Apostila - Matérias-Primas para Produção de Biodiesel
Apostila - Matérias-Primas para Produção de Biodiesel
Apostila - Matérias-Primas para Produção de Biodiesel
Tabela – Relação entre produtividade e produção anual de óleos. Fonte: CONAB, 2004.
A relação entre a produtividade agrícola e consequente produtividade de óleo
por hectare de determinadas oleaginosas é apresentada na tabela acima. Nota-se
que a mamona é a cultura que apresenta maior teor de óleo em sua semente.
O babaçu, em contrapartida, é a que apresenta o menor teor de óleo, mas possui
a vantagem de ser nativa. Esta cultura apresenta a maior produtividade de frutos
(cerca de 15 t/ha) e a terceira maior produção de óleo com 0,90 t/ha.
A palma, apesar de possuir quase metade da porcentagem de teor de óleo em
relação à mamona, tem a maior produtividade quando comparada a todas as
matérias-primas correlacionadas, sendo superada apenas pelo babaçu. A produção
de óleo da palma é muito expressiva, cerca de 2,0 t/ha.
Figura – Produção global de biodiesel por matéria-prima. Fonte: Oil Worlds (2017)
1. Óleo de soja
Atualmente, a maior parte do biodiesel produzido pelo Brasil vem da soja. A
soja é reconhecida como um alimento rico em proteínas e lipídios e a sua inclusão
na alimentação humana tem se tornado cada vez maior. Os EUA e o Brasil são os
principais produtores de soja, sendo o Brasil o segundo maior. Grande parte da
produção de óleo brasileira advém dessa leguminosa.
Quanto à produtividade (medida pela razão entre a quantidade produzida
sobre área plantada), o destaque é apenas a região sul do país como a mais
produtiva e com o melhor preço. Com relação ao preço, o principal fator que afeta a
commodity está na variação do preço no mercado internacional sobre sua oferta,
estimulando o setor a concentrar seus esforços para produzir e exportar a maior
quantidade possível de soja, diminuindo, desta maneira, as possibilidades de
produzir biodiesel para o mercado interno brasileiro.
Apesar de a soja possuir um dos menores teores de óleo por peso, ela apresenta
outras vantagens para o seu cultivo, como:
● o rápido retorno de investimento (o objetivo principal de seu plantio é a
obtenção de ração animal);
● é um dos produtos mais fáceis para vender, porque são pouquíssimos os
exportadores (EUA, Brasil, Argentina e Paraguai), mas muitíssimos os
compradores (todos os países), resultando em garantia de comercialização
a preços sempre compensadores;
● pode ser armazenada por longos períodos de tempo;
● tem crescimento relativamente rápido;
● o plantio não é restrito a climas quentes ou frios. Os programas de
melhoramento genético da soja, realizados nas últimas décadas,
possibilitaram a cultura adaptar-se a diferentes latitudes e climas, ocupando
assim grande parte do país;
● seu biodiesel não apresenta qualquer restrição para consumo em climas
quentes ou frios;
● é um dos óleos mais baratos: só é mais caro do que o óleo de algodão e da
gordura animal;
Para extrair o óleo é necessário colocar suas sementes em uma prensa de alta
pressão que as espreme até retirar-se todo o óleo contido nelas. A alta pressão
causa aumento de temperatura o que torna o óleo de coloração escura e sabor
forte. Após a prensa é feito o processo de clarificação e refinação para eliminar
impurezas. O produto final é chamado de óleo virgem ou refinado que deve estar
sem a presença de partículas sólidas e corpos estranhos.
O óleo é composto principalmente por ácidos graxos insaturados,
particularmente o linoléico e o oléico, que são facilmente oxidados nas regiões de
ligações duplas. A oxidação do biocombustível causa:
● aumento da sua viscosidade pela ocorrência de reação de polimerização
envolvendo as duplas ligações;
● em estágios mais avançados, podem levar a formação de materiais
insolúveis, tais como goma e sedimentos, que podem entupir os filtros de
combustível,
● a elevação da acidez que pode ocasionar a corrosão de componentes do
sistema de injeção.
Outras desvantagens:
● baixo teor óleo (18/20%);
● alto índice de iodo;
● baixa estabilidade à oxidação e
● alto teor de fósforo.
2. Gordura bovina
3. Óleo de fritura
Ao invés de ser jogado pelo ralo, o óleo usado pode servir como uma
importante matéria-prima para a produção de biodiesel – afinal, trata-se de óleo
vegetal. E com a vantagem de ser um resíduo, um material fadado a ser descartado,
virtualmente sem valor. Sua captação depende de projetos de coleta voltados a
residências, restaurantes, lanchonetes etc. No Brasil, parte do óleo residual é
destinado à fabricação de sabões, em menor volume, à produção de biodiesel e a
maior parte é descartada na rede de esgoto.
Há três vantagens principais de se utilizar óleos residuais de frituras como
matéria prima para a produção de biodiesel: a) no âmbito tecnológico, com a não
necessidade do processo de extração do óleo; b) no âmbito econômico, devido à
diminuição do custo da matéria prima com o resíduo de fritura; c) no âmbito
ambiental, pois destina-se adequadamente um resíduo que em geral é descartado
inadequadamente no meio ambiente.
O processo de fritura pode ser definido como o aquecimento do óleo em
temperaturas entre 160 e 220 °C na presença de ar durante um período de tempo.
Durante o processo ocorrem as seguintes alterações físico-químicas no óleo:
● Aumento na viscosidade;
● Diminuição do número de iodo (número proporcional ao teor de
insaturação);
● Mudança no aspecto (cor);
● Aumento da acidez devido à formação de ácidos graxos livres;
● Odor desagradável (ranço).
Vantagens:
● Entre as oleaginosas, a cultura do dendê é a de maior produtividade
agrícola, depois do babaçu;
● Possui um dos maiores potenciais de produção de óleo/há ficando atrás
apenas do pinhão manso;
● Pesquisas indicam que o biodiesel produzido a partir do dendê está em
conformidade com as especificações da ANP;
● A grande vantagem do biodiesel de dendê é sua alta estabilidade oxidativa
devido aos teores elevados de ácidos graxos saturados.
Desvantagens:
● O ponto de solidificação do biodiesel de dendê é muito alto, em torno de 15
°C, temperatura comumente verificada em qualquer local de clima ameno
ou temperado. Isso limita a utilização de biodiesel de dendê em regiões de
clima ameno, como o Sul do Brasil.
● Alto custo de implantação da lavoura;
● Longa maturação do investimento: 4 a 6 anos de espera;
● O processamento precisa ser efetuado logo após a colheita (até 48 horas),
caso contrário o óleo se torna rançoso, logo a usina precisa estar próxima da
produção;
● A pesquisa é escassa e os problemas agronômicos são abundantes e
● O resíduo tem baixo valor comercial.
5. Óleo de mamona
6. Óleo de girassol
Algumas vantagens:
● fácil adaptação ao clima, possuindo diversas espécies que se adaptaram por
todo o território brasileiro;
● a planta é totalmente aproveitada, desde as sementes até os ramos.
Algumas desvantagens:
● devido ao alto teor de ácidos graxos insaturados, seu biodiesel apresenta
baixa estabilidade oxidativa.
● óleo nobre para alimentação humana, rico em ácidos graxos poliinsaturados
e benéfico e valorizado para a alimentação.
7. Óleo de algodão
8. Óleo de algas
Vantagens:
● Elas crescem bem rápido, podendo completar um ciclo de crescimento em
poucos dias e duplicar sua biomassa várias vezes por dia;
● Elevado rendimento: As microalgas possuem alto teor de óleo, sendo que,
em alguns casos, esse teor pode chegar a 80% de óleo por peso seco;
● Podem produzir 200 vezes mais óleo por hectare, sem a necessidade de uso
de terras férteis, ou seja, a produção de algas não necessita de grandes
extensões de espaço para cultivo;