8 Regulação Da Expressão Gênica
8 Regulação Da Expressão Gênica
8 Regulação Da Expressão Gênica
Regulação da
expressão gênica
Camila Batista de Oliveira Silva
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
Introdução
Com a regulação da expressão gênica, os organismos conseguem organizar seu
sistema de replicação de maneira que seja eficiente e econômico, tendo em
vista a constante demanda para manter o corpo em funcionamento normal.
Essa regulação pode ocorrer em diferentes pontos do processo de replicação e
síntese proteica, sendo influenciada por fatores extrínsecos e intrínsecos à fita.
Há diferenças entre os seres eucariotos e procariotos, não sendo atípico
que os mecanismos sejam mais complexos no grupo mais desenvolvido. Nesse
sentido, importa considerar que o DNA é complexo e que ainda não se conhe-
cem todos os seus caminhos de ativação, sendo possível, portanto, que novos
processos de regulação sejam objeto de pesquisa.
O genoma, que contém todas as nossas informações genéticas, encontra-se
no interior do núcleo celular. Para que ocorra a produção de uma determinada
proteína, a fita de DNA deve ser transcrita em RNA. Quando ocorre a transcri-
ção, dizemos que há expressão gênica. Logo, o principal ponto de controle da
expressão gênica é o RNA mensageiro (RNAm).
2 Regulação da expressão gênica
Histona Cauda de
histona
Gene
Nucleossomos
Cromatina
Sequência
de DNA
Na fase de transcrição, existem sinais (ou fatores) que, por meio da sua
conexão com a fita de DNA em regiões de ligação específicas, exercem
papel fundamental durante a ativação ou desativação gênica. Tais fatores de
transcrição, que podem ser ativadores ou repressores, têm como função básica
fornecer às células as informações necessárias para que possam entender e
definir se devem ou não expressar determinado gene. Essas informações são
amplas e dão um panorama da atual situação por que a célula está passando
(DE JONGE et al., 2022).
RNAm pode ser traduzido em uma proteína final ou pode ser silenciado e,
assim, não gerar produto final. Isso dependerá de uma série de fatores que
deverão estar alinhados na maquinaria (WATSON et al., 2015).
Uma das principais enzimas com papel de destaque é a RNA-polimerase,
que produz o RNAm através da fita molde do DNA. Para que isso ocorra, tal
enzima precisa se complexar com a fita em uma região específica, denominada
“promotora” (SOUZA FILHO; MACEDO, 2008).
Nos seres procariotos, cujo principal exemplo são as bactérias, a RNA-
-polimerase se complexa, ou seja, se une diretamente à região promotora do
DNA. Nas bactérias, encontramos genes chamados “óperons”. Cada óperon é
formado por sequências de DNA que regulam a transcrição. Normalmente, um
óperon contém genes que atuam em um mesmo processo, como, por exemplo,
o gene óperon lac, que codifica enzimas para a absorção e o metabolismo da
lactose. Esses genes têm regiões que aceleram a transcrição (regiões promo-
toras) e regiões que inibem a ligação da RNA-polimerase (regiões operadoras)
a partir da ligação de proteínas regulatórias e da disponibilidade de lactose
no organismo (CHARCZENKO et al., 2022).
Por sua vez, nos seres eucariotos, como é o caso dos humanos, o pro-
cesso é mais complexo e quase todas as suas etapas podem ser controladas.
A RNA-polimerase somente vai se complexar com a região promotora do
gene com a ajuda de fatores de transcrição, necessários para a transcrição
de todos os genes (WATSON et al., 2015).
Não existe um local único em todos os genes que exerça um papel re-
gulador. Variados genes têm pontos de regulação em diferentes lugares,
podendo até mesmo apesentar mais de um ponto de regulação, dependendo
do tamanho do gene. Como já vimos, para que a regulação ocorra é necessário
o remodelamento da estrutura da fita (cromatina). Quanto mais aberta es-
tiver a fita, mais disponível estará o gene para a transcrição, e, quanto mais
condensada ela estiver, menor será o acesso. Os fatores de transcrição nos
eucariotos se ligam em sequências específicas que devem estar expostas,
promovendo a sua ligação na fita (STRACHAN; READ, 2013; WATSON et al., 2015).
Após a transcrição da fita, ainda é preciso que o RNAm seja processado.
Ou seja, ele deve ser adicionado à sequência complementar, uma sequência
de nucleotídeos conhecida (cauda poli-A), para que possa sair do núcleo e
seguir seu processo (STRACHAN; READ, 2013).
Diferentes RNAm podem ser gerados por meio de um único pré-RNAm,
devido ao mecanismo de splicing alternativo. São incluídas no gene algumas
sequências de bases que vão servir como guias para que o processo se inicie
e finalize. Tais sequências não necessariamente fazem parte da constituição
6 Regulação da expressão gênica
DNA
Pré-RNAm
Splicing de RNA
RNAm
Referências
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SOUZA FILHO, G. A.; MACEDO, J. M. B. Biologia molecular. Rio de Janeiro: Fundação
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STRACHAN, T.; READ, A. Genética molecular humana. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2013.
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