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ASA - EP10 - Teste - Farsa de Ines Pereira

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Teste Farsa de Inês Pereira de Gil Vicente (Sequência 4)

Teste de avaliação sumativa (Ver nota no final)

Lê o texto. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário.

CANTIGA DE MALDIZER

Roi Queimado morreu com amor


en seus cantares, par Santa Maria,
por ũa dona que gram bem queria:
e, por se meter por mais trobador1,
por que lh’ela non quis [o] ben fazer2,
feze-s'el em seus cantares morrer,
mais resurgiu3 depois, ao tercer dia.

Esto fez el por ũa sa senhor


que quer gran bem; e mais vos ém4 diria:
por que cuida que faz i5 maestria6,
enos cantares que fez, á sabor
de morrer i e des i d'ar viver7;
esto faz el, que x'o pode fazer,
mais outr'omem per rem8 nono9 faria.

[…]

Pero Garcia Burgalês, (CV 988, CBN 1380), A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983,
p. 230. (Apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária de Elsa Gonçalves)

4. Refere o motivo da crítica apresentada no texto.

5. Comprova, com base na segunda estrofe, que é através de uma antítese que se promove
o humor.

___________________________
1
v. 4: para se mostrar grande trovador;
2
v. 5: porque ela desdenhou do seu amor;
3
ressuscitou;
4
sobre este assunto;
5
nisso;
6
habilidade poética;
7
vv. 11-12: nas cantigas que faz gosta de morrer nelas e depois voltar a viver;
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por nada, por coisa nenhuma;
9
não o.

GRUPO II

Lê o texto seguinte.

O humor em Portugal
Em Portugal o humor, como representação da crítica moral e social, teve a sua expressão
mais comum através da palavra escrita, quer sob a forma das cantigas de escárnio e maldizer
quer sob a forma de teatro que Gil Vicente tão acutilantemente 1 revelou. A Inquisição2 surgiu
como censora da liberdade de expressão remetendo o riso e a ironia para a representação
5 iconográfica3 nas artes populares.

Como menciona Osvaldo de Sousa, o humor, expresso através do desenho associado à


palavra impressa, é referido em Portugal já nos séculos XVII e XVIII (sobretudo de origem
estrangeira) mas com maior incidência no século XIX, no contexto da Guerra Peninsular 4. No
entanto, só em meados desse século é que emerge, com regularidade, na imprensa a
10 publicação de caricaturas e desenhos satíricos produzidos por autores portugueses que
refletem a política nacional ou a crítica de costumes. Este tipo de humor passa a funcionar
como uma forma de oposição ao poder instituído.

Nas décadas de 60 e 70 do século XIX, nomes como Manuel Macedo, Manuel Maria
Bordalo Pinheiro e sobretudo Raphael Bordalo Pinheiro, inseridos na corrente naturalista, irão
15 marcar uma nova visão da caricatura e do humor em Portugal. A publicação dos seus
trabalhos, bem como de outros artistas, era divulgada através de periódicos como A Berlinda,
O Binóculo, O Sorvete, O Charivari ou o Pontos nos ii, entre outros. Dos temas tratados, com
mais ironia, destacava-se a política monárquica, denotando-se a tendência republicana de
muitos caricaturistas que se acentuará no final desse século.

20 A implantação da República e os tempos conturbados que se lhe seguiram, assim como o


facto de aquela não ser afinal a derradeira solução para o país, tornaram-na alvo da sátira e da
pena dos humoristas.

A partir de 1926, o Estado Novo 5 veio refrear a crítica política, condicionando os


25 caricaturistas a abordarem sobretudo temas de crítica social e de costumes. Apesar dos
constrangimentos da censura, é por essa altura que surge, no contexto das publicações
humorísticas de caráter periódico, um dos jornais de referência da ironia em Portugal no
século XX, o Sempre fixe, publicado até 1962. Os seus colaboradores zombavam dos
acontecimentos ou astutamente tratavam os temas políticos.

30 A par deste tipo de publicações, diários e semanários de outra índole contavam também
com o trabalho de caricaturistas. Para além destes, surgiram jornais associados a instituições
que, muitas vezes produzidos de forma quase artesanal, refletiam a atualidade da organização
que os editava. Como exemplo, podem referir-se os inúmeros “jornais de caserna 6” que
durante o século XX foram sendo editados nas unidades, quer no continente quer no ultramar,
35 os quais tiveram uma larga divulgação durante o período da Guerra Colonial 7. Embora não se
tratassem de publicações de caráter cómico, muitos eram os humoristas que, estando a
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prestar o serviço militar, colaboravam com os seus trabalhos nestas edições, ironizando as
situações vividas na guerra e nos quartéis.

“O humor no Jornal do Exército 1961-1974” resultou de um desafio lançado a dois jovens


40 soldados com o objetivo de pesquisarem, selecionarem e exporem caricaturas e cartoons que
ao longo do período em apreço pudessem caracterizar a expressão desta arte gráfica no
âmbito da sátira, da ironia, da irreverência, ou da crítica social que, entre outros aspetos,
refletissem o dia a dia de um meio profissional que, particularmente no período em causa,
atravessava e participava na designada Guerra Colonial/Guerra do Ultramar.

http://www.exercito.pt/sites/MusMilPORTO/Actividades/Paginas/4297.aspx.
(Texto adaptado, consultado em janeiro de 2016)

______________________
1
tão acutilantemente – tão bem; 2 Inquisição – tribunal de natureza religiosa, fortemente repressivo;
3
representação iconográfica – representação em imagens; 4 Guerra Peninsular – a guerra entre os exércitos de
Napoleão e os de Inglaterra, Portugal ou Espanha (1807-1814); 5 Estado Novo – regime político ditatorial que
vigorou em Portugal entre 1933 e 1974; 5 caserna – quartel; 6 Guerra Colonial – guerra travada por Portugal em
algumas das suas antigas colónias (1961 – 1974).

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.7, seleciona a opção que permite obter uma
afirmação correta.

1.1 Este texto tem como função principal


(A) traçar a história do humor em Portugal.
(B) apresentar os principais humoristas militares portugueses.
(C) apresentar a história do humor em geral em Portugal e no exército português em
particular.
(D) indicar o contexto cultural de uma pesquisa efetuada por alguns soldados portugueses
relativa ao humor no exército português.

1.2 A censura da Inquisição sobre formas de humor em Portugal exerceu-se principalmente sobre
(A) as imagens.
(B) a palavra escrita.
(C) a palavra dita.
(D) as artes populares.

1.3 Em meados do século XIX, o humor, em Portugal, assume forma


(A) oral.
(B) escrita.
(C) iconográfica.
(D) religiosa.

1.4 Em meados do século XIX, o humor, em Portugal, debruça-se principalmente sobre temas
(A) religiosos.
(B) políticos.

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(C) artísticos.
(D) sociais.

1.5 Durante os anos que se seguiram à implantação da República, o humor satírico


desenvolveu-se com base
(A) numa desilusão.
(B) numa oposição de ideias.
(C) numa ilusão.
(D) numa discrepância.

1.6 O Estado Novo procurou reprimir a crítica de natureza


(A) social.
(B) religiosa.
(C) de costumes.
(D) política.

1.7 «O humor no Jornal do Exército 1961-1964» é uma iniciativa cujo objetivo principal é
(A) uma pesquisa de documentação humorística.
(B) uma seleção de documentação humorística.
(C) uma apresentação de documentação humorística.
(D) uma exposição de documentação humorística.

2. Responde, de forma correta aos itens apresentados.

2.1 O étimo latino UNITATE- deu origem à palavra «unidade». Indica o processo fonológico
presente na evolução de /t/ (no étimo latino) para /d/ (na palavra portuguesa).
2.2 Refere a função sintática de «o humor» (linha 6).
2.3 Classifica a última oração iniciada pela palavra «que» presente no texto.

GRUPO III

ALTERNATIVA I

Escreve um texto no qual aprecies criticamente um livro recentemente lido ou um filme


visto há pouco.

O teu texto deve ter um mínimo de 200 e um máximo de 300 palavras.

ALTERNATIVA II

Escreve uma síntese do texto do Grupo II que tenha cerca de um quarto das suas palavras.

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B
4. O texto critica uma prática literária constante das cantigas de amor que consistia no
desenvolvimento do tópico artístico da morte por amor – por amor não
correspondido.
5. O humor está presente na antítese ou jogo antitético entre o «morrer» e o «viver», v. 5
da segunda estrofe. Esta antítese comprova bem o caráter artificial da expressão
da morte de amor típica de muitas cantigas de amor.

GRUPO II
1.1 C; 1.2 B; 1.3 C; 1.4 B; 1.5 A; 1.6 D; 1.7 D
2.1 Sonorização, em ambas as ocorrências
2.2 Sujeito
2.3 Oração subordinada adjetiva relativa restritiva

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