Altas Habilidades Texto1
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Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres,
são ainda exemplos de gênios, termo este reservado para aqueles que deram
contribuições extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até
entre os extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história. As habilidades
apresentadas, tanto por pessoas precoces, prodígios ou gênios, como aqui foram
exemplificadas, podem ser enquadradas em termos mais amplos, que é a
superdotação ou altas habilidades.
Definição
A definição brasileira apresentada na Política Nacional de Educação Especial de
1994 define como portadores de altas habilidades/ superdotados os educandos que
apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos
seguintes aspectos, isolados ou combinados: a) capacidade intelectual geral (que
envolve rapidez de pensamento, compreensão e memória elevadas, capacidade de
pensamento abstrato); b) aptidão acadêmica específica (atenção, concentração,
rapidez de aprendizagem, boa memória, motivação por disciplinas acadêmicas do seu
interesse, capacidade de produção acadêmica); c) pensamento criativo ou produtivo
(originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas de forma
diferente e inovadora); d) capacidade de liderança (sensibilidade interpessoal, atitude
cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão
e de influência no grupo); e) talento especial para artes (alto desempenho em artes
plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas) e f) capacidade psicomotora
(desempenho superior em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência,
controle e coordenação motora).
Uma posição bastante defendida entre os teóricos desta área é que a superdotação é,
em parte,
hereditária – o que responderia, por exemplo, por facilidades, predisposições,
curiosidade e percepção mais acurada em determinadas áreas em idades precoces –
e, em parte, influenciada pelas experiências que o ambiente oferece, seja na família,
na comunidade ou na escola. Apesar da inteligência geral apresentar uma grande
predisposição genética, outras habilidades cognitivas relacionadas à superdotação
podem desenvolver-se ou declinar-se em função das experiências vivenciadas.
Uma pesquisa bastante conhecida na área (Sloane, 1985) relata, por exemplo, que os
pais de crianças
que se tornaram adultos com habilidades superiores acreditavam na importância do
trabalho árduo e ativo, com ênfase na autodisciplina e em dar o melhor de si para se
alcançar o objetivo proposto; demonstravam estar orgulhosos das habilidades dos
filhos e de suas realizações, inclusive mostrando interesses similares aos deles (como
hobbies ou profissões), ajudando-os a organizar o tempo, a estabelecer prioridades e a
manter altos padrões para que uma tarefa fosse completada. Há evidências de que
pais que combinam apoio e altas expectativas para com o desempenho dos filhos,
encorajando a criança nos seus esforços para aprender novas habilidades,
providenciando recursos e oportunidades de aprendizagem além daquelas fornecidas
pelo ambiente escolar, que estimulam seus filhos a se engajarem na área de interesse
o mais cedo possível, escolhendo o primeiro instrutor com cuidado, são os que têm
maiores chances de influenciar positivamente no desenvolvimento da inteligência e do
potencial de seus filhos. Geralmente, são lares centrados nas necessidades da família
e dos filhos, sendo o diálogo, as trocas afetivas e as trocas intelectuais valorizadas. Os
pais de crianças que demonstram maior desempenho acadêmico são pais mais
responsivos às demandas do desenvolvimento dos filhos e mostram-se igualmente
exigentes para com os comportamentos e produções de suas crianças. Os pais
demonstram maior interesse em participar da vida acadêmica de seus filhos, seja em
casa na hora do dever de casa e das pesquisas acadêmicas, seja na escola
participando ativamente de reuniões e encontros proporcionadas pela comunidade
escolar.
Pais atentos aos sinais de altas habilidades devem encaminhar seus filhos ao psicólogo
educacional e
solicitar uma avaliação mais ampla e cuidadosa de outras características que também
possam evidenciar a existência de comportamentos de superdotação. Testes de QI,
viáveis a partir de 5 anos de idade, permitem uma indicação de habilidades
acadêmicas, mas pouco nos dizem a respeito da superdotação nas áreas de
criatividade, liderança, habilidades psicomotoras ou artísticas, os quais demandam
testes apropriados e uma visão multidimensional da superdotação (Alencar e Fleith,
2001b). Os pais devem sempre estimular a criança, desenvolver sua imaginação,
instigar sua curiosidade para que possam desenvolver suas potencialidades ao
máximo, oferecendo, acima de tudo, compreensão e amor incondicionais, apoiando-a
naquilo que a torna única, diferente e, por tudo isso, especial.
• Apresentam leitura precoce (por volta dos quatro anos ou antes), com instrução
mínima;
Algumas características podem ser ainda listadas para servir de ajuda na identificação
daqueles alunos
que demonstram excelência ou forte potencial para obter sucesso em uma ou mais das
seguintes áreas (Renzulli, Smith, White, Callahan, Hartman, & Wesberg, 2000):
Intelectual
Motivação
• preferência por situações nas quais possa ter responsabilidade pessoal sobre o
produto de seus esforços;
Talvez a melhor resposta a pressões externas como estas descritas, seja a de informar
corretamente ao
indivíduo que esteja apresentando comportamentos de superdotação a respeito das
características que o colocam num patamar diferenciado, dando-lhes suporte para
compreender suas características e ignorar os comentários depreciativos, não
permitindo que os outros danifiquem ou destruam sua auto-estima. Neste sentido,
Galbraith e Delisle (1996) sugerem que o aluno faça a sua própria lista das vantagens
de ser superdotado, inteligente, criativo ou talentoso, de modo que, ao tomar
consciência destas características, possa decidir em quais aspectos deseja mudar e
com quais terá que simplesmente aprender a conviver. Ou, conforme as palavras de
Louis Lavelle:
O maior bem que podemos fazer aos outros não é oferecer-lhes nossa riqueza,
mas levá-los a descobrir a deles.
AMPARO LEGAL PARA O ATENDIMENTO DO ALUNO COM ALTAS
HABILIDADES
Internacionais:
REFERÊNCIAS:
Alencar, E.M.L.S. (2001). O superdotado: derrubando um preconceito. Em E.M.L.S.
Alencar (Org.), Criatividade e educação dos superdotados (pp. 119-130). Petrópolis,
RJ: Vozes.
Alencar, E. M. L. S., & Fleith, D. S. (2001a). Lim: características e desenvolvimento de
uma criança com uma inteligência matemática excepcional. Em E.M.L.S. Alencar (Org),
Criatividade e educação de superdotados (pp.206229). Petrópolis, RJ: Vozes.
Davis, G. A., & Rimm, S. B. (1994). Education of the gifted and talented (3rd edition).
Needham Heights, MA: Allyn and Bacon.
Freeman, J., & Guenther, Z. C. (2000). Educando os mais capazes: Idéias e ações
comprovadas. São Paulo: EPU.
Galbraith, J., & Delisle, J. (1996). The gifted kid’s survival guide: A teen handbook.
Minneapolis, MN: Free Spirit Publishing, by Pamela Espeland.
Reis, S. M., & Renzulli, J. S. (1986). A case for the broadened conception of
giftedness. Em J. S. Renzulli & S. M. Reis (Orgs.), The Triad reader (pp. 20-22).
Mansfield, CT: Creative Learning Press.
Renzulli, J. S., Smith, L. H., White, A. J., Callahan, C. M., Hartman, R. K. &
Wesberg, K. L. (2000). Scales for Rating the Behavioral Characteristics of Superior
Students. Revised edition (SRBCSS). Mansfield Center, CT: Creative Learning Press.