Competitividade

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Económicas De Moçambique

REFLEXÃO SOBRE A COMPETITIVIDADE DA ECONOMIA MOÇAMBICANA:


UMA ANÁLISE BASEADA NO RELATÓRIO DE COMPETITIVIDADE DO
FÓRUM ECONÓMICO MUNDIAL

A despeito da tendência actual de recuperação gradual e sistemática da economia


nacional acompanhada de sinais tímidos de melhoramento de alguns indicadores
macroeconómicos, o relatório de competitividade global de 20181 classifica a economia
moçambicana como a segunda economia menos competitiva do mundo, numa
avaliação que inclui cerca de 137 países, dos quais Moçambique ocupa a posição 136
com uma pontuação global de 2.9, o correspondente a cerca de 4.1 pontos abaixo da
pontuação máxima (7 pontos).

O Relatório de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial faz uma avaliação


anual do índice de competitividade de 137 economias com base em indicadores
económicos, políticos e institucionais que determinam a performance de cada
economia em relação as outras quanto ao nível de competitividade e desempenho
económico de médio e longo prazo. De acordo com este relatório, a competitividade é
definida como o conjunto de instituições, políticas e factores que afectam a
produtividade de um país e a sua capacidade de criar bases sustentáveis para o
crescimento e desenvolvimento económico de longo curso. Este relatório tem sido um
instrumento de grande serventia para os governos, servindo como um importante
auxiliar no processo de formulação e implementação de políticas económicas que
visam melhorar o desempenho dos principais indicadores de performance do país

1 The Global Competitiveness Report 2017–2018. World Economic Forum.

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Neste relatório a economia moçambicana tem registado os piores índices, o que coloca
o país no grupo das economias menos competitivas do mundo. Apesar disso, os dados
mostram que partir de 2014 a situação tende a tornar-se cada vez pior, sendo que o
índice de competitividade tem apresentado uma tendência decrescente, com efeito
mais assinalável no período compreendido entre 2017 e 2018 conforme ilustra o gráfico
1.

Gráfico 1: Evolução do índice de competitividade (2013-2018)

Evolução do Indice de competitividade (2013 - 2018)


3.35
3.3 3.3
3.25 3.24
3.2 3.2 3.2
3.15
3.13
3.1
3.05
3
2.95
2.9 2.89
2.85
2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Fonte: adaptado pelo autor

Ao longo deste período (2013-2018), o índice de competitividade da economia


moçambicana caiu de 3.2 para 2.89, sendo que a maior redução verificou-se no
período compreendido entre 2017 e 2018 quando este índice caiu de 3.13 para 2.89.

Olhando para os indicadores que constituem o índice de competitividade global, nota-


se que esse baixo nível de competitividade da economia moçambicana é
maioritariamente devido as distorções do ambiente macroeconómico, fraco nível de
educação superior e profissional e debilidade ou falta de infra-estruturas, conforme
lustra o Gráfico 2.

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Gráfico 2: Desempenho dos pilares de competitividade (2018)

Desempenho dos pilares de competitividade (2018)

Ambiente Macroeconómico
Educação superior e profissional
Infraestruturas
Desenvolvimento do mercado financeiro
Inovacao
Prontidão tecnológica
Fatores de inovação e sofisticação
Instituições
Estimulantes de eficiência
Tamanho do mercado
Sofisticação empresarial
Saúde e educação primária
Eficiência do mercado de bens
Eficiência do mercado de trabalho
0 0.5 1 1.5 2 2.5 3 3.5 4 4.5

Fonte: Adaptado pelo autor

Portanto, as distorções do ambiente macroeconómico são vistas como o principal factor


que afecta a competitividade global da economia Moçambicana, sendo que o cenário
ficou agravado com os efeitos da crise das dívidas públicas não declaradas que teve
início em 2016.

A Tabela 1 mostra o desempenho dos principais indicadores que influenciam o


ambiente macroeconómico do país, com base em dados de 2017.

Tabela 1: Indicadores macroeconómicos (2017)

Ambiente Macoeconómico Índice


Saldo Orçamental(%PIB) -5.9
Poupaça Nacional Bruta (%PIB) -0.3
Inflação (%) 19.20%
Divida Publica (%PIB) 115.2
Classificação de crédito do país (0-100) 27.5
Fonte: Adaptado pelo autor

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Conforme se pode notar na tabela, os indicadores que criam maiores distorções no
ambiente macroeconómico são: (i) a inflação que está acima de um dígito, e (ii) a
dívida pública, que está acima do rendimento gerado pela economia, e que de acordo
com o Fundo Monetário Internacional (2018)2 está numa trajectória de
insustentabilidade.

Portanto, a despeito dos esforços que o Banco de Moçambique tem vindo a envidar para
mitigação das distorções criadas pela inflação, recomenda-se que sejam tomadas
medidas conjuntas entre o governo e o banco central assentes numa coordenação de
políticas com vista a minimizar as distorções criadas pelo excessivo endividamento. Isto
é, é necessário que a política monetária e a política fiscal estejam alinhadas ou no
mínimo coordenadas, criando sinergias entre si, de modo a propiciar e assegurar um
ambiente de harmonia macroeconómica capaz de induzir a recuperação da
competitividade do país.

Por: Roque Magaia

2 Staff Report for the 2017 article iv consultation — debt sustainability analysis. IMF. 2018. February

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