Júlio Fernandes e o Projeto de Um Jornal Equilibrado
Júlio Fernandes e o Projeto de Um Jornal Equilibrado
Júlio Fernandes e o Projeto de Um Jornal Equilibrado
e o projeto de uITI
jornal equilibrado
Arapuca desinformativa
Se alguma ideia exposta nos artigos publicados pareceu “esquerda”
é porque apenas um número muito pequeno de pessoas que leem
jornais – e quase ninguém os lia quando a ingenuidade geral fazia as
pessoas se fiarem na arapuca desinformativa das redes sociais –
têm alguma ideia concreta do que seja “esquerda” de fato.
Esquerda, a rigor, é anticapitalista. Para muitos leitores
conservadores, textos liberais-progressistas, embora sem pôr em
xeque o capitalismo, não passam de “comunismo” disfarçado...
Seja lá o que eles entendam como sendo “comunismo”, que é
impossível existir enquanto houver capitalismo, é fácil notar na leitura
a seguir que são apenas textos liberais.
Este livro, homenagem ao editor que morreu em setembro de 2020,
traz alguns daqueles textos. O leitor verá claramente que neles não há
nada realmente de “esquerda”, nem tentativas de disfarçar coisa
alguma invisível aos olhos.
A verdade é que não há como disfarçar como existente o que não
existe. O diabo costuma aparecer só aos que acreditam nele. E neste
ano da graça de 2023 só existe capitalismo, mais nada, para crentes
ou descrentes.
O futuro? Ele próprio dirá o que aconteceu com todos nós, como
fruto de nossas crenças e descrenças.
**
Alceu A. Sperança
4
Mas essa quantia você também deve, caro leitor. Pelo menos é a cota que nos
caberia como cidadãos deste planeta se a dívida mundial, atualmente estimada
em 608 trilhões de reais, equivalente a 225% do PIB mundial, fosse repartida
entre todos os terráqueos.
Como a da casa já nos basta por obrigação e não vamos pagar a conta do
planeta, fica a questão: que futuro o Brasil tem se a dívida nacional continuar
aumentando sem controle?
Dado e passado que a dívida é coisa do diabo, no fim de junho a Comissão
para o Ano do Laicato lançou, na sede da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil (CNBB), a publicação “Auditoria da Dívida Pública: vamos fazer?” Uma
pergunta arrepiante.
(3.7.2018)
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6
Vexames do pós-Copa
...e de muito antes
Fardando vagabundos
O general João Figueiredo prometeu “prender e arrebentar” quem fosse
contrário à democracia.
Não precisou: eles se explodiram sozinhos.
No atentado do Riocentro, em 30 de abril de 1981, uma bomba estourou no
colo de um terrorista. Um militar.
No Paraná de 1859 ninguém queria ser policial.
O espalhafatoso governador José Francisco Cardoso, o Cardosão, mandou
recolher vagabundos e desocupados, mas não lhes deu o castigo costumeiro pela
vadiagem, que seria a cadeia: obrigou-os a trabalhar como... policiais!
7
Sarampo e ditadura
O retrocesso é prato cheio para quem ama os cortes “austeros” nos recursos
para programas sociais e mais repressão aos descontentes com a desordem
temerária.
Como que realizando o sonho de voltar ao passado, o sarampo que se
considerava derrotado retornou com força.
A virologista Clarissa Damaso, assessora da Organização Mundial de Saúde,
lamentou: “Voltamos aos anos 80. É como mergulhar na idade das trevas, jogar
fora anos de trabalho. É inadmissível que tenhamos chegado a esse ponto”.
Cuidado: descuido com a vacinação e com a democracia despertam o pior de
um país!
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(25.07.2028)
12
Os presidentes de hoje
e nossos netos no futuro
Max Olvera/Photoart: Luis Delfín
Coletando informações sobre nós, os bruxos da tecnologia preveem (ou manipulam?) nossas ações
Há coisas absurdas neste mundo governado pelo Deus Dinheiro, mas vamos
suportando tudo, banalizando e nos acostumando com o impossível e desumano
até que ele se torne parte de nossas vidas.
Dá medo imaginar o que pensarão nossos netos por aceitarmos a fabricação
de doenças nos países pobres para o enriquecimento de laboratórios
transnacionais.
A geração de crises para surrupiar dinheiro dos pobres e enriquecer os ricos
ainda mais.
Comida que poderia estar matando a fome de irmãos ser destruída por falta
de uma política mundial de respeito aos produtores.
Torrar dinheiro em armas, invasões e guerras e negar recursos à alimentação
e à saúde.
85% de certeza
O que vão dizer no futuro nossos netos da ingenuidade de cair nos truques
mais infantis da ideologia?
Aplaudimos discursos como se fossem declarações sinceras, sem imaginar
que são escritos por meio de fórmulas criadas por especialistas na “arte” da
engabelação.
13
Marco Jacobsen, talentoso cartunista do jornal Folha de Londrina, onde Júlio Fernandes também trabalhou
1
Esse episódio inspirou o livro “A lua cairá em Brasília”
https://livrainoscascavel.blogspot.com/2017/01/a-lua-caira-em-brasilia.html
15
Acumulação de capital
Só que logo o comércio vai chiar: perdeu ótimos clientes, burocratas bem
pagos na Prefeitura e na Câmara que vão embora levando famílias
especialmente consumistas.
O dinheiro que circulava na mão dos prefeitos, vereadores e respectivos
aspones vai circular lá longe, não mais ali, no agora novamente distrito.
Mas o dinheiro economizado com não pagar 200 prefeitos e vices, mil
secretários, sete mil vereadores e ene aspones terá um destino melhor e virar
benefícios para a população, não?
Nada disso: a grana vai é parar no bolso dos já ricos, via dívida pública.
Se toda nudez será castigada, toda economia com esses ajustes será punida
com banqueiros ainda mais gordos e renda ainda mais concentrada.
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(17.07.2017)
16
Gente-mercadoria
https://www.instagram.com/talesgubes/
2
https://palavrastodaspalavras.wordpress.com/2010/05/30/as-ruinas-da-crise-e-o-sonho-que-ressurge-por-
alceu-speranca-cascavel-pr/
17
Povo animalizado
Povo que fornece braços fortes para trabalhar no Primeiro Mundo, a menos
que dê “proagro”, como no caso do caminhão encontrado com oito mortos e 28
feridos em San Antônio, Texas, EUA, no estacionamento da loja Walmart.
Todos eram jovens e adultos com idades entre os 20 e os 30 anos.
Os vídeos de segurança da loja mostram que, antes do flagra, veículos de
robustos e felizes gringos chegavam para escolher pessoas que estavam
escondidas no reboque do caminhão e ainda estavam vivas, levando-as para seu
usufruto.
Manuel Bandeira encontrou um bicho estranho comendo lixo. Era um ser
humano.
Não encane, Maneco: banho de loja no bicho e algum espertinho ainda faz
bom dinheiro com ele!
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(24.07.2017)
18
Reformas a favor dos trabalhadores seriam “desastrosas”. A favor dos banqueiros, “austeridade”
quem foram feitas. Como quem cala consente, a Nação silenciosa aguarda os
bons efeitos dos ajustes e meias-solas do Congresso.
1% controla todos
Suspende o uaifai do piá, tudo bem, mas para ser coerente vai lá e diz na lata
do governante que naquela cara de sonso os olhos malandros nem piscam
quando ele mente.
Diz ao gerente que a reforma trabalhista que apoiou para reduzir ações
trabalhistas e impostos deu xabu: na real elas tendem a explodir em contestações
e eles a aumentar com a crise fiscal não resolvida.
Será mentira de Obama que 1% controla a riqueza mundial?
Será verdade que Lula prometeu repetir o primeiro governo, aquele que
segundo as pesquisas “deu certo”, sob as ordens de Palocci e Meirelles?
O jeito é chamar o vidraceiro para consertar a janela da vizinha e abrir os
olhos para a “pós-verdade” do marketing político e eleitoral.
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(10.10.2017)
22
Centrão busca um
presidente obediente
HAL MAYFORTH http://www.halmayforth.com/
Reforma de Trump
na jugular do Brasil
Getty/WSJ
Impasse: o povo grita que quer pagar menos impostos, mas o Estado manobra para arrecadar mais
Unanimidade contra
Ou a serviço dos partidos corruptos, como a política?
Ou reforma para inglês ver – a da Previdência, pizza de quatro queijos da
qual tiraram três queijos e três quartos?
Interessa às transnacionais, capital sem pátria mas interesses bem definidos,
repatriarem os investimentos à poderosa nação ao Norte do Rio Grande.
Não é de estranhar que o governo Temer seja repudiado pela imensa maioria
da população.
Os pobres sabem que aquilo é contra eles, a classe média não aguenta mais
pagar a conta e os ricos queriam bem mais que isso.
O que é bom para os EUA nem sempre é bom para o Brasil – se é que a
reforma de Trump será mesmo boa para os gringos – há controvérsias!
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(12.12.2017)
26
É obrigatório votar
e manter tudo igual
Henrique Fleiuss
Manda no Brasil desde que Tales Ramalho, Tancredo Neves e outros fizeram
o acordo para os pombos da ditadura passarem o poder aos moderados do
PMDB, com a missão de inflar Lula e rifar Brizola.
Seguiram rigorosamente o script.
Não se sabe ao certo o que a extrema-direita quer.
Foi mais explícita no tempo do coronelismo, mas atualmente é muito
dissimulada.
Supor que Lula é “esquerda” é ignorar a festa dos banqueiros em seus
governos.
Não há como saber de fato o que são essa “direita” e essa “esquerda”: são
dois arremedos, máscaras, caricaturas.
Obrigatório é vencer
Só o Centrão é o mesmo corrupto de sempre.
O sonho liberal é acelerar a inserção do Brasil nas cadeias produtivas globais.
O Centrão não mostrou esse interesse, já que governa há décadas.
Todos sabem que se esgotou a margem para redistribuir renda com gastos, já
no osso, e que manter a desigualdade como está gera muita insegurança.
Lógico, vão aumentar os impostos, mas ninguém vai prometer isso na
eleição.
Vem aí mais uma tosse de vaca: o discurso traído pela prática.
Beto Richa registrou as promessas em cartório e não cumpriu.
E daí? Quem se lixa?
É obrigatório votar e vence quem mentir melhor.
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(15.01.2018)
28
Na Lei Orgânica Municipal não existe esse Conselho nem o acrônimo “Codesc”.
Aliás, nem na legislação em geral. Afinal, a quem esse Conselho aconselha?
Festa e depressão
Os otimistas festejam: os empregos são precários, mas têm carteira assinada.
Os pessimistas se deprimem: três vezes mais que os assinados são os
precários sem carteira.
A indústria de transformação é apontada como arranque, mas o setor está em
recuperação de empregos e tempo perdidos anteriormente pelas vicissitudes dos
frigoríficos.
29
Consequências de maus
governos são duradouras
Estação Brasil
Crianças que agora são jovens e adultos sem que tenhamos as mais remotas
estatísticas relatando as dificuldades que enfrentaram de lá para cá.
A não ser que os sinais assustadores de violência crescente e desigualdade
renitente sussurrem algo a quem quiser ouvir.
Incompetência oficial
e trapaça empresarial
Tadeusz Jaczewski
O malfeito se desfaz
Tio Jeca Silvério arrendou em 1928 terras comercializadas pela companhia
Braviaco, imobiliária usada pelos trapaceiros para negociar áreas recebidas em
troca de estender a linha férrea à fronteira.
Claro, não cumpriram os contratos.
Aí veio a Revolução de 1930, anulou as concessões de terras dadas em troca
de ferrovias que nunca vieram e foi assim que Silvério se tornou o proprietário
das terras arrendadas, por posse e uso, dando início à formação da cidade de
Cascavel com o apoio do governo revolucionário.
Cascavel, portanto, resulta de um arranjo histórico-geográfico advindo de
uma dura resposta à incompetência e à trapaça.
O que se vê hoje no Brasil é uma frustração que começa visivelmente em
1980, com governos incompetentes consorciados a empresários trapaceiros.
Como Cascavel os venceu lá atrás, formando-se como grande cidade, o Brasil
também os vencerá.
Ainda não há sinais disso, mas eles virão.
Para isso vamos trabalhando.
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(22.11.2017)
34
Sem ser filho de rei, Manuel foi rei por uma combinação estranhíssima de fatores
O universo conspirou?
Poderia haver mais sorte que ganhar o trono com a desgraça dos dois filhos
do rei, do primo e cinco irmãos mais velhos, que seriam os herdeiros legítimos?
Manuel I teve: foi a seu mando que Pedro Álvares Cabral veio “achar” o
Brasil e tomar posse dele, inteirinho.
Não aos pedaços, como o estão arrematando agora gringos americanos,
financistas sem pátria, europeus e chineses.
Cabral, bafejado pela mesma sorte absurda que fez de seu chefe Manuel o
grande rei do mundo, por acaso veio dar nas costas do Brasil e logo de cara viu
uma exposição de índios pelados que hoje daria urticária indignada em pudicos
moralistas.
Pode haver mais sorte?
Sim, se for sorte ganhar do papa Sisto IV (bula Æterni regis) a metade do
mundo “descoberto” e a descobrir num tempo em que as Américas eram só uma
lenda.
Manuel I foi o cara mais sortudo do mundo.
O azar ele deve ter enterrado em alguma vereda tropical.
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(24.10.2017)
36
Um feliz Michel Temer passa a faixa presidencial a um desconfiado Jair Bolsonaro, longe de
imaginar o que teria pela frente: epidemia, poder absoluto do Centrão, orçamento secreto...
Só alegria
Além de comprar o adiamento de processos, Temer fez uma reforma para o
mercado ver: o congelamento de gastos que engendrou só valerá (se valer) para
os próximos presidentes.
Ele continua produzindo déficits.
A outra é para enrolar, mantendo a expectativa de uma “reforma” da
Previdência que também vai estourar nas mãos do próximo presidente.
O presidente brasileiro é uma alegria só.
Preparou com sucesso um novo ciclo de enriquecimento para a plutocracia.
Seu “legado” é a colheita dos resultados da recessão, cuja conta foi paga pelos
trabalhadores e a classe média.
A consultoria Tendências estima que até 2026 o ritmo de crescimento da
renda dos mais ricos será de 4,1% na média anual e o da classe C de apenas
2,3%.
O presidente brasileiro é admirável.
Passa mal a toda hora, entra e sai de hospital, mas sempre garante que tudo
está bem e comemora a popularidade aumentada em 100%: foi de 3% para 6%.
Bem brasileiro: sofre, mas não perde a piada.
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(17.12.2017)
38
Velha tática: acusar seguidores pelo cometimento dos erros que ele próprio induziu
Repentina surpresa
O governador goiano Ronaldo Caiado anunciou que iria propor ao seu partido
– o DEM – apoiar o governo Bolsonaro.
Natural: o DEM comanda as duas casas do Congresso e é o único partido
“velho” com ministérios no governo.
39
Os maus costumes
não brotam do povo
https://www.britannica.com/biography/Joseph-de-Maistre
O gringo deslumbrado
Pablo Max Ynsfrán/ABC Color
Hopkins: “A história é de um crime sombrio!” (Artigo no jornal The New York Times, 1852)
Crise múltipla
A atual crise mundial, além de financeira, é também alimentar, sanitária,
ambiental, moral e tem uma deformação a mais além de manter as
desigualdades e injustiças que acumulou na atual etapa de um capitalismo
chamado “neoliberal” que na verdade é semifeudal.
A deformidade consiste em que os criadores da crise não vão pagar a conta
pelos estragos feitos.
Nem pelo estrago do analfabetismo que persiste colado na miséria, nem pelo
desespero do desemprego.
Tudo isso se agrava desde a mãe das crises, a de 1980, que vem se arrastando
entre reformas e voos de galinha, causando raiva crescente na classe média.
Se a gente merece ser tratado como cão, que seja o tratamento recebido pelo
cãozinho atropelado que teve a sorte de ser socorrido por um semelhante
solidário.
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(22.09.2019)
50
Antes que o engraçadinho da sala diga que este artigo é uma defesa de causa
própria, cabe recordar dados sobre a participação da bebida alcoólica na
economia nacional e suas consequências.
Estudo de 2015 atestou que o Brasil perde com os problemas decorrentes do
álcool 4,5 vezes mais que o faturamento da indústria das bebidas.
As consequências do alcoolismo consomem 7,3% do Produto Interno Bruto
(PIB), enquanto a produção de bebidas movimenta 1,6% do PIB.
Em recente reportagem sobre Espigão Azul, o jornal Hoje conta o episódio
do produtor Paulo Roberto Staffen, que depois de chegar a uma produção de 20
mil litros de cachaça se viu forçado a parar o negócio, perdendo metade de sua
renda.
Foram dois os motivos: primeiro, a insegurança. Sofria a estressante
combinação de medo e prejuízo que resta ao cabo de cada assalto.
Segundo, a escassez de mão de obra.
É curioso haver insegurança num país que prende aos montes, tem cadeias
lotadas e exibe a terceira maior população carcerária do mundo, quase dobrando
nos últimos dez anos.
Quanto mais se prende, mais criminosos aparecem.
E havendo tanto desemprego, difícil explicar por que falta mão de obra para
qualquer item de consumo assegurado.
Não, não vai colar a desculpa de será preciso tomar um traguinho para pensar
nesses dois assuntos!
**
(1.º.12.2018)
52
Exportando crimes
A presença brasileira também é sentida no mundo do crime: acaba de ser
registrada pela polícia a criação do Primeiro Comando da Massachusetts, com
quadrilhas de delinquentes brasileiros implicados com venda de armas, assaltos
e tráfico de drogas.
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Em Portugal, ao contrário, são tão legais que até disputam com sucesso vagas
para mestrado na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa.
Ali foram “saudados” por bestiais europeus com uma caixa com pedras para
“atirar em zucas”.
O número de brasileiros que conseguiram se legalizar lá no ano passado
aumentou explosivamente, segundo Cyntia de Paula, presidente da Casa do
Brasil em Lisboa.
Eles vão, mas levam sua poupança: só no primeiro semestre de 2018 foram
enviados para fora mais de um bilhão de dólares de pessoas físicas,
principalmente para EUA, Portugal, China, Canadá, Reino Unido, Espanha,
Alemanha e Itália.
Cuba?
Continua só a ver navios brasileiros entrando e saindo no Porto de Mariel.
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(03.05.2019)
54
Ignorantes caçados a bala e os talentos caçados por olheiros para servir ao Primeiro Mundo
A volta do bipartidarismo
matiasdelcarmine
A garrucha falhou
Floriano enfrentava, assim, a indisciplina, quatro meses depois de assumir.
Repudiou os generais e os reprimiu severamente, mas ficaram as lições:
Deodoro tinha amplo apoio entre os militares e o Congresso, mas foi vencido
pela crise.
Floriano não tinha, e, mesmo governando melhor, seu governo foi marcado
por revoltas.
Elas sobraram para Prudente de Moraes, eleito pelo voto direto para substituir
Floriano.
Hospitalizado para cirurgia, Moraes logo sofre um atentado a bala e a faca.
A garrucha falhou e a faca não acertou o presidente, mas as crises
continuaram.
Mesmo sendo outros tempos e havendo o sistema de freios e contrapesos que
impede o governante de interpretar as leis à sua maneira, ser presidente do Brasil
é correr riscos.
Ou de morte, ou de mais crises.
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(07.01.2019)
60
Desafio populista
61
A ferramenta de Celso
No livro A Pedra Atirada e o Correio do Oeste contamos que pai Celso
Formighieri Sperança, escrivão policial de ofício, foi nomeado pelo governador
Ney Braga para chefiar a Delegacia de Polícia de Catanduvas.
Na solenidade de posse do novo delegado, Ney lhe entregou uma impactante
metralhadora, “ferramenta para limpar os bandidos do Oeste do Paraná”.
Tão logo o governador virou as costas, Celso entregou a arma ao carcereiro
Arthur de Oliveira, depois apelidado Sargento Coice de Mula.
63
Respostas:
1. Deodoro da Fonseca era monarquista. Gritou “viva o imperador”, mas foi
sufocado pela claque de alunos de Benjamin Constant, que gritavam “Viva a
República”.
2. As três opções são corretas, mas só segundo o jornalista e enxadrista
Guilhobel Aurélio Camargo.
3. Imperatriz Leopoldina, em 5 de setembro de 1822, na ausência do príncipe,
que estava em São Paulo.
4. Os republicanos cantavam a Marselhesa. A atual música foi logo aceita,
mas a letra de Duque-Estrada sofreu nove alterações até ser oficializada. O
governo a comprou em 1922 por 5 contos de réis.
Para o artista Georges Braque, os seguidores merecem que seus líderes lhes virem as costas
Só que...
Em Paranaguá, o padre Gregório Nunes, sempre ansioso por comandar a
cabeça dos fiéis, era fanático pela política e ainda contava com o respeito dos
pobres crentes e dos políticos ricos, até a votação do dia 31 de março de 1845.
67
Lavagem de aparência
ou eliminação de sujeira
https://www.dreamstime.com/
Dócil e obediente
71
Pauta progressista
Deixar de lutar por empregos de qualidade para os jovens que apanham os
canudos na universidade, achar que shopping vai sustentar a economia,
partidarizar as entidades e aceitar o desmonte da Unioeste são erros para os
quais o castigo cedo ou tarde vem.
É preciso aprender com a história.
75
O Brasil vem de crise em crise num rastro maligno alternado por voos de
galinha. Isso vem desde a mãe das crises posteriores: o fracasso político,
econômico e social da ditadura, entre o dramático desajuste de 1980 e a cruel
recessão de 1983.
A estrutura política, baseada em favorecer os grandes partidos, todos
envolvidos em corrupção.
A administrativa, calcada no presidencialismo de coalizão que privilegia o
Varejão, balcão de negócios armado entre o Palácio do Planalto e o Congresso.
A estrutura econômica que se perde no atraso com planos desconjuntados.
As instâncias governamentais que batem cabeça, arruínam o público e o
entregam à plutocracia.
Como se fosse pouco, prevalecem o primarismo agromineroexportador, a
reforma do emprego precário, a educação asfixiada e a cultura da intolerância.
Tudo por décadas a fio, sempre com a ilusão de que eleições a cada dois anos
darão um jeito na situação.
77
De vacas a abelhas
É preciso aprender a mudar.
Note-se o caso dos criadores do gado do Norte de Minas, que tinham muito
orgulho de seu leite e maravilhoso queijo.
Com a progressão da seca, minguou a água e mirrou o pasto. A pesquisa
apontou o caminho da mudança: as abelhas da região produzem um mel único
no mundo, bem mais valioso que o tradicional.
Como se desapegar das queridas e valiosas vaquinhas da vida inteira?
Não foi fácil mudar, mas os criadores aprenderam que abelha não exige
vacina, o “pasto” delas não é cercado e mel especial tem ótimo e crescente
mercado.
Mudar faz bem, desde que se saiba com certeza o que virá das mudanças,
com cabeça fria e estudos caprichados. Porque tiro no escuro só piora as coisas.
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(18.09.2018)
78
Quando ela veio, Freitas, também com enorme influência em Santa Catarina,
foi convidado a assumir o governo do PR ou SC, que recusou.
Preferia ser eleito e foi deputado federal.
Foi ele quem criou a bandeira do Paraná, propôs a Reforma Agrária e a
aposentadoria para os trabalhadores.
Entretanto, frustrado em suas lutas, depois dos golpes militares de Deodoro,
TXH IHFKRX R &RQJUHVVR H GH )ORULDQR 3HL[RWR í TXH GHUUXERX
Deodoro, confessou que aquela não era a República dos seus sonhos.
Abandonou as lutas comunitárias, desinteressou-se por tudo e morreu na
pobreza.
Façamos votos que os desiludidos de hoje aprendam a lição: não caiam mais
em propagandas ilusórias e toquem a vida com estudo, respeito e confiança em
si, família, amigos e comunidade.
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(18.12.2018)
80
Hoje, os médicos espalhados por este Brasil varonil anseiam por mais
remédios nas farmácias básicas e se deparam com o brutal corte de recursos
para programas sociais, economizados para pagar uma dívida não auditada que
nos toma bilhões por mês, aproximando-se perigosamente de igualar o PIB
nacional.
A quem ignora para que servem presidentes e como salsichas são feitas
parece inexplicável porque nunca é feita uma auditoria na dívida pública.
Ela jamais esteve nos planos de FHC, Lula e chefes anteriores, mas estava
finalmente prevista para inclusão na LDO de 2016.
Aí, Dilma vetou. Então ficou para a de 2017, mas aí quem vetou foi Temer.
É a transparência vetada e sem remédio.
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(19.09.2017)
82
Ele fingia ser um presidente. Então foi eleito para a mesma função e a palhaçada virou tragédia
Arrematou dizendo que no passado fez o povo rir, mas agora pretende evitar
que as pessoas chorem.
Era uma vez um país maravilhoso, no qual ainda antes de abril de 2019 o
empresariado da construção já declarava que o ano acabou e mais uma década
estava perdida.
Um país em que “ideológicos” ofendem militares, terraplanistas
antiglobalistas infernizam os clientes do agronegócio e a educação e o respeito
andam em falta.
Mas isso vai mudar. Ou então esse país já era.
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(20.05.2019)
84
definido para uma publicação da nova regra”, diz Marcelo Guaranys, da Casa
Civil.
Estado mínimo,
metrópole nada
https://thumbs.dreamstime.com
Metrópole em desconstrução
As carências se acumulam, as “reformas” liquidam as conquistas dos
trabalhadores e as crises pioram, ameaçando o retorno à Idade Média escravista.
Houvesse eficiência, teríamos o desenvolvimento da capacidade produtiva
com o máximo de tecnologia e a farta disponibilidade de infraestrutura.
E a equidade? Onde, se até a falsa “esquerda” (vide Carta aos Brasileiros),
chancela “reformas” que pioram as condições de vida do povo?
Se o Estado não é “eficiente” para o mercado nem garante a “equidade” para
as pessoas, é muita ingenuidade crer que a Região Metropolitana de Cascavel,
justa e sustentável, virá.
O Estado não a quer, a União não está nem aí e as prefeituras batem cabeça,
incapazes de concretizá-la.
A crise que alardeiam já ter acabado está ainda longe de ser vencida.
“É a metrópole em desconstrução”, diria um pedreiro.
**
(22.08.2017)
90
quais não são valorizados e se arriscam a morrer em tenra idade por preconceito,
faca ou bala.
Atrasado e complicado
Malfeita, sem prover os libertos de meios de sobrevivência, a abolição só
veio acontecer no Brasil quase 130 anos depois.
Quando as Américas já estavam repletas de repúblicas, o Brasil era o único a
manter monarquia.
95
Cem por cento dos partidos mais votados e dos candidatos eleitos ou
impostos na Presidência do país praticaram derivações do tal ND.
Quando pareceram ter algum sucesso foi por conta de uma conjuntura
mundial favorável – os tais voos de galinha da ditadura e do lulismo.
As políticas decorrentes no ND empurraram muitos recursos públicos para a
corrupção ou o desperdício.
Estudo recente dos economistas Edmilson Varejão, William Summerhill e
Samuel Pessôa estima que a renda por habitante teria sido 25% maior em 1985,
um ano depois de vir a público o livro de Nélida Piñon, se os governos
aplicassem apenas 1% a mais do PIB por ano com educação desde 1933.
Vovô nasceu, cresceu e morreu e o Brasil continua no atraso.
**
(30.01.2019)
98
Brastemp ou Embrapa?
Agência Brasil
Cada centavo roubado pelos quadrilhões dos grandes partidos nos rendeu
milhões de vergonhas – pelo voto maria-vai-com-as-outras provocado pela
propaganda e pelo estelionato impune: os eleitos não precisam cumprir o que
prometem.
Agora vai começar a campanha eleitoral.
Alguns já fazem campanha antecipada há anos sem que isso lhes renda a
mínima punição e eles se somarão a novatos para sair a público e prometer
transformar o Brasil numa “Brastemp”.
Sob uma saraivada de críticas, a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa
Agropecuária) comemorou timidamente em abril seus 45 anos de existência.
Sabe-se que 95% da pesquisa em milho, soja e algodão são feitas pela
iniciativa privada.
Há dez anos, 60% das variedades de soja utilizadas no cerrado foram
desenvolvidas pela Embrapa.
Hoje, não chegam a 5%.
A Embrapa, o que diz?
Apagão da luz
e reforma tributária
no escuro
Korpas
As ongs avisaram
https://br.thptnganamst.edu.vn/
Esta é mais fácil que o paradoxo ovo-galinha, cuja resposta é o ovo, uma vez
que a galinha resultou da evolução da ovulação: o pedágio veio bem antes dos
caminhoneiros e dos reajustes abusivos dos combustíveis.
Há exatamente 200 anos os primeiros capitalistas que disputavam o controle
dos caminhos pedagiados entre Curitiba e o litoral do Paraná – o Oeste só
começou a se formar em 1889, com a fracassada Colônia Militar – estavam
metidos num vale-tudo pela concessão.
Na época, Brasil ainda engalfinhado em lutas entre coxinhas lusos e
mortadelas nordestinos (as Guerras da Independência), havia também uma tensa
luta pelo controle dos caminhos.
O príncipe João e filho Pedro I nem pensavam em algo parecido com
licitação: quem fosse mais digno das graças do trono luso ganhava os direitos,
todos eles.
Empresários de Antonina e Morretes disputavam o direito de construir um
caminho próprio entre planalto e o litoral.
O vencedor levaria o grosso dos recursos arrecadados pelo direito de
passagem.
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O fim do mundo
Diziam que as reformas urgentes e imprescindíveis eram a previdenciária e a
tributária.
Adiaram as urgentes e prescindiram das imprescindíveis.
Não foram feitas porque ameaçariam o reinado de 33 anos do MDB e suas
coalizões.
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Para muitos paranaenses a Itália é uma segunda pátria, na herança de ter sido
a pátria de seus bisavôs.
Lá, houve eleições em março, com um cenário que de certa forma pode se
desenhar também no Brasil.
Quando se esperava um debate sério entre o retorno ao nacionalismo e a
continuação da unificação europeia, a campanha eleitoral descambou para
brigas de rua causadas pelo conflito racial entre a direita xenófoba e imigrantes.
A extrema-direita foi derrotada, mas o barulho que fez desviou as atenções,
ocupando um espaço que deveria servir para discutir os problemas que afetam
a vida e o futuro das pessoas.
a lutar apenas em solo paraguaio, em operações que se arrastaram por mais dois
anos.
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Índios sequestram um capitão de milícias nas nascentes do Rio Iguaçu e ele só será
encontrado um ano depois junto às Cataratas.
Muita magia, poesia e crueldade a cada quilômetro de marcha pelas margens do rio da
integração paranaense em busca de uma lendária montanha de ouro amaldiçoada pelo padre
espanhol Hernando de Goyáz.
Uma homenagem ao rio e à história do Paraná.
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Cascavel é um dos mais importantes centros do automobilismo brasileiro.
Para festejar o Jubileu de Ouro do esporte da velocidade em Cascavel, o
Projeto Livrai-Nos! elaborou esta magnífica obra
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Focando os 92 anos da cidade de Cascavel
e 100 anos da chegada da primeira família
O E-book ۱ܔ܍ܞ܉܋ܛ܉: ۲܁ ܗ܉ ܛܖ܍ܑܚ۽ ܛ܉é܆܆ ܗܔܝ܋۷ narra em textos
curtos e com imagens os 92 anos do início da formação da cidade
de Cascavel e o centenário da vinda da primeira família que
se radicou na região do Médio-Oeste
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Justiça, juízes, promotores, advogados... e réus em Cascavel
E-book em PDF
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A indústria de bebidas fatura como nunca num mundo de embriagados, enquanto
os produtores de leite jogam o produto fora, mesmo havendo um mundo de pessoas famintas.
Que maldição é essa?
O assustador Numeratis: partidos e empresas já conhecem a fórmula
de determinar o que os consumidores/eleitores vão “escolher”.
Que maldição é essa?
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Em aliança com a família Camargo, os Munhoz constituíram
o principal núcleo de poder político do Paraná
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Livros resultantes do projeto
150 Anos de Governança do Paraná
publicado entre 2010 e 2012
Quem Manda no Paraná Livro 1: Dos Barões aos Coronéis (1800-1900).
Quem Manda no Paraná Livro 2: A Era Camargo-Munhoz, oligarquias que
transitam do Império aos tempos modernos (1900 – 1930).
Quem Manda no Paraná Livro 3: De Ribas a Braga, passando por Lupion
(1930 a 1960).
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É possível um governo perfeito?
Tudo que já foi tentado fracassou e a democracia, hoje, é o partido único da
plutocracia.
Mas José Maria El Sou tem a solução e a apresenta em uma novela na TV,
enquanto o Brasil discute se a Lua cairá ou não em Brasília.
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Investe ora furiosamente, ora ironicamente contra
as causas dos problemas que produzem o atraso
do Brasil e do Paraná, começando pela negociação
em que o Brasil comprou sua independência.
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Leitura final
Homenagem a um escritor genial: Edgar Allan Poe
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O Urubu, paródia do poema O Corvo