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INSTITUTO POLITÉCNICO ISLÁMICO DE MOÇAMBIQUE

CURSO: TÉCNICO DE MEDICINA GERAL

IV SEMESTRE

CADEIRA:

PEDIATRIA II

TEMA

PNEUMONIA NO RECÉM-NASCIDO

Quelimane/Marco/2024
INSTITUTO POLITÉCNICO ISLÁMICO DE MOÇAMBIQUE

CURSO: TÉCNICO DE MEDICINA GERAL

IV SEMESTRE

CADEIRA:

PEDIATRIA II

TEMA

PNEUMONIA NO RECÉM-NASCIDO

Discente: Docente:

Sileza Xavier Emílio Dra: Zhenia

Zé Julião Walussa

Quelimane/Marco/2024

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INTRODUÇÃO

O termo pneumonia define um quadro genérico de “inflamação do parênquima pulmonar”,


provocado na maioria das vezes por agentes infecciosos. Entretanto, há diversas outras causas
não infecciosas (20%), como aspiração de alimento e/ou ácido gástrico, corpos estranhos e
pneumonite induzida por drogas ou radiação. Não podemos esquecer que a pneumonia pode
complicar um episódio de bronquiolite. Entre as infecções respiratórias agudas do trato
respiratório inferior, a pneumonia é a principal causa de morbidade e mortalidade infantil,
especialmente em países em desenvolvimento. Mais de dois milhões de crianças morrem de
pneumonia por ano em todo mundo. A pneumonia é responsável por 19% das mortes em
crianças menores de cinco anos. As infecções em neonatos e outros hospedeiros comprometidos
são mais graves do que em lactentes e crianças maiores sadias. Se os mecanismos de defesa
estiverem intactos, a pneumonia não ocorre. Alguns fatores de risco podem estar presentes,
facilitando o surgimento de pneumonia, principalmente em crianças menores de dois anos.

OBJECTIVOS

Gerais

 falar sobre Pneumonia no recém nascido

Específicos

Detalhar sobre:

 Definição
 Etiologia
 Fisiopatologia
 Classificação
 Clinica
 Complicações
 Conduta

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CAPITULOI: FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Definição

A pneumonia é definida como uma inflamação, com ou sem infecção, das vias respiratórias
inferiores (os alvéolos, sacos alveolares, interstício e parênquima pulmonar). A pneumonia no
RN é a patologia infecciosa mais comum nesta idade.

A pneumonia pode ser: adquirida durante a gravidez ou período perinatal que é também chamada
por pneumonia congénita, e a que aparece depois do nascimento chamada por pneumonia pós-
natal.

ETIOLOGIA

A pneumonia do RN pode ser adquirida por diferentes mecanismos:

 Infecção durante a gravidez caso a mãe tenha tido uma infecção activa, o parto por
aspiração de líquido amniótico infectado ou por contacto com as secreções vaginais
infectadas;
 Contacto com pessoas com infecção activa no período neonatal no hospital ou em casa;
 Aspiração de líquidos após o nascimento

Os agentes etiológicos da pneumonia neonatal são os mesmos da sépsis neonatal.

Os agentes etiológicos adquiridos durante a gravidez e parto, associados a infecção materna são:

 CMV;
 Vírus da Rubéola;
 Toxoplasma;
 Lysteria monocitogenes.

Agentes etiológicos adquiridos durante o parto ou por ruptura prolongada das membranas, ou por
parto prematuro:

 Estreptococco de grupo B: o mais frequente;


 E. coli: o segundo mais frequente;
 Chlamydia tracomatis;
 HSV.

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Agentes etiológicos adquiridos durante a permanência em hospital ou em casa:

 Estafilococco aureo;
 Pseudomonas aeruginosa;
 Klebsiella pneumoniae;
 Pneumocystis Jiroveci em RN com HIV;
 Virus repiratorio sinticial.

QUADRO CLÍNICO

As manifestações iniciais são específicas e similares em todas as condições patológicas que


afectam o RN:

 Dificuldade de alimentação;
 Irritabilidade, letargia;
 Palidez;
 Hipo/hipertermia;
 Distensão abdominal;
 Tosse sem febre alta no caso de pneumonia intersticial

A evolução pode ser rápida ou lenta e o RN apresentar sinais de distress respiratório

 Cianose;
 Taquipneia, FR >60 resp/min;
 Adejo nasal;
 Gemido respiratório;
 Taquicardia;
 Apneia;
 Tiragem subcostal.

EXAMES AUXILIARES E DIAGNÓSTICO

O diagnóstico é feito pela história clínica da mãe, sinais e sintomas do RN, juntamente ao exame
físico, através do qual o clínico pode evidenciar:

 Redução do murmúrio vesicular;


 Fervores crepitantes finos;
 Os sinais de dificuldade respiratória

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O Rx tórax é importante para tentar diferenciar outras causas de distress respiratório e as vezes
ajuda a suspeitar o agente etiológico: por exemplo na pneumonia por Chlamydia, Pneumocystis
jiroveci e CMV o quadro radiológico é caracterizado por um infiltrado intersticial, na pneumonia
por Estreptococco o infiltrado é lobar delimitando uma área definida. (Fig 1)

Exames de laboratório como:

 Hemograma: podem ajudar a diferenciar a penumonia infecciosa das outras: os GB são


geralmente aumentados na pneumonia infecciosa;
 Teste do HIV: em caso de suspeita de pneumonia por Pneucystis jiroveci e seroestado da
mãe desconhecido.

Figura 1. Pneumonia lobar no lobo médio e inferior do pulmão direito


Fonte: Cuidados Hospitalares para criança – WHO – 2008 ARTMED EDITORA S.A

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

 Pneumonia aspirativa por mecónio – história da mãe de roptura prematura de membranas


com consequente aspiração de mecónio, Rx com infiltrados bilaterais com manchas,
estrias e o diafragma em forma plana (bloco 3).
 Hérnia do diafragma congénita - O quadro clínico é de desconforto respiratório em grau
variável. As bulhas cardíacas estão deslocadas e o hemitórax envolvido apresenta
macicez à percussão. Pode ser auscultado peristaltismo no tórax. O aspecto radiológico
clássico é o de um hemitórax preenchido com estruturas semelhantes a cistos (alças
intestinais), desvio do mediastino e abdómen relativamente sem gás.
 Cardiopatia congénita - presença de alterações no exame cardiovascular como frémitos,
tons cardíacos anormais, sopros.
 Doenças das membranas hialinas sobretudo no RN pré-termo – os sintomas de destress
respiratório surgem nas 1ªs horas após o nascimento com dispneia aguda e cianose que
não melhora com administração de oxigénio. (vide PA 51)

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CONDUTA

Por ter uma etiologia similar a sépsi, o tratamento antibiótico é o mesmo da sépsi:

 Terapia antibiótica com:


 Ampicilina (50 mg/kg/dia, IM, a cada 6 h) e gentamicina 3-5mg/kg/dia se idade
<28 dias divididas em 2 doses a cada 12h.
 Ou clorafenicol (25 mg/kg, IM ou IV a cada 8 h)
 Na suspeita de Clamydia: eritromicina EV 30-50 mg/kg/dia divididos em 4 tomas a cada
6h ou cotrimoxazol por via oral ou EV 10mg/kg/dia a cada 6 horas.
 Na suspeita de Pneumocystis jiroveci: cotrimoxazol por via oral ou EV 20mg/kg/dia a
cada 6 horas.

 Oxigénio: em todas as crianças com pneumonia muito grave, dar oxigénio durante todo o
tempo usando sondas nasais:

 Se a oximetria de pulso estiver disponível, administre o oxigénio se a saturação <


90%.
 O oxigénio deve ser mantido até os sinais de hipoxemia (cianose, tiragem
subcostal significativa ou FR> 70/min) desaparecerem.
 O pessoal de enfermagem deve verificar a cada 3 horas se o cateter ou a sonda
não estão bloqueados com secreção, ou se estão correctamente posicionados e se
todas as conexões estão bem fixadas.
 Tratamento da febre: se TC ≥ 39oC administrar paracetamol oral 10-15mg/kg.
BRONCOPNEUMONIA ASPIRATIVA NO RN

Definição

A broncopneumonia aspirativa é uma infecção do tecido pulmonar devida a aspiração de líquidos


ou alimentos que pode acontecer por diferentes condições.

CAUSAS E FACTORES PREDISPONENTES

No RN e nos lactentes as causas podem ser várias:

 Aspiração de mecónio: é muito frequente em caso de hipoxia fetal ou durante o parto;


 Aspiração de leite: no caso de falta de coordenação dos mecanismos de sucção e
deglutição ou malformações do esófago ou do palato;
 Aspiração de conteúdo gástrico: no caso de refluxo gastro esofágico;

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 Aspiração de qualquer outro líquido: no caso de afogamento, raro no RN.

OS FACTORES PREDISPONENTES INCLUEM:

 Problemas durante a gravidez que afectam a fisiologia do feto: hipertensão materna,


escassez de líquido amniótico (oligohidramnios), uso de tabaco, infecção materna;
 Parto distónico;
 RN pré-termo ou de baixo peso que ainda não tem uma boa coordenação entre a sucção e
a deglutição;
 Apneia: predispõe a aspiração do conteúdo gástrico;
 Paralisia cerebral: predispõe a aspiração do conteúdo gástrico;
 Refluxo gastro esofágico por imaturidade da válvula cárdia;
 Malformações do esófago que se abre nas vias respiratórias;
 Fenda do palato;
 Doenças neurológicas ou musculares congénitas que determinam uma alteração da
função de deglutição e respiratória;
 Afogamento (raro no RN, mas pode ser associado a falta de cuidados da mãe/cuidador).

I. PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO DO CONTEÚDO GÁSTRICO E OU DE


LEITE

Após o parto no RN, existem vários mecanismos de defesa dos pulmões em caso de
aspiração, a diferentes níveis, como:

 Nariz: filtração das partículas;

 Faringe e Traquéia: reflexo da epiglote ou seja reflexo da tosse;

 Bronquios: adesão e expulsão de partículas pelo muco secretado pelas células ciliadas;

 Pulmão: substâncias imunologicas locais

Em caso de um ou mais destes mecanismos não funcionarem bem o risco de desenvolver


uma pneumonia por aspiração é maior do que no RN sem estes problemas, mas depende
também da quantidade e tipo de substância aspirada.

Portanto o risco de desenvolver uma pneumonia por aspiração e sua extensão depende da:

 Função dos mecanismos de defesa;

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 Quantidade e qualidade do líquido aspirado;
 Recorrência dos episódios de aspiração

QUADRO CLÍNICO

As manifestações clínicas dependem da frequência das aspirações e da extensão da


pneumonia. Os sintomas podem ser agudos ou crónicos.

Caso a aspiração do conteúdo gástrico ou do leite seja abundante a sintomatologia


apresenta-se agudamente, imediatamente ou dentro de 1 hora com:

 Tosse;
 Apneia;
 Palidez, Cianose;
 Hipoxia;
 O RN para de respirar tem hipertonia e pode assumir uma posição em
OPISTÓTONO;
 Hipotonia caso o episódio seja mais prolongado;
 Sibilos ou broncoespasmo;
 Estridor;
 Taquipneia;
 Respiração rumorosa;
 Choque;
 Choro com estridor;
 Dispneia de vários graus

No caso de aspiração de pequenas quantidades de leite ou de conteúdo gástrico o RN pode


ter sintomas leves que inicialmente podem não ser notados pela mãe/cuidador e evoluem
com o seguinte quadro clínico:

 Tosse crónica;
 Fraqueza em se alimentar;
 Pneumonia recorrente que não responde ao tratamento antibiótico usual;
 Sibilos recorrentes;
 Falência de crescimento;
 Sudorese nocturna;

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 Escarro purulento com a tosse;
 Febre a noite sem explicação;
 Soluço;
 Laringoespasmo

II. PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO DE MECÓNIO

O mecónio é composto por água, células epiteliais, muco, secreções intestinais, é estéril e
pode ser eliminado pelo feto no líquido amniótico no caso de hipoxia fetal logo antes ou
durante o parto podendo ser aspirado pelo próprio feto.

A aspiração do mecónio pode determinar vários efeitos a nível pulmonar:

 Obstrução da via respiratória que determina atelectasias e distensão dos alvéolos


até poder provocar a ruptura e dar pneumotórax e/ou pneumomediastino;
 Alteração da produção e função do surfactante (substância intra-alveolar que
permite que os alvéolos estejam abertos) que determina atelectasia dos alvéolos;
 Pneumonia química que inicia dentro de poucas horas da aspiração e predispõe a
pneumonia infecciosa

QUADRO CLÍNICO

As manifestações clínicas incluem um quadro de distress respiratório grave dentro das


primeiras horas, com:

 Cianose;

 Gemido respiratório;

 Adejo nasal;

 Retracções intercostais;

 Taquipneia;

 Aumento do volume da caixa torácica;

 Sons patológicos a auscultação dos pulmões: estertores e roncos;

 Cor amarelo-verde das unhas, do cordão umbilical, da pele;

 Urina cor de verde nas primeiras horas após o nascimento.

COMPLICAÇÕES

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 Falência de crescimento.
 Abcesso pulmonar.
 Bronquite crónica.
 Bronquiolite obstrutiva.
 Bronquiectasias

EXAMES AUXILIARES E DIAGNÓSTICO

O diagnóstico de pneumonia por aspiração é feito através da anamnese e do exame físico do RN.
O diagnóstico da causa é baseado na história da mãe, do parto e da perinatalidade do RN.

 Se aspiração de mecónio: a presença de mecónio no líquido amniótico sugere esta causa


se houver presença de sintomas respiratórios;
 Se refluxo gastroesofágico e aspiração de leite: o RN tem uma história perinatal normal
com aparência de sintomas durante ou logo depois da mamada
 Se aspiração de leite por doenças neurológica: o RN tem uma história positiva por asfixia
durante o parto, ou doença neurológica e outros sinais desta

Rx do tórax, se estiver disponível, deve ser feito:

 No caso de pneumonia por aspiração de mecónio o Rx tem infiltrados bilaterais com


estrias radiopacas, e o diafragma na forma plana.

DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL:

 Hérnia do diafragma: visível no Rx do tórax e abdómen;


 Pneumonia infecciosa: prestar atenção na história da mãe e do RN;
 Sépsi: a sépsi pode ser uma consequência da pneumonia, mas se for por outras causa os
sinais/sintomas pulmonares são ausentes;
 Taquipneia transitória do RN (PA 36): melhora dentro de 3 dias, Rx tórax normal.

CONDUTA

O tratamento varia dependendo da causa:

Para a aspiração de mecónio juntamente com as medidas de rotina após o parto:

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 Se o RN tiver insuficiência respiratória, hipotonia e FC<100/min: aspirar por 5 segundos
o conteúdo da traqueia;
 Se o RN tiver função respiratória normal, tónus muscular normal e FC>100/min, limpar a
cavidade oral e as narinas com aspiração de rotina;
 Não executar compressões do tórax ou limpar a boca com dedos

Para o refluxo gastroesofágico:

Depende da causa subjacente do refluxo:

 Se for uma malformação o RN deve ser referido para uma avaliação cirúrgica
 Se for por imaturidade da válvula gastroesofágica: mudar os hábitos alimentares no
sentido de mudar a posição de amamentação e evitar por o RN na posição semi-sentada
após a mamada, reduzir a quantidade e aumentar frequência das amamentações; na cama
elevar a cabeça de cerca de 30 graus pondo uma almofada.

Caso o clínico seja testemunha de um episódio agudo de aspiração:

Observar como o RN responde a aspiração avaliando seu mecanismo de defesa como a


tosse, determinando assim a gravidade do episódio; aspirar o conteúdo da boca e internar
para observar pelo menos 48h. Se o episódio for grave e o RN não conseguir respirar
entubar após aspiração; dar tratamento antibiótico após 48h se não melhorar.

Caso a aspiração seja devida a malformações anatómicas:

Referir para o cirurgião para a correcção do defeito.

CASO HAJA A PNEUMONIA

Tal como na pneumonia, dar antibióticos de amplo espectro

CONCLUSÃO

Por fim pode se afirmar que a pneumonia no RN pode ser devida a infecção do feto durante a
gravidez, a aspiração de líquido amniótico infectado ou contacto com as secreções vaginais
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infectadas durante o parto, a contacto com agentes infecciosos ou por aspiração de líquidos após
o nascimento no período neonatal no hospital ou em casa.Qualquer tipo de pneumonia, na sua
evolução, é caracterizada por sinais de distress respiratório como cianose, FR>60resp/min,
taquicardia, adejo nasal, gemido respiratório, apneia e tiragem subcostal.Os agentes etiológicos
mais comuns da pneumonia neonatal são os mesmos da sépsi neonatal e portanto o tratamento
inicial da pneumonia no RN é o mesmo da sépsi.Caso a mãe esteja infectada pelo HIV é
necessário pensar também na pneumonia por Pneumocystis jiroveci e portanto incluir também o
tratamento com cotrimoxazol.A pneumonia por aspiração é devida a aspiração de várias
substâncias como o mecónio, o leite, o conteúdo gástrico.Os factores predisponentes da
pneumonia por aspiração são a asfixia durante o parto, problemas neurológicos do RN,
malformações do palato, do esófago, refluxo gastroesofágico.Em caso de ter o líquido amniótico
não transparente, de cor turva, escuro, verde e o RN apresentar sintomas respiratórios é
necessário pensar na pneumonia por aspiração de mecónio.

BIBLIOGRAFICA
Manual_PEDIATRIA_PARTE_II__2013_FINAL

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