Altas Habilidades Texto1

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Gênio? Prodígio? Precoce? Afinal, o que significa o termo “superdotado”?

A habilidade superior, a superdotação, a precocidade, o prodígio e a genialidade são


gradações de um mesmo fenômeno, que vem sendo estudado há décadas em diversos
países.

Chamamos de precoce a criança que apresenta alguma habilidade específica


prematuramente desenvolvida em qualquer área do conhecimento, seja na música, na
matemática, na linguagem ou na leitura (Alencar e Fleith, 2001a). Utilizamos o termo
“criança prodígio” para sugerir algo extremo, raro e único, fora do curso normal da
natureza. Um bom exemplo de uma criança prodígio, com uma habilidade excepcional
seria Wolfgang Amadeus Mozart, que começou a tocar piano aos três anos de idade.
Aos quatro anos, sem orientação formal, já aprendia peças com rapidez, e aos sete já
compunha regularmente e se apresentava nos principais salões da Europa. Além de
claramente precoce, Mozart cresceu em um ambiente em que a música era
continuamente produzida, tocada e discutida; recebeu no curso de seu
desenvolvimento considerável instrução pessoal, tendo sido extensivamente exposto
aos valores e estilos dos músicos da sua época (Gardner, 1999). Podemos lembrar
também do grande jogador de xadrez Bobby Fischer que, após ter aprendido a jogar
sozinho aos seis anos de idade, passou a ler centenas de livros de xadrez, recebeu
consistente instrução formal e se tornou mestre com a idade de 15 anos (Davis e
Rimm, 1994).

Mozart, assim como Einstein, Gandhi, Freud e Portinari, entre outros mestres,
são ainda exemplos de gênios, termo este reservado para aqueles que deram
contribuições extraordinárias à humanidade. São aqueles raros indivíduos que, até
entre os extraordinários, se destacam e deixam sua marca na história. As habilidades
apresentadas, tanto por pessoas precoces, prodígios ou gênios, como aqui foram
exemplificadas, podem ser enquadradas em termos mais amplos, que é a
superdotação ou altas habilidades.

Definição
A definição brasileira apresentada na Política Nacional de Educação Especial de
1994 define como portadores de altas habilidades/ superdotados os educandos que
apresentam notável desempenho e/ou elevada potencialidade em qualquer dos
seguintes aspectos, isolados ou combinados: a) capacidade intelectual geral (que
envolve rapidez de pensamento, compreensão e memória elevadas, capacidade de
pensamento abstrato); b) aptidão acadêmica específica (atenção, concentração,
rapidez de aprendizagem, boa memória, motivação por disciplinas acadêmicas do seu
interesse, capacidade de produção acadêmica); c) pensamento criativo ou produtivo
(originalidade de pensamento, imaginação, capacidade de resolver problemas de forma
diferente e inovadora); d) capacidade de liderança (sensibilidade interpessoal, atitude
cooperativa, capacidade de resolver situações sociais complexas, poder de persuasão
e de influência no grupo); e) talento especial para artes (alto desempenho em artes
plásticas, musicais, dramáticas, literárias ou cênicas) e f) capacidade psicomotora
(desempenho superior em velocidade, agilidade de movimentos, força, resistência,
controle e coordenação motora).

Em geral, as crianças superdotadas não apresentam estas habilidades


simultaneamente, nem mesmo em graus semelhantes. Um dos aspectos mais
marcantes da superdotação relaciona-se ao seu traço de heterogeneidade. Assim,
algumas pessoas podem se destacar em uma área, ou podem combinar várias –
tomemos como exemplo o humorista Jô Soares que, além de exibir um pensamento
criador e original, bem como um perfil bem-humorado, também se revela na área
musical, tocando múltiplos instrumentos; no campo da linguagem, falando vários
idiomas, escrevendo livros e crônicas e se revelando um perspicaz entrevistador; no
desempenho artístico, interpretando e incorporando personagens; e ainda no setor da
liderança, por seu carisma e capacidade de coordenar grupos. A essa confluência de
habilidades chamamos de multipotencialidades, que representa mais uma exceção
do que uma regra entre os indivíduos superdotados. O que se observa com maior
freqüência são pessoas que se desenvolvem mais em apenas uma área específica -
como poesia, ciências, artes, música, dança, xadrez, ou mesmo nos esportes - do que
em várias áreas de uma só vez. Desta forma, Pelé e Ronaldinho, no futebol, Gustavo
Kuerten, no tênis, Carlos Drummond de Andrade e Olavo Bilac, na poesia, Ana
Botafogo, na dança, Chiquinha Gonzaga e Tom Jobim, na música, Portinari e Tarsila do
Amaral, nas artes plásticas, ou Padre Marcelo Rossi e Silvio Santos na capacidade de
liderança, são exemplos de brasileiros que se destacaram em seus campos por
demonstrarem habilidades específicas a um nível superior aos seus pares, em um dado
momento cultural. Podemos dizer, então, que o superdotado é aquele indivíduo que,
quando comparado à população geral, apresenta uma habilidade significativamente
superior em alguma área da atividade e do conhecimento humanos (Alencar, 2001).

Joseph Renzulli, renomado pesquisador do Centro Nacional de Pesquisa sobre


o Superdotado e Talentoso da Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos,
considera que os comportamentos de superdotação resultam de três conjuntos de
traços, descritos a seguir (Renzulli, 1986): a) habilidade acima da média em alguma
área do conhecimento (não necessariamente muito superior à média), b)
envolvimento com a tarefa (implica em motivação, vontade de realizar uma tarefa,
perseverança e concentração) e c) criatividade (pensar em algo diferente, ver novos
significados e implicações, retirar idéias de um contexto e usá-las em outro). Nem
sempre a criança apresenta este conjunto de traços desenvolvidos igualmente, mas, se
lhe forem dadas oportunidades, poderá vir a desenvolver amplamente todo o seu
potencial. Renzulli discute ainda a importância de se entender a superdotação como
uma condição ou um comportamento que pode ser desenvolvido em algumas pessoas
(naquelas que apresentam alguma habilidade superior à média da população), em
certas ocasiões (e não continuamente, uma vez que é possível se demonstrar
comportamentos de superdotação na infância, mas não na idade adulta, ou apenas em
alguma série escolar ou em um momento da vida) e sob certas circunstâncias (e não
em todas as circunstâncias da vida de uma pessoa). Esta diferenciação é importante,
pois este autor, ao considerar a superdotação como um comportamento a ser
desenvolvido, retira a discussão da questão, muitas vezes estéril, de se rotular uma
criança como superdotada ou não, para enfocá-la na necessidade de se oferecer
oportunidades educacionais fundamentais e variadas para que um número maior de
crianças possa desenvolver e apresentar comportamentos de superdotação. Deste
ponto de vista, segue-se que tais comportamentos podem e devem ser desenvolvidos
naquelas pessoas que não são, necessariamente, as que tiram as melhores notas ou
apresentam maiores resultados em testes de QI.

Quantos são os superdotados?

Quando consideramos o grupo de superdotados/ portadores de altas habilidades


apenas do ponto de
vista psicométrico, ou seja, a partir da utilização de testes de inteligência (o teste WISC
de inteligência, por exemplo, situa o QI médio em 100 pontos), estamos indicando
apenas aqueles talentos que se destacam por suas habilidades intelectuais ou
acadêmicas – o equivalente aos dois primeiros grupos da definição brasileira. Nesta
perspectiva, estima-se que 1 a 3% dos indivíduos de uma dada população sejam
superdotados. Porém, quando incluímos outros aspectos à avaliação de superdotados,
como por exemplo, liderança, criatividade, competências psicomotoras e artísticas, as
estatísticas sobre altas habilidades aumentam significativamente, chegando a abarcar
uma porcentagem de 15 a 30% da população (Reis e Renzulli, 1986). Torna-se aqui
crítico lembrar a necessidade de se usar técnicas mais apuradas de identificação,
instrumentos mais amplos e precisos de diagnóstico, e bons programas de
desenvolvimento e estimulação do potencial destas crianças para que possamos
estabelecer políticas de aproveitamento de talentos e competências em nosso país
(Virgolim, 1998).

Qual é a influência da família na superdotação?

Uma posição bastante defendida entre os teóricos desta área é que a superdotação é,
em parte,
hereditária – o que responderia, por exemplo, por facilidades, predisposições,
curiosidade e percepção mais acurada em determinadas áreas em idades precoces –
e, em parte, influenciada pelas experiências que o ambiente oferece, seja na família,
na comunidade ou na escola. Apesar da inteligência geral apresentar uma grande
predisposição genética, outras habilidades cognitivas relacionadas à superdotação
podem desenvolver-se ou declinar-se em função das experiências vivenciadas.

Uma pesquisa bastante conhecida na área (Sloane, 1985) relata, por exemplo, que os
pais de crianças
que se tornaram adultos com habilidades superiores acreditavam na importância do
trabalho árduo e ativo, com ênfase na autodisciplina e em dar o melhor de si para se
alcançar o objetivo proposto; demonstravam estar orgulhosos das habilidades dos
filhos e de suas realizações, inclusive mostrando interesses similares aos deles (como
hobbies ou profissões), ajudando-os a organizar o tempo, a estabelecer prioridades e a
manter altos padrões para que uma tarefa fosse completada. Há evidências de que
pais que combinam apoio e altas expectativas para com o desempenho dos filhos,
encorajando a criança nos seus esforços para aprender novas habilidades,
providenciando recursos e oportunidades de aprendizagem além daquelas fornecidas
pelo ambiente escolar, que estimulam seus filhos a se engajarem na área de interesse
o mais cedo possível, escolhendo o primeiro instrutor com cuidado, são os que têm
maiores chances de influenciar positivamente no desenvolvimento da inteligência e do
potencial de seus filhos. Geralmente, são lares centrados nas necessidades da família
e dos filhos, sendo o diálogo, as trocas afetivas e as trocas intelectuais valorizadas. Os
pais de crianças que demonstram maior desempenho acadêmico são pais mais
responsivos às demandas do desenvolvimento dos filhos e mostram-se igualmente
exigentes para com os comportamentos e produções de suas crianças. Os pais
demonstram maior interesse em participar da vida acadêmica de seus filhos, seja em
casa na hora do dever de casa e das pesquisas acadêmicas, seja na escola
participando ativamente de reuniões e encontros proporcionadas pela comunidade
escolar.

Pais atentos aos sinais de altas habilidades devem encaminhar seus filhos ao psicólogo
educacional e
solicitar uma avaliação mais ampla e cuidadosa de outras características que também
possam evidenciar a existência de comportamentos de superdotação. Testes de QI,
viáveis a partir de 5 anos de idade, permitem uma indicação de habilidades
acadêmicas, mas pouco nos dizem a respeito da superdotação nas áreas de
criatividade, liderança, habilidades psicomotoras ou artísticas, os quais demandam
testes apropriados e uma visão multidimensional da superdotação (Alencar e Fleith,
2001b). Os pais devem sempre estimular a criança, desenvolver sua imaginação,
instigar sua curiosidade para que possam desenvolver suas potencialidades ao
máximo, oferecendo, acima de tudo, compreensão e amor incondicionais, apoiando-a
naquilo que a torna única, diferente e, por tudo isso, especial.

Como reconhecer se o seu filho ou seu aluno é um superdotado?

Crianças com alto QI (academicamente superdotadas) podem apresentar, nos


primeiros cinco anos de vida, algumas características que podem ser percebidas por
pais atentos ao seu desenvolvimento. Embora essa população não apresente um perfil
homogêneo, pode-se destacar (Winner, 1998):

• Preferência por novos arranjos visuais;

• Desenvolvimento físico precoce: sentar, engatinhar e caminhar antes do normal;

• Maior tempo de atenção e vigilância, reconhecendo as pessoas que cuidam dela


desde cedo;

• Linguagem adquirida mais cedo, rapidamente progredindo para sentenças


complexas, apresentando grande vocabulário e estoque de conhecimento
verbal;

• Aprendizagem rápida, com instrução mínima (pouca ajuda ou estímulo de


adultos);
• Curiosidade intelectual, com elaboração de perguntas em um nível mais
avançado e persistência até alcançar a informação desejada;

• Grande concentração quando estão interessadas em algo e persistência na


busca de seus objetivos;

• Interesses quase obsessivos em áreas específicas, a ponto de se tornarem


especialistas nestes domínios;

• Super-reatividade: apresentam reações muito intensas a ruídos, dor e


frustração;

• Alto nível de energia, que pode ser confundido com hipercinesia ou


hiperatividade, quando são insuficientemente estimuladas - às vezes necessitam
de menos horas de sono do que o normal para a idade.

Com relação às habilidades relacionadas à escola e aos fatores sócio-emocionais, a


autora destaca:

• Apresentam leitura precoce (por volta dos quatro anos ou antes), com instrução
mínima;

• Fascínio por números e relações numéricas;

• Boa memória para informação verbal e/ou matemática;

• Destaque em raciocínio lógico e abstrato;

• Em decorrência de suas altas habilidades verbais, apresentam alto senso de


humor.

• Frequentemente brincam sozinhas e apreciam a solidão (por não terem outras


crianças de sua idade com o mesmo interesse, ou por se sentirem diferentes);
• Preferência por amigos mais velhos, próximos a ela em idade mental;

• Interesse por problemas filosóficos, morais, políticos e sociais – podem tornar-se


sobrecarregadas por estas preocupações precoces e desenvolverem posturas
morais incomuns – como tornar-se vegetariana por escolha própria;

• Freqüentemente apresentam disparidade entre as áreas intelectual,


psicomotora, lingüística e perceptual, desenvolvendo-se mais rapidamente em
uma do que em outra.

É importante notar que estas crianças nem sempre recebem treinamento


intensivo de seus pais. Muitas vezes os pais não apresentam habilidades superiores
como elas e nem têm condições de acompanhar o desenvolvimento acelerado que se
segue. Estas crianças manipulam o ambiente em que vivem para dele extrair o que
necessitam, seja instrução extra, seja novos desafios ou simplesmente respostas à sua
infindável curiosidade. No entanto, em nada se desmerece a criança que, tendo
recebido algum estímulo, seja através do ensino das primeiras letras, seja através do
apoio e encorajamento dos familiares quanto a sua área de interesse, se destaca dos
demais e apresenta consistentemente alguns dos traços descritos aqui. Neste último
caso, teremos uma criança com potencial para superdotação que, devidamente
estimulada, poderá atualizar e desenvolver suas habilidades superiores.

Algumas características podem ser ainda listadas para servir de ajuda na identificação
daqueles alunos
que demonstram excelência ou forte potencial para obter sucesso em uma ou mais das
seguintes áreas (Renzulli, Smith, White, Callahan, Hartman, & Wesberg, 2000):
Intelectual

• habilidade de lidar com abstrações;

• facilidade para lembrar informações;

• vocabulário avançado para a idade ou série;


• facilidade em perceber relações de causa e efeito;

• habilidade de fazer observações perspicazes e sutis;

• grande bagagem de informações sobre um tópico específico;

• habilidade de entender princípios não diretamente observados;

• grande bagagem de informações sobre uma variedade de tópicos;

• habilidade de transferir aprendizagens de uma situação para outra;  habilidade


de fazer generalizações sobre eventos, pessoas e coisas;
• entendimento de material mais complicado através de raciocínio analítico.
Criatividade
• senso de humor;

• habilidade de pensamento imaginativo;

• atitude não conformista, não temendo ser diferente;

• espírito de aventura ou disposição para correr riscos;

• habilidade de adaptar, melhorar ou modificar objetos ou idéias;

• habilidade de produzir respostas incomuns, únicas ou inteligentes;

• atitude de brincadeira intelectual, disposição para fantasiar e manipular idéias; 


tendência em ver humor em situações que não parecem humorísticas
para os outros;
• habilidade de gerar um grande número de idéias ou soluções para problemas ou
questões.

Motivação

• persistência quando busca atingir um objetivo;

• interesse constante por certos tópicos ou problemas;

• comportamento que requer pouca orientação dos professores;

• envolvimento intenso quando trabalha certos tópicos ou problemas;


• obstinação em procurar informações sobre tópicos do seu interesse;

• persistência, indo até o fim quando interessado em um tópico ou problema;

• persistência em seu trabalho escolar, mesmo quando ocorrem contratempos;

• compromisso com projetos de longa duração, quando interessado em um tópico;

• habilidade de se concentrar intencionalmente em um tópico por um longo


período de tempo;

• preferência por situações nas quais possa ter responsabilidade pessoal sobre o
produto de seus esforços;

• pouca necessidade de motivação externa para finalizar um trabalho que


inicialmente se mostrou estimulante. Liderança

• tendência a ser respeitado pelos colegas;

• autoconfiança quando interage com colegas da sua idade;

• comportamento cooperativo quando trabalha com os outros;

• habilidade de articular idéias e de se comunicar bem com os outros;

• habilidade de organizar e trazer estrutura a coisas, pessoas e situações;

• tendência a dirigir as atividades quando está envolvido com outras pessoas;

• comportamento responsável; pode-se contar com ele para terminar as


atividades ou projetos que começou. Crianças rotuladas: o que há de bom
nisso?
Uma palavra final deve ser dada quanto à questão de se rotular uma pessoa como
“superdotada”. Um
rótulo com certeza é positivo quando nos ajuda a entender, comunicar e tomar
decisões adequadas quanto a questões tão sensíveis como a superdotação. Neste
sentido, é importante saber quais indivíduos se destacam em áreas específicas para
que possam ser encaminhados a programas que os ajudem a desenvolver seus
potenciais e alcançar um nível satisfatório de auto-realização. Um rótulo pode ser
percebido como positivo pelo indivíduo que o carrega (é o que acontece, por exemplo,
quando dizemos que alguém é criativo ou inteligente), mas nem sempre isso acontece
no campo das altas habilidades. Como o prefixo “super” da palavra superdotado nos
remete à idéia de alguém que se destaca por características raras, extremas ou
incomuns, é freqüente que o indivíduo se sinta segregado e isolado, e passe a negar
suas características de superdotação ao se perceber como “diferente” – percepção que
vem, muitas vezes, acrescido de sentimentos de inadequação e desconforto ao ser
também rotulado pelos colegas como nerd, CDF, “cabeção”, “geninho” e outros
apelidos nada apreciativos. Com relação aos professores, alguns podem se sentir
inadequados e ameaçados ao ensinar para uma criança ou adolescente superdotado,
muitas vezes com medo de serem testados em sua competência, ou temerosos de não
dar conta desta tarefa. A falta de maior conhecimento dos aspectos cognitivos, sociais
e emocionais que cercam a superdotação pode levá-los a uma maior cobrança destes
alunos, acreditando que eles devam se sobressair em todas as áreas e exercendo uma
maior pressão quanto à produção deste aluno, no sentido de um perfeccionismo
exacerbado.

Talvez a melhor resposta a pressões externas como estas descritas, seja a de informar
corretamente ao
indivíduo que esteja apresentando comportamentos de superdotação a respeito das
características que o colocam num patamar diferenciado, dando-lhes suporte para
compreender suas características e ignorar os comentários depreciativos, não
permitindo que os outros danifiquem ou destruam sua auto-estima. Neste sentido,
Galbraith e Delisle (1996) sugerem que o aluno faça a sua própria lista das vantagens
de ser superdotado, inteligente, criativo ou talentoso, de modo que, ao tomar
consciência destas características, possa decidir em quais aspectos deseja mudar e
com quais terá que simplesmente aprender a conviver. Ou, conforme as palavras de
Louis Lavelle:

O maior bem que podemos fazer aos outros não é oferecer-lhes nossa riqueza,
mas levá-los a descobrir a deles.
AMPARO LEGAL PARA O ATENDIMENTO DO ALUNO COM ALTAS
HABILIDADES

O atendimento ao aluno com altas habilidades está fundamentado e amparado


pelos seguintes documentos:

Internacionais:

• Declaração de Salamanca e Enquadramento da Ação na Área das


Necessidades Educativas Especiais (1994) Nacionais:

• Lei de Diretrizes e Bases da Educação - LDB (Lei 9394/96) – Artigos Nº 58 a 60


– 20/12/96

• Parâmetros Curriculares Nacionais: Adaptações Curriculares – Estratégias para


a Educação de Alunos com Necessidades Educacionais Especiais - 1998

• Plano Nacional de Educação – (Lei 10172/01) – 09/01/01

• Resolução Nº 2 do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação


Básica – 11/09/01

• Parecer Nº 17/01 do Conselho Nacional de Educação/ Câmara de Educação


Básica – 03/07/01

• Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica do


Ministério da Educação – 2002

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