Declaração Negocial

Fazer download em docx, pdf ou txt
Fazer download em docx, pdf ou txt
Você está na página 1de 17

INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTANCIA

Departamento de ciências e educação

Curso de licenciatura em ensino de Teoria geral do Direito.

Titulo:

Declaração Negocial.

Nome: Dioclêncio Augusto Nhamposse

Xai-xai, Agosto de 2021


Índice

1. Introdução………………………………………………………………………3
2. Declaração Negocial, Noções gerais……………………………………………4
3. Interpretação dos Negócios Jurídicos…………………………………………..5
4. Desvio à regra prevista no art. 236……………………………………………...6
5. Integração do negócio jurídico………………………………………………….6
6. Divergência entre a vontade e a declaração……………………………………..6
7. Simulação……………………………………………………………………….7
8. Reserva mental………………………………………………………………….7
9. Declarações não sérias…………………………………………………………..8
10. As formas de divergência não intencional………………………………………8
11. Vícios da vontade……………………………………………………………….8
12. Usura…………………………………………………………………………….9
13. Vícios redibitórios……………………………………………………………….9
14. Dolo………………………………………………………………….………….9
15. Erro vicio………………………………………………………………………..10
16. Coação moral……………………………………………………………………11
17. Estado da necessidade…………………………………………………………..12
18. Incapacidade acidental…………………………………………………………..12
19. Representação nos negócios jurídicos……………………………………………12
20. Representação legal………………………………………………………………12
21. Representação voluntaria…………………………………………………………12
22. Representação orgânica ou estatutária……………………………………………13
23. Representação activa e representação passiva……………………………………13
24. Representação e figuras próprias…………………………………………………13
25. Requisitos para haver representação……………………………………………...14
26. Falso procurador………………………………………………………………….14
27. Conclusão…………………………………………………………………………16
28. Bibliografia………………………………………………………………………..17
Introdução

O presente trabalho versa sobre o apuramento do método de interpretação da declaração


negocial. Pretende-se concluir acerca da existência e conteúdo de um (ou vários) método de
interpretação da declaração negocial juridicamente estabe-lecidos no Direito civil português.
A matéria da interpretação da declaração negocial, do ponto de vista da metodologia jurídica,
apenas é comparável, quanto ao respectivo relevo, com a matéria da interpretação da lei. Com
efeito, a declaração negocial é, a par da lei, a fonte de onde o intérprete extrairá o dever-ser
jurídico-privados. Identificada uma declaração negocial, o método de interpretação da
declaração negocial apresenta-se, portanto, como o ponto de partida de toda a regulamentação
do negócio jurídico. O objecto da interpretação é a declaração negocial 4. A “declaração
negocial” é o comportamento humano, simples ou complexo, que manifesta, directa ou indi-
rectamente, a vontade do sujeito. É um comportamento, voluntá-rio, comunicativo e
destinado, pelo seu autor, a produzir efeitos jurídico-privados de acordo com o seu sentido
jurídico. A declaração negocial possui, pois, uma dimensão física, material (o comportamento
8) e uma dimensão imaterial: o significado. Note-se que o significado incorpora,
simultaneamente, as vertentes de manifestação de vontade e de pretensão de validade ou
produção de efeitos jurídicos.
A declaração negocial, de acordo com o nosso ordenamento jurídico, é a célula do negócio
jurídico (por isso o Código Civil lhe dedica a primeira secção do capítulo sobre o negócio
jurídico). Assim se justifica que a determinação do sentido juridicamente relevante das
actuações privadas se faça a partir da declaração negocial: ao usar a declaração negocial, as
normas têm aplicação tendencial a todos os negócios jurídicos, por mais díspares que possam
ser.

3
Declaração Negocial.

 Noções gerais.

A declaração negocial é um comportamento humano portador de um sentido e destinado, pelo


seu autor, a produzir efeitos jurídico-privados de acordo com esse sentido 1. E a interpretação
é o apuramento do sentido negocial dos comportamentos jurídico-privados. Isto é, do sentido
determinador dos efeitos jurídico-privados. Por outras palavras, o método de interpretação é o
caminho a percorrer entre o dito comportamento e o significado negocial.
Nem todos efeitos jurídicos produzidos por uma declaração negocial são autónomos, isto é,
correspondem ao sentido apurado por interpretação da declaração (por exemplo, os
produzidos por aplicação de regras supletivas ou de normas imperativas). Nessa medida, a
declaração negocial comporta-se como um facto ou como um acto jurídico, dando origem a
efeitos jurídicos (mais ou menos) heterónimos. A menos que o contexto claramente o revele,
do apuramento desses efeitos jurídicos heterónimos não se cuida aqui. O tema da
interpretação da declaração negocial perfila-se perante a declaração enquanto significante dos
efeitos negociais a produzir de acordo com o sentido desse significante; não perante a
declaração facto integrante da previsão de normas jurídicas despoletadoras de efeitos jurídicos
de acordo com o sentido dessas normas jurídicas.
Ora, o sentido de um comportamento – abstraindo, por agora, de o sentido ser o negocial ou
outro – não se obtém através da consideração do comportamento (per se). O comportamento,
(per se), é um movimento, uma acção humana: proferir sons, escrever “riscos” num papel, etc.
O significado existe na medida em que determinado comportamento ou o resultado do
comportamento (o significante) integre um código significativo que é exterior ao
comportamento considerado, e, por efeito desse código, o comportamento é entendido, pela
comunidade utilizadora do código, como tendo determinado significado. Ou seja, os
comportamentos têm significado na medida em que são entendidos por certa comunidade
como significantes. Por exemplo “ãhnamaedaidodsaroh31sàraçomlaedairatsogue” é um
conjunto de imagens sem significado. No entanto, se entre duas pessoas se estabelecer como
vigente a língua portuguesa e a escrita da direita para a esquerda, sem intervalos, o conjunto
revela o sentido correspondente a “eu gostaria de almoçar às 13 horas do dia de amanhã”.

A interpretação consiste, pois, em considerar certo significante, analisá-lo à luz de um código


e apurar o sentido atribuído, perante esse código, àquele significante. Pela interpretação,
simultaneamente, extrai-se um sentido de um significante, na medida em que o significante é
4
o continente do significado, a sua forma física; e imputa-se ou atribui-se ao significante um
significado que lhe é exterior, na medida em que, como se afirmou, o significado resulta de
uma convenção adoptada por determinada comunidade a respeito de certo significante. A
interpretação exige, pois, como condições de possibilidade, quer a consideração do
significante, quer o domínio do código significativo. E consiste na caminhada do significante
até ao significado.

Interpretação dos negócios jurídicos.

 Posição subjectiva.

O intérprete deve buscar a vontade real do declarante (elemento psicológico), ou seja, o


negócio valera como foi querido pelo autor da declaração.

 Posição objectiva.

O intérprete não vai pesquisar a vontade efectiva do declarante mas sim o teor das declarações
(comportamento exteriorizado). É uma interpretação normativa e não uma interpretação
psicológica.

Dentre as doutrinas objectivas destaca-se a teoria da impressão do destinatário (art. 236), esta
é a posição adoptada pela nossa doutrina. A declaração deve valer com o sentido que um
destinatário razoável (homem médio), colocado na posição concreta do real declaratário, lhe
atribuiria, salvo se a conclusão a que este fosse chegar nunca fosse conclusão razoável, não
puder razoavelmente contar com ele. Como por exemplo: vender um relógio de ouro por 50
000 quando se pretendia 50 contos. Não havendo coincidência entre o sentido objectivo
correspondente à impressão do destinatário e um dos sentidos ainda imputáveis ao declarante,
ou seja um sentido absurdo ou não razoável, então o negócio é nulo. Se o declaratário
conhecer a vontade real do declarante então é essa a vontade que vale. (art. 236 n2). Em caso
de dúvida do sentido dos negócios prevalece o menos gravoso no caso dos negócios gratuitos
e o que tiver mais equilíbrio nas prestações nos negócios onerosos.

Nos contratos de declaração, em caso de dúvida deve ser interpretado “contra estipularem”,
ou seja, contra o emitente das condições gerais pré-ordenados, permanece o sentido mais
favorável ao contraente.

5
Desvio à regra prevista no art.º 236º.

estes desvios traduzem-se num maior objectivismo que é o que acontece nos negócios solenes
ou formais, ou seja, negócios para os quais a lei exige determinada forma. A lei tende nestes
casos para um maior objectivismo, ou seja, se a lei impõe um determinado documento na
interpretação deve-se prestar maior atenção ao documento, nunca se pode concluir sem a
mínima correspondência como o texto. Como por exemplo: testamento em que dispõe: seixo
os meus bens à Isabel. Não se pode concluir que se deixa os bens à Maria. Mas, se houver
duas Isabeis, uma é sobrinha outra é vizinha pode ser interpretado por via do (art.º 2187º) a lei
tende para um maior subjectivismo. Deve-se procurar a vontade real do testador. Para
interpretar a vontade podemos socorrer de todos os elementos admitidos como prova pelo
direito (cartas, conversas, prova testemunhal).

Integração do negócio jurídico.

Só se pode falar em integração depois da interpretação. A integração é a resolução de casos


omissos, coisas não previstas. Como por exemplo: local de entrega da coisa. A integração tem
três fazes:

 A integração é feita por uma norma concreta se existe disposição especial sobre o
caso omisso, exemplo: existe uma norma supletiva no código sobre o local de
pagamento quando este não esteja previsto no negócio.
 Pela vontade hipotética ou conjectural das partes, ou seja, se as partes tivessem
previsto o caso omisso, o que é que teriam decidido.
 Aplica-se da boa-fé para evitar conclusões completamente contrárias ao razoável.

Se a aplicação da norma supletiva levasse a uma ofensa ao p princípio da boa-fé deve-se


aplicar norma supletiva. Só em casos excepcionais se pode recorrer ao princípio do abuso do
direito (artº334º). A integração nunca pode levar à ampliação do negócio jurídico.

Divergência entre a vontade e a Declaração.

 Formas possíveis de divergência.


Normalmente o elemento interno (vontade) e o elemento externo da declaração negocial
(declaração propriamente dita) coincidirão.
Pode, contudo, verificar-se por causas diversas, uma divergência entre esses dois elementos
da declaração negocial. A normal relação de concordância entre a vontade e a declaração
6
(sentido objectivo) é afastada, por razões diversas, em certos casos anómalos. À relação
normal de concordância substitui-se uma relação patológica. Está-se perante um vício da
formulação da vontade.
Esse dissídio ou divergência entre vontade real e a declaração, entre “querido” e o
“declarado”, pode ser uma divergência intencional, quando o declarante emite, consciente e
livremente uma declaração com um sentido objectivo diverso da sua vontade real. Está-se
perante uma divergência não intencional, quando o dissídio em apreço é involuntário (porque
o declarante se não apercebe da divergência ou porque é forçado irresistivelmente a emitir
uma declaração divergente do seu real intento).
A divergência intencional pode apresentar-se sob uma de três formas principais:

 Simulação: o declarante emite uma declaração não coincidente com a sua vontade
real, por força de um conluio com o declaratário, com a intenção de enganar terceiros
(credores). Os elementos que integram o conceito de simulação são a intencionalidade
de divergência, o acordo ou conluio e o intuído de enganar e o caso de venda
fantástica que é uma venda de património para fugir aos credores. O negócio simulado
é nulo. Os próprios simuladores podem arguir a anulação. Como todas as nulidades, a
invalidade dos negócios podem ser arguido em todo o tempo e pode ser declarada
oficiosamente por via da acção pondo a acção em tribunal por via da excepção para
defesa dos particulares. Tem legitimidade para arguir a nulidade de simulação dos
próprios simuladores bem como os herdeiros legitimarias bem como qualquer
interessado, os preferentes e a fazenda nacional. A legitimidade dos simuladores
arguirem a nulidade de simulação esta restringida pelo facto de apenas serem
admissível a prova documental e a confissão, uma vez que a prova testemunhal não é
admissível a lei protege os terceiros de boa fé, não podendo a nulidade ser arguida
pelo simulador contra terceiros de boa fé.
Os elementos que integram o conceito de simulação são a intencionalidade de divergência, o
acordo ou conluio e o intuito de enganar. É o caso da venda fantástica que é uma venda de
património para fugir aos credores.
 Reserva mental: o declarante emite uma declaração não coincidente com a sua
vontade real, sem qualquer conluio com o declaratário, visando precisamente enganar
este. Quando existe divergência intencional entre a declaração negocial e a vontade
sem qualquer conluio com o declaratório com intuito de enganar o declaratório. A

7
reserva mental não possui em princípio, efeitos jurídicos, ou seja, o negócio em
princípio não é nulo. Só será nulo o declaratório sabia que a declaração foi feita com
reserva mental.
Declarações não sérias: o declarante emite uma declaração não coincidente com a sua
vontade real, mas sem intuito de enganar qualquer pessoa (declaratário ou terceiro). O
autor da declaração está convencido que o declaratário se apercebe do carácter não sério
da declaração. Pode tratar-se de declarações jocosas, didácticas, cénicas, publicitárias. A
declaração não seria só é valida se bom homem comum não se deixar enganar por ela. No
entanto poderá dar lugar a indemnização no caso em que um cidadão normal acreditaria
nessa declaração.

As formas de divergência não intencional podem consistir:


 Erro-obstáculo ou na declaração: o declarante emite a declaração divergente da
vontade, sem ter consciência dessa falta de coincidência, por descuido, por lapso, por
lapsos línguas, por engano ou por negligência.
 Na falta de consciência da declaração: o declarante emite uma declaração sem
sequer ter consciência (a vontade) de fazer uma declaração negocial, podendo até
faltar completamente a vontade de agir.
 Coacção física ou violência absoluta: o declarante é transformado num autómato,
sendo forçado a dizer ou escrever o que não quer, não através de uma mera ameaça
mas por força do emprego de uma força física irresistível que o instrumentaliza e leva
a adoptar o comportamento.

Vícios da vontade.

Os vícios da vontade são erros na formação da vontade enquanto a divergência entre a


vontade e a declaração é um erro na formulação da vontade. Declara-se aquilo que se quer
mas a vontade não se forma de uma maneira normal, sã. Exemplo: a quer comprar uma moeda
de ouro a B. B engana-o e diz-lhe que é de ouro mas é de cobre. A compra a moeda e é essa a
sua vontade, não há qualquer divergência entre a declaração e a vontade, mas a vontade esta
viciada, foi formada de uma maneira anormal.

8
Usura.

A usura não é um vício da vontade mas esta enquadrada nesta parte da matéria, uma vez que
há uma deficiência na formação da vontade. Existe sempre que alguém, aproveita uma
situação de inexperiência, de fraqueza, de dependência para obter ganhos excessivos. Tem
que ter 2 requisitos:

 Haver um lucro excessivo (requisito objectivo);


 Haver da outra parte um sinal de inexperiência, fraqueza, dependência e o
aproveitamento dessa situação (requisito subjectivo).

O negócio realizado com usura é anulável.

Vícios redibitórios.

Também não é um vício da vontade mas há igualmente uma deficiência na formação da


vontade, como por exemplo: animais defeituosos. Alguém compra um cavalo que
aparentemente estaria em óptimo estado mas tinha levado uma injecção para não mancar.
Quando chegado a casa do comprador o efeito da injecção passou e o cavalo passou a mancar.

São vícios da vontade:

Dolo: o dolo poderá ser atraveis de artifícios, sugestões, silencio, ou seja, através de uma
atitude positiva ou negativa, com a intenção de enganar. O dolo pode assumir varias
modalidades:

 Dolo positivo e dolo negativo.


 O dolo positivo leva a intenção de enganar através de uma atitude positiva.
 O dolo negativo acontece no caso de silêncio quando sabe e tem o dever de informar.

 Dolo bónus e dolo malus:

As sugestões ou artifícios usuais considerados legítimos constituem dolo bónus. Só é


relevante para efeitos de anulabilidade o dolo malus.

 Dolo inocente e dolo fraudulento:

No dolo inocente há um mero intuito enganatorio enquanto o dolo fraudulento há uma


intenção de enganar com a consciência de causar prejuízo.
9
 Dolo essencial e dolo incidental:
 O dolo essencial é aquele sem o qual o negócio jurídico não se teria feito, da origem à
anulação do negócio.
 O dolo incidental é aquele que influi nos termos do negócio.

Anulação do negócio em caso de dolo:

Só o dolo ilícito (dolo malus) implica a anulação do negócio. Há três requisitos para dar
origem à anulação do negócio:

 Tem que ser dolo malus;


 Tem que haver intenção de enganar ou consciência de enganar;
 Tem que ser essencial, embora o dolo incidental também possa dar lugar à anulação do
negócio.

 Efeitos do dolo:

O dolo bilateral também poderá ser invocado como fundamento de anulação (art.º 254º nº 1).
No dolo proveniente de terceiro, o negocio só é anulável se o destinatário tinha ou deveria ter
conhecimento dele e se o terceiro tiver com isso um lucro e na parte em que ele beneficia.

 Consequências da anulação:

Nos casos do dolo o negócio é anulável mas a pessoa que foi enganada tem o direito de ser
indemnizada com base no interesse contratual negativo pelo dano sofrido.

Erro vício.

Traduz-se numa representação inexacta de circunstâncias determinantes e decisivas para a


realização do negócio jurídico. A pressuposição é uma figura muito próxima do erro vicio, a
diferença é que o erro vicio diz respeito a circunstancias presentes ou passadas enquanto a
pressuposição diz respeito a circunstancias futuras.

 Modalidades do erro viciam:

Erro sobre a pessoa do declaratário. É o erro sobre a noutra parte interveniente no negócio.
Erro sobre motivos é uma noção residual, ou seja, é por exclusão de partes. Se não cabe nos
outros erros é erro irrelevante. As partes podem estipular por acordo a nulidade do negócio.

10
Para que, em concreto, o negócio seja anulado tem que se ter em conta a espécie de vício, se o
vicio incidir sobre a pessoa do declaratário ou o objecto do negocio é anulável nos termos do
art.º 247º (erro na declaração, ou seja, quando o declaratário conhecesse a essencialidade).
Exemplo: A compra a B um terreno convencionado que tinha agua. O negócio só pode ser
anulado se houver essencialidade, ou seja, era essencial para ele que o terreno tivesse agua, se
soubesse que não tinha teria feito o negócio e para além disso é necessário que o declaratário
conhecesse essa essencialidade. Se o vício incidir sobre o motivo, em princípio o negócio não
poderá ser anulado, será valido. Exemplo: funcionário judicial alugou uma casa a pensar que
ia lã ser colocado, mas afinal não foi. O negócio será valido a não ser que haja uma
contradeclaração ou uma ressalva em que as partes convencionem para que no caso de o
funcionário não ser lã colocado. Em regra o negocio é valido mas há uma excepção no caso
da base negocial, ou seja, quando o erro incidir sobre a base negocial em que as partes
tivessem previsto o acontecimento e estando ambas de boa fé concordariam em que o negocio
ficaria sem efeito. Se o erro incidir sobre as circunstancias que constituem a chamada base
negocial haverá lugar a anulabilidade (alterações das circunstancias). Erro vício. Vício
incidental.

Coação moral (artº255º)

Sempre que há receio de um mal que o declarante foi ilicitamente ameaçado para dele obter a
declaração negocial. Como por exemplo: ou você me assina o contracto ou dou-lhe um tiro.

É diferente da coação física ou absoluta por que na coação mora a pessoa tem liberdade de
escolha, embora sofra as consequências, logo é uma coação relativa. A coação pode ser
dirigida a pessoa, ou dirigida à honra, ou dirigido a terceiro. A coação pode se feita pelo
declaratório ou pelo terceiro. A consequência da coação é a anulabilidade para alem da
anulação também poderá haver lugar ou pagamento de uma indemnização pelos prejuízos que
não teria tido, ou seja, interesse contratual negativo para que haja a coação é necessário:

 A ameaça tem de ser ilícita, isto é, tem que ser a ameaça de alguma coisa que não seja
ameaça de alguma coisa que seja permitido;
 Tem que ser essencial ou seja tem de se provar que o negócio não seria feito se a
coação tivesse sido feita;
 A ameaça também pode ser feita pelo meio empregue. A acção em tribunal é lícito
(meio) mas o fim que ele pretende é ilícito logo há ameaça ilegal;

11
 Para que a ameaça seja considerada coação moral tem que haver sempre receio;
 É necessário que a ameaça tenha por fim extorquir a declaração.

Estado de necessidade.

Por vezes confunde-se com a coação moral. O mal não é praticado para cometer o fim. Só há
coação moral quando o comportamento humano se destina a obter a declaração negocial, s
não for para obter a declaração é estado d necessidade. O professor Mota pinto defende que o
estado de necessidade da origem à nulidade. O negócio será nulo quando o contraente por
força de disposição legal ou por contracto estava obrigado a praticar o acto ou o negocio em
ofensivo dos bons costumes. O estado de necessidade tem que ter uma grande relevância e
tem que estar perante um perigo e perante isso faça um negócio jurídico, e é necessário
também que a outra pessoa obtenha benefícios excessivos (requisitos da usura).

Incapacidade acidental.

É uma situação transitória. Como por exemplo: álcool, estupefacientes. É um vicio da vontade
por que a pessoa que esta acidentalmente incapacitada não esta em condições de celebrar uma
negocio no estado moral, a sua vontade não foi formada de uma maneira sã. A sanção para a
incapacidade acidental é a anulabilidade desde que cumpram os requisitos previstos no art.º
257º.

Representação no Negócios.

Pratica de um acto jurídico em nome de outrem, para na esfera desse outrem se produzir os
respectivos efeitos. Para ser eficaz o representante tem de actuar dentro do que lhe compete. A
representação pode ser:

Legal: É aquele que resulta da lei ou também pode resultar duma decisão judicial como é o
caso do tutor nomeado. O representante é indicado pela lei ou por decisão judicial em
conformidade com a lei verifica-se porem limitações, em certos casos os representantes legais
carecem de autorização judicial.

Representação voluntaria: Na representação voluntaria os poderes do representante e a


respectiva extensão provem da vontade do representado manifestado na procuração. As
procurações voluntarias podem ser gerais abrangendo todos os actos patrimoniais, só legítima

12
para actos de administração ordinária, pode ser especial abrangendo apenas os actos nela
referidos e necessários a sua execução e abranger apenas um acto.

Representação orgânica ou estatutária.

Ocorre quando o gerente de uma determinada pessoa colectiva representa a mesma,


representação essa que deriva dos estatutos.

Representação activa e representação passiva.

A representação activa ocorre quando alguém actua em nome de outrem na emissão de


declarações negociais. A representação passiva ocorre quando há uma procuração para
receber uma declaração negocial. Pode ser própria, directa ou imediata, a representação
própria, directa ou imediata é a representação propriamente dita. A representação imprópria,
indirecta ou mediata ocorre quando alguém pode actuar em nome de outrem, mas em nome
próprio.

Representação e figuras próprias.

Não há contradição entre a representação e o princípio da autonomia privada mas sim traduz
um alargamento das possibilidades contidas na referida autonomia. A representação não se
confunde com mandato. O mandato traduz-se no facto de mandar alguém se comprometer a
realizar um acto jurídico por conta de outrem. A representação só existe se for em nome de
outrem. Na representação o representante (tem sempre algum poder deliberativo, há sempre
actuação em nome do representante). O mandato é uma modalidade de prestação de serviço e
afere-se a actos jurídicos. Pode haver representação sem mandato, ou seja, a representação
resulta de um acto (procuração), que pode existir autonomamente ou coexistir com um
contacto que normalmente será o mandato, mas pode ser outro. Pode haver mandato sem
representação quando o mandatário não recebeu poderes para agir em nome do mandante.
Age por conta do mandante mas em nome próprio.

A representação também não se confunde com o simples núncio. O simples núncio é uma
pessoa que transmite uma declaração de outrem, alguém que simplesmente transmite a
intenção de que solicita a transmissão. Pode ser qualquer pessoa desde que tenha
entendimento suficiente para transmitir uma mensagem, basta que tenha capacidade natural
para entender a transmissão da declaração de outrem. Não são representantes aqueles que
praticam operações meramente materiais-operarios, arquitectos engenheiros. A representação
13
também não se confunde com a simples autorização ou consentimento por actos de outrem. O
representante actua e na simples autorização ou consentimento inibe-se ou prova-se uma
iniciativa ou actuação de outrem.

A representação também não se confunde com o contacto a favor de terceiros. Na


representação o terceiro não adquire nada.

Requisitos para haver representação.

 Quem actua, actua em nome do representante;


 Representante tem sempre poder deliberativo;
 É necessário que o representante tenha algum poder de decisório e tem de actuar
dentro dos poderes que lhe são confiados (eficácia).

Para a representação ser eficaz o acto deve estar integrado nos limites dos poderes que
competem ao representante.

Falso procurador.

É alguém que se intitula representante de outrem sem que para tal tenha poderes os actos
praticados por um representante sem poderes ou com excedencia dos poderes que lhe foram
atribuídos são ineficazes em relação à pessoa em nome da qual se celebrou o negócio, salvo se
tiver lugar a ratificação. A ratificação só exige a forma que o negócio jurídico exigir. Se for
uma casa o negócio exige uma determinada forma escritura pública, por isso a ratificação
também terá de ser por essa forma. Não havendo ratificação, o representante sem poderes
tendo culpa terá que indemnizar a contraparte com fundamento na responsabilidade pré
negocial. O falso procurador responde pelo interesse contratual negativo se desconhecia com
culpa a falta de poderes.

Se conhecia com culpa, é obrigada a indemnizar tanto pelo interesse contratual negativo –
dano - e aquilo que não teria sofrido se não tivesse confiado. Se o representante sem poderes
conhecia a falta de legitimidade representativa a contraparte pode optar pela indemnização
pelo não cumprimento do contracto. A falta de poderes é diferente do excesso de poderes. O
problema do falso procurador só se põe na representação voluntaria ou orgânica. A
procuração não é obrigatoriamente por documento. Há abuso de representação quando o
representante actuar dentro dos limites formais dos poderes conferidos, mas de modo

14
substancialmente contrario aos fins da representação. É aplicável o abuso de confiança as
disposições da representação sem poderes.

15
Conclusão

O Direito constitui uma ordem humana, não necessária nem automática, de disciplina da vida
em sociedade. Possui, pois, os limites e os constrangimentos próprios das coisas feitas pelo
homem para o homem. Dentro destes limites, invencíveis, o Direito regula aquilo que as
pessoas com legitimidade para fazerem o Direito pretenderem regular e do modo que essas
pessoas pretenderem, observadas as regras que lhes conferem a referida legitimidade.
O ordenamento jurídico pode regular o contrato de transporte ou não o fazer, pode consagrar
um ou vários tipos de contratos de transporte, pode sujeitar o contrato de transporte a registo e
pode regular o método de interpretação da declaração negocial, pode estabelecer vários
métodos, um para negócios unilaterais, outro para contratos, outro para testamentos, outra
para contratos de empreitada, outro para negócios gratuitos.

A declaração negocial caracteriza-se, ainda, por constituir uma exteriorização por parte do seu
autor, uma manifestação da vontade deste. Ora, as exteriorizações ou manifestações de
vontade são, também, naturalmente dirigidas a outros seres humanos – os únicos capazes de
as entender. O que significa que, a menos que todas as declarações negociais tenham, por
definição, declaratário, não é esta destinação a outrem que caracteriza a declaração negocial
com declaratário.

16
Bibliografia

Manual de licenciatura em ensino de Teoria Geral do Direito do ISCED.

ALARCÃO, RUI DE:


A confirmação dos negócios anuláveis, vol. I, Atlântida editora, Coimbra, 1971
“Interpretação e integração dos negócios jurídicos - Anteprojecto para o novo Código Civil”
BMJ 84 (1959), pp. 329-345 [“Interpretação e integração.1959, e, no texto designado
abreviadamente por Anteprojecto]

ALBUQUERQUE, PEDRO DE:


A representação voluntária em Direito civil, Almedina, Coimbra, 2004 [A representação
voluntária…, 2004]

ALMEIDA, CARLOS FERREIRA DE:


Contratos I. Conceito. Fontes. Formação, Almedina, Coimbra, 4.ª ed., 2008 [Contratos I…,
2008]
“Interpretação do contrato”, gin O Direito, ano 124 (1992), IV, pp. 629-651 [“Interpretação
do contrato”, 1992]
Texto e enunciado na teoria do negócio jurídico, Almedina, Coimbra, 1992 [Texto e
enunciado…, 1992]

ALVES, RAÚL GUICHARD:


Notas sobre a falta e limites do poder de representação, in RDES, ano XXXVII (1995)
O problema dos “estados subjectivos” relevantes no contexto da representação (Uma análise
do art. 259.º do Código Civil), FDUC, Coimbra, s.d. (1991)

17

Você também pode gostar