Apostila Curso Possibilidades Educativas No Mzusp 2019
Apostila Curso Possibilidades Educativas No Mzusp 2019
Apostila Curso Possibilidades Educativas No Mzusp 2019
CARO EDUCADOR,
O
presente
material
que
acompanha
nossa
oficina
de
formação
tem
por
objetivo
colaborar
com
a
preparação
de
seus
participantes
para
visitas
à
exposição
de
longa
duração
do
Museu
de
Zoologia
da
Universidade
de
São
Paulo
(MZUSP)
–
BIODIVERSIDADE:
CONHECER
PARA
PRESERVAR.
Esperamos
contribuir
com
o
desenvolvimento
de
suas
atividades
didáticas
e
também
com
o
estreitamento
de
sua
parceira
com
o
MZUSP.
Ao
final,
você
encontrará
outras
oportunidades
de
formação
acadêmica
e
de
apoio
didático
oferecidas
pelo
Museu
de
Zoologia
da
Universidade
de
São
Paulo.
Sejam bem-‐vindos!
Prof.
Dra.
Maria
Isabel
Landim
–
Chefe
da
Divisão
de
Difusão
Cultural1,2
Divisão
de
Difusão
Cultural
1
–
Programa
de
Pós-‐graduação
em
Sistemática,
Taxonomia
Animal
e
Biodiversidade
2
-‐
Programa
de
Pós-‐graduação
Interunidades
da
Universidade
de
São
Paulo
i
ÍNDICE
1.
Uma
breve
história
dos
.....................................................................
01
museus
2.
Quem
somos?
.....................................................................
03
3.
Educação
em
museus
.....................................................................
05
4.
Educação
através
dos
.....................................................................
06
objetos
5.
Exposições:
conceitos-‐chave
.....................................................................
09
6.
A
exposição
do
MZUSP
.....................................................................
12
7.
Biodiversidade:
Conhecer
.....................................................................
14
para
Preservar
8.
Oportunidades
no
Museu
.....................................................................
16
de
Zoologia
da
USP
9.
Referências
.....................................................................
17
ii
Resumo:
O
conhecimento
sobre
animais
e
plantas
é
tão
antigo
quanto
a
própria
humanidade.
Conhecer
o
nosso
ambiente
e
seus
recursos
foi
fundamental
para
controlá-‐los
e
expandir
nossa
civilização.
A
curiosidade
sobre
as
incontáveis
formas
da
Natureza
nos
impeliu
a
extrair
dela
testemunhos
para
estudá-‐los
e
relacioná-‐los:
identificando,
classificando
e
reconstruindo
a
sua
história
segundo
as
leis
naturais.
Nesta
jornada,
os
museus
surgem
como
uma
grande
invenção
associando
objetos,
equipamentos
e
recursos
humanos
voltados
a
aprofundar
o
conhecimento
sobre
algum
aspecto
da
Natureza.
Hoje
–
quando
o
sustento
de
mais
de
7
bilhões
de
seres
humanos
impõe
pressão
sem
precedentes
sobre
os
recursos
naturais,
os
museus
assumem
nova
responsabilidade.
A
crise
atual
que
afeta
espécies
e
habitats
naturais
reforça
que
precisamos
conhecer
a
Biodiversidade
para
poder
preservá-‐la.
Em
seus
armários
e
estantes,
essas
instituições
abrigam
registros
preciosos
para
a
construção
desse
conhecimento.
A
Biodiversidade,
muito
além
de
seu
valor
intrínseco
e
econômico-‐utilitário,
tem
inegável
valor
simbólico
para
a
humanidade:
inspira
culturas,
comportamentos,
valores
éticos
e
estéticos.
Preservá-‐la
significa
também
garantir
a
diversidade
cultural
em
um
planeta
de
múltiplas
paisagens.
Objetivos:
-‐
Instrumentalizar
os
participantes
a
trabalhar
com
seus
alunos
o
contexto
da
exposição
de
longa
duração
do
Museu
de
Zoologia
da
USP;
-‐
Proporcionar
um
conhecimento
aprofundado
sobre
o
Museu
de
Zoologia
da
USP
e
seu
papel
como
instituição
de
produção
de
conhecimento
e
meio
de
comunicação;
-‐
Proporcionar
conhecimento
geral
sobre
o
papel
das
instituições
museológicas
e
seus
acervos
na
produção
e
disseminação
de
conhecimento.
iii
1.
Uma
breve
história
dos
museus
Reunir
objetos
e
conferir-‐lhes
uma
função,
significado
e/ou
simbolismo
é
um
hábito
que
nos
acompanha
a
partir
da
pré-‐história.
Nossos
ancestrais
remotos
carregavam
objetos
utilitários
deles
extraindo
conhecimentos
simbólicos
e
sobre
o
ambiente
e,
que
os
diferenciavam
diante
de
seus
grupos
(POULOT,
2005).
Na
Idade
Média,
grandes
coleções
com
valor
de
troca,
na
forma
de
tesouros,
eram
reunidas
em
castelos
e
pela
Igreja.
Porém,
no
Renascimento,
a
prática
tomou
novos
contornos
e
passamos
a
falar
de
uma
cultura
colecionista.
As
grandes
navegações
e
o
interesse
por
objetos
antigos
impulsionaram
a
atividade
(BROWNE,
1997).
As
coleções
transcenderam
a
mera
funcionalidade.
O
colecionismo
representou
uma
oportunidade
para
uma
nova
classe
social,
a
burguesia
mercantil,
um
símbolo
de
legitimação
de
sua
força
e
status.
Mas,
acima
de
tudo,
fomentou
o
estudo
da
História
Natural
a
partir
da
observação
de
suas
evidências
materiais
(FOUCAULT,
1999).
Gravura
representativa
da
sede
original
do
Ashmolean
Museum,
por
Henry
Slatter
(1824).
Fonte:
Ashmolean.org.
Impulsionados
pelo
Iluminismo,
no
século
XVIII
os
museus
foram
assumindo,
cada
vez
mais,
um
papel
central
na
produção
de
conhecimento
sobre
a
História
Natural
(BRANDÃO
&
LANDIM,
2011).
A
produção
de
conhecimento
no
século
XVIII
buscava
revelar
a
ordem
natural
do
universo.
A
1
inauguração
da
nomenclatura
binominal
proposta
por
Lineu
e
de
métodos
de
classificação
foram
marcas
deste
período.
Assistimos
à
fundação
de
grandes
museus
públicos
como
o
Museu
Britânico,
em
1753,
e
o
Museu
Nacional
de
História
Natural
de
Paris,
em
1793.
É
também
no
século
XIX
que
são
criados
os
primeiros
museus
em
solo
brasileiro.
Com
a
transferência
da
família
real
e
sede
da
coroa
portuguesa
para
o
Brasil,
em
1818,
o
Museu
Real
-‐
hoje
Museu
Nacional
do
Rio
de
Janeiro
-‐
foi
fundado
para
propagar
o
conhecimento
sobre
a
história
natural
no
país.
Em
seguida,
foram
fundados
o
Museu
Paranaense,
o
Museu
Paraense
(hoje
Emílio
Goeldi)
e
o
Museu
Paulista
em
1895.
O
estatuto
do
ICOM
(The
International
Council
of
Museums)
-‐
adotado
a
partir
da
21ª
Conferência
Geral
de
Viena
de
2007
e
admitido
como
referência
para
a
comunidade
internacional
-‐
2
define
um
museu
como
“uma
instituição
permanente
e
não-‐lucrativa
a
serviço
da
sociedade
e
seu
desenvolvimento,
aberta
ao
público
e
que
adquire,
conserva,
pesquisa,
comunica
e
exibe
o
tangível
e
intangível
patrimônio
da
humanidade
e
seu
ambiente
para
fins
de
ensino,
estudo
e
diversão”.
Essa
definição
está
em
processo
de
renovação
a
partir
de
propostas
enviadas
pelos
diversos
comitês
nacionais
do
ICOM.
2.
Quem
somos?
A
história
do
Museu
de
Zoologia
da
Universidade
de
São
Paulo
(MZUSP)
teve
seu
início
ainda
na
década
de
1890,
quando
coleções
particulares
de
história
natural
foram
doadas
ao
Governo
do
Estado
de
São
Paulo.
A
partir
de
1895
estas
coleções
passaram
a
ocupar
o
prédio-‐monumento
no
Bairro
do
Ipiranga,
em
São
Paulo,
que
se
tornaria
o
Museu
Paulista
(LANDIM,
2011).
Em
1939,
ainda
dentro
do
Museu
Paulista,
foi
criado
o
Departamento
de
Zoologia,
vinculado
à
Secretaria
de
Agricultura,
Indústria
e
Comércio
do
Estado
de
São
Paulo.
Em
1941
o
acervo
do
Departamento
de
Zoologia
foi
transferido
para
o
prédio
atual
do
MZUSP
-‐
um
dos
primeiros
do
Estado
de
São
Paulo
a
ser
projetado
especificamente
para
abrigar
coleções
dessa
natureza
(SILVA,
2006).
Em
1969,
a
instituição
passou
a
fazer
parte
da
Universidade
de
São
Paulo
e
passou
a
se
chamar
Museu
de
Zoologia.
À
esquerda,
registro
fotográfico
de
parte
da
coleção
zoológica
em
exposição
no
Museu
Paulista
(início
do
séc.
XX).
Na
imagem
seguinte,
o
atual
edifício-‐sede
do
MZUSP,
no
início
da
década
de
1940.
Arquivo
DDC-‐MZUSP.
3
Coleção
Ictiológica
do
MZUSP,
que
abriga
mais
de
100
mil
lotes
de
exemplares.
Arquivo
DDC-‐MZUSP.
_________________________________________________________________________________
Trabalho
de
campo
realizado
por
docentes
e
alunos
de
pós-‐graduação
do
MZUSP
em
reserva
de
Mata
Atlântica
no
Município
de
Salesópolis
-‐
SP.
Arquivo
DDC-‐MZUSP.
4
A
divulgação
das
pesquisas
e
do
conhecimento
produzido
pela
instituição
à
comunidade
representa
uma
parte
importante
da
identidade
do
MZUSP.
Exposições
e
atividades
educativas
constituem
o
principal
núcleo
de
atividades
direcionadas
especificamente
ao
grande
público
que
visita
o
MZUSP.
Atividades
educativas
desenvolvidas
no
salão
de
exposições
do
MZUSP.
Arquivo
DDC-‐MZUSP.
5
• Educação
informal
(GASPAR,
2002):
processo
realizado
ao
longo
da
vida
de
cada
indivíduo,
estabelecido
por
meio
da
convivência
familiar
e
de
amizades,
da
experiência
cotidiana,
trabalho,
lazer
e
na
relação
do
mesmo
com
diversas
mídias
disponíveis
incluindo
os
museus.
Os
museus,
como
meios
de
comunicação
vêm
assumindo
cada
vez
mais
seu
papel
social
e
potencial
educativo
tanto
na
interface
da
aprendizagem
ao
longo
da
vida,
quanto
nas
conexões
entre
educação
formal
e
não
formal
(CAZELLI
et
al,
2003).
Em
virtude
da
diversidade
do
público
que
visita
o
MZUSP,
entendemos
que
a
interface
com
outros
sistemas
educacionais
requer
ações
especiais,
principalmente
com
a
educação
formal,
por
sua
relevância
social.
Neste
sentido,
a
formação
continuada
de
professores
e
mediadores
é
essencial
para
sua
instrumentalização
no
uso
dos
espaços
museológicos.
É
importante
que
o
professor
possa,
além
de
analisar
criticamente
o
papel
dos
museus
na
constituição
da
ciência,
reconhecer
sua
relevância
e
seus
recursos
no
processo
de
ensino
e
aprendizagem.
Cabe
ao
professor
atribuir
intencionalidade
educativa
à
visita
ao
museu.
Cabe
ao
museu
proporcionar
clareza
à
intencionalidade
de
seu
discurso.
Para
explorar
a
visita
foi
proposto
um
roteiro
de
trabalho,
por
meio
de
questionamentos,
coleta
de
dados,
análise
e
síntese
do
conjunto
de
informações
reunido.
As
atividades
podem
ser
realizadas
em
três
etapas
-‐
preparação,
realização
e
prolongamento
-‐
as
quais
ocorrem
em
três
momentos
(antes,
durante
e
depois
da
visita
ao
museu)
e
em
dois
espaços
distintos
(escola
e
museu).
6
ANTES (ESCOLA)
DURANTE (MUSEU)
DEPOIS (ESCOLA)
Modelo Didático de utilização dos museus com fins educativos proposto ALLARD et al (1996)
Para
exemplificar
a
aplicação
do
modelo
acima,
podemos
nos
valer
de
um
objeto
bastante
emblemático
da
exposição
de
longa
duração
do
MZUSP
-‐
a
reconstrução
osteológica
do
dinossauro
Tapuiasaurus
macedoi:
1)
ANTES:
Propor
ao
grupo
uma
pesquisa
pelo
site
da
instituição
para
que
conheçam
um
pouco
sobre
a
história,
estrutura
e
missão
do
museu
e
sobre
a
galeria
de
exposições.
Com
relação
ao
objeto
foco
da
atividade,
o
Tapuiasaurus
macedoi,
pode-‐se
trabalhar
temas
relacionados
a:
O
que
é
Paleontologia?
-‐
Como
trabalham
os
paleontólogos?
-‐
O
que
são
fósseis
e
qual
a
sua
importância
para
o
conhecimento
da
biodiversidade?
-‐
Quem
foram
os
dinossauros?
–
Como
era
o
modo
de
vida
desses
animais?
-‐
Como
se
deu
a
descoberta
do
Tapuiasaurus?
-‐
Quais
as
características
que
definem
os
titanossauros?
–
Para
um
maior
aprofundamento
no
tema
pode-‐se
sugerir
a
leitura
de
da
cobertura
jornalística
acerca
do
processo
de
descoberta
e
descrição
do
fóssil
à
https://ciencia.estadao.com.br/noticias/geral,um-‐dinossauro-‐no-‐coracao-‐de-‐jesus,609332
3) DEPOIS: No retorno para a escola, organize rodas de conversa para que os visitantes
7
exploradores
apresentem
aos
colegas
suas
observações
e
lembranças
da
visita.
Em
seguida,
cada
grupo
pode
relatar
suas
experiências
em
uma
avaliação
coletiva
da
visita
com
discussão
dos
temas
apresentados
na
exposição,
aproveitando
a
oportunidade
para
sanar
eventuais
dúvidas.
Uma
atividade
que
pode
ser
desenvolvida
pelo
grupo
é
a
elaboração
de
uma
maquete
ou
diorama,
que
retrate
o
Tapuiasaurus
macedoi
em
seu
ambiente
natural.
Para
isso
o
grupo
pode
utilizar
materiais
disponíveis
tais
como
papelão,
papel
colorido,
tesoura,
lápis,
modelos
de
dinossauros
de
plástico
e
etc.
Para
grupos
mais
maduros,
sugira
uma
pesquisa
sobre
grandes
(ou
recentes)
descobertas
da
paleontologia,
brasileira
ou
estrangeira,
e
seu
impacto
sobre
o
conhecimento
de
um
determinado
grupo.
Os
estudantes
podem
basear-‐se
nas
informações
e
observações
realizadas
durante
a
visita
ao
museu,
como
também
utilizar
dados
adicionais
obtidas
na
internet.
Algumas
fontes
sugeridas:
https://www.paleozoobr.com/saurpodos-‐sauropods
http://scienceblogs.com.br/colecionadores/2017/05/municipio-‐de-‐coracao-‐de-‐jesus-‐uma-‐
experiencia-‐alem-‐do-‐tempo/
O
PAPEL
DO
PROFESSOR
ANTES,
DURANTE
E
DEPOIS
DE
UMA
VISITA
AO
MZUSP
a.
ANTES
/
Conheça
o
MZUSP:
Uma
visita
prévia
do
professor
ao
museu
é
desejável
para
que
se
tire
maior
proveito
do
projeto.
O
MZUSP,
por
exemplo,
oferece
cursos
de
formação
e
palestras
quinzenais
que
proporcionam
uma
compreensão
mais
aprofundada
da
exposição
e
dos
temas
nela
trabalhados.
Porém,
dispomos
de
muita
informação
útil
em
nosso
site.
Não
se
esqueça
de
organizar
toda
a
logística
da
visita
(horário,
agendamento
e
etc).
Oferecemos
informações
detalhadas
neste
sentido,
incluindo
um
canal
voltado
aos
agendamentos
de
visitas
(a
aba
AGENDE
SUA
VISITA,
logo
na
pagina
inicial,
apresenta
os
horários
disponíveis
para
as
visitas
livres
e
mediadas,
assim
como
orientações
sobre
os
procedimentos
que
devem
ser
adotados
para
isso.
c.
ANTES
/
Prepare
os
alunos
para
a
saída:
Em
uma
conversa
ainda
em
sala
de
aula,
apresente
aos
alunos
o
museu
que
irão
visitar,
sua
localização
e
história,
quais
o
objetivo
e
8
expectativas
para
a
visita,
como
devem
se
comportar
e
agir
no
museu,
etc.
Apresente
também
a
programação
das
atividades
propostas,
com
horários
e
que
etapas
serão
realizadas.
No
caso
do
MZUSP,
muitas
dessas
informações
estão
disponíveis
no
site
da
instituição.
Se
for
conveniente,
leve
para
a
sala
de
aula
algumas
imagens
e
vídeos
do
museu
(disponíveis
na
internet)
e
procure
esclarecer
alguns
conceitos
preliminares
antes
da
visita
em
si.
A
ida
ao
museu
faz
parte
da
visita
e
o
trajeto
percorrido
chama
muito
a
atenção.
Lembre-‐se
também:
a
saída
da
escola
é
uma
quebra
na
rotina,
comente
aspectos
da
paisagem
urbana
e
compare
posteriormente
com
o
que
é
tratado
no
museu.
5.
Exposições:
conceitos-‐chave
As
exposições
constituem
o
principal
meio
de
comunicação
dos
museus.
Para
a
maior
parte
dos
visitantes,
as
exposições
são
o
museu
e
através
delas
estabelecem
o
contato
com
seus
acervos,
oferecendo
ao
mesmo
tempo
conhecimento
e
entretenimento.
Podem
ser
inovadoras,
inspiradoras
e
conduzir
o
visitante
à
reflexão,
proporcionando
ótimos
momentos
de
aprendizagem,
mas
também
de
satisfação.
9
Mais
do
que
o
simples
processo
de
colocar
objetos
em
vitrines
ou
quadros
em
paredes,
as
exposições
museológicas
são
um
meio
sofisticado
de
narrativa
estruturada
com
foco
nos
acervos
e
no
conhecimento
a
eles
associado
(LANDIM
&
ELIAS,
2012).
Exposições
podem
ser
classificadas
de
diversas
formas.
Consideradas
do
ponto
de
vista
espaço-‐
temporal,
trabalhamos
com
as
seguintes
categorias
(FERNÁNDEZ,
1999;
CURY,
2005):
Da
esquerda
para
a
direita,
algumas
das
exposições
desenvolvidas
pelo
MZUSP
nos
últimos
anos:
Biodiversidade:
Conhecer
para
Preservar
(longa-‐duração);
Charles
Darwin
–
Evolução
para
Todos!
(temporária);
Cabeça
Dinossauro:
O
novo
titã
brasileiro
(itinerante).
Arquivo
DDC-‐MZUSP.
10
A
realização
de
exposições
em
museus
é
uma
empreitada
complexa
que
tem
início
a
partir
da
seleção
de
um
tema
de
interesse
geral,
que
deve
refletir
a
missão
e
a
filosofia
da
instituição
em
relação
à
pesquisa,
gerenciamento
de
acervo,
educação
e
acesso
público.
Esses
parâmetros
são
definidos
pelo
plano
diretor
(ou
acadêmico,
no
caso
de
museus
universitários)
do
museu,
que
estabelece
as
diretrizes
e
a
política
institucional
para
exposições
e
demais
atividades.
A
definição
da
narrativa
de
uma
exposição,
assim
como
seu
acervo
são
responsabilidades
da
curadoria.
Curadores
individuais
ou
coletivos
delimitam
os
objetivos
e
expectativas
a
serem
alcançados,
definem
os
conceitos-‐chave
que
deverão
ser
abordados
na
narrativa,
selecionam
os
objetos
que
irão
compor
o
acervo
e
supervisionam
a
seleção
das
informações
que
serão
disponibilizadas
ao
público-‐alvo.
11
Arquivos
técnicos
do
projeto
da
exposição
Biodiversidade:
Fique
de
Olho!,
uma
parceria
entre
MZUSP
e
a
Estação
Ciência-‐USP
(2012):
projeto
de
identidade/comunicação
visual
(acima);
planta
expografica
e
detalhamento
do
projeto
de
cenografia
(abaixo).
Arquivo
DDC-‐MZUSP.
A
preparação
e
a
execução
de
uma
exposição
pode
ser
um
dos
processos
mais
extenuantes
e,
ao
mesmo
tempo,
empolgantes
em
que
os
profissionais
de
museus
podem
se
envolver
(LANDIM
&
ELIAS,
2012).
A
nova
exposição
de
longa
duração
do
MZUSP
foi
concebida
por
meio
de
um
processo
coletivo
de
criação,
que
envolveu
pesquisadores
(docentes
e
alunos
de
pós-‐graduação),
técnicos
e
demais
funcionários
da
instituição.
Definidos
os
participantes
do
processo,
reuniões
periódicas
de
trabalho
foram
conduzidas
de
modo
que
pudéssemos
definir
as
diretrizes
do
novo
Programa
de
Comunicação
Museológica
do
MZUSP
que
delineia
nossos
parâmetros:
o
quê;
para
quem;
porquê;
e
como
comunicar.
O
nosso
Programa
de
Comunicação
orienta
todas
as
ações
que
promovem
o
diálogo
do
museu
com
seu
público
–
incluindo
suas
exposições.
12
Porque
o
tema
Biodiversidade:
“O
conhecimento
sobre
a
biodiversidade
tem
origem
na
pesquisa
sobre
acervos
e
é
a
base
para
compreensão
de
processos
evolutivos
e
da
preservação
da
natureza.
O
Brasil,
país
megadiverso,
tem
posição
estratégica
em
ações
e
políticas
conservacionistas:
produzir
e
disseminar
conhecimento
sobre
o
tema
constituem
atividades
fundamentais.
Os
procedimentos
de
salvaguarda
adotados
pelo
MZUSP,
combinados
aos
resultados
da
pesquisa
científica
e
engajamento
com
a
educação
formal
e
informal,
qualificam
a
instituição
como
disseminadora
de
conhecimento
e
promotora
de
inserção
social
nas
questões
chave
relativas
à
biodiversidade.”
Elencamos
abaixo
alguns
dos
objetivos
definidos
coletivamente
para
a
nova
exposição
do
MZUSP,
assim
como
as
ações
educativas
realizadas
em
nosso
espaço:
ü Apresentar
a
biodiversidade
e
suas
transformações
no
tempo
e
no
espaço
mostrando
o
papel
central
que
os
seres
humanos
assumem
na
mudança
das
paisagens
do
planeta
partindo,
sempre
que
possível,
de
exemplos
únicos
das
pesquisas
realizadas
na
instituição
ressaltando
a
singularidade
da
visita
ao
nosso
Museu.
ü Construir
conceitos
de
Zoologia,
Biodiversidade,
Evolução,
Patrimônio
e
Sustentabilidade
com
base
no
contato
com
os
objetos
expostos
e
as
coleções
existentes
no
MZUSP.
ü Permitir
a
aproximação
do
público
com
a
cultura
científica
possibilitando
a
compreensão
e
a
contemplação
de
seu
acervo,
relacionando
a
cadeia
curatorial
(da
aquisição
à
comunicação)
com
a
apresentação
de
respostas
para
algumas
das
crises
ambientais
atuais
justificando
o
"conhecer
para
preservar"
assim
como
o
"preservar
para
conhecer".
ü Auxiliar
professores
na
melhoria
do
ensino
de
Ciências
e
da
Biologia
oferecendo
um
olhar
sobre
a
biodiversidade
que
nenhuma
outra
instituição
poderia
produzir
por
estar
relacionado
ao
acervo
e
à
pesquisa
desenvolvida
na
instituição.
ü Tornar
o
Museu
um
local
no
qual
o
acesso
ao
patrimônio
cultural
e
natural
seja
efetivado
de
forma
ampla
de
forma
instigante
e
com
voz
própria.
13
7.
Biodiversidade:
Conhecer
para
Preservar
(textos
expositivos)
A
diversidade
genética
é
a
variedade
de
genes
dentro
de
uma
espécie.
Todas
as
formas
de
vida
na
Terra
possuem
genes
que
são
responsáveis
pelas
características
dos
indivíduos.
A
diversidade
genética
é
produto
de
mutações
que
ocorrem
na
estrutura
dos
genes
multiplicado
pela
recombinação
promovida
pela
reprodução
sexual.
Assim,
uma
mesma
espécie
pode
ter
populações,
ou
grupos
de
indivíduos,
com
composições
genéticas
diferentes.
A
espécie
humana
apresenta
enorme
variação,
por
exemplo,
na
capacidade
de
dobrar
a
língua
em
“U”,
na
tolerância
à
lactose
ou
mesmo
na
cor
dos
olhos.
O
Brasil,
além
de
abrigar
um
grande
número
de
espécies,
possui
também
uma
grande
diversidade
de
ecossistemas.
São
diversas
paisagens
continentais
aliadas
à
vasta
zona
oceânica,
que
oferecem
abrigo
e
sobrevivência
a
cerca
de
20%
de
toda
a
Biodiversidade
do
planeta.
As
relações
complexas
que
os
organismos
desenvolvem
entre
si
e
com
esses
ambientes
sugerem
o
quanto
a
Biodiversidade
se
estrutura
em
uma
teia
de
interdependências.
Essa
riqueza
de
paisagens
e
relações
também
é
uma
medida
da
Biodiversidade.
A
Biodiversidade
atual
é
resultado
do
processo
evolutivo.
Todos
os
seres
vivos
surgiram
de
um
ancestral
comum
que
se
diversificou
ao
longo
do
tempo.
Uma
espécie
ancestral
deu
origem
a
duas
ou
mais
espécies
descendentes.
Inicialmente
os
grupos
de
indivíduos
são
semelhantes,
mas,
algumas
gerações
depois,
acumulam
diferenças
e
se
tornam
espécies
distintas.
Surgem
mais
14
espécies
do
que
aquelas
que
são
extintas.
O
tempo
percorrido
até
o
presente
permitiu
que
uma
forma
simples
originasse
toda
a
complexa
diversidade
atual.
Os
mais
antigos
fósseis
conhecidos
têm
3,5
bilhões
de
anos.
Os
primeiros
seres
vivos
eram
unicelulares.
O
registro
fóssil
evidencia
que,
há
cerca
de
530
milhões
de
anos,
houve
uma
explosão
de
novas
formas,
entre
as
quais
vários
grupos
animais
existentes
até
hoje.
Desde
então,
o
processo
evolutivo
vem
transformando
as
faunas
até
o
cenário
atual.
A
extinção
de
alguns
grupos
abriu
oportunidades
para
que
outros
se
diversificassem.
Estima-‐
se
que
99%
de
toda
a
Biodiversidade
que
já
existiu
esteja
hoje
extinta
e
que
entre
10
e
20%
das
espécies
desapareçam
a
cada
1
milhão
de
anos.
Quando
a
taxa
de
desaparecimento
de
espécies
ultrapassa
significativamente
esses
valores,
falamos
em
"extinção
em
massa".
Estas
ocorreram
várias
vezes,
atingindo
espécies
em
diversos
ambientes
e
por
diferentes
causas,
como
meteoros,
vulcanismo
ou
mudanças
climáticas.
A
maior
extinção
em
massa
ocorreu
há
cerca
de
250
milhões
de
anos,
no
final
do
Permiano,
quando
desapareceram
cerca
de
95%
de
todas
as
espécies.
O
evento
mais
conhecido
ocorreu
no
final
do
Cretáceo,
há
cerca
de
66
milhões
de
anos,
extinguindo
a
maioria
dos
dinossauros.
Estima-‐se
que
as
intervenções
humanas
no
ambiente
estejam
promovendo
um
novo
evento
de
extinção
em
massa.
Nossa
espécie
surgiu
há
aproximadamente
250
mil
anos
na
África
e
desde
então
vem
ocupando
todas
as
áreas
habitáveis
do
planeta.
Há
cerca
de
10
mil
anos,
com
o
desenvolvimento
da
agricultura,
passamos
a
interferir
no
processo
evolutivo
de
algumas
espécies
para
adaptá-‐las
às
nossas
necessidades.
15
e)
Onde
o
MZUSP
entra
nisso?
1)
Disponibilizamos
kits
educativos
para
empréstimo
que
podem
ser
usados
em
sala
de
aula
para
atividades
que
trabalhem
os
seguintes
temas
(para
a
lista
completa
acesse
http://paineira.usp.br/mz/?page_id=1552):
a)
Morfologia
externa
dos
animais
=
Kit
com
14
animais
taxidermizados
+
6
animais
em
via
úmida
+
6
modelos.
b)
Comparação
entre
estruturas
do
esqueleto
de
animais
vertebrados
=
Kit
contendo
6
esqueletos
de
vertebrados
diversos.
c)
Comparação
entre
dentição
de
mamíferos
diversos
=
Kit
contendo
5
crânios
de
mamíferos
atuais.
d)
Ciclo
biológico
do
Aedes
aegypti
=
Kit
contento
exemplares
em
via
úmida
de
jovens
e
adultos.
e)
Paleontologia
=
4
kits
contendo
fósseis
originais
e
réplicas
de
animais
invertebrados
e
vertebrados,
plantas
e
icnofósseis
f)
Diversidade
de
insetos
=
insetários
g)
Morfologia
locomotora
(asas
e
pernas)
e
peças
bucais
de
insetos
=
Kit
contendo
3
modelos
de
asas,
pernas
e
aparelho
bucal
de
insetos.
-‐ Veja o elenco de disciplinas de graduação oferecidas pelo MZUSP em: http//www.mz.usp.br
16
3)
O
MZUSP
oferece
disciplinas
de
pós-‐graduação
com
temas
relacionados:
a) MZP5044 – Estratégia de Ensino e Aprendizagem em Museus de História Natural
-‐ Veja o elenco de disciplinas de graduação oferecidas pelo MZUSP em: http//www.mz.usp.br
4)
Oferecemos
uma
diversificada
grade
de
programação
ao
longo
de
todo
o
ano
(oficinas,
palestras,
cursos
de
formação
e
etc).
Para
mais
informações
procuremos
em
nossos
canais
na
internet:
a) Site: http://www.mz.usp.br
b) Facebook: http://www.facebook.com/mzusp/
c) Instagram: http://www.instagram.com/museu_zoologia/
d)
Twitter:
http://twitter.com/museu_zoologia/
9.
Referências
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M.;
LAROUCHE,
M.C.;
LEFEBVRE,
B.;
MEUNIER,
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GARCIA,
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LOURENÇO,
M.
F.;
FERNANDES,
J.
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FLORENTINO,
H.
A.
2003.
A
educação
não
formal
e
a
divulgação
científica:
o
que
pensa
quem
faz?
Em:
IV
Encontro
Nacional
de
Pesquisa
em
Ensino
de
Ciências,
Bauru:
Atas.
Porto
Alegre:
ABRAPEC,
p.1-‐13.
MARANDINO
M.
(ed.).
2008.
Educação
em
museus:
a
mediação
em
foco.
São
Paulo:
GEENF/FEUSP,
36p.
MCGREGOR,
A.
2001.
The
Ashmolean
Museum:
a
brief
history
of
the
Museum
and
its
collections.
Oxford:
Jonathan
Horne
Publications,
80p.
POULOT, D. 2005. Musée et museologie. Paris: La Découverte, 122p.
SILVA,
M.C.
2006.
Christiano
Stockler
das
Neves
e
o
Museu
de
Zoologia
da
Universidade
de
São
Paulo.
Dissertação
de
Mestrado
em
Arquitetura.
São
Paulo:
Universidade
de
São
Paulo,
274p.
18
ANOTAÇÕES
ANOTAÇÕES