Hipertensão Arterial Sistêmica
Hipertensão Arterial Sistêmica
Hipertensão Arterial Sistêmica
CLÍNICA MÉDICA
HIPERTENSÃO
ARTERIAL SISTÊMICA
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Hipertensão arterial sistêmica Clínica Médica
CASO CLÍNICO
JFS, 62 anos, sexo masculino, hipertenso em tratamento irregular, procurou o pronto-socorro com
queixa de cefaleia intensa e de início súbito há aproximadamente 3 horas. Relatou ainda náuseas,
vômitos, tontura e dificuldade para respirar.
Na admissão, o paciente encontrava-se agitado, com sudorese fria e taquipneia. Seus sinais vitais
iniciais eram: pressão arterial 220/130 mmHg, frequência cardíaca 105 bpm, frequência respiratória
26 irpm, saturação de oxigênio (SpO2) 94% em ar ambiente. Foi realizado um eletrocardiograma
(ECG) que demonstrou alterações sugestivas de hipertrofia ventricular esquerda, mas sem sinais de
isquemia miocárdica aguda.
Diante do quadro de crise hipertensiva, a equipe médica iniciou o tratamento com nitroglicerina sublin-
gual e captopril 25 mg por via oral. Foi colocado um cateter venoso periférico de calibre adequado e
iniciada a monitorização contínua dos sinais vitais.
Após 30 minutos, a pressão arterial do paciente reduziu para 190/110 mmHg, porém, ainda com des-
conforto e sintomas. A equipe médica optou por iniciar o tratamento parenteral com nitroprussiato
de sódio em infusão contínua para reduzir a pressão arterial de forma controlada. Durante a infusão,
a pressão arterial foi monitorada a cada 15 minutos.
Além disso, foram solicitados exames laboratoriais, incluindo hemograma completo, eletrólitos,
função renal, glicemia e perfil lipídico. Os resultados mostraram leve elevação da creatinina sérica e
potássio no limite superior da normalidade. Diante destes achados, o paciente foi encaminhado ao
nefrologista, que ajustou o tratamento anti-hipertensivo, substituindo o captopril por um antagonista
dos receptores da angiotensina II (ARA II).
Após a estabilização da pressão arterial, o paciente foi orientado a realizar acompanhamento regular
com um médico clínico geral e cardiologista, além de reforçar a importância da adesão ao tratamento
medicamentoso e mudanças no estilo de vida.
Resumo dos principais itens de diagnóstico e tratamento:
DIAGNÓSTICO:
Avaliação clínica: Anamnese e exame físico detalhados, incluindo a mensuração correta da pressão
arterial.
Eletrocardiograma: Identificar possíveis alterações relacionadas à hipertensão arterial sistêmica
(HAS) ou complicações agudas, como isquemia miocárdica.
Exames laboratoriais: Hemograma completo, eletrólitos, função renal, glicemia e perfil lipídico para
avaliar possíveis alterações e fatores de risco associados.
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Hipertensão arterial sistêmica
TRATAMENTO:
Questão 1 Discursiva
Descreva as possíveis causas da crise hipertensiva no caso apresentado e explique como elas podem
ter contribuído para a situação clínica da paciente.
Questão 2 Discursiva
Quais seriam as possíveis complicações da crise hipertensiva no caso apresentado, caso não fosse
tratada adequadamente?
Questão 3 Discursiva
Discuta as opções de tratamento para a crise hipertensiva no caso apresentado e justifique a escolha
do tratamento mais adequado.
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Hipertensão arterial sistêmica Clínica Médica
Questão 4 Discursiva
Quais exames complementares devem ser solicitados para a paciente no caso apresentado, visando
o diagnóstico e o manejo das possíveis complicações da crise hipertensiva?
Questão 5 Discursiva
GABARITO
Questão 1 Discursiva
Questão 2 Discursiva
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Hipertensão arterial sistêmica
u Insuficiência renal aguda, causada pela lesão renal decorrente da hipertensão arterial não controlada.
Caso não fosse tratada adequadamente, a crise hipertensiva poderia levar a sequelas graves e irre-
versíveis, ou mesmo ao óbito.
Questão 3 Discursiva
O tratamento da crise hipertensiva no caso apresentado deve ser iniciado imediatamente e baseado
na gravidade dos sintomas e na presença de complicações. Algumas opções de tratamento incluem:
u Administração de anti-hipertensivos intravenosos, como nitroprussiato de sódio, nitroglicerina,
labetalol ou nicardipina. Esses medicamentos têm ação rápida e podem ser titulados de acordo
com a resposta da pressão arterial, permitindo um controle mais preciso.
u Diuréticos, como a furosemida, podem ser usados em casos de insuficiência cardíaca ou edema
pulmonar agudo.
u Betabloqueadores, como metoprolol ou atenolol, podem ser utilizados em casos de angina instá-
vel ou infarto do miocárdio.
u Em casos de encefalopatia hipertensiva, a administração de corticoides pode ser considerada,
além do tratamento anti-hipertensivo.
No caso apresentado, o tratamento deve ser direcionado ao controle da hipertensão arterial e ao manejo
das possíveis complicações. A escolha do tratamento mais adequado dependerá da avaliação clínica
da paciente, dos exames complementares e da resposta inicial ao tratamento. É fundamental moni-
torar a pressão arterial e os sinais vitais continuamente e ajustar o tratamento conforme necessário.
Questão 4 Discursiva
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Hipertensão arterial sistêmica Clínica Médica
Questão 5 Discursiva
Após a resolução da crise hipertensiva, a paciente deve ser encaminhada para acompanhamento
ambulatorial com um especialista em cardiologia. Será importante identificar a causa da crise
hipertensiva e ajustar o tratamento medicamentoso para prevenir novos episódios. Além disso, é
fundamental orientar a paciente sobre a importância da adesão ao tratamento e das mudanças no
estilo de vida, incluindo:
u Redução do consumo de sal e de alimentos ricos em sódio.
u Manutenção de uma alimentação equilibrada, rica em frutas, legumes, cereais integrais, peixes e
fontes magras de proteínas.
u Prática regular de atividade física, de acordo com a capacidade e as limitações individuais da pa-
ciente, sempre com orientação médica.
u Controle do peso, visando alcançar e manter um índice de massa corporal (IMC) dentro dos limi-
tes considerados saudáveis.
u Abandono do tabagismo e redução do consumo de álcool, caso a paciente apresente esses hábitos.
u Controle do estresse e promoção de hábitos saudáveis de sono e relaxamento.
Além disso, é importante que a paciente realize consultas periódicas com o médico assistente, a fim
de monitorar a pressão arterial, avaliar a eficácia do tratamento e identificar possíveis complicações
precocemente. Exames complementares, como eletrocardiograma, ecocardiograma e exames labo-
ratoriais, podem ser solicitados durante o seguimento, conforme a necessidade e a avaliação clínica.
O manejo adequado da hipertensão arterial e a adoção de hábitos saudáveis são fundamentais para
reduzir o risco de novas crises hipertensivas e suas complicações, melhorando a qualidade de vida
e a expectativa de vida da paciente.
MATERIAL
COMPLEMENTAR
DO CASO CLÍNICO
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Material complementar do caso clínico Clínica Médica
CRISE HIPERTENSIVA
SIM NÃO
Orientar a benignidade
Opções:
do quadro
- Solução padrão de nitroglicerina EV
Captopril 25mg VO Repouso
em BI;
no momento Considerar analgésicos e
- Hidralazina 10-20mg EV de 6/6h ou
(pode repetir após 1h tranquilizantes se necessário
10-40mg IM de 6/6h;
- Metoprolol 5mg EV no momento se necessário)
podendo repetir a cada 10m até má- Opções:
ximo de 20mg; - Nifedipino 10-20mg VO
- Esmolol: ataque de 500μg/Kg; man- - Clonidina 100-200mcg VO
ter em BI a 25-50μg/Kg/min podendo
aumentar 25μg a cada 10-20min até
um máximo de 300μg/Kg/min.
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Material complementar do caso clínico
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Material complementar do caso clínico Clínica Médica
Beta-bloqueadores
Labetalol 100-200 0,5-4h 8-14h
Bisoprolol 2,5-5mg 2-4h 9-12h Cefaleia, náuseas, hipoten-
são, bradicardia e diarreia
Carvedilol 12,5-200mg 1-2h 16-20h
Inibidor da enzima conversora de angiotensina
Captopril 25-50mg 0,5-1h 3-6h Hipotensão, angioedema, hi-
Enalapril 10-20mg 2-4h 12-16h percalemia, tosse
Diuréticos de alça
Furosemida 20-40mg 0,5-1h 2-4h
Poliúria e hiperuricemia
Torasemida 5-10mg 0,5-1h 6h
DADOS EPIDEMIOLÓGICOS
Quando não controlada ao longo de um período de anos , a hipertensão pode causar da-
nos aos órgãos vitais, como os sistemas cardiovascular, neurológico e renal.
O nível de pressão arterial maior que 180/120 mm Hg para definir “hiperten-
são grave” é arbitrário, mas pode ser útil para alertar o médico para avaliar as cau-
sas, a presença de danos ao órgão-alvo e possíveis terapias.
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Material complementar do caso clínico
da PA
Nível
Normal 120-129 80-84
Normal alta 130-139 85-89
Grau 1 140-159 90-99
Hipertensão
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Material complementar do caso clínico Clínica Médica
ECG Eletrólitos
Raio-x de tórax Nitrogênio da ureia no sangue (BUN)
Níveis de pró-peptídeo natriurético cerebral Creatinina
Exames para descartar sinais de insuficiên-
Hemograma completo
cia cardíaca e / ou edema agudo de pulmão
Urinálise (hematúria e proteinúria) Cultura
Enzimas cardíacas em caso de suspei-
Urina
ta de síndrome coronariana aguda,
Tomografia computadorizada de crânio
Níveis de renina e aldosterona
(TC) em caso de déficit neurológico,
Angiografia torácica por TC
Ecocardiografia rápida e / ou Doppler se houver suspeita de dissecando aneurisma da aorta.
Em HE, os órgãos mais afetados são geralmente o cérebro (acidente vascu-
lar cerebral), edema pulmonar agudo e encefalopatia hipertensiva.
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