1 Introducao As Psicoterapias
1 Introducao As Psicoterapias
1 Introducao As Psicoterapias
O que é Psicoterapia?
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deste conteúdo são dados aos seus respectivos autores.
• permitir que o paciente compreenda as causas do que lhe acomete, para
que possa encontrar recursos psíquicos para lidar com suas dificuldades,
problemas, etc;
• desenvolver meios de agir no mundo, redefinindo seus traços de
personalidade.
• solucionar problemas pontuais, que o afligem, bem como, observar
questões de cunho mais existencial.
Afirma-se, com freqüência e com razão, que a psicoterapia é uma velha arte e
uma ciência nova.
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• desenvolvimento da capacidade de auto-observação e auto-reflexão
• sair dos padrões estereotipados e criar novas narrativas de si, novos
modos de compreender e conduzir a própria vida
• desenvolver habilidades interpessoais como capacidade empática - saber
se colocar no lugar do outro -, capacidade de
comunicação, assertividade, resolução de conflitos, etc.
• fortalecimento psicológico - ampliação da resiliência - para aumentar a
tolerância e a capacidade de crescer com as dificuldades que a vida
apresenta.
• favorecer a saúde integral, física e psicológica
• busca de sentido existencial
• amadurecimento psicológico
Não é possível hoje se falar em "doenças orgânicas" sem uma consideração pela
dimensão psicológica e emocional, sendo evidente a natureza psicossomática
da existência humana.
AS ABORDAGENS TEÓRICAS
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- Cognitivo-comportamental
- Sistêmica
Ultimamente tem sido comum que terapeutas de uma abordagem teórica utilizem
técnicas originadas em outras escolas. A busca de melhores resultados na
clínica parece estar promovendo estes intercâmbios. Talvez isto indique um
movimento na Psicologia de integração entre as diferentes abordagens
teóricas.
OS TIPOS DE PSICOTERAPIA
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Algumas pessoas encontram na terapia um ambente fundamental de
acompanhamento de seu processo de vida, de auto-conhecimento e
desenvolvimento pessoal, onde são trabalhadas transformações profundas ao
longo de vários anos. São situações em que o processo terapêutico não tem um
prazo definido, em comum acordo entre o profissional e o cliente.
O VÍNCULO NA PSICOTERAPIA
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No início da lista, organizada num continuum que vai do mais simples ao mais
complexo, temos aqueles motivos que são comuns a outras relações de ajuda,
mesmo não profissionais, como uma conversa íntima com um amigo, uma
conversa sobre um problema pessoal com um professor, um médico, etc.
Avançando na lista vamos chegando aos motivos que são próprios da
psicoterapia, até aqueles que lhe são exclusivos - possíveis pelo meticuloso
treinamento teórico e técnico adquirido pelo psicólogo em sua trajetória de
formação profissional.
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8 O psicoterapeuta é capaz de oferecer uma presença autêntica no vínculo
com você. Esta relação funciona como catalisador de processos de mudança
necessários em sua vida, incluindo a superação dos efeitos de traumas de
relacionamentos anteriores.
Esta lista poderia ser estendida e aprofundada, mas pretendemos com ela dar
uma idéia ao público leigo da natureza do trabalho da Psicologia Clínica numa
linguagem diferente daquela do universo teórico, técnico e científico habitual na
Psicologia.
UM CAMINHO DE MUDANÇA
O processo terapêutico é como atravessar um túnel. Neste túnel você vai rever
muitas cenas da historia da sua vida de um ângulo completamente novo, fazendo
conexões inusitadas entre os eventos e percebendo a potência do passado para
moldar quem você é hoje e a potência do presente para construir novas
possibilidades de vida.
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dor para aliviar problemas emocionais). Para ajudá-lo a acertar na escolha do
especialista, o UOL Comportamento explica, a seguir, as principais
características de diferentes tipos de psicoterapia.
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tratar distúrbios psicológicos, mas encontrar solução para incômodos físicos.
Nas sessões de terapia são usadas técnicas respiratórias, de postura corporal e
de massagem.
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casais. Em todos os casos, as partes envolvidas na crise devem estar presentes
nas sessões terapêuticas, não basta que só um lado compareça. As terapias não
são indicadas quando algum dos envolvidos tem problemas individuais que
necessitam de tratamento prévio ou escondem segredos que, caso sejam
revelados, possam provocar o fim das relações familiares.
Foi co-fundada pelos então conhecidos como o "grupo dos sete", tendo mais
destaque entre eles Fritz Perls, Laura Perls e Paul Goodman dentre os anos de
1940 a 1950. Está relacionada com a psicologia da gestalt, mas não é a mesma
coisa.
Quando criada, havia uma divergência quanto ao nome que esta abordagem
deveria ter, entre muitos nomes foram propostos: Terapia da Concentração,
Terapia Integrativa, Psicanálise Existencial, até proporem Gestalt-Terapia que
de início causou certo debate, mas que logo foi aceito.
Perls sempre frisou que a gestalt-terapia não era uma criação original sua, mas,
pelo contrário, uma união de vários acontecimentos que nos leva aos
conhecimentos da área de psicologia, que ainda não haviam sido
experimentados por ninguém. Cabe a Gestalt-Terapia a configuração destes
conhecimentos, dando a eles uma abordagem própria.
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Gestalt vê o homem no físico, mental e psíquico. Estas são esferas indivisíveis
e interrelacionadas. Corpo e psiquismo são inseparáveis.
Diferenças
O termo “psi”, bastante utilizado pelas pessoas, muitas vezes pode ser permeado
de confusão quanto aos significados, principalmente quando se refere aos
profissionais indicados por este termo: psiquiatra, psicólogo ou psicanalista.
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interpretação dos conteúdos inconscientes de palavras, ações e produções
imaginárias de uma pessoa, baseada nas associações livres e na transferência.
Segundo a instituição formadora, o psicanalista pode ter formação em diferentes
áreas de ensino superior.
1. Psicanálise e Psiquiatria
2. Psicanálise e Neurologia
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3. Psicanálise e Psicologia
AULA 13 - Psicopatologia
O homem tem sempre que encarar a frustração em algum nível de sua vida. E,
muitas vezes, ele usa mecanismos de defesa para conseguir lidar com a
frustração.
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angústia, as obsessões e compulsões, as fobias e a histeria.
Paciente Neurótico
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Entre 1901 e 1905, Freud publicou seu primeiro caso clínico (Dora) e três outras obras:
"A psicopatologia da vida cotidiana" (1901), "Os chistes e sua relação com o
inconsciente" (1905), "Três ensaios sobre a teoria da sexualidade" (1905).
Em 1902, com Afred Adler, Wilhelm Stekel, Max Kahane (1866-1923) e Rudolf Reitler
(1865-1917), fundou a Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras, primeiro círculo da
história do freudismo. Durante os anos que se seguiram, muitas personalidades do
mundo vienense se juntaram ao grupo: Paul Federn, Otto Rank, Fritz Wittels, Isidor
Sadger.
Em 1907 e 1908,o círculo dos primeiros discípulos freudianos se ampliou ainda mais,
com a adesão à psicanálise de Hanns Sachs, Sandor Ferenczi, Karl Abraham, Ernest
Jones, Abraham Arden Brill e Max Eitingon.
No dia 3 de março de 1907, Carl Gustav Jung, aluno e assistente de Bleuler, foi a Viena
para conhecer Freud. Depois de várias horas de conversa, ficou encantado com esse
novo mestre. Seria o primeiro discípulo não-judeu de Freud.
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Entre 1909 e 1913, Freud publicou mais duas obras: "Leonardo da Vinci: uma
lembrança da sua infância" (1910) e "Totem e Tabu" (1912-1913). A partir de 1910, a
expansão do movimento se traduziu por dissidências, tendo como motivo
simultaneamente querelas pessoais e questões teóricas e técnicas. Em 1911, Adler e
Stekel se separaram do grupo freudiano.
Dois anos depois, Jung e Freud romperam todas as suas relações. Não suportando
desvios em relação à sua doutrina, Freud publicou, às vésperas da Primeira Guerra
Mundial, um verdadeiro panfleto, "A história do movimento psicanalítico", no qual
denunciou as traições de Jung e Adler.
Depois, criou um Comitê Secreto, composto de seus melhores paladinos, aos quais
distribuiu um anel de fidelidade.
Nos anos 1920, Freud publicou três obras fundamentais, através das quais definiu sua
segunda tópica e remanejou inteiramente sua teoria do inconsciente e do dualismo
pulsional: "Mais-além do princípio de prazer" (1920), "Psicologia das massas e análise
do eu" (1921), "O eu e o isso" (1923). Esse movimento de reformulação conceitual já
começara em 1914, quando da publicação de um artigo dedicado à questão do
narcisismo. Confirmou-se, em 1915, com a elaboração de uma metapsicologia e a
publicação de um ensaio sobre a guerra e a morte, no qual Freud sublinhava a
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Dois anos depois, em um intercâmbio com Albert Einstein (1879-1955), enfatizou que o
desenvolvimento da cultura era sempre uma maneira de trabalhar contra a guerra.
Cada vez mais pessimista quanto ao futuro da humanidade, Freud não tinha nenhuma
ilusão sobre a maneira como o nazismo tratava os judeus e a psicanálise.
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Aos seus familiares, que lhe perguntavam se aquela seria a última guerra, respondia:
"Será minha última guerra." Em 21 de setembro, pegou a mão de Max Schur e lembrou
o primeiro encontro dos dois. "Você prometeu não me abandonar quando chegasse à
hora. Agora é só uma tortura sem sentido." Depois, acrescentou: "Fale com Anna; se
ela achar que está bem, vamos acabar com isso." Por três vezes, ele deu a Freud uma
injeção de três centigramas de morfina. Em 23 de setembro, às três horas da manhã,
depois de dois dias de coma, Freud morreu tranqüilamente. As cinzas de Freud
repousam no crematório de Golders Green.
2-TEORIA DE S FREUD
TÓPICOS DA TEORIA FREUDIANA
3. Freud demonstrou que o homem não é apenas um ser racional. Há impulsos irracionais que
nos influenciam.
5. INCONSCIENTE = parte maior de nossa psique, não é uma coisa embutida no fundo da
cabeça dos homens e nem um lugar e sim uma energia e uma lógica em tudo oposta à lógica
da consciência que é a parte menor e mais frágil da nossa estrutura mental. Podemos imaginar
a consciência como a ponta de um iceberg e a montanha submersa abaixo como o
inconsciente. "A percepção que temos do mundo é consciência; as lembranças, inclusive a dos
sonhos e devaneios são consciência. A memória é consciência e só há memória de fatos
mentais conscientes. " (pág. 46, O que é psicanálise, Fábio Herrmann)
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7. A sexualidade tem uma importância fundamental na psicanálise mas não tem um sentido
restrito, ou seja, apenas genital. Tem um sentido mais amplo = toda e qualquer forma de
gratificação ou busca do prazer. Então a sexualidade neste sentido amplo existe em nós desde
o nosso nascimento.
8. A partir deste sentido amplo da sexualidade podemos entender os princípios antagônicos que
fazem parte da teoria psicanalítica freudiana: A) EROS (do grego clássico, vida) X THANATOS
(do grego clássico, morte) B) Princípio do Prazer X Princípio da Realidade
- Eros = ligado às pulsões de vida, impulsiona ao contato, ao embate com o outro e com a
realidade. Sendo a vida tensão permanente, conflito permanente coloca-nos no interior de
afetos conflitantes e pode não ser a realização do princípio do prazer.
- Princípio do Prazer = é o querer imediatamente algo satisfatório e querê-lo cada vez mais. "É
a tendência que, em busca da descarga imediata da energia psíquica, não quer saber de mais
nada - nem do real, nem do outro, nem mesmo da sobrevivência do próprio sujeito" (pág. 95,
"Sobre Ética e Psicanálise", Maria Rita Kehl). Não está necessariamente ligado a Eros mas de
forma mais profunda a Thanatos pois "se o desejo do homem for o repouso, o imutável, a fuga
do conflito, somente a morte (Thanatos) poderá satisfazer tal desejo." (pág. 63, "Repressão
Sexual", Marilena Chauí)
- Princípio da Realidade = princípio que nos faz "compreender e aceitar que nem tudo o que se
deseja é possível, que se for possível nem sempre é imediato, que nem sempre pode ser
conservado e muitas vezes não pode ser aumentado." (pág. 63, op. Cit., Marilena Chauí).
Impõe-nos limites internos e externos.
10. A nossa vida psíquica tem três instâncias segundo Freud: 1ª) ID = parte inconsciente
formada por instintos e impulsos orgânicos e desejos inconscientes, (ou pulsões) que são
regidas pelo Princípio do Prazer e são de natureza sexual no sentido amplo já explicitado
acima. O Centro do ID é o Complexo de Édipo. 2ª) SUPEREGO = parte inconsciente. Instância
repressora do ID e do EGO, proveniente tanto das proibições culturais e sociais interiorizadas
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"quanto das proibições que cada um de nós elabora inconscientemente sobre os afetos." (M.
Chauí, op. cit., pág. 66). É o agente da civilização que tem o papel de dominar o perigoso
desejo de agressão do indivíduo. Através dele a civilização consegue inibir a agressividade
humana introjetando-a para o interior do sujeito propiciando o SENTIMENTO DE CULPA. 3ª)
EGO = é a consciência submetida aos desejos do ID e repressão do SUPEREGO. Obedece ao
Princípio da Realidade. Vive sob angústia constante pois busca um equilíbrio entre os desejo do
ID e a repressão do SUPEREGO, busca satisfazer ao mesmo tempo o ID e o SUPEREGO.
Quando o conflito é muito grande e o EGO não consegue satisfazer o ID este é rejeitado
determinando o processo chamado REPRESSÃO. Mas o que foi reprimido não permanece no
inconsciente e reaparece então sob a forma de SINTOMAS (=representantes do reprimido).
12. Segundo Freud há três fases da sexualidade humana (lembre-se do sentido amplo da
sexualidade) que se desenvolvem entre os primeiros meses de vida e os 5 ou 6 anos: 1ª) Fase
Oral = prazer através da boca (ingestão de alimentos, sucção do seio materno, chupeta, etc...)
2ª) Fase Anal = prazer localizado primordialmente nas excreções e fezes, brincar com massas e
com tintas, etc...
3ª) Fase Genital ou Fálica = prazer principalmente nos órgãos genitais e partes do corpo que
excitam tais órgãos. Momento do surgimento do Complexo de Édipo.
- Mas apesar de o menino abandonar o desejo pela mãe por medo da castração ela não deixa
de acontecer para ambos os sexos e de forma simbólica de acordo com a interpretação de
Lacan. CASTRAÇÃO no sentido simbólico significa a impossibilidade de retorno ao estado
narcísico do qual fomos expulsos com o nosso nascimento. CASTRAÇÃO significa a perda, a
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falta, o limite imposto à onipotência do desejo. É um processo que já acontece desde o corte do
cordão umbilical. A rigor quem castra é a mãe. Se a mãe permite a independência da criança,
negando formar um todo narcísico com ela, ela castra. A castração é um evento absolutamente
progressista na nossa vida e que torna possível a vida em sociedade e a nossa autonomia.
Através da CASTRAÇÃO introduz-se a LEI DA CULTURA que é produto de Eros e não de
Thanatos. A Lei não existe para aniquilar o desejo e sim para articulá- lo com a convivência
social. "É a guardiã do desejo na medida em que o encaminha no sentido de uma subordinação
ao Princípio da Realidade" (pág. 312, Os Sentidos da Paixão, Hélio Pellegrino)
- A CASTRAÇÃO nos faz sentir como seres incompletos, carentes. Mostra-nos que é da brecha
entre tudo o que se quer e aquilo que se pode (princípio de Realidade) que nascem as
possibilidades de movimentos do desejo. Mas o seu exagero pode trazer conseqüências
negativas como as neuroses.
15. Psicanálise e Ética - A psicanálise mostrou que uma das causas dos distúrbios psíquicos é
o rigor excessivo do SUPEREGO, a CASTRAÇÃO excessiva. Quando isto acontece há dois
caminhos não éticos: ou a transgressão violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos ou a
resignação passiva de uma coletividade neurótica, que confunde neurose e moralidade." (pág.
356, op. Cit., Marilena Chauí). Não éticos porque a violência é introduzida: violência da
sociedade que exige dos sujeitos padrões de conduta impossíveis de serem realizados e, por
outro lado, violência dos sujeitos contra a sociedade, pois somente transgredindo e
desprezando os valores estabelecidos poderão sobreviver. Em suma é necessária a repressão
dos desejos, da sexualidade, para ser possível a convivência social e a ética "mas por outro
lado a repressão excessiva destruirá primeiramente a ética e depois a sociedade." (pág. 356,
op. Cit. Marilena Chauí). Segundo Freud o sujeito da psicanálise é responsabilizado, sim, por
seu inconsciente pois "quem mais, além de mim, pode se responsabilizar por algo que, embora
eu não controle, não posso deixar de admitir como parte de mim mesmo? Responsabilidade
difícil de assumir, esta - pelo estranho que existe em nós, age em nós e com o qual não
queremos nos identificar. No entanto, eticamente, é preferível que o sujeito arque com as
conseqüências dos efeitos de seu inconsciente, fazendo deles o início de uma investigação
sobre o seu desejo, a que ele permita que tais efeitos se manifestem apenas na forma do
sintoma. Ou, o que é ainda mais grave, que o sujeito tente se desembaraçar do inconsciente,
por meio dos atos de intolerância que projetam no outro o que o eu não quer admitir em si
mesmo. A passagem por uma análise torna o sujeito não apenas mais responsável pelo desejo
que o habita, mas também preserva as pessoas que lhe são mais próximas, aquelas que
dependem de seu afeto e de sua compreensão - filhos, parceiros, subordinados etc -, de se
tornarem objetos das projeções e das passagens ao ato de quem não quer assumir as
condições de seu próprio conflito." (pág. 32, Sobre Ética e Psicanálise., Maria Rita Kehl).
É de todos conhecido, que a psicanálise, como terapia e como teoria foi uma criação de
Sigmund Freud, que nos finais do século XIX pôde observar nos seus pacientes
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Por volta de 1920 Freud elabora então uma teoria da personalidade que se tornou
definitiva e que constituiu uma verdadeira revolução quanto ao modo de estruturação
do nosso psiquismo.
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importância não só aos desejos sexuais mas também aos desejos agressivos do id.
O ego é o conceito que Freud utiliza para designar o conjunto de processos psíquicos e
de mecanismos através dos quais o organismo entra em contacto com a realidade
objectiva. O ego seria um guia do comportamento do organismo à luz da realidade. É
certo, que o ego faz eco das demandas do id e dos seus desejos, mas a sua função
consiste em os satisfazer ou não, segundo as possibilidades oferecidas pela realidade.
Não é que o ego não queira o prazer que o id procura, porém às vezes reconhece que
tem de suspender a sua procura sob pena de entrar em conflito com a realidade.
Um ego amadurecido, não se assusta ao fazer eco dos desejos do id, ao tomar
consciência deles. Ao contrário, um ego infantil e neurótico resiste a trazê-los à
consciência, defendendo-se contra eles através da repressão (recalcamento) e outros
mecanismos de defesa. Um ego maduro e adulto não se assusta, não teme os desejos
instintivos; não quer dizer que os satisfaça a todo o momento, significa somente que os
consciencializa e depois satisfá-los ou não segundo seja ou não racional fazê-lo.
Um dos erros mais correntes, e que, com alguma frequência é cometido também por
alguns psicólogos, consiste em acreditar que todos os processos designados pelo ego
freudiano possuem a propriedade de ser conscientes. É certo que a maior parte dos
mecanismos e processos do ego são conscientes, mas nem todos o são. Freud chegou
a esta conclusão ao observar que em certas ocasiões alguns desejos instintivos
procedentes do id são rejeitados ou reprimidos pelo ego sem que o sujeito tenha
consciência alguma nem dos desejos nem da sua rejeição ou repressão.
É evidente que as exigências do superego se opõem quase sempre aos desejos do id.
Este conflito, entre o superego e o id incide directamente no ego, já que tanto o id como
o superego procuram que o ego actue de acordo com as suas próprias exigências ou
desejos. Normalmente o que o ego faz é procurar uma solução de compromisso, que os
satisfaça, embora parcialmente. Um ego maduro consegue normalmente achar esta
fórmula conciliatória, a qual, para que seja realmente válida, deverá ter em conta
também a realidade ambiental.
Poder-se-á dizer que, para Freud, a personalidade consiste basicamente neste conflito
entre os desejos instintivos e as normas interiorizadas da sociedade, conflito que se
desenrola no grande cenário constituído pela relação mútua entre o ego e a realidade
ambiental.
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Quando era dada ao hipnotizado uma ordem que ele não podia cumprir, ele
acordava abruptamente do transe, bastante incomodado, e tornava-se, em seguida,
resistente a entrar em nova hipnose. Em síntese, se a hipnose era capaz de fazer surgir
algumas pequenas atitudes que geralmente o paciente não as teria quando sentindo-se
ameaçado, ele não só se recusava a cumprir as ordens como tornava-se
particularmente resistente ao procedimento. Isso fez com que Freud abandonasse a
técnica da hipnose.
Uma força mantia essa percepção de acontecimentos cuja dor o indivíduo não
poderia suportar de imediato inconsciente ( a mente não sabe que sabe). Essa força foi
denominada recalque.
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Essa teoria foi abandonada e surgiu a segunda teoria das pulsões, que as dividiu
em: as pulsões de vida e as de morte. A pulsão de vida visa a preservação da vida do
organismo e da espécie. Ela é conjuntiva e construtiva e preside à organização e
diferença das formas.
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A fase oral corresponde à idade por volta de zero a dois anos e é subdividida em
fase oral de sucção – de zero a seis meses, e oral canibalística – de seis meses a um
ano mais ou menos.
3-INTERPRETAÇÃO DE SONHOS
Sigmund Freud, 1899/1900.
Raras são as obras cujo centenário é lembrado e celebrado. A Interpretação dos Sonhos de
Freud é uma delas. Para isto há várias razões. A data marca não apenas o centenário de uma
obra, mas também o centenário do inconsciente e da própria psicanálise.
Para aqueles que não são familiarizados com a obra freudiana uma introdução à importância da
obra será feita. Este endereçamento se refere ao fato de que todo e qualquer psicanalista, de
toda e qualquer "corrente" desde sua criação até os dias de hoje reconhecem em A
Interpretação dos Sonhos uma obra inaugural.
Trata-se de uma obra que traça o limite entre os artigos pré-psicanalíticos de Freud e o início da
psicanálise. Na edição brasileira das obras completas de Freud (Editora Imago) encontra-se
representada por dois volumes (IV e V), tendo sido também publicada em várias edições
avulsas. Obra atual por sua obrigatoriedade na formação de todos os psicanalistas e mesmo
psicólogos, pululam resenhas e comentários introdutórios. Quanto aos comentários, para os
iniciantes pode-se destacar a Introdução à Metapsicologia Freudiana de Luiz Alfredo Garcia-
Roza (Zahar Editores), com um volume inteiramente dedicado a A Interpretação dos Sonhos.
A obra de Freud provoca uma ruptura absolutamente radical na maneira de abordar o homem
em 25 séculos de pensamento. Todas as filosofias, toda a psicologia incipiente, toda a ciência
até Freud se preocupava com o homem em seu aspecto consciente. Segundo o próprio Freud,
o conceito de inconsciente e a formulação de que o homem não é senhor em sua própria
morada tem importância equivalente às rupturas causadas pela passagem do teocentrismo para
o heliocentrismo e pela comprovação da ascendência animal do humano.
Se há um texto, na obra de Freud, que possamos indicar como primeiro responsável por esta
ruptura é A Interpretação dos Sonhos. Nele encontramos a tese que se tornaria a mais popular
(e mais mal utilizada): a do complexo de Édipo. Neste texto, também, Freud formula a divisão
da mente entre o consciente e o inconsciente. É também ali que a clínica psicanalítica vai
encontrar sua justificativa teórica, ainda que não fosse esta a preocupação inicial de Freud.
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Na verdade a obra foi publicada em 04 de novembro de 1899. Por uma decisão do editor, no
entanto, a data impressa é a de 1900. A correspondência de Freud a Fliess (publicada em
português pela Imago) nos fornece os dados a seguir. Durante dois anos Freud se dedicou ao
preparo deste que seria um exemplo excelente de estrutura de tese. Sua pesquisa não deixa de
fora nenhuma obra conhecida que abordasse o tema dos sonhos, nem mesmo os sempre
populares livros de sonhos egípcios. Cada possível argumento, cada possível interpretação é
examinada com seriedade e rigor científico. A magnitude do trabalho poderia responder pela
lentidão com que o texto foi produzido, mas em suas cartas ao amigo Fliess podemos entender
que as razões da demora foram mais pessoais.
O livro é pleno de exemplos. Muitos sonhos são analisados e interpretados. O que mais custou
ao autor, portanto, foi o fato de que, devido ao sigilo com que deveria resguardar os sonhos de
seus pacientes, Freud utiliza os próprios sonhos para dar seqüência à obra. Como o
pesquisador que se contagia com a doença que pretende estudar, Freud se expõe aos efeitos
de sua própria tese, tira as conseqüências de seus próprios sonhos trabalhando suas próprias
neuroses. E corajosamente, nos expõe todo o processo. Não poucas vezes em sua
correspondência confessa que prefere não publicar o livro, se mostra pessimista quanto às
conseqüências de suas teses e apreensivo quanto à recepção que o livro teria no meio
científico e em seu círculo familiar.
Freud, no entanto, não era um filósofo. Seu interesse pelos sonhos tem uma justificativa
completamente científica. Seu rigor se demonstra em cada linha de seu texto na seriedade com
que aceita tirar as conseqüências dos fatos, mesmo que em prejuízo de sua teoria ou de seu
status médico. Um pouco da história envolvendo a obra e a própria psicanálise devem
esclarecer este ponto.
Como o observador que se despe dos preconceitos para apreender um fato inusitadamente
novo, Freud criou o que seria um método de pesquisa pela escuta. Pouco antes da escritura do
livro passara pela experiência de ouvir de uma paciente que deveria calar-se e escutar mais.
Obedeceu. Aos poucos percebia que os sintomas histéricos cediam à palavra. Ao narrar a
origem dos sintomas as histéricas se curavam. A primeira teoria formulada para lidar com este
fato foi a da catarse. Em poucas linhas a idéia central era a de que o sintoma histérico (no
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exemplo clássico paralisias, cegueiras, convulsões etc…) consumia uma quantidade de energia
originalmente vinculada à idéia que provocou o sintoma. Assim, o acesso desta idéia à memória
e à palavra deveria recanalizar esta energia represada no sintoma, eliminando-o.
Nas tentativas iniciais do que se tornaria mais tarde o método da associação livre Freud
simplesmente se submeteu a ouvir o que vinha à mente de seus pacientes. Nos pontos em que
localizava alguma resistência aprendeu a reconhecer a necessidade de fazer valer sua
presença, em sua insistência e incitação, fazendo com que o paciente se detivesse neste ponto,
se esforçasse um pouco mais, de modo que pudesse seguir por uma trilha inicialmente
bloqueada. Ainda em busca da memória perdida, Freud começava a apreender o
funcionamento dos sintomas, o tipo de defesas com que se protegiam da investigação e a
ferocidade com que resistiam à cura. Só em A Interpretação dos Sonhos será possível
encontrar suas teses a este respeito.
A importância dada aos sonhos começava aí a tomar força. Deixados livres para falar o que
viesse à cabeça os pacientes logo começaram a narrar sonhos, associando-os a eventos
relevantes à sua neurose. Freud não se autoriza a legislar o que teria ou não pertinência na
narrativa do paciente. Imbuído de uma crença profunda na lei da causalidade supõe que algum
fator desconhecido justificaria que os sonhos surgissem na fala dos pacientes. Este fator
desconhecido, digamos desde já, seria cernido pelo conceito de inconsciente. Se os sonhos se
impunham desta forma à observação do pesquisador, nada mais legítimo que decifrar sua
estrutura.
À guisa de comentário paralelo notemos que não só os sonhos adquiriram seu valor desta
forma, mas também a sexualidade infantil. Os pacientes também traziam lembranças de
sensações sexuais prazerosas vividas na infância, o que, apesar do choque, Freud se viu
obrigado a considerar. Esta seria outra idéia responsável pelo isolamento da comunidade
científica de sua época.
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Os sonhos e a neurose
A tese central do texto é a de que "O sonho é a realização de um desejo". Este desejo,
entendamos, não é necessariamente um desejo que possamos aceitar em nossa vida vigil.
Quando não se trata de um desejo aceitável, nos diz Freud, preferimos esquecê-lo. Este
esquecimento será descrito como conseqüência de um mecanismo chamado 'recalque'. O
desejo recalcado, no entanto, permanece em algum lugar exercendo seus efeitos. Os sonhos
são apenas um exemplo destes efeitos.
Mas os sonhos têm por característica sua falta de senso, sua não obediência às leis que nos
regem na vigília. O que Freud formula é que os sonhos seguem uma lei própria, seguem uma
lógica que não é a lógica cotidiana. É levado assim a demonstrar que nosso aparato mental é
formado pela consciência, cujas regras reconhecemos, e pelo inconsciente, cujos efeitos nos
surpreendem por seguir uma lógica diferente e desconhecida (ainda que sempre familiar).
Desta forma, um desejo que não condiz com nossa posição social, nosso sexo, nossa situação
civil etc…é 'jogado' naquele campo que não segue as mesmas regras de nossa consciência. No
inconsciente, nos diz Freud, este desejo vai procurar sua expressão a qualquer custo. Se não é
possível que ele se expresse conscientemente (por que no consciente atua aquela resistência
que mencionamos acima, provocando o recalque), ele vai buscar alguma expressão substitutiva
que consiga escapar à censura. O sonho pode ser entendido como a expressão de uma série
de desejos, que encontram nele a única via para a consciência. É por isto também que o sonho
será entendido por Freud como a via régia para o inconsciente, uma vez que é sua
manifestação mais direta.
Mas dissemos que o sonho e os sintomas possuem uma estrutura comum. Isto ficará mais claro
no próximo ítem, mas digamos desde já que o sintoma neurótico é também uma manifestação
de um desejo. A principal diferença é que no sintoma uma solução é encontrada para que o
desejo se apresente na consciência.
Também neste caso, contudo, este desejo se manifestará com as distorções necessárias para
que possa ser aceito pelo consciente.
O funcionamento do sonho
Aos processos que ocorrem no inconsciente Freud chama processos primários, em oposição
aos secundários, do consciente. Têm por característica não levar a realidade em consideração,
tolerar contradições, não conhecer a temporalidade e acima de tudo, buscar a realização de
seus impulsos. Freud decifrou a gramática destes processos, descobriu os meios pelos quais
atinge seus objetivos. Dois mecanismos básicos são localizados: a condensação e o
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deslocamento. Nos estenderemos nisto, por ser um dos mais importantes pontos de A
Interpretação dos Sonhos.
É nos capítulos 6 e 7 do livro que Freud desenvolve o mecanismo de trabalho dos sonhos e o
funcionamento do aparato mental. Apresenta o mecanismo de deslocamento na possibilidade
que as idéias têm, no inconsciente, de 'emprestar' seu valor para outras idéias, de modo que
fatos ou imagens aparentemente sem importância podem ter sido amenizadas, com o quê
burlam a censura, compondo o material do sonho. De forma inversa fatos que aparecem no
sonho como extremamente nítidos ou valorizados usualmente ganharam seu relevo por uma
associação a outra idéia, esta sim, de grande importância.
As razões deste trabalho de montagem são explicadas pelo aparato psíquico proposto no
capítulo seguinte do livro. Neste aparato o ics (inconsciente) figura em um extremo e o cs
(consciente) no outro, e entre eles o pcs (pré-consciente). O ics recebe seu material do sistema
perceptivo, mas não tem acesso ao sistema motor. O cs controla as ações, mas a realidade que
lhe chega já passou pelos processos do ics. Como intermediário entre os dois sistemas figura a
censura, ou seja, uma função que determina o que pode e o que não pode aceder à motilidade,
levando a realidade em consideração. Todo o material que não pode passar pela censura está
condenado a ser recalcado, a ficar relegado ao ics, sem, no entanto, ficar com isto silenciado. O
trabalho do sonho é entendido, assim, como o trabalho de distorção necessário para que o
material do ics possa se manifestar.
Vale dizer ainda que a distorção a que o material do sonho foi submetida nunca é casual ou
caótica, e é por provar isto que o trabalho de Freud adquiriu seu valor.
Uma idéia (um desejo, uma intenção ou mesmo uma percepção) está permanentemente
relacionada a outras. A natureza desta relação é muito abrangente, podendo ser determinada
pela contigüidade espacial ou temporal em que ocorreu, pela similaridade, pela homofonia,
enfim, por toda uma gama de possibilidades. O que importa é que a idéia 'principal', uma vez
que tenha sido censurada, não poderá ser reconhecida no consciente, mas as idéias com as
quais se associa, uma vez que esta associação não seja óbvia, podem ser utilizadas para
representá-la (deslocamento). Então, lembrando que no ics as idéias buscam sua expressão,
ou nos termos de Freud: os desejos buscam sua realização, o trabalho do sonho é a maneira
pela qual um desejo pode se realizar por seus substitutos.
Uma conseqüência direta desta explicação do sintoma é muita incômoda para todos nós. Se
nossos desejos devem levar em consideração a realidade para que possamos aceitá-los, como
saber se o que reconhecemos como nossos desejos não são amenizações de nossos
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'verdadeiros' desejos, estes inconscientes? Em outras palavras, uma vez que vivemos em
sociedade, tendo que considerar suas regras, somos todos neuróticos.
A psicanálise hoje
A transmissão da psicanálise foi garantida, a partir da década de 50, por Jacques Lacan. Em
sua leitura desta obra de Freud propõe que o que é formulado é um inconsciente estruturado
como uma linguagem. A condensação e o deslocamento podem ser entendidos como a
metáfora e a metonímia e a estrutura associativa das idéias como a cadeia de significantes (que
só podem existir entre dois outros, em associação). Partindo da clínica das psicoses (Freud
partiu da neurose) Lacan amplia o campo psicanalítico e encontra a precisão necessária ao
ensino e à transmissão da psicanálise.
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OS PROCESSOS DE ELABORAÇÃO DO
SONHO 1 O Conteúdo Latente do Sonho
2 O Conteúdo Manifesto do Sonho
3 A Elaboração do Sonho
3.1 Dramatização ou concretização
3.2 Condensação
3.3 Desdobramento
3.4 Deslocamento
3.5 Representação pelo oposto
3.6 Representação pelo nímio
3.7 Representação simbólica
4 A Elaboração Secundária
4-TÉCNICA FREUDIANA
Sigmund Freud nasceu em Freiberg, na Morávia, em 1856, de família judaica. É filho
do terceiro casamento de seu pai, que trabalhava no ramo de tecelagem. Aos 4 anos de idade,
como os negócios do pai não iam bem, a família se transfere para Viena. Nessa cidade recebeu
toda sua educação, ficando conhecido como o “Mestre de Viena”. O universo feminino em que
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viveu, com cinco irmãs, pode ter influenciado sua riquíssima e extensa obra, que tem a marca
de sua neurose.
Destacou-se como aluno da escola secundária; estudioso, curioso, atento às
preocupações humanas. Interessado em ciências naturais, prosseguiu estudos no
campo da medicina. Em seus primeiros anos como pesquisador estuda as enguias
(peixes), depois o sistema nervoso das lampreias.
Ingressou em Hospital Geral, e entre os vários departamentos, o de Psiquiatria, sob a
orientação de Meynert, que ele conhecia desde os tempos da escola, o impressionou bastante.
No entanto, naquela oportunidade, dedicou-se à fisiologia, à anatomia cerebral e, depois às
doenças nervosas.
Em1878, conheceu o Dr Joseph Breuer, catorze anos mais velho, que se tornou seu
amigo e incentivador, inspirando suas primeiras pesquisas no campo da Psicanálise. O Dr.
Breuer pode ser aproximado à figura paterna, e, inclusive, o ajuda financeiramente em algumas
situações. Foi uma grande e intensa amizade em sua vida, no entanto, seguem-se polêmicas e
rompimento. Freud estava convencido de que deixaria sua marca na História; tinha
autoconfiança em relação à sua carreira e ao peso de seu legado; era o único filho que tinha um
quarto exclusivo para estudar. O ambiente familiar o auxiliou bastante a ter força para seguir
avante em sua carreira quando suas idéias eram consideradas, no mínimo, polêmicas.
Em 1880, o Dr Breuer iniciou o tratamento com Berta Pappenteim, mais conhecida
como Anna O, uma das pacientes mais famosas da Psicanálise, e utilizou algumas estratégias
terapêuticas inovadoras, como a hipnose, (técnica terapêutica que faz com que o paciente se
lembre e vá resgatando na memória algumas experiências passadas visando com isso o
desaparecimento de alguns sintomas) para o tratamento da histeria, problema que afetava
muitas mulheres naquela época; na maioria jovens que alimentavam sonhos que não haviam
conseguido realizar por conta da rigidez moral da época.
Após dois anos de tratamento, Breuer abandona o caso de Anna O; não dá
continuidade às suas pesquisas e Freud o faz, pois se interessava profundamente pela histeria
com toda a riqueza de sintomas que apresentava ao final do século XIX. Freud partiu da clínica;
das relações que se estabeleciam entre ele e os pacientes, para elaborar modelos
interpretativos; teorizar. Esta foi uma contribuição importantíssima à ciência e ao campo da
educação, pois o enfoque clínico tem sido utilizado no trabalho de capacitação de professores
visando auxiliá-los na reflexão sobre suas práticas.
Em 1882, Freud conhece Martha Bernays, jovem que virá a ser sua esposa, em 1886.
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estudo da vida sexual, referindo-se aos efeitos dos valores e regras sociais rígidas, impostos
aos filhos da sociedade dessa época. Nesse mesmo ano, Freud analisa seu próprio sonho, que
está relatado na sua obra “Interpretação dos Sonhos”, voltando para si mesmo o seu olhar de
pesquisador. Para alguns estudiosos, esse é o momento inaugural da Psicanálise, pois a partir
daí o sonho passa a ser fundamental na construção teórica e na clínica psicanalítica. Ainda
nesse ano de 1895, nasce sua filha, Anna Freud, que se torna, também, psicanalista.
Em1896, Freud faz uma conferência na Universidade de Viena sobre a etiologia sexual
da histeria, colocando a hipótese de que, em sua etiologia, a histeria traz a marca sexual. Isso
produz enorme escândalo e dificulta a aceitação de Freud no meio acadêmico. É o estopim do
rompimento com Breuer, que era conservador e estava inserido no grupo de cientistas. Freud
se surpreende, pois achava que Breuer o apoiaria, o que colaboraria para a aceitação de sua
tese.
Nesse mesmo ano de 1896, quando faz uma conferência, morre-lhe o pai, experiência
das mais difíceis para o homem, após o que Freud passa a pensar no Édipo. Fazendo sua auto-
análise, vai-se dando conta de que, como filho, alimentava pela mãe um amor incestuoso que
só foi possível perceber após a morte do pai.
Freud tinha formação humanista muito forte; tinha uma produção intelectual intensa e
por sua erudição consegue pensar em metáforas para as referidas explicações. Através da
mitologia, da arqueologia, vai buscando vestígios do passado na história das pessoas; por
exemplo, amor incestuoso mas inconsciente pela figura materna. Freud mostra que a
sexualidade humana não se liga à genitalidade e que se organiza a partir de operações
psíquicas. Propôs que as crianças já apresentam uma sexualidade muito diferente das outras
espécies e que, na infância, não está comprometida ao órgão sexual, mas a sensações ligadas
à sexualidade.
Isso foi revolucionário para a época, quando se achava que a sexualidade ficava
adormecida. A sexualidade humana tem basicamente uma questão que a torna diferente; é a
questão da pulsão, pois nós não somos, tal como os animais, movidos por instinto, mas por
pulsão, termo proposto por Freud para dar a idéia de algo que fica exatamente no limite entre o
orgânico e o psíquico.
Aos poucos, Freud vai reformulando suas próprias concepções e desvendando
segredos humanos. Em 1897, época do Édipo (experiência edípica de matar o próprio pai em
sonho e a culpa pelo amor incestuoso), Freud pondera que fatos que fazem parte da fantasia
são muito importantes na Psicanálise.
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Abandona a teoria da sedução, dizendo não mais acreditar nos relatos de suas
histéricas. Recorre à teoria da fantasia, segundo a qual os elementos relatados na construção
da história de cada paciente não fazem parte da realidade, mas, mesmo não tendo sido
experiências reais, a maneira como são relatadas tem um peso para produzir sintomas. Freud
percebe que, no momento em que a pessoa fala, seja uma experiência empírica ou fantasiosa,
o valor para o analista é o mesmo; a fantasia vai revelar, de alguma forma, como é difícil para
essas pacientes assumir conscientemente seus discursos de que, ao contrário, elas é que
procuram ser seduzidas. Se a primeira teoria causou tanto furor, a segunda foi menos polêmica,
no entanto a comunidade científica continuou a não aceitá-lo.
Nessa época, escrevia cerca de duas a três cartas por dia para o Dr. Fliess,
independentemente das respostas. Para Freud, eram momentos de muitas questões que não
haviam sido pensadas antes, como: a questão do sonho; o que é um aparelho psíquico; como
ele se organiza; como se estrutura. Extremamente inventivo, produtivo, Freud passava de doze
a dezesseis horas diárias em seu gabinete, atendendo pacientes e dedicando-se a estudos,
pesquisas, correspondência.
1900, ano da publicação do livro “A Interpretação dos Sonhos”, deixou marcas
profundas na cultura ocidental e representa a revolução paradigmática produzida por Freud,
tirando o homem do centro de sua própria consciência, da mesma forma que Copérnico tirou a
terra do centro do universo, Darwin tirou o homem do centro da criação e Marx tirou o homem
do centro de sua própria história, dizendo que o homem é o resultado dessa história. A noção
de inconsciente configura a ruptura de Freud com a epistemologia hegemônica do século XX.
Para Freud, o sonho é revelador de como funciona o psiquismo humano e ele
considera o sonho como a via régia para o inconsciente; é o guardião do sono; é uma formação
do inconsciente que está diretamente relacionada ao desejo; é um regus (semelhante a uma
carta enigmática). O sonho acaba sendo uma espécie de matéria-prima privilegiada na teoria
freudiana, a partir da qual o grande mestre vai aprimorando suas lições. A interpretação dos
sonhos é a via de acesso ao conhecimento do inconsciente, que produz suas formações: os
sonhos, os lapsos, os atos falhos, os esquecimentos, os chistes, o sintoma. Por definição, o
inconsciente é inapreensível e o que dele se pode apreender são suas formações.
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Em 1938, fugindo do nazismo, Freud foi para Londres. Suas três irmãs, ao
contrário, morreram no campo de concentração.
Apesar dos 83 anos de idade e da doença, Freud ainda trabalhava; atendia
pacientes, mas sofria com muitas dores e sua filha, Anna, concedeu ao médico que o
atendia permissão para que aplicasse dose excessiva de morfina. Assim morreu o
inventor da Psicanálise, a 23 de setembro de 1939, aos 83 anos, em Londres, na casa
onde hoje é um museu que conta com seu divã, parte de sua biblioteca, suas
antiguidades, funcionando como guardiões da história da Psicanálise.
Bibliografia
Obras Completas – Vol. XI
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14/05/2004
Muita gente pensa (e a autoridade de Popper tem reforçado muito esse pensamento) que a investigação
psicanalítica é um trabalho feito nas coxas e que as idéias subjacentes à psicanálise servem tanto para
explicar tudo quanto para justificar qualquer baboseira que se apresente a título de explicação. "Grosso
modo", seria assim: o psicanalista observa o jeitão do paciente, realiza com ele uma ou duas sessõezinhas
de livre associação, analisa dois ou três sonhinhos e, sem perder mais tempo, tasca um diagnóstico na
cara do infeliz. Depois disso, fica só tentando convencer o pobre do analisando da absoluta verossimilitude
da sua interpretação, valendo-se para tanto (e como técnica de imunização à crítica) da própria teoria
psicanalítica. Ou seja, se o paciente aceita o diagnóstico, está provada a sua validade, mas se o contesta,
tal recusa não passa de uma "denegação" que, no fundo, é confirmação. Se o paciente tenta contra-
argumentar de uma forma mais complexa, tadinho, está ele apenas "racionalizando"; e se de repente
apresenta um comportamento inusitado que aparentemente não fecha com o diagnóstico, prontamente o
analista o interpreta como o começo de uma "formação reativa". Em síntese, "cara eu ganho, coroa você
perde" e assim será sempre.
Não duvido que muitos psicanalistas realizam esse tipo de análise "selvagem" (a incompetência e a
presunção arrogante são mesmo endêmicas em "todas" as profissões), mas essa idéia negativa que se tem
da psicanálise é tão simplista quanto a pior interpretação psicanalítica, e ambas têm em comum o fato de
encerrarem os mesmos equívocos, sendo o principal deles o fato de que tanto o mau analista quanto o
cético mal informado — porém de boa-fé — acreditarem que, segundo a psicanálise, "todo" pensamento e
comportamento humanos não passam de manifestações superficiais de processos mentais não só
inconscientes como essencialmente libidinosos. Ora, isso é reducionismo vulgar ou, da parte dos críticos,
uma redução à caricatura. Tal idéia, além de estranha à psicanálise, vai de encontro aos seus princípios e
objetivos; pois, se assim fosse, o tratamento psicanalítico não seria apenas difícil: seria impossível,
totalmente inviável. Se se admite que a terapêutica psicanalítica é potencialmente eficaz, deve-se admitir
também que a consciência não é um epifenômeno, mas um mecanismo de retroalimentação e controle
(feedback) que pode ser reforçado por meio da análise. O objetivo da psicanálise como terapia é fazer com
que "o que antes era id doravante seja ego" (Freud); é induzir o paciente a vencer suas resistências de
modo que, "ciente" dos conflitos que o dilaceram, possa então resolvê-los por meio da "razão". Essa meta
assenta-se numa pressuposição: a de que, em inúmeras circunstâncias, é possível uma pessoa pensar e
agir de uma forma totalmente racional, sem a influência da libido, obedecendo a critérios realistas e
sabendo que pode errar. Freud, em seu ensaio "O Homem dos Lobos", escreveu: "estamos acostumados a
rastrear o interesse por dinheiro ‘na medida’ em que é irracional e libidinoso em sua natureza", no entanto,
"presumimos que as pessoas normais mantenham as suas relações com dinheiro totalmente livre de
influências libidinais e que as regulem de acordo com considerações realistas." (Sobre a história de uma
neurose infantil)
A própria decisão do neurótico de procurar um tratamento doloroso é, na maioria dos casos, uma atitude
“lúcida”, isto é, uma deliberação fundada na razão e na realidade. Aliás, os psicanalistas admitem que um
dos traços que distinguem o neurótico do psicótico é a capacidade que o primeiro tem de “desconfiar” dos
seus delírios, de considerar alguns de seus atos como “absurdos” ou mesmo “irracionais” e, por
conseguinte, de proferir julgamentos críticos e autocríticos válidos. E se ele é capaz disso, então não se
pode deixar de reconhecer que muitas das objeções do analisando às interpretações feitas, longe de
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Como se vê, a própria psicanálise estabelece que “nenhuma conjectura proposta por um psicanalista é
infalível ou absolutamente certa”, o que significa dizer que as próprias regras do método determinam que
“todo” resultado a que se chegue através deste método encerra a possibilidade de ser falso.
Decerto que o fato de uma hipótese ser potencialmente falsa não quer dizer que ela seja “falseável”. Para
que o seja, é necessário que haja um critério de falsificação. No caso em questão, qual seria ele?
De acordo com a técnica psicanalítica, há uma maneira razoavelmente segura de distinguir uma
discordância válida de uma denegação que revela apenas resistência, e também de discernir uma postura
ativa (como a altivez de quem tem sólida auto-estima) de uma formação reativa (exemplificada por aquela
arrogância que não é senão a fachada compensatória de um sentimento de inferioridade). Segundo Freud,
a pedra de toque estaria, primeiro, na “medida excessiva” das emoções presentes nos pensamentos e
atitudes do analisando, no tamanho da excitação irracional, na grandeza da desproporção entre a energia
gasta e a racionalmente necessária. Mas não só nisso, pois, como ressaltou Peter Gay, entre os
comportamentos normais “há lugar para uma indignação ou para uma admiração apaixonada”, de sorte que
“onde há fumaça, nem sempre há fogo”. Para que a intensidade do afeto seja um indicativo sólido de que
se está diante de um estratagema defensivo, ela deve ter também um “caráter compulsivo”, ou seja, é
preciso que se apresente de forma persistente e reiterada, como “padrão” comportamental e de um modo
tal que o paciente, a despeito de todo esforço consciente, mostre-se incapaz de dissolvê-lo ou de se
desembaraçar dele.
Em prol desse discernimento, também vale observar se há ou não contradição reiterada entre intenção e
resultado, entre linguagem verbal e a não-verbal ou corporal, além do que é mister estar sempre atento às
manifestações neurovegetativas — de difícil controle pela consciência — que acompanham o pensamento
e a ação.
Essa maneira de avaliar o comportamento humano não é uma invenção de Freud. É algo que, numa versão
grosseira, sempre integrou o bom senso das pessoas. Por haver muita competição nas comunidades em
que vivemos, a evolução nos muniu com uma forma de raciocínio, denominado por Charles S. Peirce de
“raciocínio por abdução”, mediante o qual tanto armamos tramas contra nossos semelhantes como
desmontamos aquelas feitas contra nós. Trata-se de uma forma de elaborar juízos que se desenvolveu na
esteira da dialética malandro-otário. A propósito, o termo “abdução” relaciona-se ao fato de que, nesta
modalidade de raciocínio, os atos e julgamentos possíveis de quem cogita figuram como premissas
(realmente, é preciso ter malícia para enxergar maldades veladas).
Acresce dizer que, se somos capazes de enganar os outros para auferir vantagens, também somos
capazes de enganar com as melhores das intenções (às vezes mentimos para um amigo apenas para
erguer o seu moral) e, também, de cometer auto-enganos deliberados. Afinal, numa batalha, o guerreiro
que não vacila é aquele que “reprime” o medo e age como o mais valente dos mortais. Ademais, para que
uma idéia se converta eficazmente em ação, é necessário alijar da consciência qualquer pensamento que
suscite dúvidas. E quando somos muito dependentes de uma pessoa (econômica e/ou emocionalmente),
convém esconder de nós mesmos as lembranças muito ruins que temos dela e o intenso ressentimento
associado a essas recordações. Tal auto-engano deliberado é, a princípio, uma virtude. Mas o que é um
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vício a não ser um excesso de virtude? Da mesma forma que o sistema imunológico, os mecanismos de
defesa do ego, até uma certa medida, são úteis à sobrevivência (do indivíduo, do grupo, dos genes). Por
outro lado, assim como o sistema imunológico pode voltar-se contra o próprio organismo e dar origem a
doenças auto-imunes, os mecanismos de defesa também podem ocasionar efeitos tóxicos, mortificantes,
como é o caso dos sintomas neuróticos.
Agora, voltemos ao que Popper disse a respeito da psicanálise. Em seu livro “A Lógica da Investigação
Científica”, o filósofo afirma estar convencido de que existe um mundo inconsciente e que as análises dos
sonhos de Freud são fundamentalmente corretas. Diz inclusive que a obra “A Interpretação dos Sonhos” é
um grande sucesso. No entanto, nega à psicanálise o estatuto de ciência por se tratar de uma teoria
irrefutável; pois, segundo suas próprias palavras, “não se pode dar qualquer descrição, seja qual for, de
qualquer comportamento humano LOGICAMENTE POSSÍVEL (o grifo é meu) que se mostre incompatível
com as teorias psicanalíticas”. (O Conhecimento Objetivo; Ed. Itatiaia; pág. 336)
Trocando em miúdos, se o paciente age de uma maneira “A”, isso comprova a interpretação psicanalítica. E
se age de uma maneira inversa (“não-A”), isso também confirma o diagnóstico. Ora, vimos que as coisas
não são bem assim. De acordo com a psicanálise, um ato de negação do analisando nem sempre é um
“sim” camuflado, e se é possível discernir uma recusa lúcida de uma denegação reativa, jamais podemos
saber “com absoluta certeza” se discernimos corretamente, uma vez que, mesmo depois de caracterizada
como um mecanismo de defesa, a denegação do paciente pode de repente vir a se apresentar sem
sobrecarga emocional e sem compulsão, o que lançaria uma dúvida razoável sobre o resultado da
investigação psicanalítica. Por conseguinte, contrariamente ao que supunha Popper, a psicanálise admite
comportamentos humanos LOGICAMENTE POSSÍVEIS capazes de refutar não só interpretações
aventadas no decorrer da análise como até mesmo o diagnóstico final.
Diga-se a bem da verdade que Freud, muitas vezes em suas experiências clínicas, deparou-se com
comportamentos humanos capazes de refutar inclusive segmentos importantes do seu ‘corpus’ teórico. E
sua atitude diante desses casos não foi a de um oráculo decidido a demonstrar que qualquer coisa que
aconteça está, no fundo, de acordo com suas proferições. Ao contrário, quando percebia não haver mais
meios plausíveis de salvar a teoria, não vacilava em abandoná-la mesmo que isso lhe custasse muito. Foi
assim que, em setembro de 1897, Freud renunciou definitivamente à sua “teoria da sedução”.
Enfim, a experiência clínica revelou-lhe que, em contraste com esta teoria, muitas das lembranças
reprimidas dos pacientes são, na verdade, memórias fictícias, ou melhor, “fantasias”, e que são
fantasmáticas — isto é, distorcidas pelos desejos conflituosos do doente — mesmo quando baseadas em
traumas reais. A capitulação resignada aos fatos e o pesar da renúncia estão presentes numa de suas
cartas endereçadas a Wilhelm Fliess, a chamada “Carta do Equinócio”. Nessa missiva, Freud escreveu:
“Não acredito mais em minha neurótica (...) Eis-me obrigado a ficar sossegado, permanecer na
mediocridade, fazer economia, ser atormentado por preocupações. ( ...) Rebeca, tire o vestido, você não é
mais a noiva”. (A ironia é que, atualmente, a crítica mais consistente do ceticismo cientificista à psicanálise
é a que tem por foco a teoria da sedução.)
Ao contrário do que afirmam seus detratores, Freud não foi um intelectual inflexível, falacioso e que
buscava no material clínico apenas confirmações de suas hipóteses. Em outros termos, a teoria
psicanalítica não é a extensão de um ego narcisista para o qual o “argumentum ad hoc” funciona como
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estratagema de defesa. Para o fundador da psicanálise, a experiência é uma autoridade que ora confirma,
ora refuta. Mas, por não ser um empirista ingênuo, mantinha uma postura cética — mas nunca
‘irracionalmente’ cética, como é comum entre os seus opositores — tanto frente às confirmações como
diante das refutações. Foi com esse ceticismo metódico que Freud ergueu o seu edifício teórico. “A história
da psicanálise” — escreveu Peter Gay — “é, nas suas quatro primeiras décadas, em grande medida, a
história de Freud modificando os seus pontos de vista sobre a estrutura da mente, sobre a ação
terapêutica, sobre a natureza dos instintos, sobre a sexualidade feminina e sobre a ansiedade”.
De resto, quanto à teoria da repressão e do recalque (que, para Freud, é a pedra angular da psicanálise),
além das muitas observações e experiências realizadas no âmbito da própria clínica, corroboram-na
também vários testes experimentais feitos com base em outras técnicas: sugestão pós-hipnótica, testes
projetivos, entrevistas controladas e aqueles executados com instrumentos de precisão como o
taquistoscópio, a tomografia computadorizada, etc. Há, por exemplo, os testes realizados no começo do
século passado pelo psicólogo austríaco Herbert Silberer, o experimento de Saul Rosenzweig (British
Journal of Psychology, nr. 24, 1934, p. 247-65), o de Jerome Bruner e Leo Postman (1947), o de Michel
Anderson e Collin Green (2001) e o recente experimento de M. Anderson e J. Gabrielli (2004) em que se
fez uso da ressonância magnética funcional.
Claro que não se trata de provas terminantes, conclusivas. São provisórias, como o são os resultados de
quaisquer testes experimentais. E não é correto exigir da psicanálise o que nem mesmo a ciência mais
dura poder fornecer
5-CORRENTES PSICANALÍTICAS
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que ele não tem acesso e a nossa proposta de botar um pouco de luz na obscuridade
na mente. In = dentro de sight luminosidade dentro de.◊= luminosidade Fala também da
grande descoberta de Freud sobre o papel dos sonhos como mensagens em código de
tudo o que se passa no inconsciente. Alerta para o cuidado com interpretações mais
estereotipadas dos símbolos e propõe que sempre é preciso ver o que a pessoa quer
dizer ou associar com uma imagem que aparece no sonho: “A coisa é o contexto – é
conversar com o paciente.” Zimerman fala que Freud está em parte está superado,
porque não saiu do Édipo. Reconhece que ele foi até camadas mais primitivas,
incluindo o conceito de narcisismo, mas não há como negar que a cultura e os valores
mudaram. Recorre à metáfora de uma árvore que tem raízes fortemente plantadas no
chão e que formam um tronco, que dá galhos, ramos, que, por sua vez dão folhas, e
flores, que deixam cair novas sementes. Os ramos representam as novas escolas, que
lançam as sementes dos futuros.
2. Escola da teoria das relações objetais – Melanie Klein, Ferber. Objetos são pessoas
que entram pra dentro da gente, podem ser boas ou más. Klein falda de uma inveja
primária (inveja do seio da mãe). Os fatos que são penosos, que a criança quer negar,
ela dissocia, como se despedaçasse e projeta no outro, o que Klein denomina
identificação projetiva.
3. Escola da Psicologia do Ego, que começou com Hartmann e que aborda as funções
da mente – atenção, concentração, pensamento, juízo crítico.
6. Winnicott
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(foi inventar que a criança tinha fantasias sexuais); Klein, que recuou no tempo e
percebeu que desde recém-nascidas já tinha fantasia e reações e Bion com a idéia de
campo analítico.
Finalmente fala da patologia do vazio, onde existem carências, temos que suprir
complementar, preencher vazios. A análise é um momento sagrado para o paciente, um
espaço onde vai poder reproduzir as experiências mal resolvidas. Hoje a transferência é
vista como uma necessidade de repetição, onde o paciente mostra as carências dele.
Para finalizar, alinha-se mais uma vez com Bion, chamando de crescimento mental o
resultado da análise. Opta por falar em término de uma análise, mas não cura, pois a
vida continua mudando e trazendo outros contornos
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