2023-2 - Novas Perspectivas Da Lei 11340
2023-2 - Novas Perspectivas Da Lei 11340
2023-2 - Novas Perspectivas Da Lei 11340
Foi ainda ressaltada a importância das medidas protetivas de urgência, com ênfase
na Lei nº 14.550, de 20 de abril de 2023, que inseriu três parágrafos ao art. 19 da Lei nº
11.340/2006, bem como o art. 40-A. Não houve alteração propriamente dita à Lei, mas sim
uma interpretação autêntica, posto que veio esclarecer dúvidas quanto à sua aplicação, sem
modificar suas diretrizes. Isso porque, era possível observar um certo desvirtuamento quanto
ao viés de proteção disposto no art. 4º, da Lei Maria da Penha, levando, muitas vezes, à
negativa dessas medidas justamente por ficarem sujeitas a uma análise subjetiva, influenciada
por estereótipos e questões factuais.
A Lei nº 14.550/2023 vem trazer melhor entendimento sobre a violência de
gênero e os requisitos para decidir pela medida protetiva de urgência quanto às questões
probatórias, à sua natureza jurídica e seu tempo de vigência. Assim, para sua concessão
importa um juízo de cognição sumária a partir do depoimento da ofendida; sua natureza é
autônoma, não dependendo de tipificação penal, de elaboração de boletim de ocorrência, ou
existência de inquéritos policiais e processos; e sua vigência dependerá da persistência de
risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus
dependentes.
Ao dispor que a Lei Maria de Penha se aplica a todas as situações previstas em
seu art. 5º, não dependendo da causa ou motivação dos atos de violência ou da condição do
ofensor ou da ofendida, presume-se que a violência se baseia em gênero e, em sendo
considerados os fatores sociais e culturais que permeiam a questão, conclui-se que essa é uma
violência invisível, normalizada, que deve ser prevenida e combatida.