Perguntas e Respostas Direito Penal
Perguntas e Respostas Direito Penal
Perguntas e Respostas Direito Penal
A reincidência ocorre quando uma pessoa comete um crime novamente após ter sido
condenada anteriormente por um ou vários crimes. A reincidência pressupõe uma sentença
condenatória transitada em julgado, ou seja, que não cabe mais recurso. É uma circunstância
modificativa que altera a medida abstrata da pena, esta alteração vai se consubstanciar numa
agravação da pena. Não se exige que os crimes praticados sejam de natureza semelhante.
Os crimes públicos são aqueles onde o Ministério Público pode prosseguir o processo por
iniciativa própria, sem haver queixa, o MP é obrigado a promover o processo. Os crimes
semipúblicos são aqueles em que o processo se inicia quando é apresentada uma queixa por
parte da vítima (prazo de 6 meses). Os crimes particulares são aqueles que apenas podem
avançar para processo-crime caso seja apresentada queixa por parte do ofendido e se essas
pessoas se constituam assistentes no processo (no prazo de 10 dias) e pagar as taxas que
equivale a uma unidade de conta (102€)
O que é uma pena relativamente indeterminada de acordo com o Direito Penal Português?
A pena relativamente indeterminada é uma figura jurídica prevista no CP. Esta pena tem um
mínimo correspondente a dois terços da pena de prisão que concretamente caberia ao crime
cometido e um máximo correspondente a esta pena acrescida de 2 anos na primeira
condenação, sem exceder 25 anos no total.
O crime continuado é punido de acordo com o artigo 79.º do Código Penal Português, que
estabelece que “o crime continuado é punível com a pena correspondente à conduta mais
grave que integra a continuação”
No Direito Penal Português, o crime continuado é tratado de acordo com o artigo 30.º do
Código Penal, que estabelece que “quem praticar vários crimes da mesma espécie ou de
espécies semelhantes, em condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras
semelhantes, de tal modo que devam considerar-se como continuação do primeiro, é punido
com a pena correspondente à conduta mais grave que integra a continuação, agravada de um
terço nos seus limites mínimo e máximo”. Isso significa que, no caso de um crime continuado, a
pena aplicada será a correspondente à ação mais grave cometida durante a continuação do
crime, agravada de um terço nos seus limites mínimo e máximo.
É importante notar que a reincidência não opera como mero efeito automático das anteriores
condenações. Exige-se a demonstração de que as condenações anteriores não tiveram a
suficiente força de dissuasão para o afastar do crime.
As penas acessórias são penas aplicadas em simultâneo com a aplicação de uma pena principal
(pena de prisão, pena de multa), visando proteger determinados interesses colocados em
perigo com a prática do crime (por exemplo, pena acessória de proibição de conduzir prevista
para os casos de condução sob influência do álcool).
A pena de prisão é uma pena principal que consiste na privação da liberdade do condenado a
cumprir em determinado estabelecimento prisional. (duração mínima de 1 mês e máxima de
25 anos)
A pena de multa é uma pena principal, de natureza pecuniária, fixada em dias, entre 10 e 360,
correspondendo a cada dia uma sanção económica entre 5€ e 500€, consoante a situação
económica do condenado e os seus encargos pessoais.
Quais são as causas de exclusão de culpa?
Dolo direto: Ocorre quando o agente prevê um resultado e age com a intenção de realizá-lo.
(Por exemplo, se alguém planeia e executa um assalto a mão armada, com a intenção de
roubar dinheiro.)
Dolo eventual: Ocorre quando o agente prevê um resultado, mas não necessariamente o
deseja. No entanto, ele aceita a possibilidade desse resultado ocorrer como consequência das
suas ações.
(Por exemplo, uma pessoa encontrou um relógio na praia, e fica com ele. Ela sabe que aquele
relógio pode ter sido perdido, ou pode ser de um banhista que está na água, mas fica com ele
mesmo assim. O agente então assume o risco desse relógio ser de alguém, aceitando a
possibilidade de cometer furto, apesar de não querer que seja)
Dolo necessário: Ocorre quando o agente, para alcançar um determinado resultado, assume
como necessário um outro resultado.
(Por exemplo, se alguém incendeia uma casa para matar uma pessoa, sabe que a casa ao lado,
por estar muito próxima, também poderá incendiar, temos a presença do dolo necessário em
relação à segunda casa. O agente não queria incendiar a segunda casa (não tinha dolo direto),
mas assumiu esse resultado como consequência necessária para atingir seu objetivo.)
A legítima defesa é uma causa de exclusão de ilicitude prevista no artigo 32º do Código Penal.
Para que a legítima defesa seja considerada, é necessário que o facto praticado seja um meio
necessário para repelir a agressão atual e ilícita de interesses juridicamente protegidos do
agente ou de terceiros.
A atualidade da agressão;
A ilicitude da agressão;
A necessidade de defesa;
A necessidade do meio.
Artigo 21º CP. O facto de uma pessoa pensar no crime, como o vai realizar, não é punível por lei
uma vez que o juiz não consegue provar o que uma pessoa pensa.
O que são os atos de execução?
Artigo 22º CP. Os atos de execução no Direito Penal são aqueles que já contêm, eles próprios,
um momento de ilicitude, pois ainda que não produzam a lesão do bem jurídico tutelado pela
norma incriminadora do crime consumado, produzem já uma situação de perigo para esse
bem.
No Direito Penal, a distinção entre autor material e autor intelectual é importante para
determinar o grau de responsabilidade de cada indivíduo envolvido em um crime.
Autor Material: É o indivíduo que executa o ato criminoso, ou seja, aquele que realiza a
conduta descrita na lei penal como crime. Por exemplo, no caso de um homicídio, o autor
material seria a pessoa que efetivamente cometeu o ato de matar.
Autor Intelectual: É o indivíduo que planeia ou ordena a execução do crime, mas não realiza a
ação diretamente. O autor intelectual é o sujeito que planeia a ação delituosa. Por exemplo, se
uma pessoa contrata um assassino para matar alguém, essa pessoa seria considerada o autor
intelectual do crime.
No Direito Penal, a distinção entre crime comissivo e crime omissivo é importante para
entender a natureza do crime e a responsabilidade do agente:
Crime Omissivo: É aquele que é praticado por meio de um comportamento negativo, uma
abstenção, não fazer. No crime omissivo, o agente deixa de fazer a ação que deveria ter feito.
Por exemplo, a omissão de socorro.
Portanto, a principal diferença entre crime comissivo e crime omissivo é que no primeiro o
agente realiza uma ação que é proibida pela lei, enquanto no segundo o agente deixa de fazer
algo que era obrigado a fazer.
Estado de Necessidade: refere-se a uma situação em que o agente pratica um ato para salvar
de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito
próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
(Por exemplo, se uma pessoa está num naufrágio e precisa usar um pedaço de madeira que só
suporta o peso de uma pessoa para sobreviver, essa situação pode ser considerada um estado
de necessidade.)
Consentimento do Lesado: refere-se a uma situação em que a vítima consente com a ação do
agente. O consentimento do lesado é uma causa de exclusão da ilicitude, o que significa que a
ação do agente não é considerada ilegal se a vítima tiver consentido. (Por exemplo, se uma
pessoa permite que outra pessoa use a sua propriedade de uma maneira que normalmente
seria considerada ilegal, o consentimento do lesado pode excluir a ilicitude da ação)
Portanto, a principal diferença entre os dois conceitos é que o estado de necessidade se refere
a uma situação em que o agente age para evitar um perigo atual, enquanto o consentimento
do lesado se refere a uma situação em que a vítima consente com a ação do agente.
A principal diferença entre dolo e negligência é que no dolo, o agente tem a intenção de
cometer o crime ou assume o risco de cometê-lo, enquanto na negligência, o agente comete o
crime por falta de cuidado ou habilidade.
O erro sobre as circunstâncias de facto ocorre quando o agente tem um entendimento errado
sobre os elementos de facto ou de direito de um tipo de crime, ou sobre proibições cujo
conhecimento for razoavelmente indispensável para que o agente possa tomar consciência da
ilicitude do facto. Este erro exclui o dolo.
Por exemplo, se um agente conduz um veículo com a carta de condução já caducada, mas
acredita que a sua carta ainda se mantém válida e que pode conduzir sem estar a praticar um
crime, então o agente está a agir sob um erro sobre as circunstâncias de facto.