A Mensagem
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3º estrofe
O deítico pessoal “este”, remete para o mito, mais D. Sebastião, morreu na batalha de Alcácer Quibir em
particularmente de Ulisses, o espacial “aqui” remete 1578 ao serviço do alargamento do império, mas o seu
para lisboa/Portugal, e o pessoal “nos” para os mito permanece até aos dias de hoje.
portugueses.
No areal da batalha de Alcácer Quibir, ficou apenas o Este foi o quinto filho de D. João I e de D. Filipa de
que dele havia de mortal, de físico o corpo (“ficou meu Lencastre e é considerado o homem que mais
ser que houve”), e sobreviveu o “ser que há” , que decisivamente contribuiu para a expansão
permaneceu imortal, ou seja, a sua alma e o seu mito, ultramarina portuguesa. Por isto ele simboliza o
o seu sonho a sua loucura de querer grandeza, de primeiro passo dado para a construção do império
devolver glória á pátria, que continua viva e por português.
concretizar.
1º estrofe
2º estrofe.
Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Minha loucura, outros que me a tomem Deus quis que a terra fosse toda uma,
Com o que nela ia. Que o mar unisse, já não separasse.
Sem a loucura que é o homem Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.
Mais que a besta sadia, Cadáver adiado que
procria? O primeiro verso acaba por encerrar em si mesmo um
No primeiro verso, o sujeito poético faz um apelo para valor de verdade universal, em primeiro lugar, tal
que outros tomem a sua loucura, ou seja, que os facto é evidenciado pela sua estrutura tripartida em 3
portugueses ambicionem um Portugal maior e orações assindéticas, surgindo nas duas primeiras
melhor, quer em termos materiais como espirituais, e partes os elementos essenciais para que se dê a criação
assim se deixem contagiar pela força criadora que a da obra; a vontade de Deus, o sonho do homem. É
loucura provoca e imbui nos homens. estabelecida uma certa relação de causa efeito, sem a
vontade de deus o homem não sonharia e a obra nunca
A loucura é sinal de racionalidade, é preciso pensar e poderia nascer. Além disso, as formas verbais
ambicionar muito para ser-se apelidado de louco. Está aparecem no presente do indicativo- valor aspetual
inscrito na genética humana essa qualidade, e é esta genérico, contribuindo para realçar a intemporalidade
que distingue o homem da “besta sadia, cadáver adiado e permanência da afirmação.
que procria”, ou seja, dos animais, sem o sonho o
homem é um ser completamente irracional que está Deus quis que a terra fosse toda uma- desejo de deus, que
destinado a nascer, procriar e morrer, sendo assim é o agente da vontade, este quis que a terra se
condenado à morte e ao esquecimento. unificasse através do mar, de forma a permitir
É a loucura que leva o homem a partir em grandes comunicação entre os continentes e os povos, este
realizações, como fez vasco da gama e todos os que tornou o mar navegável e concedeu ao infante d.
tiveram implicados na empresa dos descobrimentos. Henrique que desvendasse os mares, estando
implícita a ideia de predestinação natural dos
portugueses para o empreendimento dos
Descobrimentos. (“sagrou-te e foste desvendando a
espuma”), decorreu da vontade divina que os O Mar Português
portugueses navegassem o mar e descobrissem todos
os seus mistérios, não derivou apenas de um capricho O mar português simboliza o esforço e o sofrimento
do infante. necessários para a realização do sonho das
Descobertas, e da “posse do mar”, constituindo uma
2º estrofe reflexão acerca do espírito de sacrifício essencial para
E a orla branca foi de ilha em continente, atingir a glória.
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo
1º estrofe
Assim quem vive apena porque “a vida dura”, não a
aproveita, limita-se apenas a sobreviver todos os dias.
Triste de quem vive em casa, Esta aceitação da vida conduz à morte espiritual e
Contente com o seu lar, intelectual do indivíduo, porque a vida digna de ser
Sem que um sonho, no erguer de asa, vivida é orientada pelos mitos, pelo sonho e
Faça até mais rubra a brasa sobretudo pela loucura, que está inscrita na genética
Da lareira a abandonar! humana.
3º e 4º estrofe. O nevoeiro