Dissertação Tingimentos Natuais UFMG
Dissertação Tingimentos Natuais UFMG
Dissertação Tingimentos Natuais UFMG
Dissertação de Mestrado
Belo Horizonte
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Belo Horizonte
2012
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE
TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA
FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
Bibliografia: f. 66-69
CDU: 7.05:677
Ficha Catalográfica: Cileia Gomes Faleiro Ferreira CRB 236/6
DEDICATÓRIA
Dedico essa pesquisa aos meus pais, Francisco e Clara, sem eles nada disso seria possível. E
ao Caio, pelo apoio constante.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos meus pais pelo apoio constante, incentivo e dedicação durante toda a minha
vida. Agradeço também pelo incentivo em seguir a carreira acadêmica, sempre prontos para
corrigir um trabalho, escutar os lamentos de resultados muitas vezes frustrantes no laboratório
da UFMG, emprestar o colo para um cochilo relaxante e por estarem sempre disponíveis para
ouvir.
Agradeço ao meu irmão pela ajuda nos problemas com computador, ao apoio, a presença
constante em minha vida, pela disponibilidade em discutir assuntos relacionados a essa
pesquisa.
Ao Caio, pelo amor incondicional, por acreditar que todo esforço e estudo valeria a pena, por
entender mas nem sempre concordar que nem tudo é exato e finalmente por estar sempre ao
meu lado.
A minha avó Lenita pela força nas aulas de francês, pela viagem mais inesquecível da minha
vida, por acreditar que tudo que faço daria certo e por ser a senhora mais elegante que eu
conheço.
A minha avó Nenzinha, por nos mostrar que nunca é tarde para realizar um sonho, pelo
orgulho que sente pelos netos, pelas aulas de bordado e por acreditar que os netos são os mais
bonitos do mundo.
A Tia Candide por compartilhar do meu vício pelas séries americanas, a Tia Lulute pelos
conselhos e me apresentar o Pilates. A Tia Bebeta pelas palavras incentivadoras, Aos Tios
Sérgios, Ricardo, Zé Mauricio, Tia Helena e Tia Mércia pelo amor, força e paciência.
A Tia Lelena e ao Tino pelo incentivo e introdução ao mundo do design e da arte.
A Tia Guguta pelo amor incondicional, pelo carinho, por estar sempre disponível para uma
conversa, para corrigir um texto, para encontrar caminhos. Por estar sempre querendo o meu
melhor. Pelos milhares de presentes e pela companhia.
Ao Gaio, por todas as férias passadas no apartamento de Ipanema, por não importar com a
falação, por me receber, por ter se tornado um tio tão carinhoso, amoroso e orgulhoso da
sobrinha.
Ao Tio Pedro, por mesmo estando longe, compartilhar do gosto pela vida acadêmica.
A minha prima Luisa por estar sempre presente e acreditar nas minhas empreitadas. A Isabel
por dividir o amor pelo design, pelas conversas e por acreditar que as coisas dariam certo.
A minha prima e amiga Letícia, por dividir comigo as dificuldades do mestrado e da vida
profissional, pela companhia, pelo amor eterno e por ser presença constante na minha vida.
A Bruna, Isabela, Julia, Mariana, André, Lucas, Maria, Ana e Marina pela diversão nos
encontros da família, pela força e por acreditar.
A Raquel Cannan pela grande amizade construída.
A Laís, Yuri e Ju, por estarem sempre presentes, por participarem da minha vida.
A Márcia e ao Mario pelo carinho e amor dedicados.
A Titina, Mari Coscarelli e Cláudia pela amizade dos tempos do colégio, pelo carinho e amor.
As meninas, Nat, Laís, Dani, Bi, Ana Flávia, Gabi, Roby, Aline e Pri, por fazerem parte da
minha vida, por estarem sempre presentes, pela certeza de que seremos amigas para sempre,
por acreditarem que isso tudo vai valer a pena um dia.
Aos meninos, Wilson, Ivisson, Daniel, Diego, Philipinho, por estarem presentes, por
acreditarem e simplesmente por gostarem de mim.
A Diretoria, pelas risadas diárias, carinho, amizade e incentivos.
A Lívia e ao Fabiano, pela amizade e companherismo. A Lívia, por estar sempre presente, por
acreditar e por ser minha alma gêmea.
Aos professores e colegas do mestrado, pelos conhecimentos transmitidos, pela paciência e
pelo companheirismo.
A Professora Eliane Ayres, minha orientadora, por ter tido a paciência de me orientar, pela
ajuda nas pesquisas, pela paciência no laboratório, por introduzir novamente a química na
minha vida, pelos dias e noites dedicados a dissertação e pela disponibilidade.
A Professora Rose Bom Conselho, pelas orientações e formatações na dissertação.
Ao Rodrigo, por estar sempre disponível e ser sempre tão atencioso.
Ao Professor Júlio Fernandes, pelas correções no projeto de pesquisa, pelos toques e por
acreditar em mim.
Ao Professor Mauro Gifoni, pelas impressões.
Ao Programa de Pós Graduação em Design da UEMG pela oportunidade de realizar essa
pesquisa. A FAPEMG por conceder a bolsa para a realização da pesquisa.
E por fim a Deus, pela presença constante na minha vida.
RESUMO
O objetivo principal deste estudo foi reportar algumas pesquisas importantes realizadas
globalmente que apresentam estratégias que possibilitam a utilização de corantes naturais pela
indústria têxtil moderna. Além disso, foi também objetivo realizar experimentos com corantes
naturais visando ilustrar estas mesmas pesquisas. Através da revisão bibliográfica foi
percebido um grande interesse da comunidade acadêmica na utilização dos corantes naturais.
Foram estudadas técnicas e condições para extração de corantes naturais a partir de fontes
vegetais previamente selecionadas. Tais corantes foram caracterizados quanto ao rendimento
da extração, a comparação da eficiência da extração foi feita através das técnicas de agitação
magnética e ultrassom. Além disso, foram aplicados em tecido de 100% algodão, que depois
de tingidos foram avaliados quanto ao aspecto visual (microscopia óptica) e quanto à solidez
do corante (teste de lavagem). Como produto final, foi produzida uma cartela com as cores
obtidas para a divulgação dos corantes naturais no tingimento dos produtos do design visando
contribuir para a redução do impacto da poluição provocada pelo uso dos corantes sintéticos.
Os resultados dos experimentos ilustrativos realizados nesta pesquisa ficaram de acordo com
a maioria dos resultados encontrados na literatura. Tais resultados se referem ao baixo
rendimento da extração do corante natural, mudança de cor em função do pH do meio de
extração, baixo desempenho do corante no teste de lavagem e necessidade de uso de um
mordente adequado para melhor fixação do corante nas fibras têxteis.
Through the literature review was perceived a great interest in the academic community in
the use of natural dyes. Techniques were studied and conditions for the extraction of natural
dyes from plant sources were previously selected. These dyes were characterized for their
extraction yield, comparison of the efficiency of extraction was made through the techniques
of ultrasound and magnetic stirring. Natural dyes are applied in 100% cotton fabric. The
fabrics are dyed well evaluated for visual appearance (light microscopy) and on the strength
of the dye test (wash).
It was finally produced a color card with the colors obtained for the dissemination of natural
dyes in the dyeing of the product design to contribute to reducing the impact of pollution
caused by the use of synthetic dyes.
2 OBJETIVOS ........................................................................................................... 19
2.1 Objetivo Geral .................................................................................................. 19
2.2 Objetivos Específicos ...................................................................................... 19
6 CONCLUSÕES ...................................................................................................... 64
Figura 10. O Espaço de Cor CIELAB, com as coordenadas L*, a*, b*. .................... 40
Figura 11. O Espaço de Cor CIELCH, com as coordenadas L*, C*, h*. ................... 41
Figura 12. Gráfico a*_b* de fios de lã tingidos. (1) 12% “gallnut”, (2) 6% “gallnut”, (3)
1% SnCl2 (mordente) + 12% “gallnut”, (4) 1% SnCl2 + 6% “gallnut”, (5) 10% alúmen
(mordente)+ 12% “gallnut”, (6) 10% alúmen + 6% “gallnut”. ..................................... 43
Figura 14. (a) Morinda citrifolia, normalmente conhecido por noni; (b) amendoeira-
da-praia; (c) Tectona grandis (Teca); (d) Jaqueira.................................................... 46
Os corantes retratados apresentaram resultados promissores na obstrução do
crescimento de bactérias patogênicas e fungos, mesmo após os tecidos terem sido
submetidos a cinco ciclos de lavagem. ..................................................................... 46
Figura 15. Pêra espinhosa vermelha. ....................................................................... 46
Figura 16. Fios de algodão tingidos com corante de casca de cebola. .................... 47
Figura 18. Agitador magnético ressaltando a barra magnética para agitação. ......... 51
Figura 20. Cartela de cor produzida a partir dos teste com corantes naturais.......... 55
Figura 21. Rendimento máximo obtido para os extratos das fontes vegetais usadas.
.................................................................................................................................. 57
Figura 22. Relação US/AM para os extratos das fontes vegetais usadas. ............... 58
Figura 26. Imagens de microscopia óptica de tecidos tingidos com corante naturais.
.................................................................................................................................. 60
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LISTA DE TABELAS
Tabela 7. Vegetais que foram usados na produção dos extratos corantes .............. 50
Tabela 10. Valores* obtidos para o rendimento de corante extraído (%) nos diversos
meios de extração com o uso da agitação magnética (AM) ..................................... 56
Tabela 11. Valores* obtidos para o rendimento de corante extraído (%) em água com
agitação magnética (AM) e ultrassom (US) .............................................................. 57
Tabela 12. Índices obtidos no teste de lavagem dos tecidos de acordo com as
Tabelas 8* e 9** ........................................................................................................ 63
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LISTA DE ABREVIATURAS
1 INTRODUÇÃO
O uso de tinturas e cores nos tecidos e utensílios pode ser verificado na história da
humanidade desde 2600 A.C. O linho, o algodão, a lã e a seda já eram usadas no Egito antigo.
A tonalidade das vestimentas era fator de diferenciação social. Com o passar dos anos os
europeus aperfeiçoaram os conhecimentos adquiridos com os povos asiáticos e passaram a
oferecer uma maior diversidade de cores e tons para o tingimento das roupas e utensílios
(PEZZOLO, 2007).
A descoberta das Américas trouxe diversas inovações à Europa, e uma das mais importantes
foi a introdução de novas cores. Os mexicanos já haviam observado que um inseto sem asas
quando estava prenhe e alimentava-se dos cactos, assumia uma tonalidade de cor escarlate.
Entretanto, eram necessários 70 mil insetos mortos para produzir somente meio quilo do pó
de conchonila que era utilizado no tingimento (BLAINEY, 2004).
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Siqueira, (2009) descreve o que os cronistas da época reportavam: “A tinta vermelha era
excelente para tingir panos de lã e seda, e se fazer dela outras pinturas e curiosidades”. Ainda
segundo a autora, a preocupação com as florestas sempre esteve representada na legislação
portuguesa. Explorar conservando foi o objetivo da política desenvolvida pela Coroa nos onze
artigos do regimento do Pau-brasil. Uma posição de vanguarda quanto à preocupação com o
desmatamento da floresta, se bem que a intenção era resguardar a matéria-prima para a
exploração.
Mesmo que o uso dos corantes sintéticos tenha se intensificado no mundo contemporâneo,
ainda assim muitas pessoas continuaram a dedicar seus esforços a trabalhar junto a terra,
criando peças tecidas e tingidas à mão com produtos naturais. Algumas, inclusive herdaram o
conhecimento técnico do uso dos corantes, dos povos das zonas rurais mais antigas do
continente (FERREIRA, 1998).
De acordo com Mirjalili e colaboradores (2011), a fabricação de tecidos é uma das indústrias
que mais poluem o meio ambiente. Para se processar uma tonelada de tecido utiliza-se cerca
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Os corantes naturais derivados da flora e fauna são mais seguros porque são atóxicos, não
carcinogênicos e biodegradáveis. Como a tendência em todo mundo está se direcionando no
sentido da utilização de “commodities” ecologicamente amigáveis e biodegradáveis, a
demanda por corantes naturais está aumentando dia a dia (ALI, 2009).
O tingimento de produtos do design têxtil com corantes naturais é uma expressão cultural
única e não pode ser comparado somente em termos de eficiência em relação à utilização de
corantes sintéticos e industriais. Apesar disso, existe uma demanda crescente para o
desenvolvimento de técnicas adequadas para a extração mais eficiente e mais efetiva de
substâncias ativas de vegetais e minerais que poderão tornar mais viável e sustentável o
retorno do uso em larga escala desses corantes (SIVAKUMAR, 2009).
É preciso assegurar que a substituição dos corantes sintéticos por corantes naturais não vai
simplesmente transformar o tecido industrializado em tecido artesanal, e sim dar origem a um
tecido mais amigo do meio ambiente com o mesmo padrão anteriormente alcançado com os
corantes sintéticos (GUESMI, 2011).
Assim, acredita-se ter sido importante investigarmos mais sobre o tema, pois tal investigação
possibilitou estudar formas de extração e utilização sustentável de recursos naturais para a
produção de corantes e também questões relevantes que devem ser observadas para viabilizar
seu emprego no tingimento de tecidos.
Atualmente estar na moda é ter uma preocupação com o meio ambiente, com o
desenvolvimento sustentável e fazer algo que contribua para mudar os rumos atuais do
consumo e possibilite a interação entre o homem e a natureza de forma mais harmoniosa. O
uso de corantes fez e faz parte da cultura dos homens, sempre utilizado na alimentação, no
corpo e também nas roupas. (PEZZOLO 2007)
Portanto, para realizar esta pesquisa indagou-se: Como poderemos utilizar corantes naturais
para tingimento de tecidos que eram empregados para essa finalidade há mais de 3000 anos
na indústria têxtil moderna?
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2 OBJETIVOS
3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Parece ser apenas uma questão de tempo que sejamos forçados a olhar para os recursos
renováveis para satisfazer nossa necessidade de materiais de uma forma sustentável. O
conceito de sustentabilidade foi esquematizado por Khalil e colaboradores (2012) conforme
está ilustrado na Figura 1.
Ljungberg (2007) aponta ainda, que o excesso de população é outro fator de dificuldade para
a sustentabilidade, o mundo poderá ter mais de dez bilhões de habitantes até 2025. O eco-
sistema em todo o mundo deve ser tratado, a fim de proteger as plantas e animais. O ambiente
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21
deve ser visto como uma parte do processo de desenvolvimento e não pode ser explorado
livremente sem consequências. As repercussões do desenvolvimento devem ser vistas numa
perspectiva de longo prazo, a fim de minimizar o impacto para gerações futuras.
Manzini e Vezzoli (2008) nos informam que o conceito do ciclo de vida refere às trocas entre
o ambiente e o conjunto dos processos que acompanham o “nascimento”, “vida” e a “morte”
de um produto. Dito de outra forma, “o produto é interpretado em relação aos fluxos – de
matéria, energia e emissão – das atividades que acompanham durante toda a sua vida”.
A indústria têxtil e o vestuário são baseados em ciclos rápidos de tendências de moda que
visam produzir continuamente novas necessidades para os consumidores. O ciclo de vida dos
produtos está encurtando e as empresas querem substituir seus produtos num ritmo crescente.
O mundo contemporâneo tem atribuído valor aos produtos conhecidos como “verdes”, ou
seja, aqueles que incorporam exigências e preocupações sustentáveis com o meio ambiente.
Os produtos deveriam incorporar as exigências do mercado além de buscar traduzir essas
preocupações no próprio design dos produtos. Afinal o uso atribuído ao produto pela
população em geral leva sempre em consideração aspectos da vida cultural, da estética e
razões emocionais (NIINIMÄKI, 2011).
Desde o início do século XXI, vários estilistas têm feito uso do conceito de reutilização e
reformulação na concepção de produtos de moda. No entanto, uma mentalidade sustentável
ainda precisa emergir como um todo, afinal não basta que tenhamos produtos sustentáveis, é
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necessário que toda a sociedade incorpore um novo estilo de vida que reveja conceitos de
estilo de vida e consumo, enquanto isso a indústria continuará a projetar e fabricar têxteis e
vestuário em meios tradicionais.
Manzini (2008) por sua vez, tem nos apontado que as inovações sociais em geral referem-se a
novas estratégias, conceitos e métodos para atender necessidades sociais dos mais diversos
tipos (seus campos de atuação são os mais variados, condição de trabalho, lazer, educação,
saúde, etc.).
Neste livro, o autor foca na contribuição que a inovação social poderá dar ao tema do design
para a sustentabilidade, em termos de design estratégico e, sobretudo, de design de serviços.
O autor cita algumas formas de conduzir a sustentabilidade tais como: mudar a perspectiva,
focando as soluções alternativas no processo ao invés de focar nos produtos.
Uma solução sustentável é o processo por meio do qual, produtos, serviços e conhecimentos
são estimulados em um sistema que objetiva facilitar ao usuário a obtenção de um resultado
coerente com os critérios de sustentabilidade.
A indústria têxtil afeta diretamente grande parte da população mundial, pois o algodão dá
sustento a cerca de um bilhão de pessoas em 80 países segundo a Organização de alimentos e
agricultura das Nações Unidas (FAO). O que vestimos nos afeta muito mais do que
imaginamos. (LEE, 2009).
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Ainda segundo Lee (2009), na segunda metade do século XX, dois tecidos dominaram o
mundo: o algodão e o poliéster. Esses tecidos tiveram grandes impactos nos armários da
sociedade como também tiveram uma relevância social, econômica e política. Os tecidos
sintéticos levaram a alta costura para as ruas. Com o surgimento desses tecidos, as redes de
lojas regularmente compravam vestidos dos desfiles de Paris para copiá-los para o mercado
de massa. Esses tecidos fizeram com que os consumidores começassem a esperar mais
variedade em padrão, textura e estampas.
Entretanto esses dois produtos que tanto contribuíram para a popularização da moda, também
estão intimamente ligados à degradação ambiental, o “Poliéster não é biodegradável –
portanto tudo que jogamos nos lixões ao redor do globo vai permanecer conosco por mais 200
anos.” O cultivo do algodão no mundo depende de pesticidas altamente tóxicos e estão
matando milhões de agricultores, sendo um dos plantios mais poluentes.
Com as exigências da ISO 14000, a questão ambiental tem sido incorporada por, algumas
empresas têxteis brasileiras desde a década de 90. O tratamento de efluentes, e importantes
alterações no processo produtivo foram estratégias encontradas para reduzir os prejuízos
ambientais. Além disso, a implantação de projetos de educação ambiental e intervenção social
têm sido utilizadas para minimizar e ampliar as repercussões das ações. (SCHULTE e
coloboradora, 2008).
É uma inovação na indústria mundial da moda, que pode ser utilizado em qualquer tipo de
roupa ou acessório (na confecção de camisetas, vestidos, calças, bolsas, cintos ou calçados).
Ao contrário de outros produtos do mercado, o ecovogt, que é uma fibra de origem vegetal, se
decompõe em dois anos, enquanto o algodão, que também é uma fibra de origem vegetal,
demora 10 anos, e o poliéster leva um século. Entretanto uma marca inglesa já fazia uso do
poliéster mais popular que é o polietileno tereftalato (PET), matéria prima das garrafas
plásticas de bebidas. A Patagônia, primeira marca de roupas a utilizar as PETs recicladas para
fazer uma lã de poliéster chamada Fleece foi responsável pela reciclagem de mais de 86
milhões de garrafas. (SCHULTE e colaboradora, 2008; LEE, 2009).
Hoje em dia a idéia de bem-estar das pessoas está relacionada a uma disponibilidade sempre
maior de produtos e serviços. Considerando os limites do planeta, isso precisará mudar nos
próximos anos e o problema comum dos profissionais do design é facilitar uma mudança que
aconteça de forma menos drástica, criando condições para que isso possa acontecer não como
uma necessidade, mas como uma escolha.
A inovação social é outro ponto que o autor discorre no texto. Mudanças no modo como os
indivíduos ou comunidades agem para resolver seus problemas devem criar novas
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oportunidades, onde a busca por soluções concretas, acabam por reforçar o tecido social,
gerando e colocando em prática idéias novas e mais sustentáveis de bem-estar.
Neste contexto, o qual tornou o caráter sustentável como algo não mais diferenciador e sim
como algo essencial, a utilização de materiais não nocivos ao meio ambiente, como materiais
renováveis, e mais especificamente a utilização de corantes naturais, como matéria prima para
o design de produtos têxteis, constitui parte importante no desenvolvimento sustentável.
Segundo Thomas Lovejoy, em recente artigo publicado na revista Veja (20 de junho, 2012
p.134):
...Evidentemente, o tempo está se esgotando para que consigamos evitar deixar
como herança para as próximas gerações um planeta degradado. Não se trata apenas
de olhar para o futuro longínquo. Muitas pessoas nascidas nesta década estarão vivas
até o fim do século para vivenciar as conseqüências do sucesso ou do fracasso dos
nossos esforços. Quanto mais esperarmos, mais duras e menos numerosas serão as
escolhas...
...Quatro bilhões de anos de evolução produziram uma diversidade impressionante
de plantas, animais e organismos lindos, intricados e fundamentais para o
desenvolvimento sustentável. Não devemos virar nossas costas para ele, mas sim
celebrá-lo e protegê-lo com toda a inventividade que possuirmos..
Pigmentos são substâncias sólidas, finamente dispersas e geralmente insolúveis nos mais
diferentes meios, que são utilizadas para conferir aos materiais e objetos propriedades como
cor, brilho, obscuridade, condutividade elétrica, propriedades magnéticas, resistência química,
resistência à luz e efeitos luminosos. Por outro lado, corantes são substâncias fortemente
coloridas que, ao contrário dos pigmentos, geralmente se solubilizam na maioria dos solventes
(BESSLER, 2004). Os corantes podem ser utilizados para conferir cor a uma infinita
variedade de materiais descritos tecnicamente como substratos, porém sua aplicação mais
importante sempre foi o tingimento de fibras e tecidos têxteis.
Há milhares de anos o homem utiliza corantes de origem mineral, animal e vegetal para
decorar objetos e utensílios, fazer pinturas, tingir fios e tecidos. O primeiro registro escrito
conhecido que faz referência aos corantes naturais e a sua utilização data de 2600 A.C.
(PEZZOLO, 2007). Nessa época, a cor das roupas indicava a posição social: Amarelo para os
imperadores, violeta para as esposas. Já o azul, vermelho e negro eram cores destinadas aos
cavaleiros.
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Ainda de acordo com a autora, o uso de corantes e das substâncias que garantiam sua fixação
era conhecido dos egípcios; A Garança ou Ruiva (vermelho) e o Pastel (diversos tons de azul)
foram os dois principais corantes utilizados na Idade Média (476 a 1453). Nessa época, os
tintureiros utilizavam o alúmem para fixar as tintas.
Quando Vasco da Gama encontrou o caminho marítimo para as Índias teve início uma nova
era das tinturas naturais. Após aprender com os povos da Ásia, sobre o uso dos corantes, os
Europeus se aperfeiçoaram na tecnologia da tintura, utilizando corantes vegetais e animais
quase na totalidade de seu trabalho, fato que se estendeu até meados do século XIX.
Em 1856, o químico inglês Willian Perkin preparou pela primeira vez num laboratório, um
corante a partir de anilina, dando início a era dos corantes sintéticos. Em resposta à crescente
demanda da indústria têxtil, em 1868 foi desenvolvido um processo para síntese de alizarina
(corante vermelho de origem vegetal), em 1880, para o índigo (corante azul de origem
vegetal) e, até a virada daquele século, já estava estabelecida uma potente indústria de
corantes sintéticos (BESSLER, 2004).
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mais permanentes. Os mordentes mais comuns são o alúmen, sulfato de cobre, dicromato de
potássio, sulfato ferroso e tanino.
No trabalho desses autores foram apresentados resultados de um estudo realizado para avaliar
fontes de corantes naturais na Áustria. Este estudo partiu de cerca de 50 diferentes tipos de
plantas que poderiam ser usadas como matérias-primas para extração de corantes. De acordo
com os autores, foi feita uma seleção que obedeceu aos seguintes critérios:
Cristea e colaborador (2006) reportaram que a maioria dos corantes naturais possui
propriedades de solidez a luz pobre ou moderada, ao passo que os corantes sintéticos
abrangem uma ampla faixa de propriedades de solidez à luz que vão desde pobre a excelente.
Segundo esses autores, para a análise da solidez à luz de corantes, o estado físico do corante
no substrato tem maior influência do que a própria estrutura química da molécula do corante.
Neste caso, quanto mais finamente disperso estiver o corante no interior da fibra, mais
rapidamente ele se desvanecerá. Fibras com agregados maiores de corante possuem maior
solidez à luz porque a área superficial do corante exposta à luz e ao ar é menor.
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Uma maneira de investigar a relação entre o estado físico de um corante no interior da fibra e
sua solidez à luz é através da análise das curvas de desvanecimento do corante. De acordo
com os autores, foram descritas cinco tipos de curvas para a taxa de desvanecimento para
corantes sintéticos (Figura 4):
Figura 4. Diagrama de Gile das curvas de taxa de desvanecimento (% variação da concentração versus tempo)
Fonte: Adaptado de CRISTEA, 2006.
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Figura 5. Curvas da taxa de desvanecimento para os corantes naturais: pastel, lírio dos tintureiros e ruiva.
Fonte: Adaptado de CRISTEA, 2006.
De acordo com as curvas da Figura 5, o corante Ruiva e o corante Lírio dos Tintureiros se
comportaram de acordo com a curva tipo II (Figura 4). Já o corante Pastel exibiu
comportamento do tipo III (Figura 4) sugerindo que o corante formou agregados grandes
dentro da fibra, os quais reduziram a área superficial do corante acessível ao oxigênio, à luz e
umidade.
Vale a pena ressaltar que os autores destacaram a necessidade de estudos mais aprofundados
para que seja possível tirar o máximo proveito dos corantes naturais. O uso de aditivos para
aumentar a solidez dos corantes naturais foi mencionado como uma estratégia fundamental
para aumentar viabilidade de utilização de tais corantes.
O trabalho dos autores envolveu um estudo das condições de extração alcalina de corante a
partir de folhas de hena com o objetivo de alcançar um bom tingimento de tecido algodão.
O meio alcalino realmente otimizou a extração do corante das folhas de hena. As propriedades
de resistência à lavagem, resistência à fricção e solidez à luz das amostras de tecido de
algodão ficaram entre moderadas e boas sem a utilização de mordente.
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De acordo com os autores, para se obter um corante híbrido pode-se seguir duas estratégias.
Na primeira delas, os corantes naturais são modificados através de reações químicas e
aplicados em combinação com outros corantes naturais. Na segunda estratégia, corantes
naturais são combinados com corantes sintéticos derivados de recursos não sustentáveis.
Neste trabalho foi mostrado como o processo de tingimento híbrido é capaz de reduzir o
número de etapas dos processos de tingimento e os custos dos processos de tingimento e de
outros processos de engenharia envolvidos, incluindo os custos de tratamento de água. Além
disso, os autores enfatizaram que os consumidores são receptivos ao conceito de corantes
híbridos porque sua relação com recursos sustentáveis fica bastante clara.
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Com objetivo de desenvolver uma técnica de extração eficiente para corantes naturais
Sivakumar e colaboradores (2009), fizeram um estudo comparativo da extração de corante
natural utilizando ultrassom com o processo convencional que utiliza agitação magnética.
Nesse estudo específico, foi utilizada a beterraba como recurso natural para extração do
corante.
De acordo com a explanação dos autores, quando um líquido é irradiado por ultrassom
aparecem microbolhas que crescem e oscilam extremamente rápido e até colapsam
violentamente se a pressão acústica for alta o suficiente. A ocorrência desses colapsos perto
de uma superfície sólida irá gerar micro-jatos e ondas de choque. Além disso, a alta micro-
agitação presente na fase líquida em torno das partículas aumenta a transferência de massa e
calor e até mesmo a difusão de espécies no interior dos poros do sólido.
Dando continuidade aos estudos de extração de corantes naturais com o uso do ultrassom,
Sivakumar e colaboradores (2011) exploraram outras fontes naturais de matéria-prima
(Tabela 1). Justificaram esse investimento pela expectativa de rápido crescimento dos
corantes naturais em um futuro próximo. Segundo os autores, a demanda global dos corantes
naturais ao redor do mundo é de cerca de 10.000 toneladas, o que equivale a 1 % do consumo
mundial de corantes sintéticos.
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foi o desenvolvimento de um processo em sistema aquoso que fosse ao mesmo tempo efetivo
e sustentável sem a presença de solventes orgânicos.
Para realização de seu trabalho, Leitner e colaboradores (2012), observaram que era preciso
uma estratégia de tingimento com corantes naturais que pudesse superar os seguintes
aspectos:
• Devido ao baixo teor de corante no material vegetal a extração deve ser feita somente
em água. Caso contrário, enormes quantidades de extratos quimicamente
contaminados serão liberadas durante a etapa de extração, o que é inaceitável no que
diz respeito tanto aos custos como ao perfil ecológico do processo.
• Enormes quantidades de material vegetal precisam ser manuseadas durante a colheita,
armazenagem e extração.
• É necessária uma padronização para minimizar os efeitos da variação do material
vegetal.
O processo de tingimento com corante natural deve ser possível de ser realizado nos
equipamentos disponíveis nas indústrias têxteis modernas sem a necessidade de grandes
investimentos.
De acordo com os autores, uma estratégia para superar tais barreiras técnicas, seria produzir
corantes naturais sólidos através da precipitação dos corantes a partir dos extratos vegetais.
Neste contexto, os autores reportaram a obtenção e caracterização de um corante natural
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sólido produzido a partir de extrato da vara dourada (Solidago canadensis), um vegetal com
alto teor de tanino na casca.
A produção do corante sólido foi alcançada através de operações básicas tais como extração,
precipitação, sedimentação, filtração e secagem. Além disso, o corante sólido que é solúvel
em ácidos diluídos, resultou em tingimento comparável ao tingimento com o uso direto dos
extratos vegetais.
O trabalho de Guesmi e colaboradores (2011) enfocou vários parâmetros que devem ser
controlados para que a reprodutibilidade com corantes naturais seja alcançada.
A partir desta matéria prima são obtidos dois corantes principais: indicaxantina e betanina
conforme foi demonstrado através do aparecimento dos picos característicos obtidos por
espectrofotometria visível e ultravioleta (UV-Vis) de tais corantes (Figura 8).
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Lago de corante se refere a uma técnica na qual é obtido um pigmento (sólido) através da
precipitação do corante em solução com um sal metálico. O sal metálico deve ser inerte e
insolúvel no corante além de ter baixa capacidade de tingimento. Desta forma o corante é que
vai determinar quais os comprimentos de onda que são absorvidos e refletidos pelo
precipitado resultante.
Conforme os autores, a escolha de tal estratégia para estudar os corantes naturais se baseou
em duas premissas:
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36
A qualidade dos produtos tingidos com corantes naturais precisa alcançar um padrão mínimo
em termos de solidez, nivelamento e reprodutibilidade. Somente para produtos de nicho e os
chamados eco produtos, é possível haver alguma flexibilidade.
Uma desvantagem dos corantes naturais, independente de qual seja a fonte vegetal, é a baixa
concentração de corante presente nos extratos obtidos. Concentrar o extrato através de
evaporação consome uma grande quantidade de energia. As técnicas de concentração que
utilizam membranas demandam um investimento de capital considerável. Por isso, para o
tingimento com corantes naturais é recomendado o uso direto do extrato. Para isso é
necessário o preparo do extrato no próprio local onde é realizado o tingimento acarretando
alguns problemas de manuseio.
Neste caso, grandes quantidades do material vegetal terão que ser processadas no próprio
local e o descarte dos resíduos extraídos precisará ser gerenciado. Além disso, será necessário
possuir equipamento adequado para extração.
Segundo Ali e colaboradores (2012), a formação de lagos de corante sólido pode ser uma
estratégia promissora para superar esses inconvenientes. Sais de alumínio podem ser usados
para precipitar lagos de corante que poderiam ser usados como corantes concentrados.
|16
37
Redes neurais artificiais são técnicas computacionais que apresentam um modelo matemático
inspirado na estrutura neural de organismos inteligentes e que adquirem conhecimento através
da experiência. As redes neurais possuem nós ou unidades de processamento. Cada unidade
possui ligações para outras unidades, nas quais recebem e enviam sinais. Cada unidade pode
possuir uma memória local. Essas unidades são a simulação dos neurônios, recebendo e
retransmitindo informações.
Uma rede neural pode possuir uma ou múltiplas camadas. Exemplificando com três camadas,
poderíamos ter a camada de entrada, em que as unidades recebem os padrões; a camada
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38
Neste trabalho, os autores utilizaram tais simulações para prever a relação entre as variáveis
experimentais (pH, tempo de extração e quantidade de sementes de urucum usada para
extração) e a quantidade de corante extraído (variável de resposta).
A radiação com comprimento de onda entre 400 nm e 700 nm que é visível para o olho
humano é chamada de luz. A luz correspondente ao comprimento de onda em 400 nm é vista
como azul, em cerca de 500 nm muda para verde, em torno de 550 nm passa para amarela,
perto de 600 nm ela se transforma em laranja e acima de 650 nm fica vermelha. A luz branca
é uma mistura de todas essas cores. Dependendo da quantidade de energia que será emitida
em cada comprimento de onda, a fonte de luz aparece mais fria (mais radiação azul, por
exemplo, a luz do dia) ou mais quente (mais radiação vermelha, por exemplo, lâmpada
elétrica) (SOARES, 1991).
Quando um objeto é iluminado pela luz branca, alguns dos diferentes comprimentos de onda
serão absorvidos e outros serão refletidos. Um objeto azul absorve comprimentos de onda
amarelo e vermelho, somente a radiação azul será refletida. A luz azul será vista pelos nossos
olhos e o objeto será percebido como azul. O mesmo princípio pode ser aplicado para as cores
verde, amarela e vermelha conforme está mostrado na Figura 9 (SOARES, 1991).
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39
O LAB e o LCH são sistemas subtrativos de cor propostos pela Commision Internationale
L'Eclairage – CIE e são os mais utilizados pela indústria têxtil. Tais sistemas se baseiam na
diferença (D) entre os valores obtidos para a amostra padrão em relação à(s) amostra(s). Estas
diferenças são importantes para que sejam criados valores limites aceitáveis para o controle de
qualidade. O espaço LAB utiliza três eixos (Figura 10):
L*: luminosidade:
0 indica preto perfeito, 100 indica branco perfeito. Se seguirmos os eixos L*, vamos
ver todos os tons de cinza.
a*: eixos vermelho-verde:
Valores de a* positivos caracterizam cores vermelhas, valores negativos de a*
designam cores verdes.
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40
Figura 10. O Espaço de Cor CIELAB, com as coordenadas L*, a*, b*.
Fonte: http://www.quimanil.com.br/empresa/informacoes_detalhe.php?id=7. (acessado em 17/09/2011).
É através destas três coordenadas, que podemos localizar a cor no espaço LAB. Ao
realizarmos a medição da(s) amostra(s) contra o padrão desejado. O espectrofotômetro nos
retorna os valores destas coordenadas que podem ser positivas ou negativas.
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41
O DE é o valor que define a diferença total da cor da amostra em relação ao padrão. Este é um
dos métodos existentes para aprovação/reprovação da(s) cor(es). O DE pode ser calculado
pela equação abaixo.
Figura 11. O Espaço de Cor CIELCH, com as coordenadas L*, C*, h*.
Fonte: http://www.quimanil.com.br/empresa/informacoes_detalhe.php?id=7
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42
Aplicando o sistema LCH para avaliar a qualidade do tingimento de lã com a chalcona usando
diversos mordentes, os autores chegaram aos resultados apresentados na Tabela 3.
Mordente L* a* b* C* h*
De acordo com a Tabela 3 o uso do cloreto estanoso como mordente para tingimento da lã
provocou as seguintes alterações em relação ao controle (sem mordente: O tom se tornou mais
escuro (L* diminuiu), mais vermelho (a* aumentou), mais amarelo (b* aumentou) e
especialmente mais saturado e brilhante (C* aumentou). Esta importante variação com o uso
do cloreto estanoso foi atribuída pelos autores a uma possível complexação entre a chalcona e
o estanho que não ocorreu com os outros mordentes.
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43
diferenças entre os complexos formados nas várias condições de tingimento usadas e envolve
também o pH da solução do banho de tingimento.
Valores obtidos através dos sistemas CIELab and CIELch para amostras de fios de lã tingidos
com tal extrato, foram apresentados conforme ilustrado na Figura 12.
Figura 12. Gráfico a*_b* de fios de lã tingidos. (1) 12% “gallnut”, (2) 6% “gallnut”, (3) 1% SnCl2 (mordente) +
12% “gallnut”, (4) 1% SnCl2 + 6% “gallnut”, (5) 10% alúmen (mordente)+ 12% “gallnut”, (6) 10% alúmen +
6% “gallnut”.
Fonte: Adaptada de SHAHIDE, 2012.
Em relação ao gráfico da Figura 12, os autores reportaram que as amostras com mordente se
deslocaram um pouco para a coordenada amarela na zona amarelo-vermelho dentro do espaço
de cor CIELab. Tal deslocamento foi maior para as amostras nas quais o alúmen foi usado
como mordente.
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44
A cor do tecido, assim como suas características (porosidade, peso e espessura) além da
composição química, tem um papel fundamental na atenuação da radiação solar ultravioleta e
consequentemente na proteção dos tecidos humanos. Tecidos tingidos protegem mais do que
os não tingidos e o nível de proteção aumenta com o aumento da concentração de corante
(GRIFONI, 2011). Segundo os autores, em geral, cores claras refletem a radiação solar de
maneira mais eficiente do que as cores escuras, porém parte da radiação penetra mais
facilmente através do tecido graças ao espalhamento múltiplo. Os autores ressaltaram ainda
que a maioria das pesquisas que envolvem a proteção contra raios ultravioleta está relacionada
com corantes sintéticos.
Segundo os autores, são poucos os corantes naturais que tingem tecidos naturais com
eficiência sem auxílio de mordentes. Um tingimento mais ecológico pode ser alcançado com a
substituição de mordentes metálicos por mordentes naturais, tais como taninos vegetais ou
ácido tânico, embora a toxicidade ambiental do alúmen de potássio ou do sulfato de alumínio
seja quase nula.
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45
Dentre os resultados encontrados, foi mostrado que em tecidos drapeados, fabricados com
fibras vegetais, espessos e densos com fator de cobertura (FC > 94%), a proteção contra raios
ultravioleta geralmente é boa, mesmo quando os tecidos não estão tingidos. Além disso, o uso
de mordentes a base de taninos elevava o nível de proteção para muito bom ou mesmo
excelente e o tingimento não acrescenta proteção extra. Os tecidos mais leves, geralmente
usados em vestuário, exibiram alta proteção aos raios ultravioleta quando estavam apenas
tingidos (sem mordente), desde que tivessem FC acima de 94%.
Materiais têxteis são conhecidos por serem suscetíveis ao ataque microbiano. Os tecidos
oferecem grande área superficial e absorvem umidade, gerando assim as condições adequadas
para o crescimento e multiplicação microbiana. Nos últimos anos tem havido uma tendência
crescente para o desenvolvimento de tecidos que sejam imunes ao ataque microbiano
(DASTJERDI, 2010).
Um aspecto interessante dos corantes naturais que vem sendo abordado na literatura é a
atividade antimicrobiana da matéria prima para extração de corantes naturais.
Os recursos naturais dos quais foram extraídos os corantes em estudo são partes de plantas
facilmente encontradas em regiões tropicais e subtropicais (Figura 14).
Os tecidos de seda tingidos com corantes naturais derivados de tais matérias primas
apresentaram solidez razoavelmente boa.
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Figura 14. (a) Morinda citrifolia, normalmente conhecido por noni; (b) amendoeira-da-praia; (c) Tectona grandis
(Teca); (d) Jaqueira.
Os corantes retratados apresentaram resultados promissores na obstrução do crescimento de bactérias
patogênicas e fungos, mesmo após os tecidos terem sido submetidos a cinco ciclos de lavagem.
De acordo com o relato dos autores, os testes antimicrobianos, demonstraram que os tecidos
tingidos possuem um alto potencial para aplicação em roupas de proteção contra infecções
comuns com a perspectiva de utilização em clínicas e hotéis.
Nos experimentos comparativos realizados com a lã tingida e não tingida, foi observado que à
medida que a concentração de corante era aumentada a zona de inibição de micro-organismos
também aumentava. Tal comportamento foi evidente para todos os micro-organismos
testados.
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Apenas para ilustrar o extenso trabalho dos autores, a Figura 16 mostra o resultado da cor dos
fios de algodão tingidos com corante de casca de cebola.
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Tanino é um produto vegetal adstringente encontrado em várias partes das plantas tais como
casca, madeira, fruto, vagens, folhas, raízes e galhos. Os taninos são definidos como
compostos polifenólicos solúveis em água de ocorrência natural. Possuem alta massa molar
(500-3000 g mol-1) e grupos hidroxila fenólicos que possibilita a eles formar ligações
cruzadas entre proteínas e outras macromoléculas.
Segundo os autores, por conter compostos fenólicos, é possível produzir tecidos com boa
atividade antibacteriana usando somente o extrato do revestimento da semente de tamarino
como mordente. A única limitação, é que os tecidos assim tratados não mantêm as
propriedades incorporadas por mais de cinco lavagens. Com o auxílio do mordente sulfato de
cobre, a permanência da atividade antibacteriana do algodão, lã e seda, foi aumentada pra até
vinte lavagens.
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4 PARTE EXPERIMENTAL
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4. 2 – Materiais
VEGETAL PARTE
NOME CIENTÍFICO
Hibisco Flores
Hibiscus
Cebola Casca
Allium cepa
Urucum Sementes
Bixa orellana
Café Pó de semente seca
Coffea arabica
Açafrão da Terra Raiz
Curcuma longa
Açaí Polpa e/ou epicarpo
Euterpe oleracea
Tabela 7. Vegetais que foram usados na produção dos extratos corantes
Outros materiais que foram utilizados: etanol (Synth), hidróxido de sódio (Synth),
bicarbonato de sódio (Synth), uréia (Synth), ácido tânico (Sigma-Aldrich). Esses reagentes
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51
foram usados conforme recebidos, isto é, sem nenhum procedimento para aumentar a pureza
ou retirar umidade.
4.3 – Métodos
Extração do corante
Para se extrair o corante natural a partir da matéria prima vegetal, 1g da parte utilizada do
vegetal foi pesada em balança analítica de laboratório e colocada em becker com 40 ml do
meio de extração.
Meio de extração: Foram realizadas extrações de corantes naturais em água, solução aquosa
de hidróxido de sódio (1,0 M), solução aquosa de bicarbonato de sódio (1,0 M) e solução
aquosa de ureia (1,0 M).
Figura 19. Interior da cabine do sonificador ressaltando a ponteira que fica mergulhada na solução (esquerda) e
painel de controle dos parâmetros (direita).
Em ambos os processos, a solução com o extrato corante extraído foi separado do resíduo de
vegetal através de filtração simples utilizando uma tela de nylon.
Aplicação no tecido
O extrato corante foi aplicado à amostra de tecido de algodão pela técnica de imersão durante
um tempo de 20 min à temperatura ambiente. Após esse tempo as amostras ficavam em estufa
de laboratório em temperatura de 60 0C por 24 h para secagem.
Presença de mordente: Todos os tingimentos com corantes naturais foram realizados sem a
presença de mordentes exceto nos casos da extração do corante de urucum realizada em água
com agitador magnético. Neste caso o tingimento do tecido de algodão foi feito nas mesmas
condições anteriores, porém na presença de dois tipos de mordentes e pela técnica pré-
mordente. Na técnica pré-mordente, primeiramente o mordente é aplicado ao tecido também
por imersão da amostra do tecido na solução aquosa do mordente.
Como mordentes foram utilizados o ácido tânico e uma resina sintetizada em laboratório a
base de poli(ácido itacônico), doravante denominada ITA.
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4.4 – Caracterização
Análise gravimétrica: Foi executada para encontrar a massa total extraída do vegetal.
A tela utilizada para filtração foi previamente pesada em balança analítica (mi). Após a
filtração, a mesma tela com o resíduo vegetal foi colocado em estufa de secagem por 24 h a
60 0C, resfriado em dessecador e novamente pesado (mf). A massa de resíduo foi calculada
pela diferença entre mi e mf. A massa de corante extraída foi calculada pela diferença entre a
massa inicial usada para extração e a massa de resíduo que ficou na tela.
A comparação entre a extração feita com sonificador (US) e agitador magnético (AM) foi
estimada da seguinte forma:
Microscopia óptica: Amostras de tecido foram avaliadas quanto ao aspecto visual utilizando
um microscópio Leica DM 2500 M (modo transmissão) que produz aumento resultante do
aumento da objetiva e do aumento ocular.
Teste de solidez à lavagem: Foi realizado de acordo com o procedimento relatado por Schmitt
e colaboradores (2005). Neste teste as amostras de tecido tingido foram colocadas entre duas
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54
amostras de tecidos não tingidos (tecidos testemunhos) que foram costurados formando um
“sanduíche”. Esses “sanduíches” foram imersos em um banho contendo 5 g/L de detergente
padrão (lauril sulfato de sódio) e 2 g/L de carbonato de sódio comercial, com uma relação de
banho de 1 g de material para 50 ml de banho previamente preparado a 60 0C por 45 min. Em
seguida retirou-se a amostra e secou-se em estufa de laboratório também a 60 0C por 2 h.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 - Produção da cartela
A cartela de cor foi confeccionada a partir das amostras de tecido tingidas durante os
experimentos. A proposta foi produzir um material de divulgação dos corantes naturais
utilizados, indicando no verso de cada amostra os parâmetros que foram mais controlados tais
como tipo de meio, agitação e fonte vegetal da qual o corante foi extraído para produzir a cor.
Acredita-se dessa forma contribuir para que outras pessoas ligadas aos diversos segmentos
que utilizam corantes se interessem em investir no aperfeiçoamento dos corantes obtidos e
também na obtenção de corantes vegetais derivados de outras fontes vegetais, tendo como
perspectiva o desenvolvimento econômico, social viável e ambientalmente sustentável.
Para a produção da cartela foi utilizada fotos das amostras. Cada palheta da cartela será
representada por um dos corantes estudados e os parâmetros que foram controlados durantes
os testes de laboratório. Abaixo, uma foto da cartela já impressa. (Figura 20)
Figura 20. Cartela de cor produzida a partir dos teste com corantes naturais.
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5.2 – Discussão
Foram realizados experimentos que ilustram a revisão bibliográfica apresentada. Tais
experimentos visaram demonstrar a possibilidade da utilização dos corantes naturais. Porém
uma investigação mais profunda, realizada por profissionais da química e da área têxtil,
certamente será necessária.
Uréia (pH=7) 52 72 47 57 34 28
*Valores inteiros sem casa decimais. ** O valor zero foi atribuído a erro experimental visto que foi obtido o
extrato.
Tabela 10. Valores* obtidos para o rendimento de corante extraído (%) nos diversos meios de extração com o
uso da agitação magnética (AM)
A partir dos dados apresentados na Tabela 9, não é possível fazer uma correlação entre o valor
do pH do meio de extração com o rendimento da extração do corante. Provavelmente isso
ocorre devido à diferença de solubilidade das diversas substâncias corantes nos diferentes
meios de extração. Porém pode-se observar que, de modo geral, valores de pH mais altos
muitas vezes favorecem a extração. O hidróxido de sódio, por não ser uma substância
ambientalmente amigável foi usado somente para fins investigativos. A solução aquosa de
ureia é uma opção ecologicamente correta e apresentou bons resultados para a maioria dos
extratos obtidos. Diante disso, a ureia estaria apta a ser alvo de futuros estudos relacionados
aos meios de extração ecologicamente corretos de corantes naturais.
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açaí
açafrão
urucum
cebola
hibisco
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Rendimento (%)
Figura 21. Rendimento máximo obtido para os extratos das fontes vegetais usadas.
US 52 31 24 51 54 26
AM 61 34 35 51 0 38
*Valores inteiros sem casa decimais. ** O valor zero foi atribuído a erro experimental visto que foi obtido o
extrato.
Tabela 11. Valores* obtidos para o rendimento de corante extraído (%) em água com agitação magnética (AM) e
ultrassom (US)
Conforme pode ser percebido pela Tabela 11, a relação US/AM é no máximo 1 o que
significa que o tipo de agitação não foi determinante no rendimento de extrato obtido.
Lembrando que a extração com AM foi realizada a quente, pode-se inferir que a temperatura é
um parâmetro que tem mais influência no rendimento a extração do que o tipo de extração.
Este resultado ficou em desacordo com aqueles obtidos por Sivakumar e colaboradores (2009
e 2011) reportados no item 3.3. Entretanto, Guesmi e colaboradores (2013) já haviam
reportado que as condições de estabilidade da molécula de corante não devem ser ignoradas
durante o uso da técnica de ultrassom, conforme mencionado também no item 3.3.
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A observação destes autores também poderia explicar os baixos rendimentos obtidos com o
uso de ultrassom. A relação US/AM dos rendimentos obtidos para os diversos corantes pode
ser representada conforme o gráfico apresentado na Figura 22.
1,00
0,95
0,90
0,85
US/AM
0,80
0,75
0,70
0,65
hibisco cebola urucum café açaí
Fontes vegetais usadas
Figura 22. Relação US/AM para os extratos das fontes vegetais usadas.
A influência do meio de extração no resultado final do tingimento pode ser observada através
das fotografias ilustradas na Figura 23.
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Figura 23. Fotografias ilustrando o resultado final do tingimento com a variação do meio de extração.
Conforme pode ser observado na Figura 23, os diversos meios de extração produzem
resultados finais de tingimento diferentes. Tal resultado pode ser explicado pelas
modificações ocorridas na estrutura do(s) pigmento(s) presente(s) no vegetal quando o mesmo
é submetido a diferentes valores de pH. Este é o princípio que fundamenta que certos corantes
naturais podem ser utilizados como indicadores. O extrato do repolho roxo, por exemplo,
varia de tons esverdeados e azuis em pH básico (maior do que 7) para tons roxos e
avermelhados em pH ácido (menor do que 7), conforme ilustra a Figura 24.
Figura 24. Exemplo ilustrativo da influência do pH do meio de extração do corante do repolho roxo.
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O resultado final do tingimento com agitação magnética e ultrassom pode ser observado
através das fotografias apresentadas na Figura 25.
Figura 25. Fotografias ilustrando o resultado final do tingimento com a variação do tipo de agitação para
extração realizada em água.
A Figura 25 demonstra claramente que o tipo de agitação teve pouca ou nenhuma influência
no resultado final do tingimento. Ao contrário do que ocorreu quando se variou o pH do meio,
é possível observar que as cores obtidas foram as mesmas, independente do tipo de agitação.
Tal resultado corrobora que ocorrem modificações na estrutura dos pigmentos dos vegetais
com a mudança de pH do meio e que o tipo de agitação usada para a extração de tais
pigmentos poderá influenciar apenas no rendimento do extrato obtido.
A Figura 26 mostra algumas imagens de microscopia óptica de tecidos tingidos com corantes
naturais com detalhes do tingimento final, ressaltados.
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61
Figura 26. Imagens de microscopia óptica de tecidos tingidos com corante naturais.
O tingimento com urucum extraído em água e ultrassom apresentou maior número de vazios,
isto é, menor poder de cobertura. Este resultado veio ao encontro do resultado obtido para o
rendimento do extrato, que foi maior com a agitação convencional.
O mesmo resultado descrito acima se repetiu com os extratos de urucum obtidos em hidróxido
de sódio. O uso do ultrassom foi menos efetivo, mesmo com a extração realizada em meio
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altamente alcalino. Tal resultado sugere que o uso da temperatura pode ser mais efetivo que o
uso do ultrassom ou mesmo que a mudança do pH do meio de extração para aumentar o
rendimento da extração.
Diante deste último resultado, é razoável pensar que outros fatores além do rendimento da
extração têm influência no resultado final do tingimento. Por exemplo, não seria possível
fazer uma relação tão direta entre a cobertura do corante e o rendimento da extração. Um dos
fatores que poderia ter influência seria o grau de interação entre as moléculas do pigmento
vegetal com as fibras dos tecidos.
Futuras investigações precisam ser realizadas para o controle de parâmetros tais como tempo
de extração e tingimento, temperatura de extração e tingimento além de um estudo das
condições de tingimento para diversos tipos de fibras. Tais investigações fogem do escopo de
uma pesquisa em design sustentável cabendo aos profissionais de química um estudo mais
detalhado.
A Tabela 12 exibe os índices para avaliação do desempenho no teste de lavagem. Tais índices
encontram-se descritos na Tabela 8 e Tabela 9. De acordo com a Tabela 12 verifica-se que os
corantes não apresentaram bom desempenho no teste de lavagem. Conforme já relatado em
literatura (GRIFONI, 2011), tal desempenho melhora bastante com a presença de mordente. O
poli(ácido itacônico) presente no mordente polimérico ITA, é conhecido por promover a
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fixação de pigmentos nos substratos têxteis e é também derivado de fonte renovável assim
como o ácido tânico (tanino).
Amostra Transferência de Cor Alteração de cor
Cebola I (AM água) 5 1
Cebola II (AM bicarb.) 5 3
Cebola III (AM uréia) 5 1
Cebola IV (AM h. sódio) 5 1
Cebola V (US água) 5 2
Urucum I 2 2
Urucum II 2 2
Urucum III 1 2
Urucum IV 1 3
Urucum V 1 2
Açaí I 5 2
Açaí II 5 1
Açaí III 5 1
Açaí IV 4 1
Açaí V 5 1
Café I 5 1
Café II 5 1
Café III 5 1
Café IV 5 2
Café V 5 1
Hibisco I 5 1
Hibisco II 5 2
Hibisco III 5 1
Hibisco IV 5 1
Hibisco V 5 1
Açafrão I 5 1
Açafrão II 5 1
Açafrão III 5 1
Açafrão IV 5 2
Açafrão V 5 1
Tabela 12. Índices obtidos no teste de lavagem dos tecidos de acordo com as Tabelas 8* e 9**
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6 CONCLUSÕES
“Materiais verdes”, no caso os corantes naturais, são a promessa do futuro. Embora tenha
havido muitas realizações promissoras em laboratório, existem vários desafios a serem
vencidos antes que os corantes naturais possam ser produzidos na mesma escala em que são
produzidos os corantes sintéticos.
Um dos principais obstáculos que precisa ser superado é o baixo rendimento da extração dos
corantes naturais. No entanto, através da utilização de estratégias adequadas de extração do
corante é possível superar este inconveniente.
Os resultados dos experimentos ilustrativos realizados nesta pesquisa ficaram de acordo com
a maioria dos resultados encontrados na literatura. Tais resultados se referem ao baixo
rendimento da extração do corante natural, mudança de cor em função do pH do meio de
extração, baixo desempenho do corante no teste de lavagem e necessidade de uso de um
mordente adequado para melhor fixação do corante nas fibras têxteis.
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Hoje, a demanda mundial de corantes naturais está em cerca de 10.000 toneladas, o que é de
aproximadamente 1% dos corantes sintéticos consumidos em todo o mundo. Acredita- se que
a demanda deve crescer rapidamente em futuro próximo.
Mais pesquisas visando a substituição dos corantes sintéticos por corantes naturais são
necessárias. Espera-se com este trabalho contribuir para que mais pesquisadores se interessem
em estudar o assunto.
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Para trabalhos futuros sugere-se fazer associação com indústrias têxteis para um estudo mais
aprofundado sobre a viabilização do uso dos corantes naturais na indústria e também na
possível substituição dos corantes sintéticos.
Sugere-se que sejam feitos testes dos corantes naturais em outros tipos de tecido tais como
poliéster, seda e linho. Acredita-se que o teste na seda seja bastante eficaz devido a trama do
tecido ser mais aberta que o algodão. Além de testes com outras fontes vegetais, diferente das
testadas nesse estudo.
Sugere-se ainda fazer pesquisas com outros tipos de corantes e fontes vegetais de outros
países como a Espanha que também é rica em corantes naturais. Enfim acreditamos ser
necessário realizar estudos de campo, em comunidades indígenas com objetivo de conhecer as
técnicas, o uso dos corantes e as formas de utilização.
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67
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