Caderno Teoria Geral Do Direito - 1 Bi
Caderno Teoria Geral Do Direito - 1 Bi
Caderno Teoria Geral Do Direito - 1 Bi
CARIACICA – ES
2024
CONCEITO DE DIREITO
a. Formação do Direito
i. 1ª corrente acerca da formação do Direito: afirma que o
homem primitivo, devido aos riscos de se viver sozinho, abriu
mão de parte de sua liberdade, por necessidade e medo, para
viver em segurança em uma comunidade com regras. Aí surge o
Direito e as normas.
ii. 2ª corrente acerca da formação do Direito: afirma que, na
realidade, o homem é um ser sociável. Assim como o lobo,
naturalmente, se une a matilha, o homem se une, também, a
outros humanos. A sociabilidade, aqui, é muito mais inerente a
uma característica da raça humana do que uma escolha feita por
medo ou necessidade.
iii. Criação das regras: Independente de qual corrente se adote, o
homem começou a perceber que a ameaça a ele poderia vir não
somente de um elemento externo ao seu grupo, mas de dentro
também e, dessa percepção, cria-se a necessidade de se ter um
sistema de regras para regular as relações internas daquele
grupo.
● Num primeiro momento, essas regras se basearam em
preceitos sagrados. Em locais onde a noção de preceitos
sagrados não era tão forte, as regras eram justificadas
baseadas nos costumes, por exemplo.
● Concluindo-se que, independentemente de como a
sociedade surge, ela será regulada pelo Direito mais cedo
ou mais tarde, pode-se afirmar que o Direito é um
fenômeno invariável da vida social.
● Necessidade de uma sociedade organizada: para
que se tenha o Direito aplicado de forma correta, é
necessário que haja um ordenamento, não só jurídico,
mas de toda a sociedade, para que se tenha estabilidade
nas relações e para que se possa atingir o objetivo de se
ter criado aquele agrupamento, que é gozar da própria
liberdade, com segurança.
b. Conceito de Justiça
i. Trata-se de uma palavra que possui diversos sentidos. Para a
análise do estudo da matéria, é necessário colocar, primeiramente,
que justiça deve ser vista do ponto de vista humano, porque sua
realização supõe conhecimento, liberdade da decisão e
reconhecimento de direitos nas condutas humanas.
● Pode-se dizer que o conceito de justiça está vinculado a
uma noção de limites estabelecidos para as ações
humanas.
● Situações de Injustiças: uma das formas de se conseguir
definir a justiça é, por exemplo, definindo e apontando
situações de injustiças, de modo que se enxerga a justiça
como o ato de reparação ou evitação de um ato injusto.
ii. Sentido lato de Justiça: trata-se de um valor universal. Busca-
se a adequação da conduta a uma ordem natural ou divina que é
anterior ao próprio homem.
● Essa visão demonstra um conceito mais voltado ao
jusnaturalismo, por trazer a existência de algo que é prévio
ao homem.
iii. Sentido estrito de Justiça: é visto como um valor jurídico-
político. Parte-se do pressuposto de que a justiça é uma
construção social, um resultado da cultura humana.
● Diferentemente do sentido amplo, aqui a definição está
mais alinhada ao positivismo jurídico.
c. Definição de Direito
i. Justiça X Direito: enquanto a Justiça é vista muito mais como
um valor abstrato, de cunho cultural, o Direito é visto de forma
muito mais concreta e instrumentalizada, pois refere-se a efetiva
produção normativa que uma sociedade faz.
ii. Miguel Reale: Direito é fato, valor e norma. Os fatos sociais são
regulados por meio de normas jurídicas que, por sua vez,
consagram valores importantes para uma determinada
sociedade.
● Portanto, só há direito quando essas três dimensões estão
presentes em determinada hipótese.
iii. Direito não estatal: trata-se de manifestações que se
aproximam de uma manifestação jurídica dentro de uma
sociedade e que não guardam relação com a produção jurídica
majoritária ou a produção jurídica do estado soberano.
e. Acepções do Direito
i. Direito enquanto Ciência: Diz-se do Direito enquanto disciplina
e elemento de estudo, dotado de racionalidade e aprofundado no
âmbito acadêmico – insere-se aqui o próprio curso de Direito.
○ Exemplo:
a. Direito Objetivo
i. Conceito: Representa o conjunto de normas vigentes em
determinado espaço e tempo e que possui o objetivo de regular
as relações humanas mediante comandos impostos a todos pelo
Estado.
● Direito Objetivo é sinônimo de norma79, pois se trata de
ordem jurídica posta que abarca tanto as regras como os
princípios de Direito.
● Trata-se de uma entidade objetiva frente aos sujeitos de
direito, ou ainda, uma dimensão do direito enquanto dado
cultural objetivo e que é representado pelo conjunto de
normas em vigor.
ii. Norma Agendi (norma de agir): as normas que compõem o
direito objetivo não são meros enunciados ou instruções
desprovidas de valor. Quando o legislador edita essas
instruções, ele indica qual é a intenção normativa daquela
sociedade. Dessa forma, não há, ali, uma letra fria de
determinado enunciado, mas uma vontade do legislador de
pautar determinadas condutas. A duas formas de se estabelecer
uma norma:
● A norma que nasce como reação a uma nova conduta
da sociedade: por exemplo, a sociedade evolui e passa-
se a constatar uma maior virtualização nas relações
sociais. Isso permite que algumas pessoas passem a
ofender e a cometer crimes contra as outras na internet.
O direito, então, passa a regular essas novas relações80.
● Direito que regula determinada conduta e sociedade
que se modiffica a partir disso: foi o caso da
obrigatoriedade do cinto de segurança. Após a norma que
determinava a obrigatoriedade do cinto, muitas pessoas
tomaram consciência e passaram a utilizar esse dispositivo
que outrora era desprezado.
iii. Fontes materiais do direito objetivo: são relacionadas com
fatores sociais que criam o direito. São as razões de fato que
fazem as fontes formais existirem.
iv. Fontes formais de direito objetivo: são fontes que revelam
como o direito se manifesta com os destinatários. São eles: a lei,
os princípios gerais de direito, o costume e a jurisprudência.
● Essas fontes formais são a representação do
ordenamento jurídico.
b. Direito Subjetivo
i. Conceito: segundo doutrina majoritária, direito subjetivo seria
uma faculdade incorporada m esfera jurídica de alguém, em
decorrência de uma previsão jurídica existente no direito objetivo.
● Seria, portanto, a possibilidade do exercício de um direito,
previsto na norma, por alguém.
○ Por “exercício de um direito” entende-se uma
ação, omissão ou exigência de um
comportamento de outro sujeito.
ii. Direito objetivo x direito subjetivo:
● Visão positivista: entende pela necessidade de um
direito objetivo anterior ao direito subjetivo.
● Visão jusnaturalista: entende que há direitos subjetivos
que são anteriores ao direito objetivo, ou seja, a norma.
Afirma ainda que o direito subjetivo seria superior ao direito
objetivo.
iii. Pergunta-se: o direito objetivo contempla o direito
subjetivo?
FONTES FORMAIS
a. A Lei
i. Conceito de Lei:
f. Doutrina
i. Conceito de doutrina: trata-se do conjunto organizado de estudos e pesquisas
feitos por aqueles que se debruçam sobre determinado ramo de direito.
ii. Doutrina clássica: sempre colocou a doutrina dentro das fontes formais de direito,
mas, de forma precavida, pois boa parte dos estudiosos não mencionam a doutrina
como fonte imediata, mas mediata, haja vista que a produção da doutrina não gera
nenhuma obrigação de obediência por parte da coletividade.
iii. Doutrina contemporânea93: afirma que a doutrina não deve ser considerada uma
fonte do direito, porque ela sequer se desenvolve dentro de uma estrutura de poder,
elemento essencial para que a doutrina adentre no rol de fontes formais94.
iv. Visão sobre a doutrina: a doutrina é vista, na doutrina, como um costume, um
método de integração do direito ou como um método de interpretação do direito.
● Doutrina como costume: aqueles que consideram a doutrina como um
costume, concluem que ela então é, sim, uma fonte formal de direito.
● Doutrina como método de integração do direito: compreendem que ela,
junto com a jurisprudência, analogia, costumes e princípios, seriam um
componente de um rol exemplificativo de métodos de integração. Seria
então aplicada nos casos de lacuna e seria uma fonte formal.
● Doutrina como interpretação do direito: a doutrina não é uma fonte
formal do direito e ela, tão somente, auxilia na interpretação do direito posto
na lei.
g. Jurisprudência
Uma norma jurídica é norma jurídica quando ela é considerada válida; Para ser válida tem que
ter essas cinco características:
em resumo:
uma norma jurídica é válida (surgindo dever de obediência ao que ela prescreve) se ela
pertencer a um ordenamento jurídico, isto é, se ela for produzida por uma autoridade
competente e seguindo o procedimento adequado, ambos estabelecidos em norma jurídica
hierarquicamente superior.
UNIDADE DO ORDENAMENTO JURÍDICO
1) O Estado Moderno
1.1 – Poder soberano estatal: fonte originária de todas as normas jurídicas o que é
soberania?
é o uso da violência física legítima.
o soberano produz, interpreta e aplica o Direito
o Estado produz todas as leis/norma jurídicas.
Porém o Estado não dá conta de produzir todas as normas!
1.2 – Recurso do poder soberano a 2 estratégias: [Estado utiliza para não perder a
soberania, já que ele não consegue produzir todas as normas]
Fontes derivadas: recepção e delegação
Recepção é aproveitar normas jurídicas de outras ordenações (ex.: costumes). O Estado vai
recepcionar, acolher, trazer para dentro do ordenamento jurídico normas advindas de outros
ordenamentos que não são necessariamente jurídicos!
Delegação é atribuir parcelas de poder do Estado de criar NJ para outros órgãos jurídicos
inferiores (ex.: cidadãos contratos | vereadores, deputados, senadores).
O SER e o DEVER-SER não se misturam mas podem se articular, alias é necessário essa
articulação para se produzir o ordenamento jurídico.
4) Necessidade de se postular a existência da NHF
A norma hipotética fundamental (NHF) não é posta por atos de vontade muito menos
positivada, jurídica, mas sim pressupostas pela razão. Uma norma que não existe realmente,
ela se encontra na razão; não é uma norma jurídica, positiva, é uma pauta de conduta,
é um recurso ideológico para manter a consistência lógica da ideia de ordenamento jurídico. É
uma existência intelectual.
“Se quiseres manter a consistência lógica da ideia de OJ, então deves respeitar a NHF”.
Base tem mais NJ do que o ápice. Tem também mais concretude (normas mais
específicas).
Todas as normas jurídicas são oriundas de um único centro de poder político: oEstado.
A COERÊNCIA DO ORDENAMENTO JURÍDICO
CONCLUSÃO: pode existir duas fontes jurídicas produzindo duas normas jurídicas válidas,
MAS, incompatíveis/que se chocam/que se contradizem. Isso pode ocorrer porque o conteúdo
não importa aqui, o que importa é forma que foi produzida. Assim dois órgãos podem criar
normas contraditórias.
Ex.: uma norma diz obrigatório fumar e outra diz que é proibido. As duas são válidas, foram
criadas por órgãos válidos. problema de ação, as pessoas não sabem o que fazer.
igualdade/justiça formal: igualdade perante a lei. A lei/o direito não pode discriminar. Tratar
a todos que estão no mesmo casos com a mesma regra.
Assim deve-se mudar o conceito de sistema. Bobbio procura na história do pensamento esse
novo conceito.
2.1 – Sistema dedutivo (século XVIII): dedução é uma forma de raciocinar, partir de
premissas e chegar a uma conclusão. Se parte do geral para chegar no particular essa ideia
de sistema dedutivo é uma ideia do jusnaturalismo, e ele é estático, entãoa vinculatividade da
norma é extraída do conteúdo de outra norma. Ele é o mesmo conceito da noção aproximativa
de sistema (totalidade ordenada cujas partes possuem relação de coerência entre si).
Ex.: a turma do Primeiro Período da Pio XII é simpática, assim todos os seus alunos são
simpáticos.
esse conceito não ajuda, porque o sistema estático desmorona com a incompatibilidade, tem
que construir outro sistema quando a incompatibilidade ocorre, por isso não é um conceito
interessante.
2.2 – Sistema indutivo (século XIX): ideia do romantismo alemão. Ele parte do particular
para o geral, de situações concretas para as abstratas. Conceito moral político. Partiam da
ideia de nação: que é mais que um conjunto de pessoas, são pessoas que querem viver juntas
e sob as mesmas leis, costumes (traz a igualdade).
esse sistema também não admite incompatibilidade, pois quando há antinomia não há
igualdade, e igualdade é a base desse sistema. Ele não nós ajuda.
2.3 – Sistema incipiente (século XX) – não tem nome ainda, então se chama de
TERCEIRA VIA: é um alternativa dos dois sistemas. Apenas ele ajuda a superar os obstáculos.
Sistema: é uma totalidade ordenada cujas partes possuem relações de dever de coerência
entre si.
Nesse conceito de sistema, esta incluído o princípio do dever de coerência. Ele não é coerente,
ele busca ela. E ao busca-la ele tenta solucionar as incompatibilidades normativas.
Ocorrendo uma incompatibilidade cabe o jurista identifica-las e depois soluciona-las. Não basta
apenas identifica-las.
Eles são harmônicas entre si porqueforam Ex1:Aqui as duas normas são coerentes porque não
deduzidas uma da outra a partir de uma trazem problema para a ação.Você sabe o que
mesma fonte – com conteúdo muito rígido. fazer em ambas ascircunstancias. Assim não existe
problema. Isso é possível porque o conceito de
coerência é diferente de dedutibilidade, ele é fraco.
Ex2 causa problema para a ação. Então
aqui já foi encontrada o problema, agora ele precisa
ser solucionado.
sendo que, o primeiro requisito é o mais importante. Pois se tiver o primeiro vocêtem os
outros dois.
De forma rigorosa, antinomia jurídica é um fenômeno jurídico que envolve duas normas
jurídicas incompatíveis, incoerentes entre si. É um problema lógico envolvendo contradição e
contrariedade, você é x e ao mesmo tempo não-x.
2 – Obriga e Permite não fazer a mesma conduta. (Ph e P) 3 – Proíbe e Permite fazer a
mesma conduta. (O e P)
Mas antinomia jurídica é mais que incompatibilidade normativa. São duas normas jurídicas que
pertencem ao mesmo ordenamento jurídico. E que possuem o mesmo âmbito de validade
jurídica.
Temporal: intervalo de tempo que a norma vige, que ela obriga. Elas normalmente vigem de
forma indeterminada até serem revogadas. Porem algumas normas tem prazo de validade.
Espacial: é a circunscrição territorial em que a norma vige.
Material: diz respeito a conduta/ação/matéria/comportamento regulada pela norma.
Pessoal: diz respeito aos destinatários, a quem a norma é endereçada.
quanto maior a incompatibilidade mais âmbitos de validade elas possuem. Não precisam ter
os quatro pode ter 1,2,3 ou 4, sendo o último o caso o mais radical.
a) antinomia total-total: duas normas que tem igual âmbito de validade. Possuem osquatro
âmbitos.
Ex.:
Norma 1: Proibido escutar música alta no interior de apartamentos, entre 22h e 6h. Norma 2:
Permitido escutar música alta no interior de apartamentos, entre 22h e 6h.
Ex.:
Norma 1: proibido jogar bola nas salas de aula da Pio XII. Norma 2: permitido jogar bola
nas dependências da Pio XII.
OBS: dependências: sala, cozinha, banheiro, biblioteca, etc. O único problema é na sala de
aula. A primeira norma é totalmente incompatível com a segunda, e asegunda é
parcialmente incompatível com a primeira, é possível que parte dela tenha harmonia.
b.2 – hierárquico x especialidade norma 1: norma superior e geral. norma 2: norma inferior
e especifica.
• prevalece o critério que possui mais valor. A especialidade tem valor de justiça, o
hierárquico é respeito a ordem. Não existe um consenso, pois os dois valores são muito
importantes. Cabe ao caso concreto, decide-se em cada caso.
COMPLETUDE DO ORDENAMENTO JURÍDICO
Art. 126 Mas, tem pessoas que fala que lacuna é um lei existente mas insuficiente para
reger/solucionar/enquadrar o caso concreto. Tem lei mas ela não consegue solucionar.
Ex.:
Art. 5 inciso XII, CF/88 é proibido violar dados telefônicos, telegráficos e bancários.Caso
O caso em questão é lacunoso, isso porque para o ordenamento lacuna jurídica (art.4 e 126)
é lei obscura ou omissa. Eu entendo lei lacunosa como obscura ou omissa (ESCOLHER UMA!)
1 – é lacuna porque não existe lei especifica para resolver o caso, mas só para os 3 exemplos.
Em ultima instancia você volta para o Estado de natureza (lei do mais forte), se é a auto tutela
que esta sendo estimulada, por isso é um grande problema.
Porém tem varias questões que não existe norma. Então pretender a completude é utopia, uma
ficção. O tempo social é mais rápido que o jurídico, mas o Estado pretende ter essa premissa,
mas não consegue, é uma eterna busca a incompletude.
2.1 Analogia.
“Aquela operação realizada pelos intérpretes do Direito mediante a qual se atribui a um caso
ou a uma matéria, que não encontra uma regulamentação expressa no OJ, amesma disciplina
prevista pelo legislador para um caso ou para uma matéria semelhante”.
Essa semelhança é relevante no Direito se eles tiverem a mesma ratio legis (a mesma razão
de ser da lei a mesma finalidade a ser alcançada pela lei). Temos que argumentar para
mostrar a mesma ratio legis.
Ex.: O prefeito proibiu a exposição de revistas pornográficas nas bancas de revista. Thamiris
quer proibir que uma nova loja de musica que abriu do lado de sua casa toque música com
teor pornográfico.
Obs.: o dois tem conteúdo erótico, isso não é problema. A pornografia é aceita. Oproblema
é a exposição, e o que ela causa, isso é o constrangimento público.
Você utiliza o Art. 126 Mas, tem pessoas que fala que lacuna é um lei existente mas
insuficiente para reger/solucionar/enquadrar o caso concreto. Tem lei mas ela não consegue
solucionar.
Premissa Maior (regra jurídica do caso regulamentado): Art. 5 inciso XII, CF/88 é proibido
violar dados telefônicos, telegráficos e bancários.
2.2 Costumes.
- Definição.
- Espécies de costumes:
a) Costume negativo ou contra legem.
b) Costume secundum legem.
c) Costume praeter legem.
2.3 Princípios gerais de direito (PGD
2.3.1 Equidade.
Definição.