Livro U4
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UNIDADE 4
Sistemas de
telecomunicações
Noções de redes e
serviços integrados
2017
Editora e Distribuidora Educacional S.A.
Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza
CEP: 86041-100 — Londrina — PR
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Sumário
Convite ao estudo
Caro estudante!
Diálogo aberto
Caro estudante!
Na seção anterior, você estudou os satélites. Começamos
introduzindo os conceitos básicos sobre os satélites. Descobrimos
que existem satélites naturais, artificiais e aprendemos as
características físicas que os definem. Em seguida, aprendemos os
tipos mais comuns de satélites e suas diversas funções relacionadas
com as áreas de telecomunicações; geolocalização; astronomia e
astrofísica; ciências da terra; atmosfera e clima. Classificamos estes
equipamentos pelo tipo de órbita e descrevemos as particularidades
de cada uma delas. Além disso, nos aprofundamos em questões de
projeto de enlaces de comunicação via satélite e terminamos a seção
estudando as particularidades dos tipos de acesso existente.
Nesta nova seção vamos estudar a classificação da rede telefônica.
Vamos, inicialmente, conhecer como funcionam os entroncamentos
telefônicos e como se desenvolveram para atender a uma grande
escala de assinantes. Em seguida vamos entender também as
hierarquias telefônicas que permitem agrupar um grande número de
canais em apenas uma via. Fechamos a seção falando sobre como
dimensionar a demanda por chamadas para uma central telefônica.
Como diretor da empresa Falamais Telecom você começa
encarando o primeiro desafio. Atualmente, a Falamais Telecom possui
um banco de sistemas antigos que funcionam com a hierarquia
digital plesiosíncrona. A tecnologia digital de hierarquia plesiosíncrona
utiliza fontes de sincronismo independentes e de alta precisão. O
antigo diretor tem orgulho dos equipamentos e essa era uma maneira
de convencer os investidores a permanecer com o sistema por ser
“tradicional” e “garantido”. Você sabe que este sistema é bastante caro
para ser mantido e necessita de um investimento bem maior para
conseguir uma expansão do sistema. O conhecimento desta seção
vai lhe preparar para ter novos argumentos que o antigo diretor não
Figura 4.1 | Esquemas de comunicação: (a) Fluxo da informação, (b) Enlace entre
pontos
Reflita
Até agora apenas nos concentramos em cuidar dos problemas
relacionados a um enlace. E com relação a múltiplos enlaces? Reflita
sobre os possíveis problemas e soluções quando um sistema lida com
múltiplos enlaces.
Pesquise mais
A dificuldade para se realizar os cálculos com a fórmula de Erlang
levou a elaboração de tabelas em que é possível consultar facilmente
a probabilidade de bloqueio em relação à intensidade de tráfego e o
número de canais para escoar. Pesquise mais sobre essa tabela no Livro
“Sistemas Telefônicos” no Capítulo 3 (JESZENSKY, 2004). Esta tabela será
importante para acelerar a solução dos exercícios desta seção.
∑t i
.
A= i =1
T
A unidade da intensidade de tráfego é o Erlang (E) em homenagem
ao matemático dinamarquês Agner Krarup Erlang. Ele desenvolveu
uma fórmula para solucionar o problema da quantidade de linhas
telefônicas necessárias a serem instaladas para interligar as centrais
de duas cidades vizinhas. A fórmula é conhecida como Erlang B e
pode ser escrita como
AN
Pb = NN ! i
A
∑i =0 i !
Exemplificando
Vamos considerar que uma empresa possua 100 ramais. A seguinte
tabela revela informações importantes sobre o movimento de chamadas.
Origem Nº de chamadas Duração
Vendas 30 3 minutos
Suporte 5 15 minutos
Recebidas 10 3 minutos
Avançando na prática
Planejamento de PABX
Descrição da situação-problema
A Falamais Telecom foi contratada para planejar um sistema
de PABX para a empresa VendeMais. O perfil da hora de maior
movimento desta empresa é descrito de acordo com o quadro a
seguir medida pelo período de uma hora.
Resolução da situação-problema
Devemos começar resolvendo este problema calculando a
intensidade de tráfego de acordo com os dados oferecidos pela
tabela como
a) Simplex.
b) Monoplex.
c) Full Duplex.
d) Half Duplex.
e) Triplex.
Diálogo aberto
Caro estudante!
Na seção anterior, você estudou a classificação da rede telefônica.
Inicialmente, conhecemos como funcionam os entroncamentos
telefônicos e como se desenvolveram para a tecnologia digital para
atender a uma grande escala de assinantes. Depois, entendemos
também as hierarquias telefônicas que permitem agrupar um grande
número de canais em apenas uma via. Finalmente, fechamos a seção
falando sobre como dimensionar a demanda por chamadas para
uma central telefônica.
Nesta nova seção vamos descrever as principais características dos
sistemas de comunicação celular. Vamos apresentar os componentes
básicos que constituem uma rede de celulares e vamos entender
como funcionam as estações rádio base, as estações móveis e a
infraestrutura, que controla as chamadas de usuário para usuário.
Vamos apresentar também noções sobre o dimensionamento do
sistema celular. Vamos fechar a seção falando sobre as várias gerações
de sistemas de celular e suas características mais importantes.
Seu último desafio na empresa FalaMais Telecom foi superado
com muito sucesso. A FalaMais Telecom possui agora um banco
de sistemas renovados com tecnologia digital. O próximo passo
importante será a implementação de um importante projeto para a
expansão da rede de acesso móvel em uma nova região da cidade.
Você vai precisar dimensionar a nova rede celular sabendo que a
interferência média de cocanal é de 18 dB, o expoente de atenuação
daquela região é de 5 vezes, o número de interferentes efetivos é de
dois e que a área de cobertura é de 64 km². O projeto orçamentário da
FalaMais para a nova rede contempla a instalação de até 15 estações
rádio base e há uma disponibilidade de 100 canais.
Vamos lá?
Reflita
A tecnologia móvel facilita a vida das pessoas e participa de nosso
cotidiano de forma quase invisível (Utilizamos a internet móvel para
realizar pagamentos ou acessar informações diversas). Mas, e o aspecto
negativo? Tome um tempo para refletir sobre questões relacionadas
com a segurança e a privacidade. Qual é o impacto destes aspectos na
sociedade?
N = i 2 + j 2 + ij (4.1)
m (t) r0 (t)
r (t)
Exemplificando
O efeito do desvanecimento pode ser observado de maneira muito
simples. Por exemplo, ao viajar de carro é possível perceber variações
rápidas do sinal quando se sintoniza uma estação de FM, que se distancia
na medida em que o carro se desloca. Nesta escala, o desvanecimento
é provocado pelo sinal refletido por obstáculos presentes na região e
a combinação construtiva ou destrutiva das frentes de onda resulta no
efeito de vai e vem do volume de áudio recebido pelo rádio.
( )
n
C 3N
= . (4.7)
I NI
Portanto,
2
1 C
1/ n
N = N I . (4.8)
3 I
C
Esta é uma relação importante entre a qualidade do sinal eo
I
30 U4 - Noções de redes e serviços integrados
padrão de reuso N usado na busca pelo menor padrão de reúso
possível necessária à qualidade do sinal. Entretanto, N deve ser o
menor inteiro satisfazendo a equação (4.1) também (KULARATNA;
DIAS, 2004).
Houve várias gerações de sistemas de celular desde o surgimento
do primeiro equipamento móvel. A primeira geração de sistema de
celular era chamada de sistema de telefone móvel avançado (AMPS
– Advanced Mobile Phone System), que operava com sistemas
analógicos permitindo apenas a transmissão de voz. As características
avançadas implementadas para este sistema foi a possibilidade
de obter conectividade em áreas fora da localidade geográfica de
registro (roaming) e a transição entre células de forma imperceptível.
A segunda geração de sistemas de celular (2G) utilizou transmissão
de voz digital pela interface aérea devido aos avanços da codificação
de voz. Além disso, avanços na tecnologia de circuitos integrados em
larga escala e no hardware de processamento digital de sinais auxiliou
o complexo, e ainda compacto, sistemas eficientes em conservação
de energia ser construídos por um baixo custo. A motivação inicial
para o desenvolvimento da segunda geração de sistemas celulares
foi a melhoria da capacidade de manipular a demanda excessiva por
serviços móveis. A terceira geração de sistemas celulares (3G) focou
na melhora significativa dos serviços que necessitam de uma internet
rápida. Além do objetivo de aumentar a velocidade da comunicação,
o novo projeto de sistema focou principalmente o acesso a serviços
como ligação por vídeo, transmissão ao vivo, acesso à internet
móvel confiável e TV por internet. A promessa para esse sistema
seria a de alcançar uma velocidade mínima de 2 Mbit/s para usuários
estacionários ou que caminham e 348 kbit/s dentro de um veículo
em movimento. Em seguida, a quarta geração de sistema celular
(4G) focou no aumento da capacidade e na qualidade de serviço
prometendo acesso de banda larga sem fio e conteúdo de TV de alta
definição. O sistema passou a ser implantado totalmente sobre uma
arquitetura IP com uma capacidade de taxa de dados entre 100 Mbit/s
até 1 Gbit/s em ambientes internos e externos. Até este momento a
quinta geração de sistemas celulares (5G) está sendo desenvolvida
e contempla atender a uma demanda de usuários, capacidade,
segurança e qualidade muito superior quando comparado com as
gerações anteriores (RODRIGUEZ, 2015).
{ } =7
2
1 C 1
1/ n 2
N = N I = 2 (1018/10 )
1/ 5
.
3 I 3
Logo, são necessárias 7 células por cluster. A distância entre as
células de cocanal pode ser calculado utilizando a equação (4.2) do
livro texto como
D
= 3N ,
R
rearranjando temos
Avançando na prática
Descrição da situação-problema
Projetistas de sistemas celulares estão realizando medidas em
uma região urbana para adquirir alguns parâmetros para planejar
uma nova rede para aparelhos móveis. As medidas avaliaram
a dependência com frequência, irregularidades de superfície,
obstáculos da linha de visada, estruturas urbanas, vegetação e
características do terreno e um β = 38 dB. Além disso, encontrou-
se um expoente de propagação n = 5 . Considerando que o raio
da célula é de 1200 metros, você está incumbido de calcular a
atenuação na borda da célula. Para este caso a altura da estação
rádio base é de 10 metros. Considere que a altura média de uma
pessoa é 1,7 metros.
Resolução da situação-problema
Já sabemos que não é possível utilizar o modelo do espaço
livre para calcular a atenuação em sistemas móveis. Felizmente,
já aprendemos que o ambiente para um sistema celular é bem
diferente do ambiente do espaço livre e a perda por percurso
para um ambiente celular é bem mais complexo que qualquer
outro modelo de rádio. Vimos que podemos calcular a atenuação
utilizando a equação (4.6):
L = n log d m − 20 log hT hR + β
Sabemos também que pelas medidas feitas pelos projetistas
temos um β = 38 dB e que o expoente de atenuação é n = 5 .
Considerando que hT = 10 m seja a altura da estação rádio base,
Diálogo aberto
Caro estudante!
Na seção anterior, você estudou as principais características dos
sistemas de comunicação celular. Apresentamos os componentes
básicos que constituem uma rede de celulares e entendemos
como funcionam as estações rádio base, as estações móveis e a
infraestrutura que controla as chamadas de usuário para usuário.
Apresentamos também noções sobre o dimensionamento do
sistema celular. Fechamos a seção falando sobre as várias gerações
de sistemas de celular e suas características mais importantes.
Nesta nova seção vamos descrever as principais características dos
elementos da arquitetura de rede e arquitetura de protocolos. Vamos
apresentar os componentes básicos de uma rede de computadores
e como estas podem se constituir em redes privadas e públicas.
Além disso, vamos dar detalhes sobre os modelos os quais as redes
de computador são baseadas. Vamos começar explicando sobre o
modelo OSI e, em seguida, o modelo TCP/IP.
A empresa Falamais Telecom tem agora uma excelente rede de
telefonia celular com uma boa cobertura na cidade. Desta vez, outro
projeto sobre sua responsabilidade considera o desenvolvimento de
uma rede de comunicação de dados para uma rede bancária. Você
deve apresentar como as informações irão fluir no sistema passando
por processos físicos e virtuais. Deve decidir também qual a maneira
mais segura para o tráfego destas informações.
Vamos lá?
Cada um dos três séculos passados foi dominado por uma única
tecnologia. O século XVIII foi a era dos grandes sistemas mecânicos
que acompanharam a Revolução Industrial. O século XIX foi a era
das máquinas a vapor. Durante o século XX, a tecnologia-chave foi
a coleta de informação, processamento e distribuição. Entre outros
desenvolvimentos, observamos a instalação de redes mundiais de
telefones, a invenção do rádio e televisão, o nascimento e crescimento
espantoso da indústria de computadores e o lançamento das
comunicações via satélite (TANENBAUM, 2003).
Como resultado do progresso tecnológico rápido, estas áreas
estão rapidamente convergindo e as diferenças entre coletar,
transportar, armazenar e processar informações estão desaparecendo
rapidamente. Organizações com centenas de escritórios espalhados
sobre uma ampla área geográfica estão acostumadas a rotineiramente
serem capazes de monitorar as condições de até mesmo do posto de
trabalho mais distante por apenas um toque de botão (TANENBAUM,
2003).
Antes de começar a examinar detalhes mais técnicos é importante
entender o motivo pelo qual as pessoas são interessadas em redes
de computadores e o como estas podem ser utilizadas. A rede de
computadores tem sido utilizada principalmente em aplicações
de negócios. Muitas empresas têm um número substancial de
computadores. Por exemplo, uma empresa pode ter computadores
dedicados a monitorar a produção, manter o gerenciamento de
inventário e fazer a folha de pagamento. Inicialmente, cada uma
destas máquinas fazia seu trabalho em isolamento, mas por questões
específicas de gerenciamento, decidiu-se que, a partir de um dado
momento, seria melhor conectar estas estações para extrair e
correlacionar informações sobre toda a empresa (TANENBAUM,
2003).
Exemplificando
Fazer a contabilidade de uma empresa era um trabalho árduo que exigia
o esforço de vários funcionários trabalhando com ou sem calculadoras.
Dependendo da época poderiam ser mecânicas, valvuladas ou
Reflita
Reflita sobre outras questões em que a tecnologia pode trazer soluções
e também novos problemas. Seria a tecnologia uma armadilha para mais
problemas ou um novo meio para encontrar soluções mais sofisticadas?
Figura 4.11 | Relação entre hosts de uma rede de área local com a sub-rede
Assimile
As redes são principalmente definidas por sua ocupação geográfica.
Dependendo do tamanho da rede ela pode empregar tecnologias
diferentes. Redes locais são conectadas umas com as outras por
sub-redes. Isso é possível devido aos roteadores que fazem o
encaminhamento dos pacotes para os destinos corretamente.
Pesquise mais
Os grandes inventores, que iniciaram as grandes descobertas da
telecomunicação, acreditavam que estavam diante de um meio que iria
promover mais integração entre as pessoas e uma maior e mais livre
circulação de informação. Descubra mais sobre este assunto no primeiro
capítulo do livro “Impérios da comunicação: do telefone à internet,
da AT&T ao Google”, que introduz você nesta interessante história de
desenvolvimento das tecnologias de comunicação (WU, 2012).
Descrição da situação-problema
Carlos era um funcionário de uma grande empresa que oferecia
serviços de TV a cabo e internet. Carlos também é um entusiasta
da distribuição de mídia pela internet e acredita que o uso do
sistema de TV a cabo não vai progredir muito daqui para frente e
que será substituído por serviços de streaming pela internet. Carlos
deseja empreender em um novo negócio, mas não entende muito
sobre a internet e arquitetura de redes. Desta forma, você será
responsável por ajudá-lo a entender qual é a melhor forma de fazer
transmissão de vídeo pela internet.
Resolução da situação-problema
Você explica ao Carlos que streaming pela internet é uma
tecnologia que transporta informações de multimídia utilizando
redes de computadores, especialmente a internet. Um dos
melhores exemplos de serviço streaming é do site Youtube.com.
Este site utiliza tecnologia de streaming para transmitir vídeos para
uma infinidade de usuários.
Neste momento é muito importante entender a origem da
palavra streaming. Esta vem do inglês que significa fluxo (corrente,
córrego) que remete sempre a um fluxo contínuo de dados.
Logo, vai haver stream de dados enquanto houver a existência
da transmissão de um programa (ex.: show de calouros, filme ou
futebol).
Para streaming de vídeo, a escolha do protocolo de transporte
é tão importante quanto à escolha de algoritmos e estruturas de
dados necessários para o funcionamento da aplicação. O estudo
do desempenho de protocolos de rede de transportes é essencial
para o desenvolvimento de protocolos tolerantes a falhas. Escolher
o protocolo TCP, por exemplo, é uma grande falha pelo fato deste
protocolo ter uma complexa estrutura para garantir confiabilidade
na entrega e acaba sendo lento demais. O protocolo datagrama
de usuário (UDP – User Datagram Protocol) que é inconfiável, não
TANENBAUM, Andrews S. Computer networks. 4. ed. New Jersey: Prentice Hall, 2003.