Retenção Da Água No Solo-Mp
Retenção Da Água No Solo-Mp
Retenção Da Água No Solo-Mp
CIÊNCIA DO SOLO
Docentes:
Engª. Regina Aleixo, MSc
Engª. Sariela da Glória Williams
Discentes:
Brígida Quinho Salvador
Bruna Xavier
Eunice Firmino Tomás Nguarai
Evimó Lourenço Tomás Noé Jemusse
Kelvin Moisés Anguirai Niquisse
Mauro António Manama
Simão Luís Bulande
2.6. Relação entre curva de retenção de água no solo com textura e estrutura ..................... 14
3. CONCLUSÃO ....................................................................................................................... 15
A água é familiar a todos nós. Nós bebemos, lavamos, nadamos e irrigamos nossas culturas com
ela. Mas a água que bebemos é completamente diferente da água no solo. No solo, a água está
intimamente associada com partículas sólidas, particularmente àquelas de tamanho coloidal. A
interacção entre água e sólidos do solo altera o comportamento de ambos.
1.1.Objetivos
1.1.1. Geral
➢ Entender o comportamento da água no solo.
1.1.2. Específicos
➢ Falar da característica de água no solo e sua Importância;
➢ Explicar como ocorre a retenção da água;
➢ Relacionar a curva de retenção de água no solo com textura e estrutura.
1.2.METODOLOGIA
Página | 4
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1.Estrutura da água
BITTELLI & FLURY (2009) Normalmente o espaço poroso do solo no campo é ocupado por
quantidades variáveis de uma solução aquosa ou água no solo e de uma solução gasosa ou ar no
solo; o solo nesta situação é chamado de solo não saturado. O solo com o seu espaço poroso
totalmente cheio de água é chamado de solo saturado. Dois são os processos que explicam a
retenção da água num solo não saturado.
No primeiro deles, a retenção ocorre nos chamados poros capilares do solo e pode ser ilustrada
pelo fenómeno da capilaridade, o qual está sempre associado a uma interface curva água-ar. No
segundo processo, a retenção ocorre como filmes de água presos às superfícies dos sólidos do
solo, pelo fenómeno da adsorção. Desses dois fenómenos, o mais relevante é o da capilaridade daí
ser devotado a ele um item especial, a seguir, sob o título tensão superficial e capilaridade.
Página | 5
Com relação ao processo de adsorção da água sobre as superfícies sólidas, três são os mecanismos
principais propostos para explicá-lo, a saber:
1. A superfície dos minerais de argila é coberta com átomos de oxigénio e grupos oxidrilas
negativamente carregados devido à substituição isomorfa de catiões. Desse modo, cria-se ao
redor das partículas desses minerais um campo eléctrico cuja intensidade decresce com a
distância da superfície da partícula. Devido à natureza dipolar das moléculas de água, elas se
orientam neste campo eléctrico e experimentam uma força na direcção da superfície da
partícula, a qual decresce gradualmente com a distância da superfície até se tornar nula num
ponto em que não há mais influência do campo.
2. Os pares de electrões não compartilhados do átomo de oxigénio das moléculas de água podem
ser electricamente atraídos a catiões trocáveis que podem estar adsorvidos sobre a superfície
da argila, ou seja, os catiões que são retidos à superfície negativamente carregada de argila (a
concentração iónica é crescente na direcção da superfície sólida) ocasionam também a
adsorção das moléculas de água.
3. Finalmente, as moléculas de água podem ainda ser atraídas às superfícies sólidas pelas forças
de London-van der Waals, que são forças de curto alcance e decrescem rapidamente com a
distância da superfície, de modo que uma camada muito fina é adsorvida dessa maneira ao
redor das partículas de solo.
É importante reforçar que essa película de água adsorvida às superfícies dos sólidos do solo possui,
como resultado destas forças de adsorção, uma energia potencial extra, uma vez que, se afastarmos
uma determinada porção dessa película a uma distância dentro do raio de acção destas forças e a
abandonarmos, ela volta à posição original realizando um trabalho.
Devido a atracção relativamente alta entre moléculas, a água apresenta uma alta tensão
superficial (72,8 milinewtons.m-1 a 20°C) comparada a maioria dos outros líquidos (por
exemplo, álcool etílico, 22,4 mN.m-1). Como veremos, a tensão superficial é um factor
Página | 6
importante no fenómeno da capilaridade, o qual determina como a água se move e é retida no
solo.
As forças são, em grande parte, resultado das pontes de hidrogénio mostradas como linhas
pontilhadas. A força de adesão ou adsorção diminui rapidamente com a distância da superfície
sólida. A coesão de uma molécula de água e uma outra resulta em moléculas de água formando
agrupamentos temporários que estão constantemente mudando de tamanho e forma, a medida
que moléculas individuais de água são liberadas ou se unem à outras. A coesão entre moléculas
de água também permite que o sólido indirectamente restrinja a liberdade da água em uma
certa distância além da interface sólido-líquido.
Página | 7
FIGURA 2: Evidências quotidianas da tensão superficial da água (esquerda) como insectos
pousam sobre a água e não afundam, e das forças de coesão e adesão (direita) como uma gota de
água é mantida entre os dedos.
2.3.Capilaridade
Capilaridade é a subida (ou descida) de um líquido através de um tubo fino, que recebe o nome de
capilar. Esse fenómeno é resultado da acção da interacção das moléculas da água com o vidro
(considerando que o tubo é de vidro).
O movimento ascendente da água num tubo capilar caracteriza o fenómeno da capilaridade. Duas
forças provocam a capilaridade: (1) atracção da água por sólidos (adesão ou adsorção), e (2) a
tensão superficial da água, que é em grande parte devida à atracção das moléculas de água uma
pelas outras (coesão). Este fenómeno é utilizado pelas plantas no transporte da seiva bruta, através
do xilema, da raiz até as folhas.
Página | 8
A menor pressão sob o menisco no tubo de vidro (P2) permite que a maior pressão (P1) sobre a
água livre empurre a água através do tubo. O processo continua até que a água no tubo tenha subido
o suficiente para que seu peso equilibre a pressão diferencial no menisco.
𝟎, 𝟏𝟓
𝒉 =
𝒓
onde h e r são expressos em centímetros. Esta equação mostra que quanto menor o diâmetro do
tubo, maior a força capilar e maior a ascensão da água no tubo.
É fácil perceber a coesão aparente, por exemplo, com a areia da praia. Se você tenta fazer um
castelo de areia com areia seca você não vai conseguir, justamente pela falta de coesão entre os
grãos. Entretanto, se você humidificar, sem saturar a areia, você consegue fazer seu castelo,
justamente por essa coesão aparente, ocasionada pela tensão superficial.
Página | 9
Outros efeitos da capilaridade no solo que podemos comentar é o que ocorre em barragens de terra,
como a zona adicional de saturação e o sinfonamento capilar da crista, como mostrado nas
figuras abaixo.
É preciso ter cuidado com esses efeitos, pois eles podem prejudicar as condições previstas em
projectos.
O efeito capilar ocorre quando há uma ascensão (subida) ou depressão (descida) de um fluído líquido
nas paredes de tubos de pequenos diâmetros em contacto com líquido. Tais tubos são chamados de
capilares. Microscopicamente, o efeito capilar é explicado devido as forças de coesão e adesão do
fluído. Nas forças de coesão, ocorrem a interacção entre as próprias moléculas do fluído, já na de
adesão, a interacção é entre as moléculas fluído-tubo.
A força do efeito capilar é quantificada pelo ângulo de contacto 𝛼, definido como o ângulo que a
tangente à superfície do líquido (menisco) faz com a superfície sólida no ponto de contacto. A força
da tensão superficial actua ao longo da recta tangente no sentido da superfície sólida. Diz-se que o
líquido molha a superfície quando 𝛼 < 90° e não molha a superfície quando 𝛼 > 90°.
As moléculas de água são atraídas com mais força pelas moléculas de vidro do que pelas outras
moléculas de água e assim a água tende a subir pela superfície de vidro. O oposto ocorre com o
mercúrio, que impede a ascensão da superfície do líquido próxima da parede de vidro.
O valor da ascensão capilar num tubo circular é determinado pelo equilíbrio das forças da coluna
líquida de altura h no tubo. A parte inferior da coluna líquida está no mesmo nível que a superfície
livre do reservatório e assim, a pressão nesse local deve ser a pressão atmosférica, o que equilibra
a pressão atmosférica que atua sobre a superfície superior. O peso da coluna líquida é
aproximadamente:
𝑊=𝐹 𝑠𝑢𝑝𝑒𝑟𝑓í𝑐𝑖𝑒 → 𝜌𝑔𝜋𝑅2ℎ=2𝜋. 𝑅. 𝜎 𝑆 . cos 𝛼 → h = 2 𝜋 𝑆.cosα.𝜌.𝑔.𝑅 → 𝐡 = 𝟒𝛕.𝐒.𝛄.𝐃.𝐜𝐨𝐬𝛂.
Página | 10
2.4.Curva característica de água no solo
A curva de retenção de água no solo, também conhecida como curva característica de água no
solo representa a relação entre o teor de água no solo e a energia com a qual a mesma está
retida nos poros e/ou adsorvida nas partículas minerais do solo.
• A primeira, quando praticamente todos os poros estão preenchidos com água e ocorre
até o valor de entrada de ar.
• A segunda etapa é entre a pressão de entrada de ar e o ponto de inicio da humidade
residual, nesta mesma etapa o fluxo da água é em fase líquida quando a sucção aplicada
aumenta e o solo é drenado com o aumento da sucção.
• Na terceira etapa a continuidade da água nos vazios é bastante reduzida, descontinua
e acréscimos adicionais na sucção apenas ocorrem pequenas mudanças no grau de
saturação do solo.
Página | 11
No campo os métodos usualmente requerem a instalação de tensiómetros e tem a vantagem de
possibilitar a determinação da relação potencial matricial e humidade do solo em muitas
profundidades simultaneamente sob condições naturais.
A CRA mostra o aspecto dinâmico da água no solo, pois permite calcular a quantidade de água
que um solo pode reter dentro de determinados limites de potencial matricial e o conhecimento
da CRA permite interpretar as características do armazenamento de água no solo em relação
às necessidades hídricas de determinado cultivo (URACH, 2007).
2.5.Fenómeno histerese
A relação entre conteúdo de água no solo e potencial, determinada à medida que o solo seca, será
diferente da mesma relação determinada à medida que o solo é re-humedecido. Esse fenómeno,
conhecido como histerese.
A histerese é causada por uma série de factores, incluindo a desuniformidade dos poros do solo.
Quando os solos são humedecidos, alguns dos menores poros são contornados, deixando ar
aprisionado, o que impede a entrada de água. Alguns dos macroporos em um solo podem estar
Página | 12
cercados apenas por microporos, criando um efeito gargalo de garrafa. Neste caso, o macroporo
não será drenado até que o potencial mátrico seja baixo o suficiente para esvaziar os poros menores
que o cercam.
Também, a expansão e contracção das argilas à medida que o solo é seco e re-humedecido
provoca mudanças na estrutura do solo que afectam as relações entre solo e água. Devido à
histerese, é importante saber se o solo está sendo humedecido ou seco, quando propriedades de
um solo são comparadas com os de outro.
FIGURA 6: A relação entre conteúdo de água no solo e potencial mátrico de um solo ao ser
seco e então re-humedecido. O fenómeno, conhecido como histerese, é aparentemente devido
a factores como a desuniformidade de poros individuais do solo, ar aprisionado, e a expansão
e contracção que podem afectar a estrutura do solo. Os desenhos mostram o efeito da
desuniformidade dos poros.
As curvas características de água no solo, destacam a importância de fazer dois tipos gerais de
medidas de água no solo: a quantidade de água presente (conteúdo de água) e o estado de
energia da água (potencial de água no solo).
Para entender ou manear o suprimento e movimento de água nos solos, é essencial ter
informações (medidas directas ou inferidas) sobre ambos os tipos de medidas. Por exemplo,
uma medida de potencial de água no solo pode nos dizer se a água se moverá em direcção ao
lençol freático, mas sem a medida correspondente de conteúdo de água no solo, não saberíamos
a possível relevância da contribuição para o lençol freático.
Página | 13
2.5.1. Importância curva característica de água no solo
CRA é um importante indicador de qualidade física do solo e está directamente relacionado
com o desenvolvimento das plantas (SILVA et al., 2010; DEBNATH et al., 2012), e por estar
associada a variações de volume com a molhagem e secagem, tem uma importância enorme
para caracterização dos solos.
E é possível estimar outros atributos do solo, como por exemplo, a porosidade, capacidade de
campo (CC), ponto de murcha permanente (PMP), água disponível (AD), condutividade
hidráulica não-saturada, balanço hídrico, determinando-se a variabilidade de armazenamento
de água no solo (COSTA; OLIVEIRA; KATO, 2008; SÁ et al., 2010; REZAEE;
SHABANPOUR; DAVATGAR, 2011).
A textura do solo está relacionada com a proporção de argila, silte e areia, que é encontrada
numa determinada massa de solo. A textura de um solo determina a capacidade de retenção de
água.
Um solo com boa estrutura, apresenta boa porosidade e menor densidade. Isso permite que
exista mais espaço para armazenamento de ar e de água.
Página | 14
3. CONCLUSÃO
As interacções solo-água influenciam muitas funções ecológicas e práticas de maneio do solo.
Estas interacções determinam quanto da água da chuva infiltra através do solo ou escorre sobre
sua superfície. As moléculas de água são altamente coesas devido às pontes de hidrogénio, tendo
uma grande capacidade para permanecer unidas, resistindo à separação. A água é o mais coeso dos
líquidos não-metálicos.
A água tem uma tensão superficial muito elevada, ou seja, a água é aderente e elástica, tendendo
a aglutinar-se em gotas em vez de se espalhar numa película fina. A tensão superficial é
responsável pela acção capilar, que permite à água percorrer as raízes das plantas.
Página | 15
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BEUTLER, A. N.; CENTURION, J. F.; SOUZA, Z. M.; ANDRIOLI, I.; ROQUE, C. G.
Retenção de água em dois tipos de Latossolos sob diferentes usos. Revista Brasileira
de Ciência do Solo, v. 26, p. 829-834, 2002.
BITTELLI, M.; FLURY, M. Errors in water retention curves determined with pressure plates.
Soil Science Society of America Journal, v. 73, n. 5, p. 1453-1460, 2009.
DOI:10.2136/sssaj2008.0082.
CARDOSO, R.; ROMERO, E.; LIMA, A.; FERRARI, A. A comparative study of soil suction
measurement using two different high-range psychrometers. Experimental Unsaturated Soil
Mechanics Springer Proceedings in Physics, v. 112, p. 79-93, 2007.
Página | 16