantitativa -, mas deve buscar avaliar
resultados não mensuráveis – de forma qualitativa-, pois a alimentação é complexa e envolve fatores muito
além do alimento, entre os quais os sentimentos e os valores.
A partir dessas observações, é lícito afirmar a reflexão sobre as maneiras de ensinar, educar, saber ouvir e,
sobretudo, compreender que escolhas e práticas alimentares revelam-se fundamentais no planejamento
metodológico para a efetivação da EAN.
5 Comentários finais
71
O LIS-EAN mobilizou múltiplos esforços para o registro das ações de EAN, proporcionou a troca de saberes e
apontou desafios que ainda estão presentes. O eixo temático relacionado a experiências do setor Educação
recebeu maior número de inscrições, o que demonstra a importância das iniciativas desenvolvidas para forta-
lecer este objetivo no âmbito do PNAE – como as Jornadas de EAN realizadas anualmente e a formação pro-
fissional promovida pelos cursos de Nutrição de Ensino Superior por meio de suas disciplinas e projetos de
extensão. Também foi possível identificar a relevância de ações e iniciativas da sociedade civil que buscaram
e buscam a transformação da realidade nos diferentes territórios espalhados no país para a promoção da
alimentação adequada e saudável. No setor Saúde, a EAN é vivenciada pelos diferentes profissionais do SUS,
principalmente pela atuação multiprofissional na Atenção Primária à Saúde, por meio de ações de aborda-
gens coletivas que ocorrem nos mais diversos equipamentos sociais do território. A valorização da Educação
Permanente em Saúde, Alimentação e Nutrição é uma recomendação presente nas experiências selecionadas
do setor. Ainda que o eixo temático relacionado ao setor de Assistência Social tenha recebido menor quan-
tidade de inscrições, suas experiências demonstram a importância do estímulo do desenvolvimento e da
implementação de ações de EAN como estratégia para promoção do direito humano à alimentação adequada
e saudável nos serviços socioassistenciais.
No que se refere às abordagens e temas trabalhados nas experiências do LIS-EAN, os quatro primeiros pas-
sos do Guia Alimentar para a População Brasileira se destacaram, provocando a reflexão sobre caminhos e
recursos necessários para ampliar a abordagem dos demais seis passos, como por exemplo, fazer compras
em locais que ofertem variedade de alimentos in natura ou minimamente processados; desenvolver, exercitar
e partilhar habilidades culinárias e ser crítico quanto a informações, orientações e mensagens sobre alimen-
tação veiculadas em propagandas comerciais.
Os princípios III, IV e V do Marco também se destacaram como elementos orientadores das experiências,
indicando a necessidade de um olhar para os demais princípios (I-Sustentabilidade social, ambiental e eco-
nômica, II-Abordagem do Sistema Alimentar na sua integralidade, VI-Educação enquanto processo perma-
nente e gerador de autonomia e participação ativa dos sujeitos, VII-Diversidade dos cenários de prática, VII-
Intersetorialidade e IX-Planejamento, avaliação e monitoramento das ações).
De forma geral, tanto os passos do Guia como os princípios do Marco que não ficaram evidentes nas expe-
riências envolvem ações de proteção e promoção da alimentação adequada e saudável, como a ampliação
do acesso e disponibilidade de alimentos locais in natura e minimamente processados, a restrição da publici-
dade de alimentos não saudáveis, assim como medidas que apoiem sistemas alimentares social, ambiental e
economicamente justos. O fortalecimento destes elementos pode ampliar e tornar mais potente a integração
das ações de EAN às estratégias mais amplas de proteção e promoção da alimentação adequada e saudável.
Assim, o processo de troca e de aprendizagem proporcionado pelo LIS-EAN reforça que o investimento para
o desenvolvimento permanente, transdisciplinar e intersetorial das ações de EAN demanda ações contínuas
de incentivo e fomento, integrando-se ao cotidiano das ações públicas nos diferentes setores.
Mais que uma celebração da primeira década do MREAN, espera-se que o LIS-EAN contribua com as reflexões
da EAN no contexto atual, ao mesmo tempo que incentive desdobramentos do MREAN para os próximos
anos. Encerramos este documento com gratidão à toda rede de pessoas que diariamente vivenciam a EAN
em suas realidades e com reconhecimento do papel do MREAN em promover um campo comum de reflexão
e orientação da prática.
MINISTÉRIO DA SAÚDE
72
Referências
Bibliografia
RIZZOLO, A. Será possível uma Educação Alimentar e Nutricional Freireana no Brasil? Reflexões e
compartilhamentos para um saber – fazer pedagógico inquieto. In: LANG, R.; CIACCHI, É. (org.). Educação
Alimentar e Nutricional: fundamentação teórica e estratégias contemporâneas. Rio de Janeiro: Rubio,
2021. p. 91-106.
SILVA, S. O. et al. A cor e o sexo da fome: análise da insegurança alimentar sob o olhar da
interseccionalidade. Cadernos de Saúde Pública, v. 38, n. 7, 2022. Disponível em https://www.scielo.
br/j/csp/a/MQHNQz5GH9NmxjZpFm3zC3r/?format=pdf&lang=pt. Acesso em 18 nov. 2022.
SWINBURN, B. A. et al. The Global Syndemic of Obesity, Undernutrition, and Climate Change: The Lancet
Commission report. Lancet, v. 393, n. 10173, p.791-846, 2019.
WILLETT, W. M. D. et al. Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from
sustainable food systems. The Lancet Commissions, v. 393, n. 10170, p.447-492, 2019.
Apêndice – Catálogo
de experiências
77
Cuidado à Obesidade: Integrando corpo e mente para uma vida mais saudável
y Autores: Andréia Ramos Patrocínio, Raquel da Silva
Cruz, Juliana de Andrade Passos, Jesuana Oliveira Lemos,
Joyce Vieira de Oliveira e Karla Cristina Nascimento Jubé.
y Município/Estado: Brasília/DF.
y Instituição: Secretaria de Estado de Saúde do Distrito
Federal.
y Público: Adultos, Pessoas com Obesidade.
2 y Resumo: Foi criado um espaço de acolhimento, re-
flexão e promoção da qualidade de vida saudável,
em formato de roda de conversa, para pessoas com
obesidade em sofrimento psíquico na Unidade Básica
de Saúde.
y Princípios do Marco EAN: III, IV, V, VI, IX.
y Email para contato com o representante da experiência: jesuananutri@gmail.com
y Mais informações: https://apsredes.org/eventos/lis-ena/cuidado-integrado-a-obesidade-integrando-cor-
po-e-mente-para-uma-vida-mais-saudavel/
“Você tem fome de quê?”: diálogos sobre educação alimentar e nutricional no centro
de atenção psicossocial
y Autores: Luis Henrique Dantas Mendes e Daniela
Romeiro Souto Lima.
y Município/Estado: Garanhuns/PE.
y Instituição: Hospital Regional Dom Moura, Centro de
Atenção Psicossocial (CAPS III) e Escola de Governo em
Saúde Pública de Pernambuco.
y Público: Adultos, pessoas com transtornos mentais,
4 técnicos de referência atuantes no Centro de Atenção
Psicossocial III.
y Resumo: Foi desempenhada a capacitação dos técni-
cos de referência (TRs) atuantes no Centro de Atenção
Psicossocial (CAPS), sobre estratégias de educação ali-
mentar e nutricional (EAN). Após as capacitações foi elaborada uma cartilha norteadora para os profissionais
contendo dez estratégias de EAN.
y Princípios do Marco EAN: V, VI, VII.
y Email para contato com o representante da experiência: kchan.luis@gmail.com
y Mais informações: https://apsredes.org/eventos/lis-ena/voce-tem-fome-de-que-dialogos-sobre-educacao-
-alimentar-e-nutricional-no-centro-de-atencao-psicossocial/
Escola Saudável
y Autores: Lívia Bacharini Lima, Érika Soares de Oliveira Patriota.
y Município/Estado: Brasília/DF.
y Instituição: Secretaria de Estado de Educação.
y Público: Crianças – 5 a 10 anos.
y Resumo: O Escola Saudável é um projeto voltado para alunos do Ensino Fundamental que utiliza os “dez
22 passos para uma alimentação adequada e saudável” propostos pelo Guia Alimentar para a População Brasi-
leira. Foram 6 encontros com cada turma, 1 por semana, com atividades lúdicas que visam levar informação
sobre boas práticas alimentares, auxiliando os escolares a adotarem voluntariamente, escolhas alimentares
mais saudáveis.
y Princípios do Marco EAN: I, II, III, IV, V VI.
y Email para contato com o representante da experiência: liviabacharini@yahoo.com.br
y Mais informações: https://apsredes.org/eventos/lis-ena/escola-saudavel/
“Minha marmita, nossa saúde: uma experiência dialógica entre uma Instituição
Federal de Ensino e a Agricultura Familiar”
y Autores: Jullyana Borges de Freitas, Camilla Botega
Aguiar Kogawa, Ariandeny Silva de Souza Furtado.
y Município/Estado: Goiânia/GO.
y Instituição: Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia de Goiás (IFG).
y Público: Comunidade em geral.
y Resumo: O Programa tem como principal objetivo
25
aproximar a comunidade institucional do IFG Câmpus
Goiânia Oeste a comunidade externa, principalmente
os agricultores familiares cadastrados na Feira In-
terinstitucional Agroecológica, a fim de fortalecer a
implementação das políticas públicas/institucionais, por meio da troca de saberes, experiências, e práticas
de fomento à segurança alimentar e nutricional para a comunidade envolvida.
y Princípios do Marco EAN: I, II, III, IV, V, VI, VII, VIII, IX.
y Email para contato com o representante da experiência: jullyana.freitas@ifg.edu.br
y Mais informações: https://apsredes.org/eventos/lis-ena/minha-marmita-nossa-saude-uma-experiencia-
-dialogica-entre-uma-instituicao-federal-de-ensino-e-a-agricultura-familiar/
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