Contratação de Soluções de Ti
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Referências...................................................................................... 35
Figura 1 - Valores empenhados para compras de TIC no Governo Federal de 2014 a 2017.
Verificou-se que o orçamento anual médio - valores previstos nas LOAs (Leis Orçamentárias
Anuais) - supera R$ 4,6 bilhões, somando mais de R$ 18,7 bilhões no período.
Assim, é evidente a relevância que as aquisições de bens e contratações de serviços de TIC têm
para o Executivo Federal, posto que atingiram, somente no quadriênio em pauta, um montante
aproximado da ordem de R$ 15,7 bilhões.
Saiba mais
Para conhecer o portal de compras do governo, acesse http://paineldecompras.
economia.gov.br/planejamento.
Considerando o princípio constitucional da eficiência, é necessário que todo esse gasto resulte
em benefícios reais para a sociedade, sendo papel do governo usar sua competência regulatória
para evitar fraudes, desperdícios e sobrepreços.
h,
Destaque,h
É importante que o governo estabeleça políticas e estratégias de aquisição de
bens e serviços de TIC que proporcionem efetiva melhoria na qualidade do
gasto público.
No Brasil, o artigo 10, parágrafo 7º do Decreto-Lei nº 200/1967, que dispõe sobre a estrutura da
APF, já procura reduzir o risco de superdimensionamento do Estado e admite o mecanismo da
execução indireta de atividades acessórias, mais tarde batizado de “terceirização”.
[...]
Já na década de 1990, o governo definiu, por meio do Decreto nº 2.271/1997, as atividades que
deveriam preferencialmente ser terceirizadas. Entre elas, a informática.
[...]
[...]
Nesse sentido, as contrações de serviços de TIC pelo Executivo Federal exercem relevante papel
para movimentar a economia do país.
Destaque-se que, no mesmo quadriênio 2014-2017 dos dados analisados no tópico anterior,
a quantidade de CNPJs distintos que receberam pelo fornecimento de bens e serviços para
o Executivo Federal superou a quantidade de 14,4 mil CNPJs diferentes, ou seja, milhares de
empresas dos mais variados portes.
h,
Destaque,h
As compras de TIC do Poder Executivo Federal constituem-se em importante
política pública de fomento da atividade empresarial na área de TIC no Brasil,
setor fortemente conectado à inovação e ao desenvolvimento tecnológico.
Nesse sentido, o mesmo artigo do Decreto-Lei nº 200/1967 traz embutida uma chave que
relaciona as principais atribuições do Estado burocrático-desenvolvimentista e tendente ao
gerencialismo, em detrimento do Estado patrimonialista ou absolutista:
Saiba mais
Para saber mais sobre o Estado brasileiro e suas transformações, acesse http://
www.gp.usp.br/files/gespub_estado.pdf.
Passados mais de 50 anos desde a publicação desse decreto-lei, a evolução dos mecanismos de
governança do Estado levou à consolidação dos limites de terceirização de serviços por parte
do Estado. Assim, o Decreto nº 9.507/2018, traz em seu artigo 3º, incisos I e II, vedações de
terceirizar as principais atribuições do moderno Estado gerencial, em detrimento do Estado
patrimonialista ou absolutista, bem como funções estratégicas que possam vir a comprometer
os objetivos institucionais ou regimentais das unidades administrativas:
Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na administração pública federal direta,
autárquica e fundacional, os serviços:
[...]
Para assegurar a coordenação e a governança de suas ações de TIC, o Estado mantém o Sistema
de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP), composto pelas áreas de TIC
(secretarias ou coordenações) das entidades da APF direta, autárquica e fundacional. O SISP atua
como estrutura de gestão estratégica de TIC, a ele competindo ações relativas a racionalização,
padronização, integração, interoperabilidade, normalização, formação profissional, etc.; todas
relativas aos recursos de TIC do Executivo Federal.
Saiba mais
Para saber mais sobre o SISP e suas iniciativas, acesse http://www.sisp.gov.
br/.
Enquanto ao cidadão é facultado o direito de planejar ou não planejar, para o gestor público,
planejar é um dever. Ou seja, é uma obrigação por lealdade às instituições e princípios
consagrados na Constituição. O gestor que não planeja incorre em inobservância do disposto no
caput do artigo 37 da Constituição Federal de 1988, pois age contra o princípio da eficiência.
Art. 37. A administração pública direta e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.
Assim, o gestor público tem o dever de manejar os recursos públicos da forma mais eficaz e
eficiente possível, gerando o maior benefício possível à sociedade. Nesse sentido:
h,
Destaque,h
O planejamento das aquisições de bens e serviços de TIC no Executivo Federal
deve alinhar-se aos instrumentos de planejamento institucional construído
nas diferentes alçadas da APF.
Com efeito, esse alinhamento está consolidado na estrutura normativa que disciplina as
aquisições de bens e serviços de TIC no Executivo Federal.
As contratações de TIC, objeto do nosso curso, são planejadas de acordo com o processo
padronizado estabelecido na Instrução Normativa nº 1, de 4 de abril de 2019 (IN SGD/ME nº
1/2019), alinhadas ao PEI, PDTI E PTD. Por conseguinte, dão origem aos contratos de TIC dos
órgãos do Executivo Federal. Evidentemente:
h,
Destaque,h
O estudo da IN SGD/ME nº 1/2019 é o cerne deste curso de Planejamento da
Contratação de Soluções de TIC.
Com essa "novidade", finalizamos a Unidade e esperamos que você tenha identificado boas
razões e esteja motivado para estudar o processo de contratação de TIC do SISP e o Planejamento
da Contratação de TIC (PCTIC).
Podemos dizer que uma contratação de TIC tem algumas características que requerem tratamento
específico, pois há fatores envolvidos que a tornam um pouco mais complexa que as contratações
de produtos em geral. Vamos relacionar os mais importantes:
• Uma solução de TIC comumente envolve tecnologias, padrões e boas práticas, cuja
compreensão em geral necessita conhecimento específico.
• Não raro, uma solução de TIC desejada não basta para atender a demanda da área
solicitante, sendo necessário realizar outras iniciativas ou contratações para viabilizar
sua implantação.
Essas questões nem sempre são conhecidas pela área demandante (aquela que necessita de uma
solução para resolver um problema ou atingir um resultado), e é necessário apoio especializado
para que a contratação tenha sucesso.
Tal apoio envolve a participação da área de TIC da instituição que vai realizar a contratação, a qual
dialogará com as áreas demandantes, viabilizando assim o resultado esperado da contratação.
h,
Destaque,h
Contratações de TIC comumente compreendem questões complexas que
precisam ser adequadamente tratadas para evitar seu insucesso e ineficiência
e mitigar o risco de desperdício de recursos públicos.
Esse “modelo guarda-chuva” acarretava evidentes desvantagens para a APF, entre elas:
• Limitação à competição.
• Paradoxo lucro-incompetência.
Nessa época, surgiu um verdadeiro movimento, apoiado por diversos órgãos e setores da APF,
com destaque para o TCU e a antiga Secretaria de Logística e Tecnologia da Informação (SLTI) do
extinto Ministério do Planejamento (MP), que buscava aprimorar a governança de TI no serviço
público, alinhando suas políticas e processos à legislação e às boas práticas preconizadas pelos
frameworks de gestão de TI e de projetos que já eram populares à época, como o COBIT (Control
A principal finalidade da criação dessa cultura foi a busca do alinhamento estratégico da área de
TI com as áreas finalísticas, visando atingir a excelência em eficiência e eficácia na utilização dos
recursos públicos. Assim:
h,
Destaque,h
Foi necessário definir um processo padronizado para as contratações de TIC, de
forma que todas essas questões viessem a ser devidamente tratadas ao longo
do planejamento e da execução contratual. Denominamos tal macroprocesso
de Modelo de Contratação de Soluções de TIC (MCTIC).
Todo esse movimento resultou na criação de uma norma para regular as contratações de TIC: a
histórica Instrução Normativa SLTI/MP n° 04, de 19 de maio de 2008. Com o tempo, as práticas
de contratações de TIC foram evoluindo, a normatização foi sendo atualizada ao longo dos
anos, resultando em atualizações em 2010 e de 2014. Obviamente, todas essas versões foram
sucessivamente revogadas, de forma que atualmente:
h,
Destaque,h
A norma que disciplina o (macro) processo de contratação de soluções de
Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) pelos órgãos e entidades
integrantes do Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da
Informação (SISP) do Poder Executivo Federal é a Instrução Normativa nº 1, de
4 de abril de 2019 (IN SGD/ME nº 1/2019).
[...]
Dessa forma, a legislação que toca às contratações TIC se complementa com a publicação de atos
administrativos normativos, como decretos, resoluções, instruções normativas e portarias.
h,
Destaque,h
Assim, na concepção da Instrução Normativa SGD/ME nº 1/2019, assim como
suas antecessoras (INs 04), procurou-se reunir a principal legislação que trata
das contratações de TI.
Acompanhe a imagem a seguir para conhecer as principais leis e normas "embutidas" na IN SGD/
ME Nº 1/2019:
• Leis Ordinárias
Lei 8.666/1993 (Licitações e Contratos)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8666compilado.htm
• Decretos
Decreto 7.579/2011 (SISP)
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Decreto/D7579.htm
• Instruções Normativas
• Portarias
• 2002
Com efeito, o TCU teve, ao longo dos anos, um papel fundamental no amadurecimento
das contratações públicas de TIC. Alguns acórdãos foram norteadores da melhoria do
processo e adoção de boas práticas.
Selecionamos excertos de três desses acórdãos que tiveram papel essencial nessa
evolução:
Acórdão 1.558/2003-TCU-Plenário
9.3. determinar à XXXXXXX com fulcro no artigo 71, inciso IX, da Constituição Federal
que:
[...]
[...]
h,
Destaque,h
Quer conhecer outros acórdãos interessantes? Visite a página de pesquisa do
TCU e explore, além dos citados acima, os acórdãos 1521/2003-P, 2023/2005-
P, 1970/2006-P, 304/2006-P, 669/2008-P, 1603/2008-P, 2471/2008-P!
• 2006
Criação da Secretaria de Fiscalização de TI – SEFTI no TCU, com a finalidade de fiscalizar
a gestão e o uso de recursos de TI pela APF e induzir melhorias na governança de TI.
Criação da Comunidade TI Controle, que reúne representantes dos Poderes Legislativo,
• 2008
Publicação da IN SLTI/MP nº 04/2008, que passou a vigorar em janeiro do ano seguinte.
Essa primeira IN 04, entre outras inovações, procurou também coibir pagamentos por
homem-hora e por postos de trabalho, privilegiando métricas baseadas em resultados.
• 2010
Publicação da IN SLTI/MP nº 04/2010, que entrou em vigor em janeiro de 2011.
• 2014
Publicação da IN SLTI/MP nº 04/2014, que entrou em vigor em janeiro de 2015.
• 2019
Publicação da IN SGD/ME nº 1/2019, que entrou integralmente em vigor em janeiro de
2020.
Saiba mais
Assista abaixo o vídeo sobre inovações trazidas pela IN SGD/ME nº 1/2019 ao
processo de Contratação de TIC no Executivo Federal.
Terminada esta aventura na história, finalizamos a unidade com a certeza de que você,
participante, está alerta para tudo que envolve uma contratação de TIC e tem uma ideia mais
sólida da importância de realizar um bom planejamento.
Creio que sim. E arrisco-me a conceituar o objetivo da nossa norma da seguinte forma:
h,
Destaque,h
Disciplinar, para os órgãos do Sistema de Administração dos recursos de
Tecnologia da Informação (SISP) do Executivo Federal, o processo de contratação
de soluções de TIC que demandem mecanismos específicos de planejamento
e gestão, considerando os princípios da Administração e de compras públicas,
os padrões e o mercado de TIC, bem como sua harmonização tecnológica com
o ambiente computacional instalado.
Mas é necessário asseverar que o mais importante, em síntese, é o objetivo político e social da
norma, afinal, o Estado serve para defender os interesses da sociedade. Nesse sentido, o objetivo
da IN SGD/ME nº 1/2019 de maior destaque é melhorar a qualidade do gasto público, de forma
que:
h,
Destaque,h
A IN SGD/ME nº 1/2019 tem como objetivo precípuo possibilitar que TODO
GASTO EM TIC esteja direta ou indiretamente associado a um benefício
CONCRETO para o cidadão.
Estejamos tratando de soluções simples ou complexas, toda e qualquer contratação pode ser
percebida como um projeto, com início, meio e fim; formado pelas 3 fases representadas no
diagrama a seguir:
I - Planejamento da Contratação;
II - Seleção do Fornecedor; e
Cada uma das fases possui suas entregas ou marcos definidos. A animação que apresenta a
sequência das fases com suas entregas ou marcos, está disponível na plataforma do curso.
Cada fase de um projeto de contratação de TIC possui suas etapas. Por exemplo, a fase que dá
nome ao nosso curso é o Planejamento da Contratação de Soluções de TIC (PCTIC). A figura abaixo
exibe o diagrama de processo da fase de PCTIC com suas respectivas etapas ou subprocessos:
Cada etapa, por sua vez, possui suas atividades e entregas (ou artefatos).
A IN SGD/ME Nº 1/2019 detalha, em seu texto, este processo de contratação em seu capítulo III.
Já a estrutura completa do corpo da norma está representada na figura a seguir:
Art. 8º
[...]
[...]
Bem, podemos dizer que é obrigatório observar a IN SGD/ME Nº 1/2019 quando todas as
afirmações a seguir forem verdadeiras:
[...]
VII - solução de TIC: conjunto de bens e/ou serviços que apoiam processos de negócio,
mediante a conjugação de recursos, processos e técnicas utilizados para obter,
processar, armazenar, disseminar e fazer uso de informações;
[...]
[...]
VII - solução de TIC: conjunto de bens e/ou serviços que apoiam processos de negócio,
mediante a conjugação de recursos, processos e técnicas utilizados para obter,
processar, armazenar, disseminar e fazer uso de informações;
[...]
Nesse sentido, embora tais elementos de hardware e/ou software estejam quase
sempre presentes em - ou se relacionem com - soluções de TIC regidas pela IN SGD/
ME nº 1/2019, é necessário identificar no objeto elementos que caracterizem o ciclo de
tratamento da informação como necessidade de negócio, conforme sua finalidade ou
objetivo, o que é expresso pelos termos finais da conceituação de solução de TIC, ou
seja: "[...] obter, processar, armazenar, disseminar e fazer uso de informações".
Isso quer dizer que um pen-drive, um hd externo, uma máquina fotográfica digital, um
celular, um roteador internet não são soluções de TIC por si só, a não ser se integrados
em um conjunto de elementos relevantes para obter o resultado esperado que visa
atender à necessidade de negócio.
Art. 1º
[...]
[...]
[...]
Art. 3º Não serão objeto de execução indireta na administração pública federal direta,
autárquica e fundacional, os serviços:
h,
Destaque,h
As contratações que se enquadram nos critérios acima deverão seguir o MCTIC
proposto pela IN SGD/ME nº 1/2019. Contudo, não há óbice para que as demais
também utilizem o MCTIC, sendo isto, inclusive, recomendado para que haja a
realização de um planejamento adequado.
Para auxiliar no trabalho de construção desses artefatos, a SGD disponibiliza seus "famosos"
templates (modelos de artefatos sugeridos para preenchimento ao longo do macroprocesso de
contratação de TIC). Eles nos ajudam a não esquecer de nada quando "rodamos" o PCTIC.
Os templates são como ferramentas, que necessitam uma certa habilidade para serem bem
utilizadas.
BRASILIANO, Antônio Celso Ribeiro. Resposta aos riscos corporativos – método brasiliano. São
Paulo: Sicurezza, 2009.
BRESSER-PEREIRA, L. C., Do estado patrimonial ao gerencial. In: Pinheiro, P. S.; Wilheim, J.; Sachs,
I. (Orgs.), Brasil: Um Século de Transformações. São Paulo: Cia. das Letras, 2001: p. 222-259.