Otto Bauer
Otto Bauer
Otto Bauer
1927-8,
A transição da sociedade capitalista para a socialista,
em Einführung in die Volkswirtschaftslehre, Werkausgabe, Volume 4, pp. 844-77
Essa expropriação é concluída por meio do jogo de leis imanentes da própria produção
capitalista, por meio da centralização do capital. Todo capitalista mata muitos outros. De
mãos dadas com essa centralização ou, como se pode dizer, com a expropriação de muitos
capitalistas por poucos, a forma cooperativa dos meios de trabalho cresce rapidamente,
estágio por estágio; Segue-se a realização da aplicação técnica consciente da ciência, a
utilização planejada dos recursos, a transformação de todos os meios de trabalho em meios
que estão sempre em comum, a introdução na economia de todos os meios de produção em
sua forma societária que combina todas as funções relevantes da sociedade, a unificação de
todos os povos de todas as sociedades por meio da rede do mercado mundial, empregando
para esse fim o caráter internacional dos regimes capitalistas. Com a redução contínua do
número de magnatas capitalistas, que buscam usurpar para si as vantagens desses processos
de transformação, monopolizando-os, cresce a miséria das massas, a opressão, a servidão, a
degeneração, a expropriação, mas também a raiva que aumenta constantemente, ensinando
aqueles que sofrem por meio do mecanismo dos próprios processos de produção capitalista a
se unificarem e se organizarem. O monopólio capitalista torna-se os grilhões que retardam o
processo de produção, grilhões que só aumentam e se fortalecem sob esse monopólio
capitalista. A centralização do processo de produção e a associação do trabalho atingem seu
ponto mais alto quando essa amarra capitalista se torna insuportável. Os grilhões são então
quebrados. A hora da propriedade capitalista chega ao fim. Os expropriadores se tornam
expropriados.
Naquela época, Marx, em sua observação dos processos econômicos, havia tirado
essas conclusões, que gradualmente começaram a ser notadas em seus pequenos inícios.
Hoje, essas manifestações cresceram incomparavelmente. Não é mais suficiente dizer que a
hora da propriedade privada chegou ao fim. Hoje é preciso começar a desenvolver
concepções mais exatas sobre o ritmo da expropriação. Em 1867, Marx só conseguia ver as
linhas gerais do desenvolvimento; hoje, temos mais a fazer. Em primeiro lugar, porque o
desenvolvimento capitalista leva a concentração de capital à sua conclusão; em segundo
lugar, porque vivenciamos certos eventos históricos, fomos ensinados a saber como essa
concentração ocorre e como deve ocorrer. Acima de tudo, isso nos foi ensinado pelas
experiências da grande Revolução Russa de 1917. Não é suficiente permanecer no mesmo
ponto em que Marx estava. Devemos partir desse ponto para uma visão clara de como o
proletariado fará sua transição para uma sociedade socialista.