Direito Financeiro 1 - Aula 1
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Claro que dentro dessa atividade financeira, sempre estiveram os estudos sobre
a forma de arrecadação, formas de capitalização do Estado.. forma do Estado
conseguir riquezas, arrumar dinheiro... E como a gente vai ver mais pra frente, o
tributo sempre foi tão relevante como instrumento arrecadatório e como
instrumento político, que o Direito Tributário se tornou uma disciplina própria,
mas que deve ser enxergado dentro da ciência do Direito Financeiro..
Como a gente vai ver mas eu já vou dar um spoiler, os tributos estão ligados à
própria formação do estado Moderno, porque foi o objetivo de limitar o poder de
tributar que levou a promulgação da Carta Magna inglesa, em 1215, passando
pela revolução americana e independência dos Estados Unidos, revolução
francesa e posterior declaração de direitos o Homem e do Cidadão... No Brasil
a inconfidência mineira e a revolta com a aumento da tributação pela derrama, e
até pelo movimento sufragista feminino, movimento pelo direito de votar.. No
vote, no tax.. se eu não posso votar eu não posso pagar tributo. Então
intimamente ligado à cidadania como a gente vai ver...
Então nesse momento de 64, a gente ainda não tinha a separação didática, não
havia separação científica entre direito direito financeiro e direito tributário. O que
se tinha era uma ciência das finanças. E sequer na Lei 4320/64 a gente tem
muita previsão tributária.. – o artigo 9o estabeleceu a definição de tributo e o
artigo 11 classificou as receitas entre correntes e de capital. Mas logo depois,
em 66 veio o Código Tributário Nacional, como decorrência da importante
Emenda Constitucional 18/65 à então Constituição de 46.
Essas são as formas de arrecadação para que o Estado tenha meios de financiar
sua atividade, financiar as atividades públicas.. financiar os serviços que visam
satisfazer essas necessidades públicas.
Aqui na nossa disciplina a gente vai tratar o Direito Financeiro como ciência,
como o conjunto de enunciados descritivos desse conjunto de normas e
princípios que compõem o Direito Financeiro Positivo. Mas o que é mais
importante mesmo é compreensão da chamada atividade financeira do Estado.
Bom primeiro a gente te que ter como premissa o que é Estado, né.. O que vocês
já estudaram lá em teoria geral do direito, em direito constitucional. É uma
premissa nuclear. Éstado como um território soberano, que tem um povo e um
governo.. e que existe exatamente pra satisfazer as necessidades desse povo.
Necessidade de proteção contra invasão de outros povos, proteção externa,
necessidade de proteção interna, segurança, e aí a depender do momento
histórico, as necessidades públicas evoluem, pros serviços públicos de
educação, saúde, infraestrutura de energia, de estrada... E isso também está
ligado à evolução histórica dos tipos de Estado e do papel do Estado na
economia.. mais ou menos intevencionaista. Porque obviamente toda atividade
do Estado, ou seja, das instituições que compõe o estado, e aí, legislativo,
executivo e judiciário, tanto da manutenção da máquina estatal quanto do efetivo
serviço prestado, tudo tem um custo.. os direitos não nascem em árvore.. que é
uma expressão muito boa da Teoria dos Custos dos Direitos, que é trazida pelo
professor Flávio Galdino, professor de processo civil aqui da UERJ .. Apesar do
que há autores que defendem numa Teoria Monetária mOderna que o Estado
tem o poder de imprimir moeda, independente de lastro econômico, pra
satisfazer as necessidades públicas.. O professor Ricardo Lodi é um defensor
dessa ideia.
De novo, porque isso é o que mais importa da aula de hoje, o conceito chave do
direito financeiro é a atividade financeira do Estado, que emana do poder ou da
soberania financeira do Estado. Então a atividade financeira é uma das
manifestações da soberania estatal.
Na área Federal nós temos órgãos como a Secretaria da Receita Federal como
órgão responsável pela arrecadação e fiscalização da maior parte dos tributos
de competência da União Federal, o CARF (conselho administrativo de recursos
fiscais), que é um tribunal administrativo paritário, formado por pessoas
indicadas pelo governo e pelos contribuintes, setores da economia, e a PGFN.
Nas Fazenda Pública Estadual e a Municipal temos as Secetarias estaduais e
Municipais de Fazenda, que a gente chama de SEFAZ. A maioria dos estados
tem conselhos de contribuintes e de recursos fiscais administrativos, e alguns
municípios tem seu próprio conselho de recursos, como é o caso do Rio de
Janeiro, Niterói e o Município de Serra no Espírito santos.
O Direito Financeiro, que como vismo, pode ser tido como um ramo do Direito
Administrativo, no sentido de ser a atividade financeira do Estado típica atividade
administrativa. No Direito Administrativo encontraremos regras e princípios que
norteiam o administrador no desempenho da atividade financeira do Estado. No
concernente ao Direito Penal, algumas de suas normas de conduta são voltadas
para inibir os chamados crimes contra a Administração Pública. Portanto, é no
ordenamento jurídico penal que estão previstas as sanções para aquelas
condutas que contrariem o Direito Financeiro Positivo. Já o Direito Civil, apesar
de ramo do Direito Privado, possui princípios e institutos que são aplicados em
diversos ramos do Direito, inclusive em relação ao Direito Financeiro.