Marketing Público Curso
Marketing Público Curso
Marketing Público Curso
1.1 Introdução
O marketing está por toda parte, ele está em tudo que fazemos desde o que comemos,
vestimos e em todos os anúncios que vemos. Se você estiver sentado frente à TV ou lendo
um letreiro no ônibus, o marketing está presente e, desta forma, ele afeta intensamente
nossa vida cotidiana. Em quase todos os setores, as práticas de marketing estão aplicadas
para aumentar as chances de sucesso nos negócios.
O marketing hoje é visto como uma função importante para a gestão de empresas e peça
fundamental para o planejamento estratégico das organizações. No entanto, durante muito
tempo, o marketing foi visto com desconfiança na e como algo desnecessário para o alcance
dos resultados da empresa. E, como não teve uma definição muito clara sobre o que
realmente representava, criou-se uma confusão em relação à sua denominação.
O novo cenário é caracterizado por um mercado cada vez mais competitivo e as empresas
são obrigadas a encontrar novas tecnologias, aumentar a produtividade e cada vez mais
aderir às inovações. Neste contexto, a empresa passou a dar mais ênfase às necessidades dos
clientes, que são cada vez mais exigentes, e o marketing passou a ocupar cada vez mais uma
posição importante na tomada de decisão das organizações.
Observa-se, então, que, com o mundo dos negócios cada vez mais desenvolvido, surgiu a
necessidade de se conhecer melhor o marketing e sua aplicabilidade na área de gestão das
empresas.
Muita gente pensa em marketing apenas como propaganda ou venda, mas o verdadeiro
marketing tem um sentido muito mais amplo que o simples ato de vender. Vendas e
propaganda são apenas duas funções dentre as muitas inerentes ao marketing.
O equívoco em relação ao marketing atinge até mesmo as estratégias das organizações, pois
muitas empresas, visando maximizar seus resultados, concentram suas estratégias de
marketing na venda de seus produtos com a intenção de obter um lucro maior, não levando
em consideração a influência de cada consumidor em potencial no processo, ou seja, a parte
mais interessada fica de fora do planejamento estratégico de marketing. Nesses casos, o
foco deste tipo de empresa não é o cliente.
Segundo Kotler (1998, p. 3), “o mais importante para o marketing, não é vender! Vendas é
a ponta do iceberg do marketing”. Na obra Administração de Marketing, Kotler (2006)
utiliza as definições da American Marketing Association (AMA).
Ainda na mesma obra, Kotler (2006) estabelece definições diferentes de marketing sob a
perspectiva social e gerencial. Assim ele define: “Marketing é o processo social e gerencial
pelo qual indivíduos e grupos obtêm aquilo que desejam e de que necessitam, criando e
trocando produtos e valores uns com os outros”. Considerando tal definição, o marketing na
sociedade é entendido como um processo social pelo qual o indivíduo e os grupos obtêm o
que necessitam e desejam por meio da criação, da oferta e da livre troca de produtos e
serviços. Na perspectiva gerencial, o marketing é descrito de maneira genérica como “a arte
de vender produtos”.
Para Etzel, Walker e Stanton (2001, p. 6), marketing “é um sistema total de atividades de
negócios desenvolvidas para planejar, dar preço, promover e distribuir produtos que
satisfaçam os desejos dos mercados-alvo e atingir objetivos organizacionais”. Existem
vários conceitos para definir marketing, mas, conforme afirma Kotler, há uma necessidade
constante de atualizá-los.
Referências:
ETZEL, Michael J; WALKER Bruce J; Stanton, William J. Marketing. São Paulo: Makron
Books, 2001.
Do ponto de vista do marketing, Kotler (1998-B, p.3) entende que “[...] as necessidades
humanas são estados de carência”. Não é algo produzido pelo marketing ou pelos
profissionais de marketing. É algo que faz parte da natureza humana.
Assim que uma necessidade deixa de ser existir ou ser sentida, a pessoa passa a ter
interesses pela ordem seguinte de necessidade. À medida que a pessoa prospera, ela vai
percorrendo os outros níveis da hierarquia buscando atender uma após a outra até chegar na
autorrealização. Importante também aludir que uma necessidade pode predominar sobre as
demais, devido a fatores como idade, meio social ou personalidade.
Os desejos podem ser considerados objetos que satisfazem as necessidades. Estes objetos
podem ser bens, serviços, eventos, uma viagem. Enfim, o homem pode desejar infinitas
coisas. À medida que a sociedade evolui e que o homem passa a conhecer mais objetos, seu
interesse e desejo aumentam. Quando os desejos podem ser comprados, tornam-
se demandas.
A função da empresa é, portanto, fornecer produtos e serviços que satisfaçam estas
necessidades e desejos das pessoas.
As empresas que administram seus negócios sob o enfoque das orientações do marketing
adotam as seguintes práticas:
Produtos: Na definição de Kotler (1998-B), produto é “[...] qualquer coisa que pode ser
oferecida no mercado para satisfazer uma necessidade ou desejo”. O produto no conceito de
marketing abrange bens físicos, serviços e uma multiplicidade de coisas que possam
satisfazer as necessidades e desejos das pessoas.
Um erro muitas vezes cometido pelas empresas está no fato de que muitas se concentram
mais nos produtos físicos e se esquecem de focar nos benefícios propiciados por eles,
idealizando seus produtos pensando apenas na venda e não em atender uma necessidade.
Assim, quando surge no mercado um novo produto concorrente a um custo menor ou que
atende melhor às necessidades do consumidor, este irá preferir o novo produto.
Com relação à qualidade, este atributo tem uma relação direta com o desempenho do
produto e consequentemente afeta a satisfação do cliente também de forma direta. As
empresas cada vez mais se utilizam de técnicas de gestão da qualidade total como
ferramenta para aumentar o desempenho dos seus produtos. A qualidade tem sentido mais
amplo para as empresas com foco no cliente. Para estas empresas, a qualidade não é
definida apenas como “ausência de defeitos” e inclui também a satisfação do cliente.
Acatando estas condições e desde que as partes cheguem a um acordo, a troca será possível.
Tipos de mercado
Mercado consiste em todos os consumidores potenciais que compartilham de uma
necessidade ou desejo específico, dispostos e habilitados para fazerem uma troca que
satisfaça essa necessidade ou desejo. No estudo do marketing, existem alguns tipos básicos
de mercado, dentre eles: mercado consumidor, mercado organizacional, mercado global e
mercado sem fins lucrativos. Vamos falar um pouco sobre cada um deles.
Mercado global: empresas que vendem seus produtos e serviços para outros países. Estas
empresas enfrentam muitas decisões adicionais, tais como: decidir em qual país entrar,
como adequar as características de seus produtos e serviços a cada um deles, como adequar
sua comunicação a diferentes culturas, como determinar o preço de seus produtos em países
diferentes.
Mercados sem fins lucrativos (terceiro setor): Neste caso, as empresas vendem seus
produtos a organizações sem fins lucrativos, como igrejas, universidades, instituições de
caridade, órgãos públicos. Neste tipo de mercado, as empresas precisam determinar seus
preços com cautela, pois essas organizações têm poder de compra limitado. Preços mais
baixos afetam as características e a qualidade dos bens e serviços que o fornecedor pode
incluir em sua oferta. Muitas compras do governo exigem licitação e, na ausência de fatores
que justifiquem um preço mais elevado, é favorecida a proposta que apresenta o menor
preço.
Aplicações do marketing
A tarefa de marketing está envolvida no processo e planejamento e execução de vários tipos
de produtos e serviços para satisfazer as necessidades e desejos dos consumidores. O
marketing pode ser aplicado em bens, serviços, eventos, experiências, pessoas, lugares,
propriedades, organizações, informações e ideias. Veja mais detalhes sobre os vários
campos de aplicação do marketing:
Bens: os bens tangíveis, ou seja, bens físicos, tais como automóveis, roupas, joias, móveis.
Pessoas: o marketing pessoal hoje é muito utilizado por artistas e músicos e por muitos
presidentes de empresas, médicos, advogados entre outros profissionais bem sucedidos que
recorrem a empresas de marketing de celebridade.
Lugares: o marketing de lugares serve para atrair turistas. O marketing de lugares pode ser
direcionado a um país, estado, cidade ou a qualquer região. O marketing de lugares envolve
diversas áreas e especialistas para o seu planejamento tais como agentes imobiliários,
bancos comerciais, agências de publicidades, agentes de turismo etc.
Propriedades: são direitos intangíveis de posse como bens financeiros (ações, títulos). Os
direitos de propriedade podem ser comprados e vendidos e, desse modo, utiliza-se também
das práticas de marketing.
orientação de produção;
orientação de produto;
orientação de vendas; e
orientação de marketing.
Orientação de produção
A orientação da produção arma que os consumidores preferem adquirir produtos acessíveis
e mais baratos e, deste modo, a organização deverá concentrar seus esforços para aprimorar
a produção, manter baixo custo e eficientes canais de distribuição em massa.
O risco que as empresas correm ao adotar esta filosofia consiste no fato de que, na euforia
de manter baixos custos, elas acabam-se concentrando demasiadamente em suas operações,
se esquecem de inovar seu produto e com isso acabam perdendo mercado.
Orientação de produto
A orientação de produto sustenta que os consumidores preferem adquirir produtos com
qualidade superior, melhor desempenho e com aparência inovadora. Neste caso, as
empresas devem-se concentrar no aperfeiçoamento contínuo de seus produtos.
Orientação de vendas
A orientação de vendas parte da hipótese de que os consumidores e as empresas não
compram os produtos em quantidades suficientes e, neste caso, a organização deve fazer um
esforço agressivo de vendas e promoção.
Muitas empresas que têm excesso de produção geralmente adotam esta orientação, com o
objetivo de vender o que se produz e não de fazer o que o mercado deseja. O grande risco
que se tem ao adotar esta prática é que as empresas acabam concentrando os esforços em
desenvolver transações de vendas e se esquecem de construir relacionamentos lucrativos e
duradouros com os clientes.
Esta prática também é muito utilizada quando os produtos têm pouca procura.
Orientação de marketing
A orientação de marketing se baseia no princípio de que a empresa, para atingir suas metas
organizacionais, deve determinar as necessidades e desejos do mercado-alvo e promover a
satisfação de forma mais eficiente que os concorrentes.
Referências:
Produto;
Preço;
Praça;
Promoção.
Kotler e Armstrong (2005, p. 47) ensinam que o “mix de marketing pode ser definido como
um conjunto de ferramentas de marketing táticas e controláveis que a empresa utiliza para
produzir a resposta que deseja no mercado-alvo”, ou ainda como, “o conjunto de
ferramentas que a empresa usa para atingir seus objetivos de marketing no mercado-alvo”
(KOTLER, 1998).
Entre essas características estão o design do produto em si, a embalagem, as cores, seu
aroma, sabor, a tipologia dos rótulos e outras . É definido ainda como um agregado de
atributos físicos, simbólicos e de serviço, concebidos para aumentar a satisfação desejada
pelo consumidor, como itens tangíveis, serviços e ideias. Ao comprar um automóvel, por
exemplo, o consumidor comprará, além de seus itens físicos (pneus, peças, vidros, bancos,
motor etc.), benefícios intangíveis como conforto, transporte, status, entre outros. Os
produtos somente serão comercializáveis se possuírem benefícios suficientes que possam
motivar pessoas a comprá-los.
Alguns autores criticam a teoria dos 4 Ps por considerarem somente o ponto de vista do
vendedor e não o do comprador.
Tipos de demandas
Um dos objetivos dos profissionais de marketing influenciar o nível e a composição da
demanda para atender os objetivos da organização. São possíveis oito estados de demanda:
Referência:
RIBEIRO, Áurea; FLEURY, Ângela. Marketing e serviço que ainda fazem a diferença.
São Paulo: Saraiva, 2006.
Torquato do Rego (1990), ao caracterizar marketing público, defendeu que suas ações estão
ligadas à lógica do mercado aplicadas à administração pública.
Outro ponto importante que deve ficar claro relacionado ao tema marketing público é o fato
de que muitas vezes ele é confundido com o marketing político praticado pelos partidos
políticos e que tem como objetivo a eleição dos seus militantes e o poder. Mas, isso é um
erro que deve ser evitado, pois o marketing público deve ser compreendido como um
procedimento que visa informar aos cidadãos as políticas definidas pelos governantes e que
se pretende que sejam bem acolhidas e apoiadas pelos cidadãos eleitores.
Objetivo central do marketing público
Segundo Kotler e Lee (2008), o marketing acaba sendo a melhor plataforma de
planejamento para uma agência pública que queira atender às necessidades do cidadão e que
queira entregar valor real. A preocupação central do marketing é a produção de resultados
que o mercado-alvo valoriza. No setor privado, o mantra do marketing é a valorização e
satisfação do cliente. No setor público, o mantra é a valorização e a satisfação do cidadão.
O marketing público pode ser uma ferramenta útil para o desenvolvimento, elaboração e
avaliação de política pública. Na visão de Campos (2007), o governo, em todos os níveis e
em todas as suas áreas de atuação política, sofre pressões por mudanças no sentido de
pensar de modo mais responsável e operar mais efetivamente. Os debates de marketing
público possuem uma dimensão própria em que a formulação de políticas públicas e dos
demais programas públicos necessitam da interação entre os cidadãos e os governos.
Pode-se dizer, com base nos pontos citados acima, que é possível o alcance de resultados
positivos quando as agências governamentais direcionam seu foco na satisfação do cidadão,
identificando o que ele realmente necessita. Porém, isso nem sempre ocorre e os serviços
prestados pelo governo são criticados, sendo comum no nosso dia a dia nos depararmos
com queixas do tipo:
os impostos são muito altos e não vemos nosso dinheiro bem empregado;
a infraestrutura pública da nação está-se deteriorando apesar do pagamento de
impostos;
agências públicas são em geral vagarosas e inflexíveis em função de normas e
burocracias excessivas;
funcionários públicos são superprotegidos, mesmo frente a incompetências ou ao
comportamento antiético; e
falhas na escola pública levam a uma educação precária.
Enfim, existem numerosas queixas, o que mostra que de fato o setor público precisa
melhorar seu desempenho real a fim de aumentar a confiança e a satisfação do povo e,
consequentemente, obter maior apoio. Quando essas reivindicações não são atendidas, o
cidadão toma atitudes como questionar os pagamentos dos impostos.
Com relação a este litígio, Kotler e Lee (2008) afirmam que uma solução para melhorar o
desempenho é adotar ferramentas que o setor privado utiliza para operar os negócios de
maior sucesso e aplicá-las ao setor público. Eles citam várias ferramentas tais como:
Com a utilização destas ferramentas, fica possível a criação de agências públicas mais
eficientes, eficazes e inovadoras, mas para muitos cidadãos este sonho é impossível, pois
eles vêem muitos contrastes entre o governo e as organizações de negócios.
Apesar de existirem diferenças, Kotler e Lee (2008) afirmam que elas são em geral
exageradas e não deveriam ser usadas como desculpas para ineficiência, ineficácia ou
desperdício. Para estes autores, é possível utilizar a filosofia de marketing de maneira a
contribuir para que os objetivos de agências governamentais sejam compatíveis com:
aumento de receitas;
aumento de utilização de serviços;
aumento de compras de produtos;
aumento de aceitação de leis;
melhoria de segurança e saúde públicas;
aumento de ações do cidadão para proteger o meio ambiente;
diminuição de custos para entrega de serviços;
melhoria da satisfação do cliente; e
criação de programas de apoio ao cidadão.
Referências:
KOTLER, Philip; LEE Nancy. Marketing no Setor Público. Tradução Gabriela Perizzollo,
Patrícia Lessa Flores da Cunha. Porto Alegre: Bookman, 2008.
A prestação de serviços inclui não apenas pessoas que trabalham em empresas de serviços,
mas abrange também pessoas que prestam serviços dentro de indústrias, como advogados,
médicos, instrutores de vendas.
Serviço pode ser definido como qualquer ato ou desempenho, essencialmente intangível,
que uma parte oferece a outra e que não resulta na propriedade de um bem. A execução de
um serviço pode estar ou não ligada a um produto concreto.
Mix de serviços
O componente de serviço pode ser parte secundária ou parte principal da oferta global.
Existem cinco categorias de oferta ao mercado.
Devido a esse mix variável de bens e serviços, fica difícil generalizar os serviços sem uma
distinção mais aprofundada. Veja abaixo algumas distinções adicionais que podem ser úteis:
Intangibilidade
Para entender sobre Intangibilidade, devemos compreender o que significa tangível.
Tangível qualquer coisa física que pode ser palpável, ou seja, tocada e intangível é tudo que
não se toca, não é palpável.
Os serviços, ao contrário dos produtos físicos, não podem ser vistos, sentidos, ouvidos,
cheirados ou provados antes de adquiridos. Para reduzir as incertezas, os compradores
procuram sinais de qualidade do serviço. Tiram suas conclusões sobre qualidade a partir de
tudo que puderem observar sobre o lugar, as pessoas, o equipamento, o material de
comunicação e o preço. Portanto, a tarefa do prestador de serviços é tornar esse serviços
tangíveis. Dessa forma, cabem aos profissionais de marketing de serviços dar tangibilidade
às suas ofertas intangíveis.
Inseparabilidade
Os produtos físicos são fabricados, estocados mais tarde, vendidos e, por fim consumidos.
Porém, os serviços são primeiro vendidos, depois produzidos e consumidos ao mesmo
tempo.
Em serviço, produção e consumo são simultâneos. Serviços são inseparáveis daqueles que
os fornecem, sejam pessoas ou máquinas.
Se o empregado presta serviços, ele é parte do serviço. Quando ele eventualmente comete
erro, o cliente já recebe o serviço defeituoso por conta da simultaneidade. Como o cliente
também está presente quando o serviço é produzido, a interação fornecedor-cliente é um
aspecto especial do marketing de serviço.
Variabilidade
Os serviços são altamente variáveis, sua qualidade depende de quem os proporciona e de
quando, onde e como são proporcionados.
Perecibilidade
Os serviços são perecíveis, não podendo ser estocados para vendas ou uso futuro.
Capacidade de resposta
Segurança
Empatia
Itens tangíveis
Equipamentos modernos;
Instalações com visual atraente;
Funcionários com aparência asseada e profissional;
Materiais visualmente atraentes associados ao serviço.
Serviços públicos
Os serviços públicos são aqueles prestados diretamente à comunidade pela administração
depois de definida a sua essencialidade e necessidade. Assim, são privativos do poder
público, ou seja, só a administração pública deve prestá-los. São exemplos de serviços
públicos a preservação da saúde pública e os serviços de polícia.
Outros serviços públicos, chamados de serviços de utilidade pública, são aqueles cuja
conveniência para a coletividade a administração pública reconhece, prestando-os
diretamente ou delegando-os a terceiros, nas condições regulamentadas e sob o seu
controle, como, por exemplo, o transporte coletivo, a energia elétrica, o serviço de
telecomunicações e o fornecimento de água.
Os serviços que são prestados individualmente a cada cidadão, como, por exemplo, o
fornecimento de água, luz, telecomunicações etc., geralmente o são por empresas privadas
mediante concessão outorgada pelo poder público e sob pagamento da tarifa respectiva
diretamente pelo usuário.
Segundo Meirelles (1988, p.290), serviço público é entendido como "[...] todo aquele
prestado pela administração ou por seus delegados, sob normas ou controles estatais, para
satisfazer necessidades essenciais ou secundárias da coletividade, ou simples conveniência
do Estado".
Referências:
LAS CASAS, Alexandre Luzzi. Marketing: conceitos, exercícios, casos. São Paulo: Atlas,
2006.
MEIRELLES, Hely Lopes. Direito administrativo brasileiro. 14. ed. São Paulo, RT,
1988.
A filosofia do marketing aplicada ao setor público contribui para que seus objetivos (do
setor público) sejam compatíveis com o aumento de receitas, com o aumento de utilização
de serviços; com o aumento de compras de produtos; com o aumento de aceitação de leis;
com o aumento de segurança e saúde pública; com o aumento de ações do cidadão para
proteger o meio ambiente; com a diminuição de custos para a entrega de serviços; com a
melhoria de satisfação do cliente e com a criação de programas de apoio ao cidadão. Vamos
ver a seguir como o mix de marketing (produto, preço, praça, promoção) se comporta
quando os serviços oferecidos são públicos.
Produto
Produto é qualquer coisa que possa ser oferecida a um mercado, por uma organização ou
por um indivíduo, para satisfazer uma vontade ou necessidade. Além de bens físicos e
serviços, são também eventos, pessoas, lugares, a própria organização, informações, ideias.
Tipo de
Setor Privado Setor Público
Produto
Televisão de
Bens físicos Passaportes
plasma
Nível 1: o produto central é visto como o centro do produto total e é o motivo pelo
qual o cliente está comprando o produto.
Nível 2: o produto real ou esperado inclui aspectos como qualidade, características,
embalagem, estilo e design. As decisões de compra são tomadas com base nas
necessidades e preferências dos clientes, que levam em consideração os produtos
ofertados pela concorrência.
Nível 3: o produto ampliado inclui características e serviços que acrescentam valor
à transação; alguns autores consideram esse nível como supérfluo (o cliente não tem
que possuí-lo, mas, em muitos casos, é o item de diferenciação da concorrência.
Produto Produto
Setor Público Produto Ampliado
Central Real
Universidade
Educação Aulas Monitoria para acompanHamento dos alunos
(UFRJ)
1. geração de ideia;
2. seleção de ideia;
3. desenvolvimento e teste de conhecimento;
4. estratégia de marketing;
5. análise de negócio;
6. desenvolvimento de produto;
7. teste de mercado; e
8. comercialização.
Desde sua introdução no mercado até sua retirada total, o produto passa pelos estágios de
introdução, crescimento, maturidade e declínio.
Preço
O preço é considerado uma das mais poderosas ferramentas do marketing por influenciar
diretamente a decisão dos clientes, pois estes possuem necessidades e desejos ilimitados e
recursos limitados. De modo geral, o cliente só irá adquirir um produto se o preço justificar
o nível de satisfação por sua compra.
O marketing envolve trocas que por sua vez envolvem benefícios. Variáveis como
qualidade, quantidade, assistência técnica, serviços, dentre outros são consideradas na
aquisição de produtos, mas o preço é a variável mais facilmente comparável (a qualidade,
por exemplo, só será percebida após a compra).
Segundo Tucker (1999), para determinar o preço, existem modelos teóricos que se resumem
em quatro fatores: objetivos (de venda, de lucro, de concorrência); custos (fixos, variáveis,
marginais); demanda (unitária, elástica, inelástica) e concorrência.
Praça ou Ponto
Os canais de distribuição possibilitam o acesso do consumidor/cidadão ao produto. As
escolhas quanto à praça afetam a resposta do cidadão, conforme Kotler e Lee:
Atender aos desejos de resposta do cidadão passa pela quantidade de horas e dias da semana
para efetivar um atendimento, assim como pelo ambiente onde é atendido.
São opções para disponibilizar acessos aos programas e serviços públicos, as próprias
instalações físicas, telefone, fax, correio, unidades móveis, internet, videoconferência,
entregas em domicílio, quiosques.
Promoção
A promoção é a comunicação das informações entre quem oferece determinado produto e
quem tem a pretensão de adquiri-lo. São formas de informar os consumidores sobre os
produtos e serviços e sobre a própria imagem da organização.
Segundo Kotler (1998), “marketing direto é um sistema interativo que usa uma ou mais
mídias de propaganda para obter uma resposta ou transação mensurável em qualquer
localização”. Suas ações possibilitam atingir o consumidor individualmente, como venda
porta a porta, telemarketing ativo e receptivo, internet, venda por meio da mídia (ligue
agora), mala direta.
Kotler (1998) defende ainda as atividades de relações públicas que envolvem uma
variedade de programas destinados a promover e/ou proteger a imagem de uma organização
ou seus produtos, objetivando aumentar a consciência da marca, gerar atitudes favoráveis
em relação a uma empresa e seus produtos e encorajar o comportamento de compra. A
diferença entre relações públicas e propaganda é que a publicidade gerada pela primeira tem
espaço gratuito na mídia.
KOTLER, Philip; LEE Nancy. Marketing no Setor Público. tradução Gabriela Perizzollo,
Patrícia Lessa Flores da Cunha.Porto Alegre: Bookman, 2008.
O plano pode ser criado para um programa, produto, lugar ou serviço específico dentro de
uma agência. Por exemplo, pode ser criado um plano de marketing para aumentar do
número de visitantes de um parque nacional, voltado para um segmento da população
específico, como os jovens. Os planos podem ser desenvolvidos para períodos de um ano a
três, com atualizações mensais.
Análise da situação
Público-alvo
Posicionamento
1. Como você deseja que o programa, ou a agência, seja visto pelo público-alvo.
Plano de avaliação
Orçamento
Plano de implementação
Análise da situação
Nessa seção do seu plano, você apresenta as informações antecedentes relevantes, uma
análise de forças organizacionais e de mercado, que você considera no momento da
determinação de estratégia de mercado e um retrospecto de desempenho e aprendizado, a
partir de esforços similares, anteriores.
Inicie esta sessão com um resumo de fatores que levaram ao desenvolvimento do plano. Por
que você está fazendo isso? Poderia ter ocorrido em função de uma queda na utilização de
serviços (turista), de uma crise na saúde pública (obesidade, falta de médicos, falta de
medicamentos etc.) de um aumento de comportamentos de risco (uso de metanfetaminas),
de um desejo de revitalizar o transporte comunitário, ou da oportunidade de oferecer um
novo programa ou serviço que vá ao encontro de alguma necessidade pública.
Neste item, faça uma lista de forças organizacionais mais importantes a maximizar e de
fraquezas que precisa minimizar, incluindo fatores como recursos disponíveis, suporte de
gestão para projeto, alianças e parcerias atuais, possibilidades de sistema de prestação de
serviço, reputação da agência e questões prioritárias.
Análise da concorrência
Neste item, faça uma lista das forças e fraquezas da concorrência, considerando jogadores
diretos e indiretos. Concorrentes diretos são aqueles cujas ofertas são similares às suas (por
exemplo livrarias concorrem com bibliotecas). Concorrentes indiretos são aqueles que
satisfazem as necessidades do público-alvo, mas de maneira diferente (por exemplo:
televisão concorre com as bibliotecas).
Público–alvo
A seleção do público-alvo será feita primeiramente através da segmentação do mercado,
avaliação da segmentação e, então, pela escolha de um ou mais como ponto central para
posicionamento e oferecimento de estratégias do composto (mix) de marketing. Uma
descrição completa do público-alvo deve ser oferecida nessa seção do seu plano de
marketing. Você deve descrever seu público-alvo e para isso deverá conhecê-lo muito bem.
Você deve definir o perfil demográfico do seu público-alvo através da utilização das
variáveis como idade, gênero, tamanho da família, renda, ocupação, instrução, religião, raça
e nacionalidade. Em alguns casos, é importante também, dependendo do segmento de
mercado, definir características de valores, estilo de vida e personalidade predominantes no
segmento em questão. É importante também descrever os possíveis benefícios que seu
público-alvo percebe como algo que ele receberá ou que deseja muito receber, como
resultado da realização de ações que seu plano de marketing tenta influenciar.
Posicionamento
Após a identificação, descrição e compreensão do segmento-alvo, essa parte do plano de
marketing descreve, de maneira breve, o posicionamento desejado para o programa, serviço,
agência ou outro produto oferecido no ponto central do plano. Essa é uma etapa essencial,
anterior ao desenvolvimento de sua estratégia de marketing, uma vez que uma estratégia de
sucesso é sempre construída sobre segmentação, definição do público-alvo e
posicionamento.
O posicionamento desejado pode ser descrito utilizando poucas frases, até mesmo através
de pontos-chaves (itens), que esclareçam como você quer que sua oferta seja vista por seu
público-alvo. Pode incluir uma proposta de valor, pois o importante é determinar e articular
uma posição clara que enfatize, para o seu público-alvo, os benefícios e que reduza as
barreiras específicas que o colocam em posição favorável com relação ao concorrente. Deve
definir os pontos de diferença apropriados, bem como os pontos de equivalência relativos a
concorrentes diretos e indiretos.
Praça: as decisões de praça referem-se ao local que você escolheu para entregar a sua oferta
e às formas que os cidadãos possuem para acessá-la. Você irá delinear quais os canais de
distribuição que serão utilizados, escolhendo entre as opções que incluem locais físicos,
telefone, fax, correio, unidades móveis, internet, vídeos, entrega em casa/solicitações feitas
por telefone e dentre outras que se fizerem necessárias.
Promoção: nessa seção, você irá descrever suas estratégias de comunicação persuasivas,
abrangendo decisões relativas a mensagens-chave (o que quer comunicar), as fontes de
mensagem (quaisquer porta-vozes, patrocinadores, parceiros ou atores que utiliza para
entregar mensagem) e canais de comunicação (onde as mensagens promocionais irão
aparecer). É importante expor o composto (mix) de marketing na sequência aqui
apresentada, começando com uma descrição de produto e encerrando com uma estratégia
promocional.
Plano de avaliação
Nessa parte de seu plano, você destaca as mensurações que serão utilizadas para avaliar o
sucesso de seu esforço e como e onde serão realizadas. Esse plano pode incluir uma ou mais
das seguintes mensurações de monitoramento e avaliação de desempenho:
Gastos para avaliação serão mencionados na seção de orçamentos de seu plano e itens de
ação.
Orçamento
Custos associados ao desenvolvimento e à implementação do plano de marketing são
delineados nessa seção. No orçamento você incluirá custos incrementais para o
desenvolvimento do produto, qualquer incentivo de preço e custos adicionais relativos a
canais de distribuição, bem como o desenvolvimento e a disseminação da comunicação.
Plano de implementação
Você irá finalizar seu plano com um documento que especifique quem fará o quê, quando e
por quanto tempo. Isso transforma as estratégias de marketing em ações.
Enfim, acima foram descritos cada item do Esquema do Plano de Marketing no Setor
Público. Ao elaborar um plano, estimula-se o pensamento estratégico, que se inicia com a
definição de uma proposta e um foco de interesse e uma descrição de onde estamos, o que
leva à identificação de “onde queremos chegar”, expresso em termos de metas e objetivos
de marketing.