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alimentos e bebidas
Apresentação
O correto tratamento dos alimentos é de grande importância e deve abranger desde a produção de
cada ingrediente até a embalagem que o cliente leva para a sua casa. No mundo dos alimentos, o
cliente — mais precisamente, o consumidor final — costuma investir em atributos como o sabor, a
textura, o cheiro e, em muitos casos, a apresentação do que come e bebe. Mas, acima de tudo, é
preciso confiar no que se está ingerindo.
Nesse sentido, é fato que, sem as boas práticas, muitas empresas colocam no mercado produtos
alimentícios sem qualidade e produzidos sem o devido respeito à segurança alimentar, o que pode
provocar sérios danos à saúde e até fatalidades. Questões como a forma correta de se transportar e
armazenar os alimentos são, nesse contexto, tão importantes quanto o próprio processo produtivo,
que, por si só, é bastante complexo quando feito com cuidado.
Nesta Unidade de Aprendizagem, você vai aprender quais são as leis que regem o setor alimentar
brasileiro e qual é a importância delas na construção da segurança alimentar. Você também vai
compreender os impactos que as medidas de segurança e as boas práticas podem causar na gestão
do negócio.
Bons estudos.
Uma dinâmica interessante dos alimentos é percebida na forma como o clima e outras condições
geográficas de cada região condicionam os produtos, especialmente legumes, frutas e
verduras. Estes, por sua vez, condicionam a construção da identidade gastronômica de cada país,
cidade e município.
Para que o gestor e o chef de um restaurante sejam conhecidos por proporcionarem pratos
saborosos, é preciso somar a sua técnica culinária a uma excelente gestão dos ingredientes. Isso
porque sabor, textura e até mesmo aroma mudam drásticamente de um prato feito com produtos
processados para outro com ingredientes frescos.
Alimentos como peixes, legumes, verduras e frutas, assim como leite e derivados, como queijos,
creme de leite etc., possuem o chamado tempo de prateleira muito baixo — ou seja, estragam
rapidamente. Tecnicamente falando, tais produtos perdem suas características nutricionais, sua
textura, sua cor, seu sabor e seu aroma muito rapidamente. Portanto, a gestão desses itens deve
ser sempre a mais eficiente possível.
No Infográfico a seguir, você conhecerá um pouco do processo logístico e do que é preciso para
viabilizar a venda de leite em países da América do Sul.
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Conteúdo do livro
Para que o alimento chegue na casa do consumidor em perfeitas condições de consumo, existem
diversas leis e portarias que regulam a forma como esses insumos são tratados. Essa
regulamentação alimentar tem por objetivo promover as boas práticas na manipulação dos
alimentos, da produção à mesa do consumidor. Assim, o gestor ou empreendedor deve atender aos
preceitos da segurança alimentar e compreender os riscos de se desviar desse caminho.
No capítulo Legislação, logística e compras em alimentos e bebidas, base teórica desta Unidade de
Aprendizagem, você vai estudar os cuidados exigidos do gestor e do empreendedor do ramo de
alimentos na manipulação e distribuição dos produtos. Você também vai compreender a
importância de uma gestão ativa e consciente para com a segurança alimentar.
Boa leitura.
GESTÃO DE
RECURSOS,
CUSTOS E
FORMAÇÃO DO
PREÇO DE VENDA
Legislação, logística
e compras em
alimentos e bebidas
Lindolfo Alves dos Santos Júnior
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
A segurança alimentar é um tema muito discutido e que precisa ser levado
em consideração pelo empresário e por cada um de seus colaboradores.
A segurança alimentar é tratada por diversas leis normativas e portarias, bem
como por diversas entidades, como a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância
Sanitária), o Inmetro (Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecno-
logia), o Ministério da Saúde e o Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento). A fiscalização da segurança alimentar começa na plantação
de alguns insumos e na criação de animais, passando pelo seu transporte e
processamento até a embalagem final, antes de o alimento ser consumido.
Tendo em mente as regras e normas rígidas, que buscam dar qualidade e
segurança aos alimentos, os gestores devem compreender que serão agentes
na promoção dessa segurança com os seus negócios e produtos. Portanto, a
2 Legislação, logística e compras em alimentos e bebidas
gestão de uma empresa que produz alimentos (indústria, restaurante, bar, etc.)
estará condicionada ao cumprimento da segurança alimentar pela aderência
às boas práticas.
Neste capítulo, você conhecerá a legislação federal na área de serviços
de alimentação. Além disso, conhecerá a regulamentação para a segurança
alimentar e a sua relação com a gestão de suprimentos. Por fim, você verá
quais são os aspectos da legislação relacionados com o armazenamento de
produtos utilizados em empreendimentos gastronômicos.
(Continuação)
Existem, ainda, outros componentes dos alimentos que, embora não sejam
responsáveis por impactar diretamente o seu sabor, os mantêm seguros até o
consumo, servindo de mecanismo informativo: trata-se das embalagens e das
rotulagens dos alimentos. No Brasil, a questão da rotulagem dos alimentos
é normatizada e exigida pela Anvisa, com o objetivo de contribuir para que
o consumidor com alergias ou restrições alimentares saiba exatamente o
que contém determinado alimento. Nesse sentido, a Anvisa (BRASIL, 2020,
documento on-line) estabelece quais “[...] informações devem constar nos
rótulos dos alimentos, visando a garantir a qualidade do produto e a saúde
da população. As regras são importantes para que as empresas forneçam à
população dados que ajudem na hora da escolha do produto”.
Talvez seja algo simples, pelo ponto de vista ético da profissão de cozi-
nheiro, porém o produtor de alimentos é responsável pela qualidade destes.
Assim, faz-se necessária uma legislação que reforce isso: o art. 12 do Código
de Defesa do Consumidor. Portanto, quem lida com alimentos tem de seguir
as boas práticas e os melhores processos, da matéria-prima até a prateleira
do supermercado ou ao prato no restaurante.
A Figura 1, a seguir, apresenta frutas e vegetais, com destaque para a beleza
e a delicadeza que esse arranjo proporciona. Isso remete a um componente
vital ao bom profissional de alimentos, seja um nutricionista, um cozinheiro
ou um chef de cozinha: o amor pelos seus ingredientes, o amor pelo frescor,
pela qualidade. Com isso, ele se torna capaz de fazer muito mais do que um
alimento nutritivo ao corpo, mas também nutritivo à alma.
Legislação, logística e compras em alimentos e bebidas 7
Foi notado que um país poderia controlar o outro, se tivesse controle sobre o seu
fornecimento de alimentos. Era uma estratégia importante, principalmente quando
aplicada pelo país mais forte em relação àquele com menor potencial, do ponto de
vista militar e incapaz de gerar alimentos suficientes para alimentar sua população.
Logo este termo “segurança alimentar” é de fato um conceito de origem militar.
Era um quesito de segurança nacional, pois cada país deveria ser autossuficiente
ou ter estoques estratégicos de alimentos.
É possível compreender que a maior parte dos produtos que consumimos é trans-
portada pelas rodovias e que a garantia da qualidade do alimento, bem como da
saúde do consumidor, também depende de fatores que vão além do produto em
si, isto é, envolvem a gestão de logística e os custos atrelados a ela.
Legislação, logística e compras em alimentos e bebidas 11
É importante ressaltar, mais uma vez, que o empresário que deseja atuar
no ramo dos alimentos deve conhecer as características do que quer produzir,
pois tem o dever ético de entregar apenas alimentos seguros e de qualidade.
As características de armazenamento e transporte de alguns alimentos,
quando negligenciadas, podem promover variações no sabor, na cor e na
textura do produto final, causando até mesmo envenenamento.
Nesse sentido, Bonin e Batista (2016, p. 2) afirmam que “[...] o manejo e
armazenamento incorretos e a falta de higiene no reparo dos alimentos,
sejam eles industrializados ou orgânicos, podem contribuir para o surgi-
mento Doenças Transmitidas por Alimentos (DTA)”. Todavia, o empresário
do setor de alimentação não deve considerar que a segurança alimentar
é uma normativa, uma lei a ser seguida a fim de se evitar uma multa, mas
sim que o armazenamento correto dos alimentos é uma forma de proteger
o investimento feito. Sobre a importância do armazenamento de alimentos,
Gauche (2020, p. 77) afirma que:
O local onde o alimento será mantido até o seu uso, o local onde o pro-
duto final ficará armazenado até ser levado ao cliente e o local, no ponto
de venda, onde o produto for exposto devem ser projetados e mantidos de
forma a preservar as qualidades do alimento. Nesse sentido, Gauche (2020,
p. 78) afirma que:
Os alimentos não perecíveis, por sua vez, são aqueles que possuem tempo de
durabilidade longo e podem ser armazenados à temperatura ambiente, devido
à estabilidade na sua composição (p. ex., grãos). Dessa maneira, cada produto
deve ser armazenado em um local específico, em uma determinada temperatura,
garantindo a segurança alimentar. As condições de armazenamento devem ser
orientadas pelo fabricante do produto alimentício.
Portanto, todo alimento tem o seu nível de cuidado, de modo que cabe
ao empresário e ao gestor promover o emprego do cuidado necessário para
as especificidades de cada tipo de alimento. Desse modo, pode-se concluir
que a legislação e as técnicas de manipulação, armazenamento e transporte
de alimentos estão em vigor para que a experiência do consumidor seja
puramente gastronômica, sem o envolvimento de uma visita ao hospital.
Tais recursos indicam que nem toda pessoa que se envolve em produzir
alimentos é treinada para tal, tem segurança alimentar em mente ou paixão
pela sua profissão.
14 Legislação, logística e compras em alimentos e bebidas
Referências
BONIN, C. A.; BATISTA, J. S. da S. Parceiros na cozinha: boas práticas e armazenamento
de alimentos na escola. Curitiba: Governo do Estado do Paraná, 2016. Disponível em:
http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/cadernospde/pdebusca/producoes_
pde/2016/2016_artigo_cien_uepg_carlosalexandrebonin.pdf. Acesso em: 22 dez. 2020.
BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Rotulagem de
alimentos. Brasília, DF: Anvisa, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/anvisa/pt-br/
assuntos/alimentos/rotulagem. Acesso em: 22 dez. 2020.
FERIANI, R. Exigências legais para garantir a segurança dos alimentos. Jundiaí, SP:
Amblegis, 2020. Disponível em: https://amblegis.com.br/legislacao/exigencias-legais-
-para-garantir-a-seguranca-dos-alimentos/. Acesso em: 22 dez. 2020.
GARGANTINI, C. Segurança alimentar: a importância dos cuidados na produção de
refeições e alimentos. João Pessoa: Administradores.com, 2017. Disponível em: https://
administradores.com.br/noticias/seguranca-alimentar-a-importancia-dos-cuidados-
-na-producao-de-refeicoes-e-alimentos. Acesso em: 22 dez. 2020.
GAUCHE, C. Segurança alimentar e legislação aplicada. Indaial: Uniasselvi, 2020.
JANDREY, P. K. et al. Rompendo as barreiras da exclusão: a construção de uma legislação
sanitária voltada às famílias agricultoras. Cadernos de Agroecologia, [S.l.], v. 13, n. 1,
jul. 2018. Disponível em: http://cadernos.aba-agroecologia.org.br/index.php/cadernos/
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MELLO, F. R. de; GIBBERT, L. Controle de qualidade dos alimentos. Porto Alegre: SAGAH,
2017.
SHINOHARA, N. K. S. et al. Boas práticas em serviços de alimentação: não conformi-
dades. Revista Eletrônica Diálogos Acadêmicos, [S.l.], v. 10, n. 1, p. 79-91, jan./jun. 2016.
Disponível em: http://uniesp.edu.br/sites/_biblioteca/revistas/20170627113500.pdf.
Acesso em: 22 dez. 2020.
SILVA, S. M. da. Boas práticas em transporte, distribuição e serviços. São Paulo: Ed.
Senac, 2020.
Leitura recomendada
FINGER, I. R. B.; PEREIRA, M. C.; FIORDA, F. A. Treinamento de boas práticas em serviços
de alimentação direcionado à vigilância sanitária de Itaqui. In: SALÃO INTERNACIONAL
DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO, 9., 2017, Santana do Livramento. Anais [...]. Santana
do Livramento: Unimpa, 2017. Disponível em: https://guri.unipampa.edu.br/uploads/
evt/arq_trabalhos/12424/seer_12424.pdf. Acesso em: 22 dez. 2020.
GRASSI NETO, R. Segurança alimentar: da produção agrária à proteção do consumidor.
São Paulo: Saraiva, 2013.
16 Legislação, logística e compras em alimentos e bebidas
Outra importante diferença entre alimentos perecíveis e não perecíveis está em sua necessidade
maior ou menor de cuidados no armazenamento. Produtos perecíveis necessitam de maior
proteção contra flutuações de temperatura. Já alimentos não perecíveis podem sofrer danos se em
contato com certos níveis de umidade.
Nesta Dica do Professor, você vai estudar sobre o armazenamento de alimentos não perecíveis.
Você vai compreender que, ao contrário do que se pensa, não perecíveis podem estragar rápido e,
com isso, causar danos à saúde de empregados e clientes, se não forem armazenados com o devido
cuidado.
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Exercícios
Nesse contexto, tem-se a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), uma agência
reguladora que tem, entre outras, a competência de:
B) regulação em alimentos, que, segundo a Anvisa, está dividida em: Gerência Geral de
Alimentos, Gerência de Inspeção e Fiscalização Sanitária de Alimentos e Instituto Nacional de
Metrologia, Qualidade e Tecnologia.
C) interdição, como medida preventiva, de exportações que não estejam de acordo com a
legislação e com os padrões de boas práticas de fabricação ou que se apresentem como riscos
iminentes à saúde coletiva.
A) Com o final da Primeira Guerra, não havia controle entre os países, existindo um cenário de
igualdade e solidariedade, em que os países se ajudavam mutuamente. A essa ajuda mútua foi
dado o nome de “segurança alimentar”.
B) Com o fim da Primeira Guerra, a escassez de alimentos foi logo substituída por excedentes,
devido à boa relação entre os países. Por medo da perecibilidade desse excedente, foram
criadas ações de prevenção chamadas “segurança alimentar”.
C) Alguns países saíram completamente devastados ao fim da Primeira Guerra, o que possibilitou
a países oportunistas o controle sobre o fornecimento de alimentos para esses países. A esse
controle foi dado o nome de “segurança alimentar”.
E) Com o fim da Primeira Guerra, países de menor potencial eram incapazes de produzir
alimentos para sua população. Assim, países autossuficientes controlavam seu fornecimento
de alimentos. Esse controle era chamado de “segurança alimentar”.
Quanto à compra de insumos para estabelecimentos que produzem algum tipo de produto
alimentício, qual cuidado o comprador deve ter para minimizar os riscos na segurança
alimentar?
A) Controlar os estoques na compra de produtos, realizando grandes compras, para que o risco
de falta de produtos seja minimizado.
E) Escolher fornecedores idôneos, que garantam que o produto seja de qualidade. Manter
um estoque mínimo, para o controle de desperdícios. Deve-se ainda ter a preocupação com o
transporte do produto.
4) A indústria alimentícia, pela fragilidade de seus insumos e componentes, está regulada por
legislações que visam à segurança alimentar, evitando, assim, transtornos e riscos à saúde
coletiva. Um empresário que opta por empreender no ramo alimentício deve estar ciente
dessas fragilidades e da legislação, para que seus negócios sejam encaminhados com sucesso
e segurança.
A) São alimentos que possuem um tempo para deterioração maior e, dessa forma, oferecem
menos riscos de contaminações. Devem ser acondicionados em locais secos e em
temperatura ambiente.
B) São alimentos de rápida multiplicação de microrganismos, que perecem a curto prazo. Assim,
devem ser armazenados refrigerados ou congelados e protegidos, como forma de
manutenção das características originais.
C) São alimentos que se deterioram com facilidade, sofrendo com as influências climáticas. Seu
acondicionamento deve ser feito em lugar seco e fechado, porém, não exige refrigeração nem
mesmo congelamento.
D) São produtos alimentícios que possuem como propriedade o fato de as condições climáticas
não interferirem em sua deterioração. Devem ser acondicionados sob refrigeração.
5) O manejo adequado de alimentos não deve ser realizado apenas pelo fato de existir uma
legislação que aplique medidas punitivas aos descumpridores das boas práticas de
fabricação de alimentos. O correto manejo desses materiais também protege o empresário
do ramo alimentício de desperdícios, resguardando seu investimento e seu patrimônio. A
manipulação, o armazenamento, a higienização e até mesmo o transporte inadequado desses
alimentos podem ter consequências mais graves, podendo acarretar problemas para a saúde
do consumidor.
D) O maior risco para a saúde do consumidor está nos alimentos industrializados, que estão
expostos à proliferação de microrganismos que ocasionam doenças, diferentemente dos
alimentos orgânicos, que são relativamente seguros.
Neste Na Prática, você vai acompanhar uma solução que é ao mesmo tempo elegante e robusta
para que uma linha de produção de perecíveis seja eficiente e promova a saúde do cliente, assim
como o conforto do empregado.
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Saiba +
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja a seguir as sugestões do professor:
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