2023-2 - Novas Perspectivas Da Lei 11340

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NOVAS PERPECTIVAS DA LEI Nº 11.

340/2006 – LEI MARIA DA PENHA

ALTAIR MOTA MACHADO


Professor Adjunto da Faculdade de Direito do Sul de Minas- FDSM. Mestre em
Direito da Universidade Federal do Paraná - UFPR. Delegado-Geral de Polícia Civil
aposentado.

MARIA EUNICE DE OLIVEIRA COSTA


Professora Adjunta da Faculdade de Direito do Sul de Minas - FDSM. Doutoranda
em Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo - PUC/SP.
Mestra em Direito da Universidade Federal do Paraná - UFPR. Especialista em
Direito Constitucional e Direito Processual Civil da Faculdade de Direito do Sul de
Minas - FDSM. Advogada.

Em data de 10 de junho de 2023, no CCVI Simpósio, ministrado pelo Prof. Altair


Mota Machado e pela Prof.ª Maria Eunice de Oliveira Costa, de forma presencial e
transmitida, ao vivo, via Webinarjam, discorreu-se sobre a Lei nº. 11.340/2006 – Lei Maria da
Penha, sendo feitas considerações a respeito das formas de violência, bem como acerca da Lei
nº. 14.550, de 20 de abril de 2023.
Foi discorrido acerca dos objetivos do Direito Penal, sempre voltado a proteger
objetos jurídicos relevantes, e que a normatização para se possa alcançar esses objetivos
sempre é feita de acordo com a necessidade social. Da mesma forma que se fez necessário
proteger o meio ambiente, as crianças e os adolescentes, os idosos, pessoas portadoras de
necessidades especiais etc.; fundamental proteger-se a mulher, não somente no meio familiar
e doméstico, como em todos os ambientes.
Historicamente, com a Lei Maria da Penha, o Brasil iniciou uma legislação de
resgate histórico e de cunho simbólico, ou seja, normatizou um procedimento especial para
proteger, criar mecanismos para coibir e prevenir a violência, atendendo norma constitucional
e legislação internacional.
Foi discutido sobre os sujeitos passivos e ativos do delito, sobre ação penal quanto
ao crime de lesão corporal, e por fim sobre as cinco modalidades de violência enfrentadas
pelas mulheres, sendo elas: a física, a psicológica, a moral, a sexual e a patrimonial.
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RATIO JURIS. REVISTA ELETRÔNICA DA GRADUAÇÃO DA FACULDADE DE DIREITO DO SUL DE MINAS


v. 6. n.2. jul.-dez. 2023

Foi ainda ressaltada a importância das medidas protetivas de urgência, com ênfase
na Lei nº 14.550, de 20 de abril de 2023, que inseriu três parágrafos ao art. 19 da Lei nº
11.340/2006, bem como o art. 40-A. Não houve alteração propriamente dita à Lei, mas sim
uma interpretação autêntica, posto que veio esclarecer dúvidas quanto à sua aplicação, sem
modificar suas diretrizes. Isso porque, era possível observar um certo desvirtuamento quanto
ao viés de proteção disposto no art. 4º, da Lei Maria da Penha, levando, muitas vezes, à
negativa dessas medidas justamente por ficarem sujeitas a uma análise subjetiva, influenciada
por estereótipos e questões factuais.
A Lei nº 14.550/2023 vem trazer melhor entendimento sobre a violência de
gênero e os requisitos para decidir pela medida protetiva de urgência quanto às questões
probatórias, à sua natureza jurídica e seu tempo de vigência. Assim, para sua concessão
importa um juízo de cognição sumária a partir do depoimento da ofendida; sua natureza é
autônoma, não dependendo de tipificação penal, de elaboração de boletim de ocorrência, ou
existência de inquéritos policiais e processos; e sua vigência dependerá da persistência de
risco à integridade física, psicológica, sexual, patrimonial ou moral da ofendida ou de seus
dependentes.
Ao dispor que a Lei Maria de Penha se aplica a todas as situações previstas em
seu art. 5º, não dependendo da causa ou motivação dos atos de violência ou da condição do
ofensor ou da ofendida, presume-se que a violência se baseia em gênero e, em sendo
considerados os fatores sociais e culturais que permeiam a questão, conclui-se que essa é uma
violência invisível, normalizada, que deve ser prevenida e combatida.

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