Texto Base 1
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FEIRA DE SANTANA
Resumo: Este artigo tem a intenção de responder à seguinte indagação: O que indicam as
determinações legais do município de Feira de Santana sobre o processo de inclusão
educacional das pessoas com Necessidades Especiais? Para tanto, tomou-se como fonte
documentais a Lei Orgânica do Município e treze leis complementares, promulgadas a no
período de 2000 a 2007. Constata-se que a Lei Orgânica incorporou dispositivos da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional, sinaliza para a educação inclusiva e indica a formas
de viabilizá-la. Já as demais leis consultadas, convergem para a acessibilidade das pessoas
com deficiência aos espaços públicos, não dando a atenção devida às questões da educação.
Palavras chave: legislação; inclusão; alunos com necessidades educativas especiais
INTRODUÇÃO
Este artigo foi organizado a partir da pesquisa denominada, “Educação Especial nas Escolas
da Rede Municipal de Feira de Santana: identificação e caracterização do atendimento”,
desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Especial/GEPPE, da
Universidade Estadual de Feira de Santana, no período de março de 2006 a dezembro de 2007
em 25 escolas de 1ª a 4ª série da zona urbana que atendiam alunos com Necessidades
Especiais/NE.
Nesse sentido, utilizou-se como fonte de análise os seguintes documentos: a Lei Orgânicas do
Município e treze leis complementares, promulgadas entre os anos de 2000a 2007, 1, que
como expressão dos direitos políticos e sociais, nelas pode-se encontrar referencias para
compreender como o poder público pensa a inclusão.
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Ao refletir sobre a essência das leis que sustentam as propostas de inclusão no Município de
Feira de Santana, espera-se estar contribuindo com os que atuam na área da educação no
sentido de se ter uma compreensão objetiva e, ao mesmo tempo, crítica dos dispositivos
oficiais que regem o destino das pessoas com NE em nossa região.
Nesse sentido, não se pode deixar de mencionar a Conferência Mundial de Jomtien ( 1990)
que difundiu a idéia de que a educação deveria garantir as necessidades básicas de
aprendizagem (NEBA) para as crianças, jovens e adultos e reforçou a centralidade da
educação básica como prioridade mundial.
em sua condição de seres humanos, têm direito de beneficiar-se, de um educação que satisfaça
suas necessidades básicas de aprendizagem, na acepção mais nobre e mais plena do termo.”
No bojo da educação para todos fica evidente o consenso de que as pessoas com necessidades
especiais devem participar da escola regular, tal como as demais crianças, conforme o
entendimento de uma escola inclusiva que segundo Carvalho ( 2008 p.98, 8)
diz respeito a uma escola de qualidade para todos, uma escola que
não segregue, não rotule e não “expulse” alunos com “problemas”,
uma escola que enfrente, sem adiamentos, a grave questão do
fracasso escolar e que atenda a diversidade de características de seu
alunado.
Na esteira das políticas nacionais voltadas para a garantia de uma escola para todos, a
educação inclusiva passou a ser motivo de preocupações e discusões no âmbito do Município
de Feirade Santana. Tais discussões foram assumidas pela Secretaria de educação/ SEDUC
que, na sua estrutura, congrega o departamento de ensino no qual está inserida a divisão de
Educação Especial que tem como algumas das suas atribuições as de:
Para atender esse contigente de alunos conta com 214 escolas, sendo 104 na sede do
município e 110 nos distritos e com um quadro de 2561 professores (SOTO; SOARES 2008)
Merece destacar a parceria que tem estabelecido com as esferas federal e estadual no sentido
de alavancar vários programas e ações, como é o caso do Programa Direito à Diversidade ,do
governo federal, que visa:
Diante da relevância estratégica que o município vem assumindo nesse contexto, nossa
perspectiva de análise nos conduziu à legislação em vigor, procurando compreender
direcionamentos, orientações constitutivas voltados para o processo de inclusão educativa das
pessoas com NE na cidade de Feira de Santana.
Para se ter uma dimensão das leis, citaremos, por exemplo, a natureza das disposições que
abrangem: No caso da lei Orgânica do Município, a emenda nº 29/2009, o capitulo II da
Educação, art 135, determina que:
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Com tais posições, há uma retomada da dimensão “preferencial” da inclusão escolar, prevista
nos documentos legais brasileiros, como a LDBEN. Há situações então em que alguns alunos
podem ser escolarizados em espaços diferentes do ensino comum.
Estes aspectos não estão explicitados na lei orgânica devidamente. e nem tão pouco nas leis
complementares Estas, por sua vez, não apresentam articulação com a anterior de forma que
cinco leis se voltam para os deficientes visuais e uma para a população infantil. As crianças
que apresentam deficiência física e mental são também matérias de uma lei. As pessoas com
deficiência física foram contempladas em duas leis, uma das quais dá destaque para os que
têm dificuldade de locomoção, como é caso dos idosos e gestantes, e três leis contemplam as
pessoas surdas.
As leis apontam para modificações dos vários espaços públicos como: rede bancária, parques,
terminais de transportes coletivos urbanos, rodoviárias e unidades do sistema único de saúde.,
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Daí, inferir-se que é conferido a tais espaços o papel de potencializar as condições para uma
vida independente do cidadão e a reversão dos problemas por eles enfrentados mediante a
acessibilidade.
Como educadora, a nossa atenção recai, sobretudo, sobre a vivência daqueles que ocupam o espaço
escolar. Partindo da experiência realizada em pesquisa correlata ao tema proposto, constatamos o
distanciamento entre as determinações legais e a realidade das nossas escolas.
Nas demais escolas, não há sequer rebaixamento de meio-fio para facilitar o acesso dos
usuários de cadeiras de rodas às salas de aulas. Quanto aos banheiros, apenas dois têm
adaptações. Os pisos são mal conservados, há ausência de sinalização diante de: “orelhões,”
caixas de correio e coletoras de lixo, dificultando a mobilidade e a autonomia dos alunos com
NEE. Além disso, constituem-se impedimentos: tapetes soltos, carteiras nas áreas de
circulação, portas entreabertas, entrada única para pedestres e carros, dentre outros.
A sinalização, para deficientes visuais nas escolas, é inexistente embora, a lei nº 2.165 (FEIRA DE
SANTANA 2000) determine a obrigatoriedade de sinalização em braile nos locais públicos. Diante
dessas constatações, torna-se por demais estranho, que na escola, como espaço público e como
instituição educativa que deve estar engajada no processo de inclusão a lei não seja efetivada.
Consideramos pertinente destacar ainda, que a lei 2.608, que cria o cargo de interpretes em Língua
Brasileira de Sinais/LIBRAS, esclarece que: “o cargo se destina a realizar as interpretações da
língua falada para a língua sinalizada através de Linguagem Brasileira de Sinais /LIBRAS. E vice
versa, em apoio à atividade de ensino onde se mostre necessário” ( FEIRA DE SANTANA,2005,
p.6) No entanto, nas escolas de 1ª a 4ª série,lócus não foi encontrado esse profissional, conforme
pesquisa realizada pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Educação Especial (UEFS,2008)
Explicitamente direcionada à educação, merece destacar a Lei 2.493, que cria o programa de
atendimento ao portador de deficiência e preparação para inclusão no ensino regular/ PAPDPIER.
A intencionalidade do referido programa é expressa nos artigos 2º e 3º “O PAPDPIER dará
assistência médica psicológica aos portadores de deficiência carentes. Manterá cursos de
preparação das pessoas portadoras de deficiência em idade escolar para Inclusão e apoio no ensino
regular” ( FEIRA DE SANTANA , 2004 p.20)
O artigo 4º por sua vez, esclarece que a responsabilidade de tal serviço é da secretaria de
desenvolvimento social. Do exposto surgem alguns questionamentos: Por que dentre um número
significativo de leis só uma se direciona à educação? Em que consiste os “cursos de preparação
das pessoas portadoras de deficiência”? Por que estes cursos estão vinculados a Secretária de
Desenvolvimento Social? Os cursos ofertados têm articulação com a escola?
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De forma geral, ao estabelecer um paralelo com a realidade podemos afirmar que esta lei ainda
não foi efetivada no âmbito das escolas. Portanto, propor ações conjuntas de órgãos
governamentais para efetivar o apoio aos alunos com deficiência vai alem da formalização legal é
preciso criar uma rede de interlocuções e decisões para que se tornem efetivadas na prática.
Torna-se evidente que as leis analisadas decorrem de proposições e iniciativas isoladas. O que
se torna imprescindível é a necessidade de um projeto global e articulado entre as várias
instâncias de governo e dos segmentos da sociedade organizada, no sentido de dar conta da
complexidade do processo da inclusão social das pessoas com deficiência o que não se
efetivará sem a participação da escola que tem um papel singular nesse processo.
Assim, é preciso, que a escola, os professores e a família tenham uma rede de apoio. Será
muito difícil, por exemplo, para o professor, atuar em salas de aula superlotadas, sem o apoio
de uma equipe interdisciplinar ou da equipe técnico-pedagógica da escola, sem receber do
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poder publico subsídios concretos, sem uma qualificação em serviços de qualidade, sem
dispor dos apoios e complementos para o aluno com necessidades especiais.
Entretanto, as formas como as políticas públicas têm encaminhado na prática essas questões
evidenciam a secundarização de aspectos imprescindíveis não só aos alunos com necessidades
educacionais especiais, mas a todos os alunos, sobretudo àqueles ligados ao sistema público
de ensino.
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Leis Complementares do Município de Feira de Santana, consultadas.
1. A lei nº 2.165 , de 15 de junho 2000, dispõe sobre a sinalização para deficiente visuais
nas estações e terminais de transportes coletivos rodoviária;
BAHIA/ UEFS/DEDU. Educação Especial nas Escolas da Rede Municipal de Feira de Santana:
Disponível em
http://www.fec.unicamp.br/~doris/pt/artigos/con_html/pdf/Encac2005_desenho_universal.pdf
Porto Alegre:Mediação,2008.
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FEIRA DE SANTANA Emenda 29/2006 Altera a Lei Orgânica do Município .de Feira de
maio 2006.
SOTO, Ana Paula de Oliveira e SOARES, Márcia Torres Néri. Desafios para consolidação