Aula de 2-3 - HCAPC
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Poesia significa “criar”. A verdadeira essência da poesia está no ato de criar que
transcende o género literário. O facto de o deus aparecer sempre como anónimo tem em
si uma explicação pragmática. Em cada templo, existia uma escola, a Casa da Vida. Os
vários templos tinham cultos a deuses diferentes, ou seja, cada cidade tinha o deus
tutelar. O carácter anónimo do deus tem a ver com a generalização, porque em cada
cidade o deus seria interpretado de maneira diferente. Como é que a ideia de um deus
supremo (o vértice da criação) começa a ter uma crescente importância política?
Entra-se num período diferente, o Império Novo, que se desenrola na segunda metade
do II milénio a.C. Este período será extremamente volátil, pois a idade de ouro do
sistema faraónico já se passou. O esplendor da cultura material é mais notável, pois é
nele que o seu florescimento aumenta, detetável em todos os campos. Mas a que se
deveu este florescimento? Este período de robustez surge após um período traumático,
decorrente da invasão do Egipto pelos Icsos, que se traduziu numa divisão do território.
Os Icsos foram bem sucedidos no controlo do território, e aparentemente foi um
acidente que suscitou um desequilíbrio de forças (erupção do Santorini). No Egipto, a
expulsão dos Icsos marcou o início do Império Novo. Por uma questão de defesa, o
Egipto criou uma zona de influência militar, a zona do corredor siro-palestinense,
estratégico para as civilizações da Antiguidade. Tutmés III (1479-1425 a.C.) era filho de
Tutmés II e Hatchepsut. Subiu ao trono muito jovem, mas quem assumiu a regência foi
Hatchepsut, que detinha um enorme poder enquanto Tutmés II era vivo: era Esposa
Divina de Amon, Grande Esposa Real e herdeira legítima do trono, pela linha
matriarcal. A propaganda tem uma importância nova para divulgar o poder, através das
imagens. A rainha começa a utilizar os símbolos do rei, e a representar-se de uma forma
musculada, como o individuo do sexo masculino, como um Hórus Triunfante. Durante o
reinado, dois faraós reinaram no Egipto: Hatchepsut e Tutmés III, mesmo depois deste
ter atingido a maioridade. Com o que se passou com estes dois governantes, começa a
ser referido cada vez mais o nome do Deus Amon. Hatchepsut fez erguer dois obeliscos
no templo de Karnak, marcantes pelo sentido simbólico do obelisco, o raio de sol
petrificado.
Quando Tutmés III lhe sucede (20 após a sua entronização). No domínio militar,
Tutmés III vai realmente demarcar a sua posição, sendo que em 32 anos desenvolve 17
campanhas militares. É neste período que o Egipto se demarcará no território de Canaã.
Com Tutmés III, a cultura visual ainda não estava muito desenvolvida. Tutmés III
ganhou um estatuto. Com as suas iniciativas militares, criou um novo equilíbrio no
Médio Oriente, permitindo estabelecer alianças diplomáticas com outros estados. Pela
primeira vez, os casamentos diplomáticos se tornarão importantes na obtenção de novos
aliados, nos antigos inimigos. O Egipto recebe assim princesas asiáticas que se
estabelecem nas cortes, desenvolvendo-se verdadeiras embaixadas. O Egipto abre-se à
influência asiática. Tutmés III cria uma escola da corte, o Kep real. Num único espaço,
os príncipes reais serão educados em conjunto com os filhos dos líderes dos países
vassalos. As trocas culturais com a Ásia tornam-se frequentes. As divindades
estrangeiras como Astarte e Rechef implantaram-se no Egipto. O templo de Amon
tornou-se num dispositivo essencial para legitimar a posição do rei. O sucesso atingido
pelas proezas militares serão canalizadas para o templo, que se tornará num polo
religioso e cultural.