Monografia - Gabriella Oliveira
Monografia - Gabriella Oliveira
Monografia - Gabriella Oliveira
ANÁPOLIS - 2018
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BANCA EXAMINADORA
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RESUMO
Essa monografia tem como objetivo analisar os direitos que amparam o nascituro
em face da interrupção da gravidez para fins terapêuticos e do aborto. Justifica-se
explanar como o ordenamento jurídico brasileiro se posiciona em relação a alguém
que ainda não é nascido mas possui expectativa de vida. Ademais, busca elucidar o
tratamento e a tipificação do crime de aborto e a interrupção da gravidez. Diante do
tema proposto, tem-se a seguinte problematização: O que é o nascituro e quais seus
direitos em relação a interrupção da gravidez para fins terapêuticos e do aborto. A
metodologia aplicada é de compilação bibliográfica, análise de dispositivos legais e
julgados que abordam o assunto. A pesquisa é dividida em três capítulos. O primeiro
busca conceituar o termo nascituro, apresentar sua evolução histórica e caracterizá-
lo como sujeito de direitos. O segundo explana a tutela jurídica do nascituro no
âmbito constitucional, civil e penal brasileiro. O terceiro diferencia os termos
interrupção da gravidez para fins terapêuticos e o aborto, bem como os aspectos
normatizados em relação a cada instituto, trazendo julgados que demonstram a
forma com que os legisladores brasileiros encaram o direito à vida do nascituro.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 01
CONCLUSÃO. .......................................................................................................... 33
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I - O NASCITURO
As mais remotas civilizações por uma ordem legal divina, até a moderna
filosofia do direito natural legaram à humanidade alguns temas que vieram a
influenciar diretamente o pensamento jusnaturalista e a sua concepção de que o ser
humano, pelo simples fato de existir, é titular de alguns direitos naturais inalienáveis.
“Na filosofia clássica, especialmente na greco-romana, e no pensamento cristão,
encontram-se as origens dos valores da dignidade da pessoa humana, da liberdade
e da igualdade dos homens”(SARLET, 2002, p. 44).
pessoa todo ser humano, sem qualquer distinção entre sua vida intra e extra-uterina,
podendo-se concluir que a palavra pessoa se aplica também ao nascituro.Nesse
contexto, não há qualquer dúvida de que: o feto concebido é sujeito de direitos e não
se pode negar ao nascituro essa condição. O ordenamento jurídico assegura a sua
titularidade adquirida antes do nascimento, pois desde a concepção há pessoa com
personalidade e capacidade de contrair direitos. Verifica-se, portanto, que os
diplomas legais, tanto do direito interno, quanto internacional, estabelecem que
desde a concepção há vida.
1.2 Conceito
Nascer com vida significa respirar, ou seja, o tempo de vida não seria
relevante a tutela dos seus direitos, com isso constitui-se legítimo sucessor de
direitos hereditários, direitos então pessoalíssimos.
Todos que nascem com vida adquirem a sua personalidade civil, ou seja,
ele torna-se sujeito de direito e também de obrigações, desta forma, estará sujeito
às normas estabelecidas em lei. Podendo pleitear seus direitos, ou cumprir sanções
por desrespeitar às normas jurídicas. Para Maria Helena Diniz: “Os direitos a
personalidade são absolutos, intransmissíveis, indisponíveis, irrenunciáveis,
ilimitados, imprescritíveis, impenhoráveis e inexpropriáveis.” (DINIZ, 2008, p. 119.)
Paulo Nader (2011), no entanto, afirma que seria ousadia da parte dos
doutrinadores seguidores deste entendimento colocar direitos da personalidade em
condição suspensiva, pois este não podem ser objetos de termo, encargo ou
condição. Dentro desse contexto, esta teoria não foi capaz de dizer com veemência
que o nascituro tinha ou não direitos.
2.1 Constitucional
Para Eroulths Cortiano Júnior (2015, p. 42), o termo pessoa não é tão-
somente um dado ontológico, mas traz consigo uma série de valores que lhe são
imanentes, como a sua dignidade, centro de sua personalidade. Grande parte dos
doutrinadores consideram o binômio personalidade-dignidade indissolúvel.E o
Direito não está apenas centrado funcionalmente em torno do conceito de pessoa,
protegendo, também, seu sentido e sua finalidade.
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por estar intimamente ligados e ser, este último, pressuposto para a concretização
do outro.
2.2 Civil
nascimento o filho pode ser reconhecido, mesmo que havido fora do casamento. Por
fim, a Lei 11.804/2008, institui o direito a alimentos gravídicos, na hipótese de a
mãe, embora não tenha certeza quanto a paternidade, permite que esta proponha
ação solicitando o direito contra o suposto pai.
2.3 Penal
entendeu como valiosos e que, portanto, mereçam essa proteção pelas vias do
Direito penal (ROSA, 2016).
da mãe, que, segundo o citado autor, o médico estaria amparado pelo disposto nos
artigos 128, inciso I, 24 e 146, § 3º, todos do Código Penal Brasileiro.
O artigo 213 do Código Penal, com a nova redação que lhe foi dada pela
Lei n. 12.015de 2009, traz uma definição para o crime de estupro:“constranger
alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”, assim para que seja
descriminalizado o aborto resultante de estupro, mister se faz que o ato que resultou
a gravidez preencha todos os requisitos caracterizadores do tipo penal.
Porém, o médico responsável pelo aborto não pode ser punido se, em
momento posterior, restar comprovado que aquela gravidez não se resultou de
estupro e, portanto, não se tratava de uma hipótese legal de aborto. Conforme
dispõe o artigo 20, § 1º do Código Penal, o médico não pode ser responsabilizado
criminalmente pois o erro pode ser plenamente justificado pelas circunstâncias, já
que o mesmo foi enganado pela gestante.
CONCLUSÃO
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