A Linguagem e Suas Alterações
A Linguagem e Suas Alterações
A Linguagem e Suas Alterações
Paulo Dalgalarrondo
JULIANA BRAZILE 1
O que é Linguagem?
❖ Em sua forma verbal, é uma atividade especificamente humana.
❖ Principal instrumento de comunicação entre os seres humanos.
❖ Instrumento de elaboração e expressão do pensamento e das emoções.
❖ Sistema de signos arbitrários (palavras) que ganham significados
específicos através das convenções históricas.
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Linguistas
❖ Noam Chomsky (1928 – presente)
Sua principal teoria é a de que todas as línguas apresentam estruturas
semelhantes, como se houvesse uma gramática universal. Segundo ele, a
CRIATIVIDADE é um aspecto essencial da linguagem uma vez que reflete a
capacidade de produzir e compreender frases novas. Devido a esse atributo
do ser humano, o estudo dos distúrbios da linguagem em psicopatologia é
um dos mais complexos, uma vez que a grande flexibilidade dificulta a
discriminação entre o que é normal e o que é patológico.
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Linguistas
❖ Mikhail Bakhtin (1895 – 1975)
Para Bakhtin, a língua não se encaixava em um sistema isolado, ou seja,
aspectos como o contexto social histórico, cultural e a relação entre o
emissor e o receptor devem ser considerados em qualquer análise
linguística. A concepção da linguagem é um FATO SOCIAL, sendo a
enunciação mais importante do que o enunciado.
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Elementos de um idioma
❖ Dimensão Fonética – sons produzidos, transmitidos e recebidos pela
linguagem.
❖ Dimensão Fônica – organização e operação de fonemas em diferentes
sílabas.
❖ Dimensão Semântica – significado de vocábulos.
❖ Dimensão Sintática – relação entre as palavras.
❖ Dimensão Prosódica – entonação da fala
❖ Dimensão Pragmática – emprego da linguagem em situações sociais.
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De forma técnica, quais são as funções
da linguagem?
Segundo Roman Jakobson (1896-1982), há 6 funções da linguagem:
❖ Referencial ou Cognitiva – transmissão e representação de informações;
❖ Emotiva ou Expressiva – expressão de estados emocionais (Ex. ai, ih, nossa...);
❖ Conotativa ou Apelativa – exteriorização de uma intenção sobre o ouvinte (Ex.: “fique
quieto!”...);
❖ Fática – firmação do contato, estabelecendo a continuidade ou interrupção (Ex.: que
interessante... , veja bem...);
❖ Metalinguística – discussão da própria linguagem (Ex.: “o que você quer dizer com...” . “Qual o
sentido da palavra...”, etc);
❖ Poética ou Estética – preocupação com a sonoridade e o ritmo (Ex. anúncios de publicidade...)
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Linguagem X Pensamento
A linguagem é dependente do
pensamento/inteligência? Ou seria o
pensamento/inteligência dependente da linguagem?
Seria a linguagem uma forma de expressão dos
processos de pensar?
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Linguagem X Pensamento
Muitos autores defendem a dependência da linguagem
em relação ao pensamento, porém algumas críticas
teóricas e dados empíricos apontam uma relativa
independência da linguagem em relação ao
pensamento.
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Linguagem X Pensamento
❖ Segundo Piaget (1896 – 1980), o pensamento e a inteligência existem
antes da linguagem verbal em bebês.
❖ Síndrome de Williams – QI médio, semelhante ao de uma criança com
síndrome de Down, porém as habilidades linguísticas se assemelham às
de uma criança cognitivamente sadia.
❖ Transtornos específicos da linguagem – desempenho cognitivo bom,
porém habilidade linguística prejudicada.
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E como pode ser feita uma avaliação para
analisar se há alterações de linguagem?
❖ Observar como é a fala espontânea do paciente.
❖ É possível estabelecer contato verbal?
❖ Observar erros gramaticais, adaptação de termos e ideias, repetições.
❖ Avaliar se escreve frase completa, compreende perguntas.
❖ Testar fluência verbal: citar o maior número de animais em 1 minuto
(normal >12-13)
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Alterações Patológicas da Linguagem
❖ Lesões normalmente ocorrem no hemisfério esquerdo e costumam estar
associadas a AVCs, tumores, traumas cranioencefálico, dentre outros.
❖ Segundo o modelo Wernicke-Geschwind, a linguagem é concebida como localizada
e lateralizada no hemisfério esquerdo do cérebro;
❖ Área de Broca – Produção da linguagem (lobos frontais inferiores e superiores)
❖ Área de Wernicke – Compreensão da Linguagem (lobos temporais posteriores e
superiores)
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O que são afasias?
❖ Síndromes relacionadas à perda de linguagem (falada e escrita) por
incapacidade de compreender e utilizar os símbolos verbais, decorrentes de
lesão neuronal do SNC;
❖ É distúrbio orgânico da linguagem, na ausência de incapacidade motora do
órgão fonador;
❖ Perda de habilidade linguística previamente adquirida;
❖ Não deve haver perda global da cognição como um todo.
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Afasias
Afasia de Broca (de expressão): Afasia de Wernicke (de compreensão):
➢ Não consegue falar ou fala com dificuldades; ➢ Não consegue compreender a linguagem (falada e
compreensão preservada. escrita); compreensão prejudicada.
➢ É uma afasia não fluente. ➢ Consegue falar, mas fala é defeituosa e sem sentido.
➢ Formas leves – agramatismo: “eu querer isso” ➢ É uma afasia fluente, em geral sem déficits motores.
“gostar água”.
➢ Falsamente diagnosticados com uma psicose
Afasia global:
➢ Grave, não-fluente, acompanhada por hemiparesia
direita, mais acentuada no braço.
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E o caso do Bruce Willis?
Bruce Willis speaks on camera for first time since dementia diagnosis - YouTube
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Alterações da linguagem
❖ Agrafia: perda da linguagem escrita, sem qualquer déficit motor ou perda cognitiva global. O teste de
agrafia abrange 3 componentes: linguístico (escolha certa de letras e palavras), motor e visuoespacial
(produção correta de letras e palavras).
❖ Alexia: perda de capacidade previamente adquirida para leitura e está geralmente associada às
agrafias. Pode ocorrer de forma pura ou isolada. Dislexia é mais branda.
❖ Disartria: incapacidade de articular corretamente as palavras por alterações neuronais referentes ao
aparelho fonador – paresias, paralisias, ataxias. A fala é pastosa, aparentemente embriagada, de difícil
compreensão. Podem estar associadas a AVCs, lesões, paralisia cerebral, neurossífilis e AIDS.
❖ Parafasias: São alterações da linguagem nas quais são deformadas determinadas palavras. Há perda da
habilidade em colocar as sílabas ou palavras na sequência correta. O paciente fala “cameila” em vez de
cadeira. Podem ser fonêmicas ou semânticas.
❖ Dislexia: disfunção no aprendizado da leitura, havendo dificuldades em graus variáveis em identificar a
correspondência entre os símbolos da escrita e os fonemas, assim como em transformar signos
escritos em signos verbais. Ocorre em 3 a 7% das pessoas e há clara recorrência familiar.
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Alterações da fala
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Qual é a alteração da fala do vídeo abaixo?
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Alterações da fala em crianças
❖ Dislalia: é a alteração da fala (speech disorder) que resulta da deformação, da
omissão ou da substituição de fonemas, não havendo alterações neurológicas
identificáveis nos movimentos dos músculos que participam da articulação e da
emissão das palavras. A criança afetada poderá falar “biito” ao invés de bonito,
“tebisão” para televisão e palavras que possuem "R" ou "L“ são articuladas com
mais dificuldade, havendo a troca dessas letras.
❖ Disglossias: distúrbios anatômicos ou fisiológicos dos órgãos fonoarticulatórios,
que incluem língua, lábios, arcada dentária, mandíbula e abóbada palatina. Um
exemplo disso é a “língua presa”.
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Alterações da fluência da fala
❖ Gagueira: perturbação da fluência normal, com descontinuidade no fluxo da
fala e repetições de sons e sílabas. Pode haver prolongamento sonoro de
consoantes e vogais (em geral maior dificuldade com consoantes) com prejuízo
da velocidade e do ritmo da fala. O paciente apresenta com frequência
circunlocuções, que são evitações de certas sílabas e palavras, no início ou ao
longo de uma frase, e substituições de certas palavras percebidas pelo falante
como mais difíceis ou problemáticas. A gagueira geralmente tem início na
infância, entre os 2 e 6 anos de idade e cerca de 1% das crianças e adolescentes
apresentam gagueira, sendo 0,2% no sexo feminino e 0,8% no masculino
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Transtornos da comunicação:
Linguagem / Fala / Fluência
❖ Transtornos da linguagem: a dificuldades na aquisição e no uso da linguagem, em suas
várias modalidades devido a déficits na produção e/ou na compreensão. Pode haver
vocabulário reduzido para a idade, estruturas das frases limitadas e prejuízos no
discurso. É mais comum, entretanto, que a linguagem expressiva seja mais prejudicada
do que a compreensiva. Os problemas no desenvolvimento adequado da linguagem
podem incluir dificuldades gramaticais (sintáticas) com palavras e vocabulário
(semânticas), com regras e sistemas de produção sonora da fala (transtornos
fonológicos) e com significado de unidades de palavras (morfológicas).
❖ Transtornos da fala: dificuldades persistentes na produção da fala, que interferem na
inteligibilidade e no poder de comunicação. Tais transtornos são comumente associados
a paralisia cerebral, fenda palatina, perda auditiva ou surdez, congênitas ou adquiridas
após o nascimento.
❖ Transtornos da fluência ou gagueira: são perturbações da fluência normal da fala.
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Alterações da fala
❖ Logorreia: produção aumentada e acelerada da linguagem verbal, podendo haver perda da
lógica do discurso.
❖ Loquacidade: é o aumento da fluência verbal sem qualquer prejuízo da lógica do discurso.
❖ Bradifasia: lentificação da fala, geralmente associada a quadros depressivos graves, estados
demenciais e esquizofrenia crônica ou com sintomas negativos.
❖ Mutismo: ausência de resposta verbal oral, podendo ser uma forma de negativismo verbal
ou em decorrência de quadros de esquizofrenia e depressão ou devido a alguma lesão.
❖ Mutismo eletivo ou seletivo: a forma de mutismo relacionada a ansiedade social intensa.
❖ Mutismo acinético: completa não responsividade do indivíduo, com manutenção dos olhos
abertos, em paciente vígil.
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Alterações da fala
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Alterações da fala
❖ Coprolalia: emissão involuntária e repetitiva de palavras obscenas,
vulgares ou relativas a excrementos, que ocorre em cerca de 25% dos
pacientes com transtorno de Tourette.
❖ Alogia: empobrecimento da produção de linguagem (e do pensamento).
❖ Verbigeração: repetição, de forma monótona e sem sentido comunicativo
aparente, de palavras, sílabas ou trechos de frases, fora de contexto.
❖ Mussitação: produção repetitiva de uma voz muito baixa, murmurada.
Aqui, o paciente fala como que “para si”.
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Alterações da fala
❖ Glossolalia: fala pouco ou nada compreensível; “fala em línguas
estrangeiras” . Observada em cultos religiosos e no sonambulismo e,
quando produzida em contexto cultural específico, não é
considerada um fenômeno psicopatológico.
❖ Pararrespostas: respostas sem sentido a perguntas.
❖ Neologismos patológicos: criação de palavras novas como resultado
de automatismo psicológico.
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Alterações da fala
❖ Esquizofrenia: A linguagem é, com considerável frequência,
empobrecida e lacônica (alogia). Estruturas desorganizadas podem
ser um indicativo de como o processo de pensar pode estar
profundamente comprometido pela desestruturação psicótica na
esquizofrenia, sobretudo nos quadros mais graves.
❖ Demência de Alzheimer: dificuldade em encontrar as palavras;
parafasias fonêmicas e semânticas; mais prejuízos na fluência
semântica ou categorial (p. ex., gerar nomes de animais) do que na
fluência fonêmica ou fonológica (dizer palavras que começam com
uma letra específica, como, p. ex., M ou D)
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Alterações da fala
❖ Demência na doença de Parkinson: a fluência na geração de nomes
relacionados à ação (p. ex., verbos) esteja bem mais prejudicada do que a
fluência semântica (p. ex., dizer nomes de animais, de frutas, etc.) ou a
fluência fonêmica (p. ex., dizer palavras que começam com B); dificuldades
na compreensão de metáforas e prejuízos na compreensão da prosódia
linguística e emocional.
❖ TEA: inversão pronominal; ecolalia, sobretudo tardia; O vocabulário e a
gramática podem estar muito pouco desenvolvidos; No diálogo, há
ausência de indicadores para a interação continuada.
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Muito Obrigada!
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