Revisão Literatura Cinomose
Revisão Literatura Cinomose
Revisão Literatura Cinomose
UBERLÂNDIA - 2021
CARLOS MANUEL DE ÁVILA
UBERLÂNDIA - 2021
CARLOS MANUEL DE ÁVILA
REVISÃO DE LITERATURA:
CINOMOSE CANINA
BANCA EXAMINADORA
Uberlândia - 2021
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, irmãos e amigos que estiveram comigo nessa árdua caminhada.
Aos animais, seres superiores, que conviveram comigo durante minha formação e a todos
os outros que irão trilhar comigo caminhos de amor e justiça social.
Gratidão.
AGRADECIMENTOS
A todos que me ajudaram de forma direta ou indireta à realização deste estudo. Minha
gratidão.
RESUMO
.
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO 9
Introdução 9
CAPÍTULO 2 – A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 11
Objetivo 12
Revisão Bibliográfica 12
1.2.1.Etiologia 12
1.2.2.Epidemiologia 13
1.2.3.Patogenia 14
1.2.4.Sinais clínicos 15
1.2.5.Diagnóstico 17
1.2.6.Profilaxia 18
1.2.7.Tratamento 20
CAPÍTULO 2 – CONSIDERAÇÕES FINAIS 22
Referências 24
CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO
9
Introdução
No contexto brasileiro, milhares de cães morrem todo ano devido a VCC, e atualmente o
Brasil é considerado um país endêmico quanto a Cinomose. Os sinais clínicos se
desenvolvem pouco tempo após a infecção, acometendo principalmente o sistema
respiratório, gastrintestinal e nervoso. A transmissão ocorre por contato direto ou pelas
vias aéreas através do ar infectado. Os sinais podem ser inespecíficos e os mais ressaltados
na literatura médica veterinária as quais consultamos1, são: perda da coordenação motora,
convulsões e conjuntivite. Esses sintomas se tornam evidentes logo após o período de
incubação que geralmente demora no máximo 15 dias, incluindo manifestações
gastrointestinais e neurológicas. Quando a infecção atinge o Sistema Nervoso Central,
1
Quanto a literatura médica veterinária que consultamos para este trabalho, pode-se ver as referências ao
final deste texto.
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raramente o animal se recupera, e quando isso ocorre, o animal apresenta sequelas pelo
resto de sua vida (MORAES, 2013).
Atualmente não existe nenhum tratamento antiviral disponível, ou seja, nenhuma terapia
eficaz que combata o vírus, por isso é de grande importância a vacinação correta. O
tratamento é sintomático e, portanto, deve ser avaliado de acordo com a evolução da
doença (CRIVELLENTIN e BORIN-CREVELETTIN,2015). Estima-se maior incidência
em períodos em que há falhas no sistema imune, possibilitando a infecção em qualquer
idade, principalmente, quando há diminuição da taxa de anticorpos maternos (BRITO et
al, 2016).
Objetivo
Revisão Bibliográfica
1.2.1.Etiologia
O vírus é constituído por seis proteínas estruturais, sendo três internas (L, N e P) e três
inseridas no envelope (M, H e F). A proteína N (núcleo capsídeo) é responsável pela
proteção do material genético, enquanto as proteínas L e P (complexo polimerase) – estão
envolvidas na transcrição e na replicação do RNA viral (ORSINI e BONDAN,2008).
1.2.2.Epidemiologia
Cães com infecção aguda liberam o vírus através de suas fezes, saliva, urina e exsudatos
(nasal e conjuntival) (SHELL, 1990). No entanto, a transmissão ocorre principalmente
por aerossol e gotículas infectantes provenientes dos animais infectados, se expandindo
rapidamente entre os animais jovens e susceptíveis (NELSON e COUTO, 2010). Além
do contato direto, a infecção também pode se dar através de alimentos ou objetos
contaminados (BAUMANN, 1989). A eliminação viral inicia-se, aproximadamente, sete
dias após a infecção podendo se estender de sessenta a noventa dias (ETTINGER e
FELDMAN,1997; ORSINI e BONDAN,2008).
Em animais de até dois anos e após oito anos de idade, a taxa de infecção pode ser
significativa. Outros fatores que levam os animais a se tornarem suscetíveis ao contagio
são as falhas vacinais e a queda da imunidade. Uma das suspeitas sobre as falhas vacinais
é a grande variabilidade genética dos vírus circulantes.
Vale observar aqui que, o número de animais infectados é maior do que o número de
animais que manifestam os sintomas clínicos da enfermidade, estimando-se que em até
75% dos cães suscetíveis são assintomáticos (GREENE e APPLE, 1990). Porém, esses
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animais eliminam o vírus, o que os tornam uma importante fonte de infecção para outros
animais (POVEY,1986).
1.2.3.Patogenia
Após a inalação, a partícula viral alcança o epitélio do trato respiratório superior em vinte
quatro horas iniciando a multiplicação nos macrófagos teciduais, o que leva a uma
infecção inicial das tonsilas palatinas e dos linfonodos bronquiais. Entre o segundo e
quarto dia após a infecção, através de macrófagos e linfócitos infectados, o vírus
dissemina para outros órgãos linfoides, tais como o baço, o timo, linfonodos
retrofaríngeos e medula óssea. Entre o sétimo e o décimo quarto dia, o animal pode
produzir uma resposta humoral e celular e se recuperar sem maiores transtornos,
dependendo de sua condição imune e da cepa envolvida. Animais com imunidade
comprometida irão desenvolver a doença, ocorrendo a dispersão do vírus pelo trato
digestório, respiratório e nervoso central (POZZA, 2015).
Locais onde há uma alta densidade populacional de animais tais como abrigos, canis, lojas
de animais e clínicas veterinárias constituem ambientes propícios à disseminação do
vírus. Fêmeas prenhas que estão infectadas têm a possibilidade de transmissão via
transplacentária aos filhotes, que pode ocasionar abortos, fetos natimortos, ou nascendo
fracos e imunossuprimidos. Animais que chegam a apresentar sinais neurológicos
costumam não sobreviver ou permanecem com algumas sequelas (GAMA et al., 2007).
1.2.4.Sinais clínicos
Os sinais clínicos da doença dependem do grau de severidade bem como do sistema que
foi afetado. Estudos apontam que cães com idade até três meses apresentam sinais mais
severos e mortalidade mais alta. Dependendo da virulência da cepa do VCC, pode haver
maior mortalidade e o estado imunológico do hospedeiro pode ser mais afetado
(BICHARD, SHERDING,2003; GEBARA et al. 2004).
Na fase gastrointestinal são comuns sintomas como: vômito, anorexia, febre e diarreia
(com sangue ou não). Podendo acontecer infecções bacterianas secundárias (FENNER et
al, 1993, SHERDING,1998, NELSON e COUTO,1998, JAYME,2004, ZANINI e
SILVA,2006).
Comumente a Cinomose pode se apresentar em três formas clínicas clássicas, sendo elas:
aguda, subaguda e crônica, onde a duração e a gravidade da enfermidade estão
diretamente atreladas à virulência da cepa, condições do ambiente e perfil imunológico
do animal. Na fase aguda os sinais neurológicos são a hipersalivação, mioclonias,
tremores, rigidez cervical, convulsões, nistagmo, paresia (que pode evoluir para paralisia
e tetraplegia), ataxia dos membros pélvicos, cabeça pêndula, pedalagem, vocalizações,
incoordenação, contrações musculares rítmicas, estupor e coma. A eliminação viral nessa
fase ocorre de uma a duas semanas, entretanto, cães que apresentam sinais de infecção
somente no Sistema Nervoso Central, geralmente não estão eliminando o vírus para o
meio ambiente (NELSON e COUTO, 2001).
São muitos os fatores que podem levar aos desencadeamentos dos sinais clínicos da
Cinomose canina, dentre eles podemos destacar, por exemplo, as condições ambientais,
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1.2.5.Diagnóstico
O diagnóstico pode ser dado pelo teste imuno enzimático ELISA (enzymoe linked immuno
sorbenta essay) que visa a pesquisa tanto do antígeno como do anticorpo contra a
Cinomose em secreções de mucosa nasal, saliva, conjuntiva, urina, soro e plasma, imuno
fluorescência direta (exame de anticorpos fluorescentes) visando a detecção do antígeno
do CDV em biópsia de coxins digitais, estômago, pálpebra, orelha, tonsila, linfonodos,
língua e cerebelo em até três semanas após o princípio da infecção (BRAZ, 2009).
imuno histoquímica detecta o antígeno viral no epitélio da mucosa nasal, dos coxins e da
pele através do uso do anticorpo monoclonal anti-cinomose (HAINES et al,1999).O
diagnóstico também pode ser realizado através do isolamento viral por meio da
inoculação de amostras clínicas como secreções como nasal e ocular, ou sangue, em
células de linhagem , onde podem ser observados efeitos citopáticos causadas pelo vírus,
como a lise e o arredondamento celular,descolamento da mono camada e formação de
sincício (PLATTET et al,2005;MANGIA et al,2008 apud PORTELA; LIMA e
MAIA,2017).
1.2.6.Profilaxia
Como a Cinomose é uma doença que afeta principalmente animais jovens, é de suma
importância que a vacinação seja realizada quanto antes possível na vida do animal. A
influência dos anticorpos maternos controla o momento em que o animal pode ser
vacinado com segurança, sem que ocorra a neutralização. O Grupo de Diretrizes de
Vacinação (VGG) da WSAVA reconhece que o anticorpo adquirido pelo consumo do
colostro interfere na eficácia da maioria das atuais vacinas essenciais administradas aos
filhotes de cães e gatos no início da vida e recomenda a administração de múltiplas doses
das vacinas essenciais aos filhotes, com a dose final destas sendo dada com dezesseis
semanas de idade ou mais, e então, seguida de uma dose de reforço aos seis ou doze meses
de idade (DAY; SHUTULTZ; SQUIRES,2019).
A vacina contra a VCC atenuada (vírus vivo modificado) induz a uma resposta
imunológica, e consequente proteção em animais hígidos, sendo praticamente 100%
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A imunidade da vacinação contra cinomose é sólida e prolongada, mas não dura a vida
toda, assim, recomendam-se reforços de vacinação a cada um a três anos, dependendo do
nível do risco de exposição (SHERING,2003).
A administração de vacinas vivas modificadas contra o VCC deve ser adiada em cães que
estejam com sinais clínicos de doença compatível com infecção pelo parvovírus
(NELSON e COUTO, 2001). Um fator importante a se considerar sobre o vírus da
cinomose canina é sua grande variabilidade genética, o que pode causar a redução do
valor protetor de vacinas produzidas com cepas antigas. Outro item a ser considerado é
que a existência de novas variantes virais abre caminho para a expansão do VCC para
novos hospedeiros, podendo comprometer a eficácia das vacinas atuais (MARTINS;
LOPES; FRANÇA,2009).
Os cães infectados devem ser mantidos isolados dos demais animais para evitar a
contaminação pelo contato com as secreções e excreções. Além disso, o uso rotineiro de
desinfetantes no ambiente é de extrema importância, já que o vírus é inativado pelo formol
a 0,5%, fenol a 0,75% e pelos desinfetantes à base de amônia quaternária a 0,3%.
(SANTOS,2006).
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1.2.7.Tratamento
Podem ser instituídos o tratamento sintomático, e de suporte, tais como a terapia com
antimicrobianos de amplo espectro para casos de enfermidades bacterianas
concomitantes, uso de expectorantes e bronco dilatadores, antipiréticos e fluidoterapia,
anticonvulsivantes (nos casos de convulsão), os corticosteroides nos casos de lesões
neuronais e edema cerebral),suplementação vitamínica e mineral, protetores estomacais
e nutrição especifica (SORRELLS e SAPOLSKY,2007; CRIVELLENTI e
CRIVELLENTI,2012).
Além dos tratamentos de suporte e sintomático, o soro hiperimune pode ser utilizado, na
fase neurológica, visto que ele tem a capacidade de levar a soro neutralização de vírus
livre visando tentar aumentar a resposta imunológica do animal.
A Ribavirina é aceita como um antiviral eficaz, porém diversos efeitos colaterais são
relatados em diferentes espécies, colocando em questão a utilidade do medicamento. Os
achados clínicos associados à toxicose por Ribavirina incluem sinais gastrointestinais,
anemia hemolítica, hepatotoxicidade, trombocitopenia e supressão da medula óssea
(WEISS et al,1993; ELIA et al,2008; BRIDGES et al,2016 apud PORTELA,2017)
Conforme Oliveira et al (2008), a nutrição parenteral total é indicada para pacientes que
não conseguem se alimentar, devendo ser utilizada sonda esofágica, pois é um recurso
terapêutico onde podem ser administrados nutrientes essenciais diretamente na corrente
sanguínea.
O tratamento deve ser iniciado o mais rápido possível, após a confirmação da doença,
visando fortalecer o sistema imunológico, devendo haver isolamento do animal para
prevenir a disseminação viral. Todas as instalações devem ser desinfetadas.
REFERÊNCIAS
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In. Brito, H. V. Corat, M. A. F.; Santos, M.R.; Gilioli, R.; Passos, L.A.C.; Lancellotti, M.;
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infecção pelo vírus da cinomose, através do transplante alogênico de células
mononucleares de medula óssea. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária
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DEEM S. L.et al. Canine distemper in terrestrial carnivores: are view. Journal of
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GEBARA, C. M.S.et al. Lesões histológicas no sistema nervoso central de cães com
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